A rede que conectava pessoas
e armazenava o conhecimento humano não existe mais; está dominada pela
inteligência artificial
Nos últimos anos está
ganhando força a hipótese de que a internet morreu e só esquecemos de enterrar.
A rede que conectava pessoas e armazenava o conhecimento humano não existe mais
de acordo com essa teoria.
Ou, ao menos, está sendo substituída por uma rede
composta por máquinas que falam entre si e conteúdos gerados automaticamente
por inteligência artificial.
Por muito tempo essa ideia
foi tratada como teoria da conspiração: um alarmismo longe da realidade.
No
entanto, os sinais de que há algo de podre no reino da internet estão se
tornando mais frequentes. Vejamos alguns.
Hoje, 47,4% de todo o tráfego
na rede é gerado por robôs. Sabe aquelas preciosas visualizações que o seu post
alcançou na sua rede social favorita?
Pois é, metade delas são provavelmente
visualizações fake, feitas por robôs.
E o pior, 30% são robôs
maliciosos, atuando com a intenção de copiar informações ou fazer ataques.
Vários são capazes de imitar o humano, se tornando indetectáveis. Enquanto
isso, o acesso realmente humano cai a cada ano. De 2021 a 2022, a queda foi de
5,1%. Se a tendência continuar, em breve a internet será terra de ninguém, ou
melhor, terra de robôs.
Outro elemento indicativo da
morte em curso da rede é a invasão de conteúdo criado por inteligência
artificial. Um estudo do Instituto de Estudos do Futuro de Copenhague prevê que
99% do conteúdo que será postado na internet em 5 anos será gerado por
inteligência artificial. Ou seja, só 1% será feito por humanos.
Não precisa nem esperar tanto
tempo. Em postagem oficial, o Google mencionou no mês passado que está tomando
providências contra conteúdos que "parecem criados para [enganar] os
mecanismos de buscas, em vez de para pessoas". Por conta disso, muita
gente vem adotando uma prática inusitada. Colocar o comando "Before:
2023" nas buscas.
A alegação é que buscar por
conteúdos "antes de 2023" gera resultados melhores. Justamente por
causa da quantidade de lixo criado por inteligência artificial que vem sendo
postado nos últimos 18 meses, já interferindo no ranking das buscas.
Até para encontrar um par
romântico a internet está morrendo. Pesquisa da McAfee feita na Índia mostrou
que 77% dos usuários de aplicativos de relacionamento já se depararam com
perfis feitos por inteligência artificial, inclusive nas fotos. Além disso, 26%
dos usuários alegam ter descoberto que estavam conversando com uma inteligência
artificial, em vez de uma pessoa real, em sites de paquera.
Outro problema familiar é o
uso de robôs em campanhas eleitorais. As eleições deste ano são as primeiras em
que a inteligência artificial generativa estará em pleno curso. Dá para esperar
novidades nesse campo.
Se tudo continuar assim, é
possível que nossa geração terá sido a única a viver o tempo em que a internet
era feita por pessoas. Para as gerações futuras, mais acostumadas com robôs do
que a gente, essa ideia poderá parecer antiquada ou até grotesca: uma internet
humana como um cobertor feito de retalhos, esquecido em algum canto mofado do
passado.
Já era – Não pensar na
regulação da inteligência artificial
Já é – Pensar em regular IA
por meio de modelos de risco
Já vem – Pensar em regular IA
por meio de modelos antitruste
Folha de São Paulo - 21.abr.2024
às 4h00; Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio
de Janeiro.
O Brasil conquistou o
primeiro e o segundo lugar na modalidade de 9 a 16 anos e levou mais sete
prêmios técnicos, em todas as categorias, no Mundial de Robótica que começou na
quarta‑feira (17) e terminou neste sábado (20) em Houston, nos Estados Unidos.
O Mundial de Robótica da
FIRST ocorre anualmente e reúne 15 mil estudantes de 6 a 19 anos de 50 países.
Neste ano, o Brasil teve a maior delegação desde que o primeiro time brasileiro
disputou o torneio, em 2000. Foram 144 alunos de escolas públicas e privadas de
dez estados.
Os oito integrantes da Los
Atômicos, de Araras (SP), garantiram o primeiro lugar na categoria de 9 a 16
anos. “Sem dúvida, essa foi uma experiência única e um sentimento inesquecível.
Só temos a agradecer a todas as pessoas que nos ajudaram. É muito gratificante
estar aqui e poder ser o campeão do World Festival”, comemorou Ana Clara
Simionatto.
Outro time brasileiro que
competia na mesma modalidade, a Pardoboots, de Santa Cruz do Rio Pardo (SP),
garantiu não só o segundo lugar, como também o prêmio de técnico/mentor. Os
sete competidores e a técnica Monica Marques celebraram o título de Champion´s
Award Finalist, que reconhece o sucesso da equipe em todos os critérios de
avaliação.
“O prêmio representa a equipe
inspiradora que foi bem em todas as áreas, então é o prêmio mais importante da
competição. Estamos muito felizes!”, afirmou Otavio Andrade. Os brasileiros
levaram mais seis prêmios técnicos: projeto de inovação, time estreante,
espírito de equipe, inspiração, controle do robô e apresentação do pôster. Fonte: Agência Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em
21/04/2024
Lançado na madrugada de
domingo (28/02), o primeiro satélite 100% nacional vai monitorar o
desmatamento, sobretudo na região amazônica, como seu próprio nome sugere.
Batizado de Amazonia-1, ele foi totalmente projetado, integrado e testado pelo
país — e, a partir de então, será também operado exclusivamente pelo Brasil.
Desenvolvido pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), integra a chamada Missão Amazônia: um
esforço da entidade em melhorar o chamado sensoriamento remoto da natureza
brasileira.
Conforme enfatiza o Inpe em
texto que apresenta o trabalho, além da floresta amazônica, "os dados
gerados serão úteis para atender, ainda, a outras aplicações correlatas, tais
como: monitoramento da região costeira, reservatórios de água, florestas naturais
e cultivadas, desastres ambientais, entre outros”.
O Amazonia-1 é o terceiro
satélite a realizar tal trabalho para o Brasil. Ele se soma aos CBERS-4 e
CBERS-4A, que já estavam em operação.
"Temos a possibilidade
de contar com três satélites com desenvolvimento brasileiro [os outros dois em
parceria com a China] operando simultaneamente. Com isso, será gerado maior
volume de dados para tratamento de questões ambientais e de preservação da
cobertura vegetal”, afirma o diretor do Inpe, o engenheiro eletricista Clezio
Marcos de Nardin.
E a missão prevê, para os
próximos anos, o lançamento de outros dois: Amazonia-1B e Amazonia-2.
"O Amazonia-1 […]
reforçará nosso sistema de aquisição de dados e de geração de imagens”, afirma
Nardin, explicando que o equipamento deve gerar "dados sobre vegetação,
agricultura, compor sistemas de alertas, entre outras aplicações”.
De acordo com com o diretor
do Inpe, a expectativa é que haja um ganho principalmente no volume de dados
obtidos.
USO PARA A AGRICULTURA: Graças
a uma câmera de alta resolução e amplo espectro, o material produzido pelo
satélite também deve ser útil para a agricultura. "Entre as possibilidades
de monitoramento de fenômenos dinâmicos encontram-se as safras agrícolas e a
determinação de queimadas persistentes”, afirma ele.
O equipamento é projetado
para gerar imagens do planeta a cada cinco dias — e, sob demanda, é capaz de
fornecer dados de um ponto específico em dois dias. Em caso de um eventual
desastre ambiental, por exemplo, como o rompimento da barragem em Mariana, em
2015, o monitoramento poderá ser ajustado para o local. Focos de queimada
também poderão ser visualizados. A estrutura conta com 14 mil conexões
elétricas. Se esticados, todos os seus fios chegariam a 6 quilômetros.
Conforme enfatiza o agrônomo
Cláudio Almeida, coordenador do programa de monitoramento da Amazônia e demais
biomas, do Inpe, o maior ganho se dará pela soma. Com três satélites em
operação, um mesmo ponto pode ser "revisitado” em um intervalo de um a
dois dias — conferindo precisão inédita ao monitoramento.
Todo o material coletado deve
ser disponibilizado para a comunidade científica. "O Inpe foi pioneiro na
política de disponibilizar dados de sensoriamento remoto gratuitamente desde
2004. E essa política deve ser mantida para o Amazonia-1, de modo que toda a
sociedade tenha acesso às imagens e possa utilizá-las”, acrescenta Almeida.
O lançamento foi feito na
Índia, para onde o satélite havia sido enviado há dois meses. "Foi
realizada uma concorrência internacional para a escolha do foguete responsável
[pela operação]. A proposta vencedora foi a do Polar Satellite Launche Vehicle,
um lançador indiano”, esclarece Nardin. Para o desenvolvimento do satélite
foram investidos cerca de R$ 300 milhões. A contratação do veículo indiano
custou outros R$ 20 milhões.
Todo o projeto foi concebido
no início dos anos 2000. Até 2008 era conduzido pela Agência Espacial
Brasileira (AEB), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
"A complexidade envolvida em projetos espaciais, a necessidade de
estabelecer diversas contratações industriais e a experiência do Inpe nos
desenvolvimentos e contratações industrais fizeram com que esse desenvolvimento
fosse transferido para o instituto [o Inpe]”, conta Nardin. "O Inpe, com
essa bagagem histórica [decorrente de outros projetos de satélites, em parceria
com instituições estrangeiras], recebeu a incumbência de ser o ‘main
contractor' do Amazonia-1. Diversas adequações e adaptações foram necessárias e
implementadas nos anos seguintes. Somente em 2014 o satélite ganhou sua
configuração final.” No total, todo o projeto envolveu mais de 500
profissionais.
O USO DOS DADOS GERADOS: À
DW, o pesquisador Tiago Reis, que estuda ações de combate ao desmatamento e de
uso do solo na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, espera que a
melhoria do monitoramento seja acompanhada de uma eficiência na fiscalização.
"Do ponto de vista técnico, um trabalho primoroso. Mas a questão é: o que
o vamos fazer com esses dados? Será investido mais em fiscalização e combate
aos desmatamentos? Isso é o que interesse”, comenta ele.
"O satélite novo é muito
interessante e realmente vai permitir que o Brasil domine toda a tecnologia de
monitoramento e sensoriamento remoto do desmatamento, com precisão e agilidade.
Mas isso, de certa forma, já temos e de forma boa o suficiente”, argumenta.
"Daqui a pouco, vamos conseguir ver a unha encravada do desmatador. E aí?
O que vamos fazer com essa informação? Vamos ficar só olhando ou faremos alguma
coisa?” Fonte: Deutsche Welle –
01.03.2021
A Índia lançou no domingo
(28/02) com sucesso o Amazônia 1, o primeiro satélite de monitoramento da Terra
completamente desenvolvido e produzido pelo Brasil. O lançamento ocorreu às
10h24 (horário local) da base indiana em Sriharikota, localizada no estado de
Andhra Pradesh.
Em apenas 17 minutos após o
lançamento, o satélite alcançou seu destino, a 752 quilômetros de altitude da
Terra, e se separou do foguete PSLV-C51. O Amazônia 1 abriu então o painel
solar, verificou os sistemas e iniciou o ajuste da câmara. As primeiras imagens
devem ser produzidas em cinco dias.
"Este momento representa
o ápice desse esforço feito por tantas pessoas. Esse satélite tem uma missão
muito importante para o Brasil", afirmou o ministro da Ciência, Tecnologia
e Inovação, Marcos Pontes, que acompanhou o lançamento da base indiana. Com
quatro metros de altura, esse é o primeiro satélite totalmente brasileiro.
Ao final da operação, o
presidente da agência espacial indiana, K. Sivan, parabenizou o Brasil e
afirmou que a Índia se sente honrada em participar desta missão. "Minhas
sinceras congratulações ao time brasileiro por essa conquista. O satélite está
em órbita, os painéis solares se abriram e está tudo funcionando muito
bem", acrescentou.
