Não importa o quanto você diga para quem viaja a Cuba que
ele ou ela ficará offline durante sua estadia - eles costumam não acreditar até
a chegada em Havana.
Quando chegam, descobrem que seus iPads e smartphones de
repente só servem para tirar fotos e que estas, para seu desalento, não podem
ser compartilhadas imediatamente em suas contas no Instagram ou no Facebook.
Tanto os millennials obcecados pelo Snapchat quanto os
workaholics viciados em e-mail olham descrentes para os celulares, à espera do
familiar sinal 4G, enquanto percebem que passarão por um detox digital forçado.
Por outro lado, muitos dos que viajam a Cuba apreciam a
oportunidade de se desconectar.
Mas o que para um turista não passa de uma inconveniência
temporária é, na verdade, uma realidade diferente para os cubanos.
ALGO DISTANTE
Por anos, a sensação de quem estava na ilha era que a
internet era algo acontecendo em outro lugar, com outras pessoas.
Recentemente, porém, ficou mais fácil, e barato, ficar
online em Cuba. Existem agora mais de 240 pontos de wi-fi públicos espalhados
pelo país, e o preço por uma hora de acesso a internet - embora ainda seja caro
para os padrões internacionais - caiu pela metade, para algo equivalente a R$
4,70.
Agora, tornou-se comum ver pessoas sentadas com seus laptops
ou seus celulares em praças e parques públicos, conversando com suas famílias
no exterior por vídeo.
Na iniciativa mais recente, a estatal de telecomunicações do
país, a Etecsa, instalou conexões em cerca de 2 mil casas no antigo bairro
colonial Havana Velha, como parte de um programa piloto de dois meses de
duração.
PREÇOS PROIBITIVOS
A conexão é gratuita durante o período de piloto, mas
espera-se que o governo publique os preços do serviço quando o programa for
concluído, para que usuários decidam se querem mantê-lo ou viver sem ele.
O valor ainda não foi confirmado, mas a expectativa é que
deverá custar cerca de R$ 46 por 30 horas de conexão na velocidade mais baixa,
de 128 kilobits por segundo, e até R$ 344 para a velocidade mais rápida, de 2
megabits por segundo.
Como o salário médio em Cuba a cerca de R$ 78 por mês, os
preços deverão ser proibitivos para muitos cubanos.
Um dia, porém, essas necessidades podem mudar, de acordo com
o jovem blogueiro Ariel Montenegro.
"A transformação digital de um país não é só dar
internet às pessoas, mas levar a elas serviços na internet, serviços
cubanos", explica ele em um ponto de acesso a wi-fi público em Vedado,
bairro de Havana.
A POSIÇÃO DO GOVERNO CUBANO SOBRE A INTERNET, PORÉM, É
AMBIVALENTE.
Ele culpa o embargo econômico dos EUA pela falta de
tecnologia da informação em Cuba, argumentando que muitas das grandes empresas
de TI ao redor do mundo temem entrar em conflito com as rígidas regras
elaboradas por Washington para fazer comércio no país.
Desde que as relações bilaterais entre os países começaram a
desgelar em 2014, esse ponto tem sido mais difícil de alegar, claro.
No ano passado, o Google chegou a um acordo com a Etecsa
sobre armazenamento de conteúdo online de sites como YouTube e Gmail em
servidores dentro de Cuba para melhorar o acesso local. Executivos da empresa
estão, inclusive, interessados em fornecer mais produtos para a ilha. No
entanto, ainda existe desconfiança das autoridades com o acesso sem restrições
à internet. Fonte: BBC Brasil – sábado, 4 de março de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário