O mercado contemplou atônito a inesperada volta do Nokia
3310, um celular que, em tese, não poderia rivalizar com os smartphones atuais,
mas que foi uma das principais atrações do Mobile World Congress, feira
setorial que acontece em Barcelona. Por que é tão irresistivelmente atraente o
retorno deste clássico? Deixando de lado o aspecto nostálgico do relançamento,
trata‑se de um celular de aproximadamente 160 reais (preço no mercado externo),
com uma bateria virtualmente inesgotável para os padrões atuais. Ah, e só serve
para fazer e receber telefonemas e mandar mensagens.
O 3310 foi um dos ícones de toda uma geração que
desembarcava naquele momento no mercado dos telefones celulares, e foi também
um dos aparelhos mais vendidos da história: 126 milhões de unidades desde o seu
lançamento, em setembro de 2000. Com estes argumentos, não surpreende que o
retorno do diminuto celular tenha ofuscado outros lançamentos do MWC e que as
redes sociais tenham enlouquecido com o retorno desse aparelho. Está em curso
no setor uma disputa muito atípica, já que o BlackBerry também ressurge das
cinzas com seu KeyOne.
Entretanto, essa rentrée não é casual: o novo 3310 chega num
momento em que parte do mercado parece ver com interesse os celulares que não
têm outras ambições além de fazer (ou receber) uma ligação de emergência e
mandar um SMS. Os chamados dumbphones (celulares burros) parecem estar
encontrando seu nicho de mercado como segundo celular, para deixar de reserva
no porta-luvas, ou para quem quer simplesmente fugir do WhatsApp e do Facebook
nos finais de semana.
A Nokia sabe bem o que faz quando reedita um aparelho que
oferece a sua legendária resistência e até um mês de bateria sem a necessidade
de recarga por apenas 160 reais, valor semelhante ao dos acessórios periféricos
de qualquer smartphone. O 3310 pode ser o celular para o fim de semana ou uma alternativa
a carregar quando houver a necessidade de estar localizável. Um celular sem
conexão com a Internet, que nos permite dedicar mais tempo ao nosso entorno,
sem perder um só segundo com as distrações das redes sociais e mensagens.
Paradoxalmente, a produtividade e a vida social podem decorrer precisamente
dessa desconexão voluntária. Fonte: El País - Barcelona 27 FEV 2017
Comentário: Bom, barato e funcional
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