Desenvolvido pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em parceria com a Agência Espacial
Brasileira (AEB), o satélite enviará imagens de alta resolução para auxiliar
diferentes programas de monitoramento, incluindo a fiscalização do desmatamento
na Amazônia, juntando-se assim aos outros dois equipamentos que fazem parte do sistema
Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).
O lançamento faz parte da parceria dos programas espaciais do Brasil e Índia. O foguete PSLV-C51 levou
ainda outros 18 satélites secundários, entre eles três de institutos indianos e
dois americanos. Fonte: Deutsche Welle –
28.02.2021
A mandioca é muito perigosa se não for preparada
adequadamente, então como as pessoas desenvolveram e compartilharam esse
conhecimento?
Em 1860, os exploradores Robert Burke e William Wills
lideraram a primeira famosa expedição europeia pelo interior desconhecido da
Austrália. Mas a sorte não esteve ao lado deles. Devido a uma combinação de
falta de comando, mau planejamento e azar, Burke, Wills e um terceiro
integrante, John King, ficaram sem comida na viagem de volta.
Burke e Wills ficaram presos às margens do rio Cooper's
Creek, e não conseguiram pensar em um jeito de transportar consigo água
suficiente para atravessar um trecho de deserto até o posto de controle
colonial mais próximo, no Mount Hopeless.
As adversidades enfrentadas pelo trio, contudo, não pareciam
afetar o cotidiano do povo nativo, os yandruwandha. Os yandruwandha deram aos
exploradores bolos feitos a partir de vagens esmagadas de uma samambaia chamada
nardoo. Burke brigou com eles e, imprudentemente, os afastou ao disparar sua
pistola.
Mas talvez o trio já tivesse aprendido o suficiente para
sobreviver? Eles encontraram nardoo fresco e decidiram fazer seus próprios
bolos. No começo, tudo parecia correr bem. Os bolos nardoo satisfaziam seu
apetite, mas eles se sentiam cada vez mais fracos.
Dentro de uma semana, Wills e Burke estavam mortos. Acontece
que o nardoo requer um preparo complexo. O nardoo, um tipo de samambaia, é
coberta por uma enzima chamada tiaminase, que é tóxica para o corpo humano. A
tiaminase impede a absorção pelo corpo da vitamina B1, que tem entre suas
principais funções o metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas e a
estimulação de nervos periféricos.
Em outras palavras: embora tivessem comido, Burke, Wills e
King continuavam desnutridos.
Os yandruwandha, por outro lado, recorriam a um longo
preparo para tornar a tiaminase menos tóxica.
Praticamente morto, King buscou ajuda dos yandruwandha, que
o mantiveram vivo até a chegada da ajuda de outros exploradores europeus meses
depois. Ele foi o único membro da expedição que sobreviveu.
Como comida, a nardoo é mais uma curiosidade. O que não é o
caso da mandioca, que é uma fonte vital de calorias em várias regiões do mundo,
em particular na África e na América Latina.
À rigor, há dois tipos de mandioca, a mandioca mansa, também
chamada de mandioca de mesa (conhecida também no Brasil pelos nomes de
macaxeira e aipim), e a mandioca brava, conhecida como mandioca de indústria.
As duas são extremamente parecidas, mas a mandioca brava é altamente tóxica - e
requer um procedimento industrial ou um ritual de preparação tedioso e complexo
para torná-la um alimento seguro. Ela libera cianeto de hidrogênio.
Nos centros urbanos, a mandioca comercializada como alimento
é sempre a mansa. Mas em zonas rurais, em lugares mais remotos na África, a
mandioca mais comum pode ser a brava, e, por isso, se não fora preparada
adequadamente, pode causou sérios problemas de saúde.
Um deles é uma condição chamada konzo, com sintomas que
incluem paralisia súbita das pernas.
Em 1981, em Nampula, Moçambique, um jovem médico sueco
chamado Hans Rosling não sabia disso. Como resultado, passou por uma situação
profundamente intrigante.
Mais e mais pessoas batiam à porta de sua clínica com
paralisia nas pernas. Poderia ser um surto de poliomielite? Não. Os sintomas
não estavam descritos em nenhum livro.
Com o início da guerra civil em Moçambique, poderiam ser
armas químicas?
A mulher e os filhos de Rosling deixaram o país, mas ele
decidiu continuar suas investigações in loco.Foi uma colega de Rosling, a
epidemiologista Julie Cliff, que acabou descobrindo o que estava acontecendo.
As refeições de mandioca que eles ingeriam haviam sido
processadas de forma incompleta. Já com fome e desnutridos, não podiam esperar
tempo suficiente para tornar a mandioca segura. E, como resultado,
desenvolveram o konzo.
Plantas tóxicas estão por toda parte. Às vezes, processos
simples de cozimento são suficientes para torná-las comestíveis. Mas como
alguém aprende a elaborada preparação necessária para a mandioca ou o nardoo?
Para Joseph Henrich, professor de biologia evolucionária
humana na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, esse conhecimento é
cultural, e nossas culturas evoluem por meio de um processo de tentativa e erro
análogo à evolução em espécies biológicas.
Assim como a evolução biológica, a evolução cultural pode -
com tempo suficiente - produzir resultados impressionantemente sofisticados.
Funciona assim, segundo Henrich: em algum momento, alguém
descobre como tornar a mandioca menos tóxica. Com o passar do tempo, outras
descobertas são feitas. Esses rituais complexos podem, assim, evoluir, cada um
ligeiramente de forma mais eficaz que o anterior.
Na América do Sul, onde humanos comem mandioca há milhares
de anos, as tribos aprenderam os muitos passos necessários para desintoxicá-la
completamente: raspar, ralar, lavar, ferver o líquido, deixar a massa repousar
por dois dias e depois assar.
Quando questionados sobre por que fazem isso, poucos vão
dizer que se trata de cianeto de hidrogênio. Eles simplesmente vão dizer
"esta é a nossa cultura".
Na África, a mandioca foi introduzida apenas no século 17.
Não veio com um manual de instruções. O envenenamento por cianeto ainda é um
problema ocasional; as pessoas recorrem a técnicas porque o aprendizado
cultural ainda está incompleto.
Henrich argumenta que a evolução cultural é muitas vezes
muito mais inteligente do que nós.
Seja construindo um iglu, caçando um antílope, acendendo uma
fogueira, fazendo um arco longo ou processando mandioca, aprendemos não porque
entendemos os princípios básicos, mas imitando.
Em 2018, um estudo desafiou os participantes a colocar pesos
nos raios de uma roda para maximizar a velocidade com que ela descia uma
ladeira.
Os conhecimentos adquiridos eram passados para o próximo
participante, que, assim, se saíam muito melhor. No entanto, quando
questionados, eles não mostraram nenhum sinal de realmente entender por que
algumas rodas rodavam mais rápido que outras.
Estudos realizados posteriormente mostram que o
comportamento de imitar é instintivo entre humanos.
Testes revelam que chimpanzés de dois anos e meio e humanos
têm capacidades mentais semelhantes - a menos que o desafio seja aprender a
imitar alguém. Crianças são muito melhores em imitar do que os chimpanzés.
E os humanos imitam de uma maneira ritualística que os
chimpanzés não seguem. Os psicólogos chamam isso de superimitação.
Pode parecer que os chimpanzés são mais inteligentes. Mas se
você estiver processando raízes de mandioca, a superimitação é de extrema
importância.
Se Henrich estiver certo, a civilização humana se baseia
menos em inteligência bruta do que em uma capacidade altamente desenvolvida de
aprender um com o outro.
Ao longo das gerações, nossos ancestrais acumularam ideias
úteis por tentativa e erro, que foram copiadas pelas gerações seguintes.
Sem dúvida, algumas ideias menos úteis foram misturadas com
elas, como a necessidade de uma dança ritual para fazer as chuvas chegarem, ou
a convicção de que sacrificar uma cabra fará com que um vulcão não entre em
erupção.
Mas no geral, aparentemente, fizemos melhor copiando sem
questionar do que supondo, como os chimpanzés, que éramos suficientemente
inteligentes para dizer quais etapas poderíamos ignorar com segurança.
É claro que a evolução cultural pode nos levar até um
determinado patamar. Agora temos o método científico para nos dizer que sim,
realmente precisamos deixar a mandioca descansar por dois dias, mas, não, o
vulcão não se importa com as cabras.
Quando entendemos os princípios básicos, podemos evoluir
mais rapidamente do que por tentativa, erro e imitação. Mas não devemos
menosprezar o tipo de inteligência coletiva que salvou a vida de King.
Foi o que tornou possível a civilização - e uma economia em
funcionamento. Fonte: UOL Noticias - 10/09/2019
Uma nova espécie de maçã desenvolvida em Santa Catarina
conquistou o direito de recolher royalties nos 23 países que compõem a União
Europeia. A fruta, que recebeu o nome de Monalisa, foi elaborada por
meio de melhoramento genético iniciado há 31 anos por técnicos da estatal
catarinense Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural).
“A fruta é doce,
crocante, suculenta e tem uma bela aparência. Ela caiu no gosto dos europeus”,
afirma Renato Luis Vieira, gerente da estação experimental da Epagri em
Caçador, que projeta o início do recolhimento da verba dos direitos de venda
para 2022.
“Estamos colhendo os
frutos de um trabalho iniciado há muito tempo. É demorado, mas, quando vem a
valorização, não tem preço”, disse. O cruzamento de plantas que deu origem à
Monalisa foi desenvolvido em um ensaio experimental na primavera de 1988.
A história começou com o pesquisador Anísio Pedro Camilo,
que fez doutorado em um programa de hibridações nos Estados Unidos , segundo
Frederico Denardi, engenheiro‑agrônomo aposentado da Epagri. O pesquisador fez
o cruzamento de uma muda de maçã gala com uma outra muda desenvolvida para ser
mais resistente. “A gala é a mais produzida no Brasil hoje, mas tem
inconvenientes como a dificuldade de adaptação ao clima do Sul. Também é muito
suscetível a doenças”, disse.
As sementes foram pré-germinadas em câmaras climáticas e
depois monitoradas em estufas. Na sequência, as mudas foram submetidas ao
contato com as principais pragas que atacam os pomares. As mudas que resistiram
foram selecionadas para passar por uma nova bateria de testes. Depois de
atestar a resistência, os melhoristas (que fazem o melhoramento genético)
partiram para aperfeiçoar a qualidade da fruta. Foram feitos testes para medir
a firmeza da polpa, o nível de acidez, o teor de açúcar, a coloração, o
formato, o sabor e a capacidade de conservação, entre outros fatores.
A ROTINA DE AVALIAÇÕES SE ESTENDEU POR SETE ANOS.
Em 1995, os pesquisadores atestaram o ápice da qualidade
buscada e escolheram uma muda para ser a versão final do experimento. Ela
recebeu um código de identificação e foi multiplicada por meio de enxerto.
A previsão é de redução do custo de produção porque é uma
variedade resistente a algumas doenças que atingem a planta. “O agricultor
deixa de gastar com agrotóxicos. Ela também se adapta muito bem à produção
orgânica e produz efeitos na segurança alimentar e ambiental”, disse.
Os bons resultados culminaram na decisão de lançar a nova
fruta para o mercado. Mudas foram fornecidas para os viveiristas interessados. A
partir de convênio firmado com a Mondial Fruit Selection, empresa francesa que
representa a maçã no exterior, testes foram feitos na Europa para avaliar a
adaptação da fruta ao clima e a aceitação entre os produtores.
Foi na fase do lançamento que Denardi batizou a maçã de
Monalisa, em razão da “universalidade e por ser um nome bonito, atraente e
fácil”.
Em abril, a empresa concluiu que a Monalisa tem alto
potencial de comercialização na Europa. Para realizar o cultivo, a propriedade
intelectual da criação foi reconhecida.
A empresa irá liberar as mudas para os produtores
licenciados que já poderão realizar o plantio. O processo do cultivo até a
floração e colheita deve levar três anos, o que significa que estará nos
mercados europeus a partir de 2022.
Com o início da comercialização, a Epagri começará a receber
os valores pela concessão dos direitos da fruta. No Brasil, um edital será
lançado para selecionar produtores que atendam as condições de cultivo. “Agora é preciso ver se o mercado consumidor
aceita a fruta”, disse Vieira. Fonte: Folha de São Paulo - 18.mai.2019
Câmera,
instalada em Taquara, registrou queda
de meteoro na madrugada
de sexta-feira (12) — Foto: Carlos Fernando Jung
Uma câmera instalada em Taquara, na Região Metropolitana de
Porto Alegre, registrou a queda de um meteoro na madrugada de sexta-feira (12) .
O pós-doutor em Engenharia e diretor científico da Brazilian Meteor Observation
Network (Bramon), professor Carlos Fernando Jung, responsável pela captura das
imagens, informou que o bólido entrou na atmosfera a 122,2 mil km/h, e começou
a perder força. O especialista calcula que o meteoro foi extinto a 36 km de
altitude, sem causar qualquer dano.
O fenômeno foi captado também por câmeras em Torres, no
Litoral Norte, e em Santa Catarina. Ele pôde ser visto por alguns segundos, às
3h21 (horário de Brasília).
"Ele pesava 12 kg quando ele entrou na atmosfera, com o
tempo ele diminuiu a massa, até que os fragmentos foram mínimos. O objeto foi
totalmente consumido em sua passagem atmosférica, a cerca de 145 Km sobre o mar
da costa do Rio Grande do Sul", afirma.
O professor conta que no grupo Bramon, cada um, de forma
voluntária com equipamento próprio, realiza registros dos fenômenos.
"Cada pessoa adquire seu próprio equipamento, e mantém
operando 24h. O grupo reúne vários profissionais, que trabalham de forma
voluntária em prol de fazer o registro, a análise", conta.
O professor tem câmeras funcionando em Taquara, São Leopoldo
e Porto Alegre.
"As câmeras têm imagens 360 graus. Elas captam todo o
Rio Grande do Sul, o Uruguai, Santa Catarina, Paraná, parte da Argentina",
afirma.
Segundo Jung, bólido é o nome dado ao meteoro quando ocorre
a explosão. São meteoros que possuem uma magnitude igual ou superior a -4,
forma de uma "bola", daí vem o nome popular de "bola de
fogo", explica o professor.
Bólidos podem ser seguidos de explosões ou explodirem no
final. "Diariamente, a terra é bombardeada por meteoros, que entram aqui,
são atraídos pela gravidade da Terra. É uma coisa comum. Durante o dia e a
noite, não tem hora, nem lugar para acontecer. Mas não é normal a gente fazer
um registro dessas proporções", explica o professor. Fonte: G1 RS-13/04/2019
Durante a noite de 20 a 21 de janeiro, ocorreu o primeiro
eclipse total de 2019. O que foi visto em todo o mundo foi batizado como
'superlua de sangue de lobo'. Fonte: EL PAÍS-21 JAN 2019
A superlua vista sobre a cidade de Marina Del Rey, na
Califórnia (EUA).
A superlua de sangue vista ao lado do Cristo Redentor,
Explanation:
Moonrise doesn't usually look this interesting. For one thing, the full moon is
not usually this dark -- but last Friday the moon rose here as it
simultaneously passed through the shadow of the Earth. For another thing, the
Moon does not usually look this red -- but last Friday it was slightly
illuminated by red sunlight preferentially refracted through the Earth's
atmosphere. Next, the Moon doesn't usually rise next to a planet, but since
Mars was also coincidently nearly opposite the Sun, the red planet was visible
to the full moon's upper right. Finally, from the vantage point of most people,
the Moon does not usually rise over Rio de Janeiro in Brazil. Last Friday's
sunset eclipse, however, specifically its remarkable Micro Blood Moon Total Lunar
Eclipse, was captured from Rio's Botofogo Beach, along with an unusually large
crowd of interested onlookers. Fonte: NASA - Image Credit: Carlos 'Kiko'
Fairbairn
Avanço só virá se inovação for tratada como estratégia,
afirma Gianna Sagazio, referência no tema
Enquanto a inovação não for definida como estratégia para o
desenvolvimento do país nada vai mudar, diz Gianna Sagazio, diretora de
inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
“A gente sabe que é um momento difícil para o Brasil, de
busca do equilíbrio fiscal. Mas isso não pode apagar uma agenda de futuro. É
preciso resolver questões emergentes, mas também pensar no futuro”, afirma ela,
que é também superintendente do IEL (Instituto Euvaldo Lodi), criado pelo setor
industrial e que prepara as empresas para aumentar a competitividade.
A inovação não é
prioridade do país. Na China, o primeiro país de renda média que ficou entre os
20 mais inovadores do mundo, existe uma estratégia montada para que a inovação
seja o fio condutor do desenvolvimento. O Brasil ficou em 64º lugar no ranking do
Índice Global de Inovação em 2017,
O Instituto coordena a Mobilização Empresarial pela
Inovação, movimento formado pelas 500 maiores lideranças do país com o objetivo
de ampliar a inovação no Brasil.
Os países mais inovadores —por acaso, os mais competitivos e
desenvolvidos— têm políticas com prioridade para investir nessa área.
Investimentos em inovação em 2017;
■EUA investiram US$ 532 bilhões (R$ 2 trilhões);
■China, US$ 279 bi (R$ 1 tri);
■Alemanha, US$ 105 bi (R$ 407 bi).
Estamos bem longe disso.
Quanto o Brasil investe?
O dado mais recente, de 2015, do Ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovação, mostra que o Brasil empenhou R$ 76 bilhões (US$ 23
bilhões de dólares) em pesquisa e
desenvolvimento em inovação. O governo federal e os estaduais desembolsaram R$
38,3 bilhões, e o setor privado, R$ 38,1 bilhões. Ou 1,28% do PIB investidos em
P&D, 0,64% para cada lado. Aqui, pesquisa e desenvolvimento são
considerados custos. Nos países mais inovadores, investimento. Fonte: Folha de São Paulo - 16.ago.2018
Comentário:
Quando D. Pedro II visitou os Estados Unidos em 1876. De 15
de abril a 12 de julho de 1876, o imperador percorreu mais de 14 mil
quilômetros de trem e passou por 28
estados, além da capital Washington.
O imperador se interessou pela ciência, pela tecnologia, as
invenções e ficou maravilhado pelo trem. Dom Pedro II percorreu as extensões
continentais dos Estados Unidos de trem, de Nova York a São Francisco na ida e
na volta. Ele foi de oeste a leste, e
depois voltou do leste para oeste, buscando informações, e as inovações que
estavam conhecendo.
Pelo jeito tivemos pouco avanço em quase 142 anos,
continuamos a produzir ou fabricar carroças tecnológicas com conteúdo nacional.
A história da Medalha Fields furtada no Rio de Janeiro vai
ter um final feliz. A organização do Congresso Internacional de Matemáticos
(ICM, na sigla em inglês) entregará uma nova ao iraniano de origem curda
Caucher Birkar, 40, que teve sua medalha, popularmente conhecida como o “Nobel
da matemática”, furtada logo após o fim da cerimônia de premiação, realizada na
quarta-feira (1º).
A nova láurea será entregue ao matemático neste sábado (4),
antes do jantar de gala do ICM, o evento mais importante da matemática, que
ocorre pela primeira em um país do hemisfério Sul.
A reparação a Birkar será possível porque, além das quatro
medalhas entregues na quarta, existe uma extra, "virgem", na qual
será gravado o seu nome. A medalha sobressalente havia sido cunhada junto com
as que foram dadas aos vencedores mas seria exposta na sede da União
Internacional de Matemática, em Berlim.
"A medalha Fields é uma celebração da matemática, um
momento de alegria, e queremos que o professor Caucher Birkar volte ao seu país
com a melhor imagem do Brasil", disse Marcelo Viana, presidente do Comitê
Organizador do ICM-2018.
Forjadas em ouro 14 quilates, as medalhas são confeccionadas
no Canadá, em um de seus lados, está gravado o rosto de Arquimedes, um dos
maiores matemáticos da história. Também há a inscrição em latim "Transire
suum pectus mundoque potiri" —que significa "superar os limites da
inteligência e conquistar o universo".
No verso da medalha, encontra-se a inscrição, também latina,
"Congregatiextoto orbe mathematiciob scripta insignia tribuere". A
expressão significa: "Reunidos, matemáticos de todo o mundo a concedem [a
medalha] por escritos notáveis".
FURTO
Após receber o prêmio, Birkar o guardou numa pasta. O furto
ocorreu enquanto o matemático atendia a pedidos de fotos. Imagens obtidas pela
Folha nesta quinta (2) mostram os dois homens considerados suspeitos pela
polícia carioca de terem cometido o crime.
As câmeras de segurança do local flagraram o momento em que
um dos homens se aproximam da pasta com a medalha enquanto Birkar estava de
costas. Ele coloca uma mochila em frente à pasta que guardava a medalha,
aparentemente com a intenção de escondê-la. Mais tarde, essa mesma mochila foi
encontrada com os documentos do matemático.
O outro homem, que aparece com óculos na cabeça, estava
andando e conversando com o rapaz de mochila, e também é considerado suspeito
pela polícia.
Para adentrar o recinto onde ocorria a cerimônia era
obrigatório portar a credencial do evento ou estar com uma pulseira de
convidado. Nas imagens é possível ver que nenhum dos dois portava a credencial.
Birkar é professor na Universidade de Cambridge, na
Inglaterra. Ele nasceu no Irã, na cidade curda de Marivan e estudou matemática na Universidade de Teerã
antes de ir para o Reino Unido em 2000. Depois de um ano, ele recebeu o status
de refugiado, tornou-se um cidadão britânico e começou seu doutorado no país,
na Universidade de Nottingham.
Sua área de pesquisa é geometria algébrica, que, grosso
modo, estuda a interconexão entre a geometria e a teoria dos números.
Outros três pesquisadores também receberam a láurea
matemática: o italiano Alessio Figalli, 34, o alemão Peter Scholze, 30, e o
indiano Akshay Venkatesh, 36. Todos eles agora fazem parte do exclusivíssimo
grupo de 56 matemáticos que já receberam a medalha, criada em 1936.
Entre os vencedores anteriores está o brasileiro Artur
Avila, que em 2014 tornou-se o primeiro latino-americano a conquistar a
honraria.
A medalha Fields é um prêmio de características únicas. É
entregue de quatro em quatro anos (junto com os Congressos Internacionais de
Matemáticos, também quadrienais) para matemáticos de até 40 anos. A cada
edição, saem de duas a quatro medalhas para pesquisadores com feitos
extraordinários na carreira.
O cheque que acompanha a Fields é modesto, quando comparado
com o do Nobel, que paga cerca de US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 4 milhões). A
medalha matemática rende 15 mil dólares canadenses (R$ 43 mil) aos seus
laureados.
Além do foco acadêmico, o ICM também terá atividades
voltadas à popularização da matemática, abertas ao público, como o ciclo de
cinco palestras promovido pelo Impa e pelo Instituto Serrapilheira com
matemáticos de destaque internacional e divulgadores da disciplina.
OLIMPÍADA
Nesta quinta, foi realizado, durante o ICM-2018, a entrega
das medalhas de ouro da 13ª Olimpíada Brasileira das Escolas Públicas (Obmep).
Foram premiados 576 estudantes de todo o país. Organizada pelo Impa (Instituto
de Matemática Pura e Aplicada) é a maior competição científica do mundo. Na
última edição, participaram 18,2 milhões de estudantes. Fonte: Folha de São
Paulo - 3.ago.2018
A Terra se colocou entre o Sol e a Lua nesta sexta-feira,
27, ocasionando o eclipse lunar mais longo do século XXI. A fase total do
fenômeno começou às 16h30 (horário de Brasília) e teve duração de uma hora e 42
minutos, já que a lua passou próxima ao centro da sombra terrestre. Durante
essa fase, o satélite refletiu uma tonalidade avermelhada que lhe confere
popularmente o nome de Lua de Sangue. Do Brasil, foi possível ver o fenômeno em
algumas cidades, no fim da tarde. Para isso, foi preciso olhar para o
horizonte, a leste.
O QUE É UM ECLIPSE
Um eclipse ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua se alinham.
Isso faz com que a Terra fique diretamente entre o Sol e a Lua, bloqueando a
luz solar.
O fenômeno acontece porque a Lua entra na sombra criada pela
Terra e deixa de ficar visível pois deixa de ser iluminada pela luz do Sol. Fontes: BBC Brasil e El País - Brasil 28 JUL 2018
“Lembre-se
de olhar para as estrelas e não para baixo, para os seus pés. Tente achar
sentido no que você vê e pergunte sobre o que faz o Universo existir. Seja
curioso".
“Pessoas
que se vangloriam de seu QI são perdedoras".
Entrevista
ao New York Times, dezembro de 2004
“Somos
apenas uma estirpe avançada de macacos em um planeta menor de uma estrela muito
comum. Mas podemos entender o universo. Isto nos torna muito especiais".
Entrevista
à revista alemã Der Spiegel, 1988
Minhas
expectativas se reduziram a zero quando tinha 21 anos. O restante foi um
presente".
Entrevista
ao New York Times, dezembro de 2004
Acredito
que o desenvolvimento pleno da inteligência artificial poderia significar o fim
da raça humana".
Entrevista
à BBC, 2014
“Vivo
com a perspectiva de uma morte precoce há 49 anos. Não tenho medo de morrer,
mas também não tenho pressa".
Entrevista
ao jornal britânico The Guardian, maio de 2011
“Ninguém
pode resistir à ideia de um gênio aleijado".
Entrevista
à revista americana Time, setembro de 1993
“Se
os extraterrestres nos visitarem algum dia, acredito que o resultado será
parecido a quando Cristóvão Colombo desembarcou na América, um resultado nada
positivo para os nativos".
Documentário "Into the
Universe", The Discovery Channel, 2010
“A
cruz de minha celebridade é que não posso ir a lugar algum sem ser reconhecido.
Não basta colocar óculos escuros e uma peruca. A cadeira de rodas me
entrega".
Entrevista
a um canal de TV israelense, 2006
“Encontrar
a resposta para isto seria o grande triunfo da razão humana, porque então
conheceríamos a mente de Deus".
Sobre
o motivo da existência do universo, em seu livro "Uma Breve História do
Tempo", 1988
“Há
uma diferença fundamental entre a religião, que se baseia na autoridade, e a
ciência, que se baseia na observação e na razão. A ciência vencerá, porque
funciona".
Quando Stephen Hawking se aposentou, em outubro de 2009, a
comoção tomou conta do mundo. Um cientista cuja carreira parecia condenada ao
fim antes mesmo de começar não só cumpriu 30 anos de serviços prestados numa
das mais prestigiosas vagas da Universidade de Cambridge como contribuiu com
muitas das ideias que ajudam a definir o Universo tal como é compreendido hoje.
O cientista morreu no início da madrugada de quarta (14),
aos 76 anos, em Cambridge, no Reino Unido. "Ele foi um grande cientista e
um homem extraordinário cujo trabalho e legado vai viver por muitos anos",
disseram seus filhos Lucy, Robert e Tim, em comunicado, sem especificarem a
causa da morte.
Nascido a 8 de janeiro de 1942 em Oxford, Inglaterra,
Hawking desde cedo demonstrou interesse por matemática e astronomia, embora
nunca tenha sido um aluno brilhante ou dedicado. Seu pai era biólogo, o que
pode ter ajudado a despertar seu interesse por ciência.
No início de sua trajetória acadêmica, estudou física no
University College de Oxford. Ao obter o bacharelado em 1962, foi para
Cambridge, e logo que chegou começou a desenvolver os sintomas de uma rara e
fatal enfermidade degenerativa conhecida como esclerose lateral amiotrófica.
De progressão usualmente rápida, ela é caracterizada pela
crescente paralisia dos músculos, culminando com a incapacidade de respirar e a
morte. Seu médico havia predito que em três anos, no máximo, Hawking estaria
morto —antes mesmo da conclusão de seu doutorado.
LEGADO
Ele ficou mundialmente conhecido como o cientista que vivia
recluso em uma cadeira de rodas computadorizada sem poder mexer o corpo
franzino e atrofiado. E como o pensador que conquistou reinados da física ao
ajudar a entender a origem do Universo e o papel dos buracos negros. "Se
vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes", diz Hawking,
citando Isaac Newton (1643-1727), na obra "Os Gênios da Ciência"
(2002), na qual revisita pensadores revolucionários.
Sua genialidade, que contribuiu para o avanço da física, e
sua irreverência, que permitiu dar asas a um fenômeno pop, fizeram com que ele
se assemelhasse muito com Albert Einstein (1879-1955), outro gênio pop. Hawking
ocupou a cadeira de Isaac Newton como professor de matemática na Universidade
de Cambridge até 2009, quando se comunicava apenas com um botão, utilizando um
sintetizador de voz. Mas foi sua capacidade de contar ao público leigo, em
linguagem fácil e cativante, as complexas teorias do mundo moderno, que fizeram
dele um astro mundial.
Seu primeiro best-seller, "Uma Breve História do
Tempo" (1988), traduzido em 35 línguas, teve mais de 10 milhões de cópias
vendidas em 20 anos. Na obra em que trata de teorias como a do princípio
quântico da incerteza, supercordas e buracos negros, inclui apenas uma única
equação matemática: a elegante E = mc², famosa fórmula da equivalência entre
matéria e energia de Einstein.
Diversão não faltou na vida de Hawking. Suas limitações
físicas foram superadas por sua força de vontade indômita, pela tecnologia e
pela ficção. "Minhas expectativas foram reduzidas a zero quando eu tinha
21. Tudo, desde então, tem sido um bônus", afirmava. Em 1993, ele pode
jogar cartas com Newton e Einstein e um episódio da série Star Trek: The Next
Generation. Também fez ponta em episódios de Os Simpsons, Laboratório de
Dexter, Uma Família da Pesada, The Big Bang Theory, dentre outros seriados, e
na gravação de dois discos do Pink Floyd -- The Division Bell (1994) e The
Endless River (2014).
Ao longo da carreira, Hawking usou sua popularidade para
advogar em favor de diversas causas, principalmente na defesa dos direitos dos
deficientes físicos. Outro tema recorrente era a promoção da exploração
espacial. O físico acreditava que a sobrevivência da humanidade a longo prazo
depende da colonização de outros mundos.
Hawking não só defendeu os voos espaciais como planejou
tomar parte neles. Em 2007, ele se tornou o primeiro tetraplégico a experimentar
a sensação de ausência de peso, ao realizar voos parabólicos em um avião.
Fonte: Folha de São Paulo - 14.mar.2018
A coroa do sol é visível à medida que a lua
passa em frente ao sol durante o eclipse
solar total no rancho Big Summit Prairie, na Floresta Nacional Ochoco, no
Oregon, perto da cidade de Mitchell.
O
silêncio e a emoção invadiram os Estados Unidos na segunda-feira da costa oeste
à leste. Uma sombra cruzou o país em diagonal em 92 minutos. O primeiro eclipse
solar total que cruza os EUA em 99 anos foi um espetáculo de sensações mágicas
que atraiu milhões de pessoas.
Em
Isle of Palms, uma pequena ilha nos arredores de Charleston (Carolina do Sul),
centenas de pessoas se reuniram na praia para observar o evento astronômico.
Por cerca de uma hora e meia o Sol foi desaparecendo lentamente. Às 14h46 hora
local (15h46 horário de Brasília), durante dois minutos e um segundo, ficou de
noite: a lua esteve na frente do Sol impedindo que este fosse visto. Após essa
escuridão, o Sol gradualmente reapareceu enquanto o eclipse deixava os EUA e
entrava no Oceano Atlântico.
Na
verdade, os dois minutos e um segundo de escuridão pareceram muito curtos. A
lua situada na frente do sol criou uma coroa de luz branca extremamente brilhante.
As pessoas gritavam eufóricas. O mundo pareceu parar. A escuridão não era
completa: o céu estava cinzento enquanto o horizonte no oceano tinha uma cor
laranja.
Antes
do eclipse total, o Sol criava uma meia-lua dourada na parte ocidental da lua.
E depois do eclipse, a meia-lua apareceu no lado oriental até ir crescendo
gradualmente e o Sol voltou a aparecer completamente.
Observando
o eclipse era impossível não ter a sensação de como o ser humano é pequeno e
como não controla a imensidão do resto do universo. A lua é 400 vezes menor que
o Sol e poder observar o momento exato em que está à frente dele e bloqueia sua
luz é um marco.
Os
eclipses solares totais não são incomuns: ocorrem em alguma zona do planeta a
cada 18 meses, mas é difícil que possam ser vistos de pontos habitados, mais
ainda que atravessem um país enorme como os EUA, com mais de 300 milhões de
habitantes. Depois desta segunda-feira, o próximo eclipse total visível da
Terra acontecerá em janeiro de 2019, com a Argentina e o Chile como melhores
países para contemplar. E o próximo eclipse na América do Norte vai acontecer
em abril de 2024. Fonte: El
País - 21 AGO 2017
Qual
futuro queremos para o Brasil? Países industrializados contam com 2 mil
cientistas por milhão de habitantes, enquanto o Brasil conta com apenas 600. A
China vem fortalecendo sua posição como potência mundial em ciência e
tecnologia, ultrapassando os Estados Unidos em várias áreas e assumindo a
liderança na questão do clima. Coreia do Sul e Cingapura apostaram na tripla
hélice "governo-indústria-universidade" e se tornaram atores e
inovadores mundiais em áreas de fronteira. A Índia conquistou um lugar de destaque
na indústria farmacêutica mundial e, em 2017, quebrou o recorde mundial de
colocação em órbita de múltiplos satélites (107) em um único lançamento.
O
Brasil não pode se contentar com uma posição de destaque no agronegócio ou como
exportador de commodities. As fronteiras do conhecimento avançam a passos
largos, desvendando um novo mundo em que avanços em inteligência artificial,
computação quântica e ciências biomédicas determinarão ganhadores e perdedores,
líderes e liderados, centros de poder e periferia.
A crise
atual já fez grandes estragos em áreas fundamentais para o desenvolvimento
econômico e social. E é nas crises que cumpre sair do imobilismo, preservar o
conquistado e investir em caminhos viáveis. Ao longo de décadas o Brasil
construiu uma invejável rede de instituições de C&T, treinou recursos
humanos de excelência em áreas críticas para seu crescimento e alterou a
Constituição Federal reconhecendo que o desenvolvimento tecnológico é
instrumento para soberania e independência do país (EC 85 2015).
A
atualização da Carta Magna abriu caminho para modernização da arquitetura
jurídica brasileira. O Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação,
modernizou nove leis federais na tentativa de adequar o sistema vigente à
premente necessidade de avanços nestas áreas. Mudanças na Lei de Inovação e de
Licitações reconheceram o inexorável papel do Estado na articulação das redes e
parceiros na promoção do desenvolvimento tecnológico do país.
A
extinção ou esvaziamento dos institutos provocará o maior "brain drain"
["fuga de cérebros", a ida de cientistas para o exterior] da nossa
história, pois serão os cientistas de excelência deste programa que migrarão
para países onde CT&I são reconhecidas como estratégicas. Perderemos nossos
criadores para nos tornarmos criados, mão de obra de economias mais poderosas.
Os INCTs precisam ser vistos como aquelas raras sementes sobreviventes a uma
seca de proporção bíblica: regadas e protegidas, poderão se multiplicar e
prover o alimento indispensável para sobrevivência no mundo de amanhã. Fonte: Inovação
Tecnológica - Carlos Morel (Fiocruz) e Renata Hauegen (UFRJ) -19/05/2017