segunda-feira, 29 de abril de 2019

Socialistas vencem na Espanha

Apenas dois anos depois de ser destituído da liderança do seu partido e de retornar como vencedor das suas segundas primárias, Pedro Sánchez venceu as eleições gerais deste domingo na Espanha com uma contundência maior do que se esperava. Quase chegou no resultado sonhado: somar uma maioria sem necessidade de contar com os independentistas catalães – faltará um deputado para isso. O presidente tem agora uma posição política muito cômoda, com a oposição bastante enfraquecida pelo afundamento clamoroso do direitista PP, com quase o dobro da sua bancada. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, de Sánchez) ficou a um assento de somar a maioria absoluta com o esquerdista Unidas Podemos, o partido regional basco PNV e algum outro grupo pequeno. Em todo caso, bastaria uma abstenção da Esquerda Republicana da Catalunha para que Sánchez fosse investido presidente em segunda votação. O PSOE terá maioria absoluta no Senado, outro trunfo.

Com 99,99% dos votos apurados, o PSOE soma 123 deputados (28,70% do total de 350), e o Unidas Podemos tem 42. O PP ficava com apenas 66 assentos (16,68%), um desabamento sem paliativos em relação aos 135 que elegeu em 2016; o centro-direitista Cidadãos subiu para 57 (15,84%), e o ultradireitista Vox entra no Congresso com 24 (10,26%). A ERC elegeu 15 deputados, uma ascensão importante, o que pela primeira vez coloca o partido como vencedor das eleições gerais na Catalunha, quase empatado com os socialistas. O nacionalista e centrista Juntos pela Catalunha caiu para 7 deputados, e os moderados bascos do PNV subiram para seis. Outro partido basco, o Bildu, dobrou sua representação anterior e ficou com quatro assentos. Fonte: El País  Madri 29 ABR 2019 

sábado, 27 de abril de 2019

Suécia, o país onde deputados não têm assessores, dormem em quitinete

Para os deputados suecos do novo Parlamento, eleito em setembro passado, a realidade é a austeridade de sempre: gabinetes de sete metros quadrados, apartamentos funcionais pequenos e rígidos limites para o uso do dinheiro dos contribuintes no exercício da atividade parlamentar.
Não são oferecidos a deputados suecos benefícios extras como aqueles concedidos a parlamentares no Brasil, a exemplo de verbas para fretamento de aeronaves; aluguel e demais despesas de escritório político na base eleitoral; alimentação do parlamentar; contratação de secretária e entre 25 e 50 assessores particulares; ressarcimento de gastos com médicos; auxílio-creche pago por cada filho até os seis anos de idade; auxílio-mudança para se transferir para a capital; fundos para contratação de consultorias; assinatura de publicações e serviços de TV; além de verba para divulgação de mandato.

E imunidade parlamentar é um conceito que não existe na Suécia.

TRANSPORTE
A cada início de mandato, o que os 349 deputados suecos recebem – assim como o Presidente do Parlamento – é um cartão anual para usar o transporte público. E também um robusto código de ética, que vem acompanhado ainda por um conjunto de informações sobre o restrito uso das verbas públicas e normas de conduta para a atividade parlamentar.
Carros oficiais são poucos, e para uso limitado. O Parlamento possui apenas três veículos, modelo Volvo S80. Esta frota de três está à disposição somente do Presidente do Parlamento e seus três vice-presidentes, para eventos oficiais.
"Não é um serviço de táxi", diz René Poedtke, do setor administrativo do Parlamento. "Os carros não estão disponíveis para levá-los para casa ou para o trabalho."
Na Suécia, o único político que tem direito a carro em caráter permanente é o primeiro-ministro. O carro pertence à frota da polícia secreta sueca, a Säpo (Säkerhetspolisen). Ministros podem requisitar veículos "quando têm fortes razões para precisar de um", segundo diz um assessor do governo: "Por exemplo, quando vão fazer um discurso em um subúrbio distante".

PARLAMENTARES NÃO PODEM AUMENTAR O PRÓPRIO SALÁRIO
O salário bruto de um deputado do Parlamento sueco é de 66,900 coroas suecas por mês (cerca de R$ 27 mil). Descontados os altos impostos, um parlamentar recebe vencimentos líquidos de aproximadamente de 40,000 coroas suecas (pouco mais de R$ 16 mil) – o que equivale a menos que o dobro do que ganha um professor do ensino fundamental na Suécia.
Se um deputado sueco tem sua base eleitoral fora da capital, pode solicitar o chamado traktament, uma ajuda de custo para os dias da semana em que trabalha em Estocolmo. O valor desta diária, paga estritamente aos parlamentares que não têm residência permanente na capital, é de 110 coroas suecas (aproximadamente R$ 45).
E nenhum deputado sueco tem o privilégio de aumentar o próprio salário: na Suécia, os salários dos parlamentares são determinados por um comitê independente, chamado Riksdagens Arvodesnämd.
Três pessoas compõem este comitê: um presidente, que via de regra é um juiz aposentado, e dois representantes, que são em geral ex-servidores públicos ou jornalistas. O comitê é nomeado pela Mesa Diretora do Parlamento.
"Não há nenhum parlamentar entre nós. Somos um comitê com independência garantida pela Constituição. A Mesa Diretora do Parlamento não pode nos dar nenhuma diretriz", disse o presidente do comitê, Johan Hirschfeldt.
Ex-presidente da Corte de Apelação de Estocolmo, Hirschfeldt conta que o comitê se reúne uma vez por ano, após o recesso parlamentar do verão europeu. "Isso não significa que os deputados ganhem aumento de salário todos os anos", ele observou.
Para avaliar se os deputados terão ou não aumento de salário, Hirschfeldt diz que o comitê faz uma análise das circunstâncias econômicas da sociedade como um todo, incluindo índices de inflação e de variação salarial tanto no setor público como no privado. "Quando nos reunirmos da próxima vez, vamos avaliar as circunstâncias gerais, e talvez decidir dar um aumento aos parlamentares entre 1% ou 1,5%. Ou talvez não daremos aumento nenhum".
A decisão do comitê é soberana: não pode ser contestada, e não necessita ser submetida a votação no Parlamento. "Os parlamentares não têm nenhum poder de decisão no processo. E não sei se ficam satisfeitos ou não com o salário, porque nenhum parlamentar nunca telefonou para pedir mais, nem reclamar", diz o presidente do comitê.
Aumentos de salário dos ministros e do primeiro-ministro são também decididos por um comitê independente, o Statsrådsarvodesnämden.

ACESSO LIMITADO A APARTAMENTOS E QUITINETES FUNCIONAIS
O apartamento funcional do deputado Per-Arne Håkansson tem 46 metros quadrados. Apenas políticos com base eleitoral fora da capital, e que não possuem imóvel próprio em Estocolmo, têm direito a viver em apartamentos - ou até quitinetes - funcionais. E o Presidente do Parlamento sueco não tem direito a residência oficial.
Os apartamentos funcionais têm em média 45,6 metros quadrados. Já as quitinetes funcionais têm apenas 16 metros quadrados. Do total de 197 imóveis administrados pelo Parlamento sueco, apenas oito dispõem de espaço entre 70 e 90 metros quadrados.
Além do sofá-cama, uma mesa, um pequeno armário, uma minicopa com um fogão de uma boca, um frigobar e um banheiro são suficientes para preencher o espaço de pouco mais de 16 metros quadrados de um dos apartamentos funcionais, situado na rua Monkbron.
Nos imóveis funcionais não há máquina de lavar roupa, nem lavadora de pratos, e nem mesmo cama de casal - apenas de solteiro. Em grande parte dos apartamentos funcionais, não há sequer quarto: um único cômodo, mobiliado com um sofá-cama, funciona como sala e quarto de dormir.
Em todos os prédios de apartamentos funcionais, as lavanderias são comunitárias, e os deputados precisam marcar hora em um fichário para lavar a roupa suja. Nestas lavanderias comunitárias, geralmente situadas no porão dos prédios, também há tábuas de passar roupa à disposição dos deputados.
Também são os próprios parlamentares que cozinham e cuidam da limpeza da casa. Faxina gratuita nos apartamentos funcionais, segundo o setor de administração do Parlamento sueco, só uma vez por ano, durante o recesso parlamentar de verão.

FAMILIARES DOS PARLAMENTARES DEVEM PAGAR PARA PERNOITAR NOS IMÓVEIS FUNCIONAIS
Mais: o erário público paga apartamentos funcionais exclusivamente para parlamentares. A cônjuges de deputados, familiares e afins, é negado o benefício de morar ou até mesmo pernoitar em propriedade do Estado sem pagar. Quando o familiar de um parlamentar passa uma temporada no imóvel funcional, o deputado tem prazo de um mês para ressarcir o erário pelos dias de pernoite.
E se a mulher de um deputado do interior decide viver no apartamento funcional da capital com o marido, cabe a ela arcar com a metade do valor do aluguel.
"É claro que não pagamos para ninguém morar de graça, a não ser os parlamentares com base eleitoral fora da capital", diz a chefe do setor de Serviços Parlamentares, Anna Aspegren.
Na creche do Parlamento, os deputados podem deixar ocasionalmente os filhos com idades entre um ano e treze anos, durante sessões deliberativas.
"Mas os deputados devem pagar pelo almoço das crianças", explica Monika Karlsson, funcionária da creche. Em dias de sessão noturna, a creche fica aberta até à meia-noite - ou mais.
Os parlamentares têm duas opções de moradia na capital sueca: a primeira é viver em um dos apartamentos ou quitinetes funcionais. A segunda é alugar um apartamento por conta própria, e cobrar do Parlamento o ressarcimento correspondente ao valor do aluguel. Neste caso, o valor máximo que o Parlamento reembolsa aos deputados é de 8 mil coroas suecas mensais (o equivalente a cerca de R$ 3.500), quantia relativamente baixa para a escassa oferta imobiliária do centro da capital.
"Mas os parlamentares que vivem com o cônjuge em um apartamento alugado só podem pedir reembolso da metade do valor do aluguel, e têm que pagar do próprio bolso pela manutenção do imóvel", explica Anna Aspegren.
Até os anos 90, apartamentos funcionais sequer existiam na Suécia: os deputados dormiam em sofás-cama, em seus próprios gabinetes. Pratos e roupas eram lavados à mão na pia do gabinete, e não havia cama.

GABINETES PARLAMENTARES CHEGAM A TER 7 METROS QUADRADOS
Os gabinetes parlamentares dos deputados suecos têm em média 15 metros quadrados, e decoração frugal. Uma mesa de madeira clara, estantes da mesma cor, um antigo aparelho de TV e um franzino sofá vermelho, em estilo semelhante aos da rede sueca de móveis populares Ikea, compõem o ambiente.
Os menores gabinetes do Parlamento chegam a ter 7 metros quadrados. Os gabinetes maiores são reservados às lideranças partidárias, e têm em média 31 metros quadrados.
No corredor de cada anexo parlamentar, há um balcão com os jornais diários e publicações diversas. São para uso coletivo dos parlamentares: as assinaturas de jornais e revistas são custeadas pelo partido, e deputados não têm verba pessoal para assinar publicações.
"Podemos levar um jornal para ler no gabinete, e colocá-lo de volta em seguida no balcão", diz o deputado Per-Arne Håkansson.
"Também podemos ler jornais e outras publicações na biblioteca do Parlamento, que também disponibiliza a leitura nos celulares dos deputados, através de um aplicativo", observa ele.

NA CANTINA DO PARLAMENTO, OS DEPUTADOS PAGAM PELO PRÓPRIO CAFEZINHO.
O  almoço  é no bandejão no Parlamento. Não há garçons e é preciso pagar pela comida. Depois da refeição, cada parlamentar deve levar o próprio prato para a estação de recolhimento de bandejas, que fica ao lado da cozinha do Parlamento.
O Parlamento sueco também tem um restaurante mais formal, para ocasiões especiais. Mas, no dia a dia, alguns deputados chegam a levar quentinha, e esquentam a comida na cozinha comunitária do Parlamento. Ali, todos devem lavar a própria louça.
Diferentemente do que acontece no Brasil, nenhum deputado sueco tem direito a reembolso por refeições feitas em restaurantes de luxo.

SEM SECRETÁRIAS NEM ASSESSORES PARTICULARES
"Nenhum deputado tem secretária particular, nem pode contratar assessores", diz Mats Lindh, do setor de Serviços Parlamentares.
No sistema sueco, cada partido político representado no Parlamento recebe verba restrita para contratar um grupo de assistentes e assessores, que formam o chamado secretariado do partido. E este grupo de funcionários os atende, coletivamente, a todos os deputados de uma sigla.
Ou seja: os parlamentares dividem entre si um grupo de assessores e assistentes, que, entre outras atividades, prepara análises políticas e cuida das relações com a imprensa.
Nos corredores da base parlamentar do partido Social-Democrata, um porta-voz fornece a lista do secretariado: 101 funcionários trabalham em conjunto para apoiar as atividades de 100 deputados. Esta equipe de funcionários é composta por assessores políticos e analistas de apoio para questões políticas e relações com a imprensa, além de alguns assistentes administrativos - que não costumam estar à disposição dos deputados para tarefas pessoais.
"Cada deputado cuida da sua agenda de trabalho, prepara seus discursos e marca ele próprio, por exemplo, suas reuniões e bilhetes de trem ou avião", diz o porta-voz.
Para o cientista político sueco Rune Premförs, manter uma força-tarefa de assessores particulares para um só parlamentar é uma aberração. "Por que todos esses recursos deveriam estar à disposição de um único político, se podem ser divididos? Representantes políticos devem também ser representantes do povo em termos de não se atribuir condições privilegiadas", opina Premförs.
É válido o argumento de que países grandes têm grandes problemas, diz o cientista político, e que para resolvê-los precisam de mais recursos humanos.
"Mas isto não significa necessariamente aumentar os privilégios pessoais, na forma de assessores particulares. O que um parlamentar precisa é de serviços de informação e consultoria de qualidade para apoiar suas atividades e a sua tomada de decisões. Na Suécia, um dos setores do Parlamento que mais se expandiu nos últimos vinte anos foi o RUT (Serviço de Pesquisas do Parlamento), que fornece todo tipo de pesquisas, estatísticas e consultorias especializadas a parlamentares de todas as siglas", diz Premförs.
E em vez de receber verba do erário para divulgação do mandato, deputados suecos informam os eleitores sobre suas atividades parlamentares através da internet. Na página oficial do Parlamento sueco, as páginas individuais de cada um dos deputados têm como subtítulo a legenda "Sagt och gjort" ("Dito e feito", em português): ali estão cópias de todas as moções apresentadas pelo parlamentar em questão, assim como vídeos de discursos realizados pelo deputado, interpelações e outras atividades parlamentares.

SEM VERBA INDENIZATÓRIA
Deputados suecos não recebem verba indenizatória para aluguel e manutenção de escritórios políticos em suas bases eleitorais - nem para alimentação, locação de móveis e equipamentos, material de expediente, assinatura de TV a cabo ou assinatura de publicações em suas regiões de origem.
Quando estão em suas bases eleitorais, os parlamentares usam a sede local do partido, ou a biblioteca pública, para trabalhar e fazer reuniões. "Ou a própria casa deles", diz Anna Aspegren, a chefe do departamento que controla as despesas dos deputados.

O MANUAL DE VIAGENS DO DEPUTADO
Entre as informações que cada parlamentar sueco recebe ao ser eleito, está um manual de 35 páginas, intitulado Regras de Viagem (Reseregler). Algumas recomendações aos deputados:
- "Deve ser escolhido o meio mais econômico possível para atingir o destino - trem, carro ou avião."
- "Carros para viagem devem ser alugados na agência de viagens do Parlamento, utilizando as locadoras com as quais o Parlamento possui contratos a fim de obter preços mais favoráveis. Em consideração aos aspectos de custo e de proteção ao meio ambiente, não é permitido alugar carros especiais ou de luxo."
- "Se o deputado viajar com o próprio veículo, deve ser escolhido o caminho mais curto possível, a menos que haja razões especiais para se tomar um caminho mais longo".
- "Deputados devem usar táxis quando não houver alternativa de transporte público disponível, ou se houver razões especiais para tal".
Para viagens ao exterior, um deputado sueco pode gastar um teto máximo de 50 mil coroas suecas (cerca de R$ 20 mil) por mandato, ou seja, ao longo de quatro anos. O parlamentar deve ainda apresentar um programa detalhado da viagem de trabalho, que deve obrigatoriamente, como é de praxe em vários países, ser submetido à aprovação da presidência do Parlamento.
No exterior, um deputado recebe ajuda de custo limitada por uma rígida tabela: as diárias variam em geral entre 220 coroas (cerca de R$ 80) e 700 coroas (aproximadamente R$ 280), dependendo do país visitado. Quando viajam ao Brasil, o valor total da diária para um deputado sueco é de 407 coroas suecas (cerca de R$ 163).
O valor destas diárias é parcialmente sujeito a imposto. E se um deputado recebe refeições gratuitas durante uma conferência no exterior, por exemplo, o valor correspondente é deduzido da diária. "Se almoçarem de graça, não pago a diária completa", diz Anna Aspegren.
Outra regra trata de hospedagens. "Quando um deputado divide um quarto de hotel com um familiar ou amigo que não tem direito a ter suas despesas pagas pelo Parlamento, o Parlamento paga apenas 75 por cento do valor da diária. E não são hotéis de luxo", observa Anna.
Tanto parlamentares como ministros costumam voar em aviões de carreira.

SEM PENSÃO VITALÍCIA
Parlamentares suecos também não têm o privilégio de receber pensão vitalícia após cumprir um mínimo de um ou dois mandatos. Aos deputados suecos não se oferece pensão, e sim o que se chama de "garantia de renda" (inkomstgaranti) por tempo limitado. Diz a lei sueca:
"A finalidade do benefício (pensão) é proporcionar segurança financeira ao parlamentar no momento de transição após o término de suas atividades no Parlamento. O benefício não tem como propósito garantir o sustento permanente do ex-parlamentar".
É uma espécie de seguro-desemprego: o princípio geral é que todo deputado precisa trabalhar pelo menos oito anos no Parlamento (duas legislaturas) para ter direito a um benefício equivalente a 85% do valor do salário, durante um período máximo de dois anos. E para receber o benefício durante mais de um ano, o ex-deputado precisa comprovar que está ativamente procurando uma nova forma de ganhar o pão de cada dia.
"É importante entender que o sistema tem mecanismos fortes. Eles (os deputados) têm que provar que estão procurando um novo emprego, que não estão passivos. Do contrário, o benefício é cortado", diz Johan Hirschfeldt, presidente do comitê que regulamenta salários e pensões parlamentares (Riksdagens Arvodesnämd).
Se o parlamentar passa a exercer um outro mandato ou cargo político, o benefício também é suspenso.

94% DOS POLÍTICOS NÃO RECEBEM SALÁRIO NAS ASSEMBLEIAS REGIONAIS
A nível regional, a representação política na Suécia é considerada uma atividade extra a ser exercida em paralelo a um emprego remunerado, de onde todo político deve tirar seu próprio sustento: 94% dos representantes das Assembléias regionais não recebem salário. Apenas os integrantes da presidência e dos comitês executivos das Assembléias recebem remuneração para trabalhar como políticos em tempo integral ou parcial.
Prefeitos não têm direito a residência oficial. E em todas as assembleias municipais do país, a regra não tem exceção: vereadores não têm salário, secretária, assistentes, carro com motorista, e sequer gabinete - eles trabalham de casa, e ganham apenas uma pequena gratificação para participar das sessões na Câmara.
"Ser vereador é um trabalho voluntário, que pode ser perfeitamente realizado nas horas vagas", opinia Christina Elffors-Sjödin, vereadora de Estocolmo, do Partido Moderado. Fonte: Fonte: BBC News Brasil – sábado, 16 de fevereiro de 2019 

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Bolsonaro veta peça publicitária para o Banco do Brasil

Uma campanha publicitária do Banco do Brasil dirigida para o público jovem, divulgando o serviço de abertura de conta corrente por aplicativo no celular, foi retirada do ar por recomendação do presidente Jair Bolsonaro. O episódio também envolveu a saída do diretor de Comunicação e Marketing do banco, Delano Valentim, que atualmente está de férias.

Estrelado por atores negros e brancos, numa representação da diversidade racial e sexual do País, a peça começou a ser veiculada no dia 1.º de abril e saiu do ar há cerca de duas semanas. Tinha 30 segundos, e podia ser vista em comerciais veiculados na TV e na internet.  

Oficialmente, não foi apresentado um motivo para a retirada da propaganda. Bolsonaro procurou o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, para falar sobre a peça. Em nota enviada por sua assessoria de imprensa, Novaes disse ter concordado com o pedido apresentado por Bolsonaro. Ainda segundo ele, a decisão para a saída do diretor de Comunicação e Marketing da instituição foi tomada de forma consensual. Fonte: Fonte: Estadão-25 de abril de 2019
Comentário: Que país é esse? Crazy government

Superlotação aumenta e número de presos provisórios cresce

Levantamento do G1 mostra que, um ano após ligeira queda, prisões estão quase 70% acima da capacidade e o percentual de detentos sem julgamento é maior (35,9% do total). São 704,4 mil presos nas penitenciárias; número passa de 750 mil se forem contabilizados os em regime aberto e os detidos em carceragens da polícia.  .

Há hoje 704.395 presos para uma capacidade total de 415.960, um déficit de 288.435 vagas. Se forem contabilizados os presos em regime aberto e os que estão em carceragens da Polícia Civil, o número passa de 750 mil.
Os presos provisórios (sem julgamento), que chegaram a representar 34,4% da massa carcerária há um ano, agora correspondem a 35,9%.
Os dados levantados pelo G1 via assessorias de imprensa e por meio da Lei de Acesso à Informação são referentes a março/abril, os mais atualizados do país. O último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), do governo, é de junho de 2016 – uma defasagem de quase três anos. Havia, na época, 689,5 mil presos no sistema penitenciário (e outros 37 mil em delegacias). Fonte: G1-26/04/2019
  
Comentário: Ranking Mundial
Ranking
Países
População carcerária
1
Estados Unidos
2.121.600
2
China
1.649.804
3
Brasil
719. 998
4
Rússia Federação
558.778
5
Índia
419.623
6
Tailândia
381.749
7
Indonésia
261.294
8
Turquia
260.000
9
Irã
240.000
10
México
203.364
Fonte:The World Prison Brief-2018


quarta-feira, 24 de abril de 2019

Brasileiro leva 1 hora para produzir o que americano faz em 15 minutos

O trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano consegue realizar em 15 minutos e um alemão ou coreano em 20 minutos. Isso significa que a produtividade do Brasil é baixa, mas não quer dizer que o brasileiro seja preguiçoso ou inapto. Há atrasos na formação e na infraestrutura das empresas, o que afeta os resultados, dizem especialistas.

Em termos de riqueza, o Brasil produz em uma hora o equivalente a US$ 16,75;
■valor que corresponde apenas a 25% do que é produzido nos EUA (US$ 67).
■Comparado a outros países, como Noruega (US$ 75), Luxemburgo (US$ 73) e Suíça (US$ 70), o desempenho do país é ainda pior.
As informações são do professor José Pastore, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio-SP.
Estes dados equivalem à relação entre o total produzido na economia (PIB) e o número total de horas trabalhadas, metodologia mais comum para medir a produtividade de um país, de acordo Pastore.

PRECISA MELHORAR EDUCAÇÃO E EQUIPAMENTOS
"A produtividade média do brasileiro é de apenas um quarto da do trabalhador americano e de um terço da do alemão ou do coreano. Perdemos muito mercado [lá fora] porque a baixa produtividade dá como resultado baixa competitividade", disse Pastore.
Isso não quer dizer que o brasileiro seja um trabalhador pior do que os outros. É preciso melhorar as condições, como educação dos funcionários e equipamentos nas empresas.
Renan Pieri, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), afirmou que, além das correções estruturais necessárias para melhorar a produtividade, o Brasil precisa trilhar dois caminhos:
■Melhorar a educação em todos os níveis (inclusive técnico) com investimentos
■Investir na modernização do capital físico (máquinas e equipamentos das empresas)

EDUCAÇÃO VOLTADA ÀS EMPRESAS
"Esses dois aspectos têm a ver com o Estado, que precisa gerar um ambiente econômico que permita, por sua vez, o aumento dos investimentos, tanto público como privado", declarou Pieri. Na opinião dele, o trabalhador precisa chegar às empresas com conhecimento consolidado, e não "tão sem base" como chega hoje.
"Precisamos de um programa que aproxime a demanda das empresas da oferta das escolas, sejam do ensino superior, do ensino médio ou do ensino técnico."
Segundo Pastore, a eficiência do trabalho no Brasil está praticamente estagnada desde a década de 1980, salvo raras exceções. "Estamos parados, enquanto outros países estão melhorando. A distância tem aumentado."

POR QUE O BRASIL ESTÁ ABAIXO DE OUTROS PAÍSES?
Pieri disse que o acesso a certos recursos no Brasil, como capitais humano, físico e financeiro, entre outros, é insuficiente e desfavorável se comparado ao de outros países. Entre os fatores que conspiram contra a produtividade, ele enumera:

■Baixa qualificação e capacidade dos trabalhadores (capital humano)
■Tecnologia atrasada e mal administrada nas empresas (capital físico)
■Investimento caro e abaixo do necessário (capital financeiro)
■Infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos insuficientes e sucateados)
■Burocracia complicada
■Ambiente de negócios perverso
"Melhoramos nossa escolaridade média nos últimos 25 anos, mas foi insuficiente para aumentar a qualidade do capital humano e, assim, atender às necessidades das empresas", disse o professor da FGV.

Para Pastore, o alastramento do trabalho informal também agrava o quadro de baixa produtividade no país. "Afinal, temos cerca de 40 milhões de pessoas nessa situação hoje. Isso significa que não é apenas o trabalhador que tem baixa qualidade, é o seu emprego que é de baixa qualidade", afirmou.

SETORES NOS QUAIS A EFICIÊNCIA MELHOROU
■Agricultura (devido à incorporação maciça de inovações tecnológicas)
■Financeiro (devido ao salto dado com base às tecnologias do mundo digital)
■Indústria automotiva e Embraer (devido à robotização e racionalização do trabalho)

RENDA PER CAPITA DOBRARIA COM MELHOR PRODUTIVIDADE
Um relatório do Banco Mundial sobre produtividade, lançado em 2018, aponta que a renda per capita brasileira é aproximadamente 20% da renda per capita dos EUA. Se o Brasil tivesse a mesma produtividade que a norte-americana, a renda do país seria mais de 50% da dos EUA, mesmo sem investimento adicional em máquinas ou capital humano. Ou seja, a renda per capita atual mais do que dobraria somente com melhorais na produtividade.

Jorge Arbache, economista e estudioso do assunto, mostrou que em 1980 a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% maior do que a do trabalhador chinês e 70% menor do que a americana.
Em 2013, o Brasil perdia nos dois casos: a do trabalhador brasileiro era 80% inferior à americana e 18% menor à chinesa. No período, a eficiência dos chineses cresceu 895%. Já a dos brasileiros, meros 6%.
E os números que conspiram contra o Brasil não param por aí. Pieri afirmou que a relação PIB/trabalhador em 1994 no Brasil era de R$ 25 mil. Em 2016, já considerada a inflação no período, passou para R$ 30 mil. Isto é, em 22 anos aumentou apenas 20%. "Nesse mesmo intervalo, a relação PIB/trabalhador nos EUA cresceu 48%", disse o professor da FGV.

Uma pesquisa feita no final do ano passado constatou que as 500 maiores companhias do país deixam de ganhar R$ 230 milhões por ano com improdutividade em suas operações. A pesquisa foi feita pela empresa de tecnologia Levee. Fonte:  UOL Noticias -19/03/2019 

domingo, 14 de abril de 2019

Câmeras registram queda de meteoro sobre a costa do mar do RS

Câmera, instalada em Taquara, registrou queda de meteoro na madrugada
de sexta-feira (12) — Foto: Carlos Fernando Jung
Uma câmera instalada em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre, registrou a queda de um meteoro na madrugada de sexta-feira (12) . O pós-doutor em Engenharia e diretor científico da Brazilian Meteor Observation Network (Bramon), professor Carlos Fernando Jung, responsável pela captura das imagens, informou que o bólido entrou na atmosfera a 122,2 mil km/h, e começou a perder força. O especialista calcula que o meteoro foi extinto a 36 km de altitude, sem causar qualquer dano.

O fenômeno foi captado também por câmeras em Torres, no Litoral Norte, e em Santa Catarina. Ele pôde ser visto por alguns segundos, às 3h21 (horário de Brasília).

"Ele pesava 12 kg quando ele entrou na atmosfera, com o tempo ele diminuiu a massa, até que os fragmentos foram mínimos. O objeto foi totalmente consumido em sua passagem atmosférica, a cerca de 145 Km sobre o mar da costa do Rio Grande do Sul", afirma.
O professor conta que no grupo Bramon, cada um, de forma voluntária com equipamento próprio, realiza registros dos fenômenos.

"Cada pessoa adquire seu próprio equipamento, e mantém operando 24h. O grupo reúne vários profissionais, que trabalham de forma voluntária em prol de fazer o registro, a análise", conta.
O professor tem câmeras funcionando em Taquara, São Leopoldo e Porto Alegre.
"As câmeras têm imagens 360 graus. Elas captam todo o Rio Grande do Sul, o Uruguai, Santa Catarina, Paraná, parte da Argentina", afirma.

Segundo Jung, bólido é o nome dado ao meteoro quando ocorre a explosão. São meteoros que possuem uma magnitude igual ou superior a -4, forma de uma "bola", daí vem o nome popular de "bola de fogo", explica o professor.

Bólidos podem ser seguidos de explosões ou explodirem no final. "Diariamente, a terra é bombardeada por meteoros, que entram aqui, são atraídos pela gravidade da Terra. É uma coisa comum. Durante o dia e a noite, não tem hora, nem lugar para acontecer. Mas não é normal a gente fazer um registro dessas proporções", explica o professor. Fonte: G1 RS-13/04/2019 

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Assim o Equador perdeu a paciência com Assange

O relato da expulsão de Julian Assange da Embaixada do Equador em Londres é a história de uma quebra de confiança que começou há um ano e meio, e o reflexo de uma profunda guinada política no país andino. O fundador do Wikileaks obteve asilo em 2012, dois meses depois de se refugiar na sede diplomática. Foi concedido no Governo de Rafael Correa, que tinha como vice o atual presidente, Lenín Moreno, hoje seu maior rival. A decisão sobre Assange ocorre depois de meses de tensões, descumprimentos do protocolo combinado com as autoridades e a suspeita de que suas atividades significavam um risco para a segurança do Estado.

“Ultrapassaram um limite muito grave poucos dias atrás”, disse a ministra do Interior, María Paula Romo, horas antes da detenção dele. A lista de acusações é longa, começando pela intromissão em assuntos de política internacional através dos vazamentos da sua organização. Nesta quinta-feira, 11, acrescentou que “a retirada do asilo é uma competência soberana do Equador e também é a consequência do descumprimento reiterado das normas de asilo e de mínima convivência”. A Assembleia Nacional apoiou a decisão após escutar a relação do chanceler “sobre todas as faltas cometidas por Assange nestes sete anos”. A ministra alega, além disso, que o Executivo conta com “informação de que hackers vinculados ao Wikileaks” vivem no Equador e estão vinculados a ações que não só afetam a segurança do país como também de outros Governos.

