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sábado, 23 de abril de 2022
quarta-feira, 20 de abril de 2022
segunda-feira, 18 de abril de 2022
Coronavírus: Situação do Brasil até 17 de abril de 2022
sábado, 16 de abril de 2022
Coronavírus: Lockdown total para 25 milhões gera frustração em Xangai
Enquanto governo defende política de tolerância zero contra mais grave surto de covid-19 desde 2020, moradores criticam dificuldade para obter comida, hospitais sobrecarregados e separação de pais e filhos em quarentena.
A mais recente onda de
covid-19 em Xangai também levou dezenas de milhares de pessoas a serem
colocadas em quarentena em locais de isolamento designados pelo governo. A
cidade transformou vários hospitais, ginásios, prédios de apartamentos e outros
locais em instalações para quarentena.
Para controlar as infecções,
a cidade impôs um lockdown total a partir de 28 de março. Ele deveria ter
terminado na última terça-feira (05/04), mas foi estendido por tempo indeterminado.
Na segunda-feira, as
autoridades haviam reportado 8.581 casos assintomáticos e 425 sintomáticos de
covid-19. Apesar das drásticas medidas, nesta sexta-feira foram contabilizadas
20.398 novas infecções, 824 delas sintomáticas.
CAMPANHA PARA TESTAGEM EM
TODA A CIDADE: Outra medida implementada na cidade, a partir da última
segunda-feira, é uma campanha para realizar testes de PCR em todos os residentes,
após uma campanha de autotestes promovida no domingo, por meio de testes
rápidos de antígenos.
O governo enviou o Exército e
milhares de profissionais de saúde para Xangai para ajudar a realizar os
testes. No domingo, o Exército de Libertação do Povo enviou mais de 2 mil
médicos de todo o setor militar, marinha e forças conjuntas de apoio logístico
para a cidade, noticiou um jornal das Forças Armadas.
É a maior reação da saúde
pública da China desde que o país enfrentou o surto inicial de covid-19 em
Wuhan, onde o novo coronavírus foi detectado pela primeira vez no final de 2019.
O surto em Xangai é um teste
para a estratégia chinesa de tolerância zero contra a covid-19, que busca a
eliminação do vírus com base em testes, rastreamento e quarentena de todos os
casos positivos e seus contatos próximos.
Apesar das crescentes
dificuldades em aplicar essa rígida política, alguns especialistas dizem que a
China provavelmente se manterá fiel a ela no futuro.
"As autoridades
sanitárias chinesas sabem que não estão preparadas para mudar a estratégia a
curto prazo, devido a uma população idosa não totalmente vacinada,
infraestrutura de saúde debilitada e falta de comunicação e preparativos
psicológicos", afirma Xi Chen, professor adjunto de Política de Saúde e
Economia na Escola de Saúde Pública de Yale, nos Estados Unidos.
FRUSTRAÇÃO NAS REDES SOCIAIS:
Nas redes sociais, há intensas reclamações de parte da população devido à
dificuldade em comprar comida, medicamentos e outros itens básicos.
LOCKDOWN É DESAFIO PARA
PACIENTES COM OUTRAS DOENÇAS: Com o sistema de saúde de Xangai sobrecarregado, pacientes
com outras enfermidades, ao chegarem aos hospitais, têm sido mandados de volta
para casa.Todos os médicos dos hospitais de Xangai estão sobrecarregados.
INDIGNAÇÃO PÚBLICA QUANTO À
SEPARAÇÃO DE PAIS E FILHOS: As autoridades de Xangai também têm sido duramente
criticadas nos últimos dias por separarem à força crianças contaminadas com
covid-19 de seus pais, usando regras de prevenção à pandemia como argumento.
GOVERNO DEFENDE A POLÍTICA: Outros
residentes de Xangai disseram que os hospitais só concordaram em deixar os pais
acompanharem seus filhos no local de quarentena depois que muitas crianças
foram admitidas e não havia enfermeiras suficientes para cuidar delas.
Na segunda-feira, autoridades
sanitárias de Xangai defenderam a política. "Crianças menores de sete anos
receberão tratamento em um centro de saúde pública. Quanto a crianças mais velhas
ou adolescentes, estamos principalmente isolando-as em centros [de quarentena]",
disse Wu Qianyu, um funcionário da Comissão Municipal de Saúde de Xangai,
segundo informou a agência de notícias AFP.
POR QUANTO TEMPO MAIS A CHINA
PODE MANTER A TOLERÂNCIA ZERO? Apesar
dos desafios, a China continua comprometida com a sua política de tolerância
zero contra a covid-19, ao menos até o momento. O presidente chinês, Xi
Jinping, estimulou a população a conter o surto o mais rápido possível.
No último sábado, o
vice-primeiro-ministro, Sun Chunlan, que foi enviado a Xangai pelo governo,
também incentivou a cidade a "tomar medidas firmes e rápidas" para
conter a pandemia.
No entanto, Mei-Shang Ho,
pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da Academia Sinica em Taiwan,
acredita que as chances de a China erradicar o vírus internamente são próximas
de zero. "De uma perspectiva científica, é impossível apoiar a abordagem
do governo chinês por meio de uma análise racional", disse ela à DW.
"Em vez de usar vacinas
para ajudar a reduzir o índice de casos graves e mortes, a China está usando
uma política de tolerância zero. É apenas uma medida temporária quando um
governo espera por melhores soluções, mas ainda não está claro que melhor
solução o governo chinês está esperando", acrescentou.
Xi Chen, da Escola de Saúde
Pública de Yale, disse que os formuladores de políticas chinesas não parecem
dispostos a suportar o enorme preço da reabertura: "Será muito
problemático nos mantermos cegamente fiéis ao princípio de tolerância zero sem
pensar em uma estratégia mais sustentável. Mas será igualmente problemático
discutir 'conviver com o vírus' sem se preparar melhor para isso." Fonte; Deutsche Welle - 08/04/2022 8 de abril de 2022
Comentário: COVID-19 na China
Casos confirmados: 178.764
Óbitos: 4.638
Recuperados: 148.170
Casos ativos: 25.956
Fonte: Worldometer - Last
updated: April 16, 2022, 22:56 GMT
População: Em 2021, 1,41 bilhão
conforme dados de National Bureau of
Statistics of China in January 2022, .
sexta-feira, 15 de abril de 2022
quinta-feira, 14 de abril de 2022
quarta-feira, 13 de abril de 2022
segunda-feira, 11 de abril de 2022
França terá segundo turno entre Macron e Le Pen
domingo, 10 de abril de 2022
O mundo caminha para uma desglobalização?
Primeiro, a crise da pandemia expôs rupturas na economia. Agora, a guerra na Ucrânia afeta os mercados de commodities. Tais interrupções estão estimulando uma mudança na concepção das cadeias de abastecimento.
Certamente, você já ouviu
falar em globalização. Mas e sobre desglobalização?
Interrupções nas cadeias de
abastecimento, aumento de preços, escassez – todas essas realidades diárias
poderiam ser conectadas a um processo conhecido como desglobalização.
Especialistas afirmam,
inclusive, que a guerra na Ucrânia, junto com a pandemia, marca um ponto de
virada rumo a uma era desglobalizada.
Mas que forma ou que rumo
tomaria esse novo mundo?
A globalização econômica é a
integração da economia mundial em termos de comércio, um processo que tem seus
defensores e críticos.
De acordo com quem defende
esse conceito, a globalização aumenta o padrão de vida das pessoas,
retirando-as da pobreza.
Por outro lado, os louros
dessa globalização não costumam ser divididos de forma igualitária.
"Tanto em termos
internacionais quanto nas sociedades industrializadas, a desigualdade
aumentou", afirma Andreas Wirsching, professor de história da Universidade
Ludwig Maximilian de Munique. A globalização econômica resultou em "muitos
vencedores, mas também muitos perdedores, isso é inegável", complementa.
As desvantagens da
globalização também incluem consequências sociais e ecológicas, pondera Cora
Jungbluth, economista e especialista sênior da fundação alemã Bertelsmann
Stiftung, com sede na cidade de Gütersloh.
Trabalhadores de países de
alta renda têm visto empregos migrarem para países onde o custo de produção é
menor, enquanto "empresas multinacionais têm terceirizado etapas de
produção mais poluentes para países em desenvolvimento e emergentes, contribuindo,
assim, para as questões ambientais", diz Jungbluth.
GLOBALIZAÇÃO EM RECUO DESDE A
CRISE DE 2008: Assim como a globalização reflete um processo crescente de
interdependência econômica, a desglobalização marca justamente o recuo da
integração econômica global. E há indícios de que isso está acontecendo há
algum tempo.
Medida que é chave na
globalização, a participação do comércio no Produto Interno Bruto (PIB) global
atingiu seu auge em 2008, antes do início da crise.
"A proporção média das
exportações em relação ao PIB em todo o mundo aumentou muito significativamente
nos anos 1990 e 2000. Entretanto, desde a crise financeira de 2008 e 2009,
essas medidas têm estagnado ou mesmo diminuído", explica Douglas Irwin,
professor de Economia na Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos.
Irwin e outros especialistas
observam que essa tendência tem ocorrido lado a lado com a ascensão do populismo
e de medidas econômicas protecionistas. Há, no entanto, outros fatores
importantes que têm freado a globalização.
ENTÃO VEIO A PANDEMIA: Em
termos econômicos, a crise do coronavírus tem contribuído para interrupções nas
cadeias de abastecimento. Não há como esquecer a consequente escassez, o
aumento de preços e também o armazenamento de produtos – aquele momento em que
você se deparou com o último rolo de papel higiênico.
Tais interrupções estimularam uma mudança fundamental na concepção dessas cadeias de abastecimento, explica Megan Greene, economista e membro sênior da Harvard Kennedy School, nos Estados Unidos.
"A pandemia mudou uma
tendência de produção 'just-in-time' (em que a produção, o transporte e a
compra são feitos de maneira regrada e pontual) para a manutenção de
estoques", diz Greene. Ela descreve esse novo sistema de contingência como
"cadeia de abastecimento global com planos de apoio", de modo que as
empresas não são abandonadas quando há rupturas na cadeia global de
abastecimento.
Dentro desse modelo com
planos de apoio, Jungbluth acrescenta que países e empresas têm considerado
reduzir as cadeias de abastecimento: "Talvez 'trazer de volta para casa',
com insumos e tecnologias-chave mais próximos de seus locais de produção",
algo que resulta em mais flexibilidade do lado de quem oferta. Essencialmente,
isso caracteriza um afastamento da globalização, com foco na eficiência e no
custo-benefício.
AGORA A GUERRA NA UCRÂNIA: Os
impactos da invasão russa à Ucrânia têm sido perceptíveis aos consumidores
muito devido às sanções impostas à Rússia, sobretudo nos setores de energia e
de produtos agrícolas.
"Há ausência de
importação de energia, que é necessária, uma vez que a Europa precisa de energia
fóssil da Rússia. E o mundo inteiro precisa de produtos agrícolas da Rússia e
da Ucrânia", afirma Thiess Petersen, economista e colega de Jungbluth na
Bertelsmann Stiftung.
A Rússia e a Ucrânia são
exportadores globais muito significativos de trigo e óleo de girassol, por
exemplo.
Irwin corrobora a tese de que
a interrupção das exportações devido à guerra e às sanções impostas à Rússia
têm levado a aumentos de preços.
"Temos visto os preços
das commodities subirem bastante como resultado da guerra, a exemplo de
produtos como trigo e petróleo (pelo menos inicialmente)", diz Irwin.
A consequência disso é o
aumento de preços para o consumidor final, o que, por sua vez, estimula a
inflação.
Por outro lado, as sanções
contra a Rússia estão isolando o país – que tem uma economia significativa – do
resto do mundo.
Economistas enxergam esse
cenário não apenas como a desintegração de mercados interconectados, mas sim o
desenrolar de um progresso que a globalização trouxe consigo.
A escassez e os altos preços
de alimentos básicos serão observados não apenas em países de alta renda, mas
também em nações em desenvolvimento e emergentes. Para países altamente
dependentes de importações de farinha e petróleo baratos, isso "pode até
levar à fome", acrescenta Jungbluth.
O FIM DA ERA GLOBALIZADA? A
crise de 2008, o protecionismo tarifário subsequente, a reestruturação da
cadeia de abastecimento devido à pandemia, a desintegração de mercados
interconectados por causa da guerra na Ucrânia, conclui Petersen, talvez
estejam nos levando "ao início de uma espécie de desglobalização".
Neste contexto, Greene
pondera que não há um índice para medir a globalização. E contesta a narrativa
atual, promovida a partir do início da pandemia, com relação a fatores como
onshoring (recolocação de negócios dentro das próprias fronteiras), nearshoring
(recolocação de negócios em países próximos) e regionalização da cadeia de
abastecimento. Essa narrativa, segundo Greene, não é sustentada por muitos
indicadores de globalização, a exemplo de pesquisas de dados.
"Na mais recente
pesquisa realizada pela Câmara de Comércio de Xangai, nenhuma empresa americana
afirmou que voltaria para operações onshore, ou seja, sair da China e voltar
para os Estados Unidos", aponta Greene.
Por outro lado, a economista
destaca que apesar de investimentos de longo prazo terem continuado de maneira
acelerada na China, investimentos de curto prazo ficaram mais evidentes a
partir da invasão russa na Ucrânia, o que também indica um ponto de virada.
"O auge da globalização
ficou para trás. Eu diria que estamos vendo a globalização progredir muito mais
lentamente do que antes, mas ainda não estamos no território da
desglobalização", afirma Greene.
ADMIRÁVEIS NOVOS BLOCOS: As sanções do Ocidente contra a Rússia e a fuga de capitais da China indicam uma tendência global, segundo Jungbluth: "Nos últimos anos, os países têm tentado reduzir as chamadas 'dependências críticas', o que também pode levar à desglobalização".
Já Irwin traça paralelos com
a era da Guerra Fria, quando "certos países que estavam politicamente
alinhados também se tornaram mais alinhados economicamente, e não tão
integrados com outros".
Jungbluth, Petersen e outros
economistas acreditam que o mundo caminha, atualmente, para dois blocos
econômicos geopolíticos distintos: um deles seria formado por países
democráticos, de economia de mercado (União Européia, Japão, Coréia do Sul,
Oceania, Américas do Norte e do Sul), e outro por estados autocráticos (China,
Rússia e seus parceiros comerciais mais importantes).
"O que temos visto é um
retorno à geopolítica, e essas tendências também levam à desglobalização, por
meio da tentativa de diminuir as dependências econômicas de países que têm
conceitos distintos", diz Jungbluth.
ESTAMOS, PORTANTO, NO LIMIAR DE UMA NOVA ERA? Conforme o historiador Andreas Wirsching, essa é uma discussão popular. "Você quase pode pensar nesses dois momentos juntos: a pandemia de 2020, e agora essa guerra em 2022. Tem-se a sensação, a impressão, como habitantes aqui e agora, que algo está fundamentalmente mudando. Mas como os vários fatores podem ser encarados juntos, isso só se tornará aparente no futuro".