“A paciência do Equador chegou ao seu limite”, deixou claro Moreno em um pronunciamento público, insistindo em que Assange exercia atividades irregulares e defendendo que a suspensão do asilo é uma decisão soberana. “O alerta mais recente se deu em janeiro de 2019, quando o Wikileaks vazou documentos do Vaticano. Membros importantes dessa organização visitaram o senhor Assange antes e depois desse vazamento.” Há outras acusações também: “Instalou equipamentos eletrônicos de distorção não permitidos, bloqueou as câmeras de segurança da missão, agrediu e maltratou guardas da sede diplomática, acessou sem permissão arquivos de segurança. Possui um telefone celular com o qual se comunica com o exterior. Finalmente, o Wikileaks ameaçou há dois dias o Governo do Equador”.

O Governo de Moreno concedeu a nacionalidade a Assange em dezembro de 2017 para regularizar sua situação, mas o proibiu em repetidas ocasiões de interferir em assuntos de política externa. Ele violou a ordem e há um ano ficou incomunicável, embora tenha encontrado formas de burlar os controles. Chegou a processar em três ocasiões o Estado equatoriano por supostos descumprimentos dos protocolos de convivência. Entretanto, as autoridades competentes rejeitaram essas denúncias. Apesar dos enfrentamentos, o presidente afirma que exigiu do Reino Unido um compromisso escrito de que não será extraditado a nenhum país “onde possa sofrer tortura ou a pena de morte”. Fonte: El País - Bogotá 12 ABR 2019 

A vida de Assange segundo a equipe que o vigiava
De 2012 a 2017, uma empresa de segurança espanhola se encarregou de proteger o hóspede mais incômodo do mundo em seu asilo na Embaixada do Equador em Londres

domingo, 7 de abril de 2019

Fraude de admissão em universidades dos EUA

Promotores federais norte-americanos indiciaram nesta terça (12) quase 50 pessoas por pagarem ou receberem milhões de dólares em propina para que candidatos fossem aceitos em algumas das melhores universidades do país.
Entre os acusados estão atrizes de Hollywood, como Felicity Huffman ("Desperate Housewives") e Lori Loughlin ("Full House"), além de empresários e técnicos esportivos de prestigiosas instituições de ensino como Yale e Stanford.

O esquema, que segundo o advogado Andrew E. Lelling é o maior escândalo de admissão em faculdades já analisado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, movimentou US$ 25 milhões (cerca de R$ 95 milhões) em suborno.
William "Rick" Singer, 58, administrou o esquema de extorsão por meio da empresa Edge College & Career Network, afirmaram promotores federais de Boston.

A acusação sustenta que Singer arranjava esquemas para que candidatos falsos fizessem as provas de admissão das faculdades no lugar dos filhos dos seus clientes ricos. Sua empresa também subornou treinadores para que aceitassem estudantes sem competência atlética.
Os pais pagaram dezenas de milhares de dólares pelos serviços de Singer. O dinheiro era mascarado como contribuição de caridade.

"O que fazemos é ajudar as famílias mais ricas dos Estados Unidos a colocarem seus filhos na escola. Minhas famílias querem uma garantia", resumiu Singer aos promotores.
Um acusado que colabora com a Justiça e coordenou o esquema contou que ofereceu à atriz Felicity  Huffman que mediasse a correção das respostas do exame de admissão de sua filha. Huffman é acusada de pagar US$ 15 mil pelo teste modificado de sua filha mais velha e por ter iniciado o mesmo processo para sua filha mais nova, apesar de ter abandonado a ideia.
Ela é casada com o ator William H. Macy ("Fargo", "Boogie Nights: Prazer Sem Limites "), que não foi indiciado.
Huffman foi detida pela polícia e, horas mais tarde, liberada após  pagar fiança de US$ 250 mil (R$ 953 mil).

Já Lori Loughlin e seu marido, o estilista Mossimo Giannulli, também acusado, teriam acordado o pagamento de US$ 500 mil para que suas filhas fossem incluídas na equipe de remo da Universidade do Sul da Califórnia, apesar de não serem remadoras. As duas filhas do casal foram aceitas na instituição.
O casal também foi detido pela polícia. Giannulli, cuja fiança chegou a um milhão de dólares (R$ 3,8 milhões), já foi liberado. 

A testemunha contou como, com a ajuda de outras pessoas, conseguia corrigir o resultado dos exames de admissão dos filhos de seus clientes.
De acordo com o jornal The New York Times, Singer, administrador do esquema, declarou-se culpado e está colaborando com a investigação. Ele foi acusado de extorsão, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça.

O esquema começou em 2011 e, além de Stanford (Palo Alto, na Califórnia) e Yale (New Haven, Connecticut), ajudou estudantes a serem aceitas pela Universidade do Texas (Austin), Georgetown (Washington DC), Universidade do Sul da Califórnia e Universidade da Califórnia, ambas em Los Angeles.
Parte do esquema era aconselhar os pais a mentirem para os administradores dos testes que seus filhos tinham deficiências de aprendizado, o que lhes dava tempo prolongado para realizar os exames.

Quem aplicava os testes nesses centros recebia subornos para permitir que os clientes de Singer trapaceassem, muitas vezes fazendo com que as respostas erradas de um aluno fossem corrigidas após a conclusão do exame ou fazendo outra pessoa realizar a prova.

Os pais eram aconselhados a escolher um dos dois centros de testes em que a empresa de Singer disse ter controle: um em Houston, no Texas, e o outro em West Hollywood, Califórnia.
"As vítimas reais neste caso são os estudantes que trabalham duro", disse o advogado Lelling, que foram preteridos por "estudantes muito menos qualificados e suas famílias que simplesmente compraram a sua entrada" nas universidades.
Em muitos casos, os estudantes não estavam cientes de que seus pais estavam envolvidos na fraude, disseram os promotores. Fonte: Folha de São Paulo - 12.mar.2019  

Pobreza na Argentina atinge um terço da população urbana

A inflação elevada e a recessão econômica na Argentina elevaram o índice de pobreza urbana do país para 32% no segundo semestre de 2018, uma alta de 4,7 pontos percentuais ante a primeira metade do ano, mostraram dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) nesta quinta-feira (28/03).

Na comparação com o segundo semestre de 2017, a pobreza urbana cresceu 6,3 pontos percentuais no país. São 8,9 milhões de argentinos vivendo nessa situação.

Além disso, 6,7% da população, ou 1,8 milhão de pessoas, vive abaixo do nível de indigência, um crescimento de 1,8 ponto percentual ante o semestre anterior. São números que "doem", admitiu o governo argentino. "A pobreza dói, claramente.

O empobrecimento da população coincide com a aceleração da inflação, que encarece a cesta básica e serviços utilizados para medir a linha de indigência e pobreza. O índice de preços ao consumidor acumulou alta de 47,6% na Argentina no ano passado, maior avanço em 27 anos, diante de uma queda de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Para calcular as cifras, o Indec leva em consideração o nível de vida nos 31 centros urbanos mais povoados do país, o que abrange 27,8 milhões de pessoas. A Argentina tem mais de 40 milhões de habitantes.

O relatório publicado é o sexto sobre pobreza realizado pelo Indec desde que Macri chegou ao poder. Além disso, esta é a segunda vez nos últimos três anos que o instituto registra uma alta no índice de pobreza.
Para encarar a crise econômica, Macri fez um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um empréstimo de 57 bilhões de dólares e se comprometeu a realizar um ajuste que permita ao país encerrar o ano em equilíbrio fiscal. Fonte: Deutsche Welle-30.03.2019


quinta-feira, 4 de abril de 2019

É preciso entender o passado para construir o futuro

Para falarmos sobre 31 de março de 1964 é preciso uma contextualização histórica, porém clara e objetiva. Passados 55 anos deste importante evento, é necessário refletirmos, com isenção de paixões, sobre o fato histórico.

Uma boa análise exigiria uma retrospectiva que passaria pelo período do Império, a proclamação da República, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek para podermos definir com clareza o cenário sócio–geopolítico–econômico-militar da época.

É importante que as novas gerações entendam que se vivia uma guerra real, embora velada. Era a Guerra Fria que, desde o final da Segunda Guerra Mundial, polarizava o planeta em duas grandes vertentes: os Estados Unidos, capitalista, e a Cortina de Ferro, pela União Soviética, comunista.

Mais de cem países do mundo, incluindo praticamente toda a América Latina, vivenciavam conflitos internos, como um reflexo desta disputa de poder. A URSS projetava seu poder através da chamada Internacional Comunista. Atuavam planejando, financiando e orientando a luta armada, através das guerrilhas.

Era uma guerra silenciosa e dura, que causou muitas baixas.

O Brasil, no início da década de 1960, era alvo de um orquestrado plano de conquista, que vinha sendo implementado insistentemente desde 1925. Entre 1959 e 1964, nosso país recebeu agentes estrangeiros das mais diversas origens, como Cuba. Centenas de brasileiros foram treinados em Cuba, na Tchecoslováquia e na própria URSS.

Fatos graves começaram a ocorrer e o país tornava-se ingovernável. As Forças Armadas atenderam ao apelo popular e decidiram “salvar a nação de si mesma”. Como guardiãs da Constituição, protegeram a nação de seus inimigos internos e externos.

Foi necessário tutelar a nação!

Atendendo ao clamor da sociedade nas ruas, do próprio Congresso, dos chefes militares e através de eleições indiretas, foi indicada ao marechal Humberto de Alencar Castello Branco a missão de pacificar o país e colocá-lo no caminho do desenvolvimento.

Era um exemplar soldado, herói da Segunda Guerra, filósofo pela Sorbonne, respeitado pelos companheiros e um verdadeiro estadista. Segundo relatos de família, ouvidos por meu pai, sua visão do processo seria a de conduzir uma firme gestão de transição, ao término da qual seriam realizadas novas eleições. Infelizmente, por radicalismos de ambas as partes, isto não ocorreu.

Apesar de tudo, o período de 1963 a 1974 foi uma fase triste, em termos de respeito aos parâmetros de preservação das garantias individuais.

Sempre será uma página a ser virada. Preservar todas as correntes de pensamento não deixa de ser também uma luta pela democracia.

Devemos celebrar juntos apenas os inegáveis resultados benéficos que aquele período nos trouxe, guardando as nossas mágoas e rezando para que jamais uma situação como aquela se repita.

Reconheço erros dos dois lados e o fato de que grande parte da juventude idealista acreditava ser a revolução comunista a única solução para os graves problemas nacionais.

Longe dos fantasmas de outrora e sem críticas ou ressentimentos, temos o compromisso de acertar e reconstruir o Brasil. Lutar por uma nova forma de pensar, de agir, de educar os mais jovens para a vida e para o mundo tecnológico que se descortina à nossa frente.

Uma nova forma de política, conquistando as mentes e os corações, formando um novo estado de consciência para todo o Brasil. Somos todos um só!
Folha de São Paulo - 1º.abr.2019 
Oscar Castello Branco de Luca, é deputado estadual (PSL) em São Paulo e sobrinho-neto do ex-presidente Castello Branco (1964-1967)