Em todo o mundo há 2,1 milhões de infectados nessa faixa
etária, uma alta de 30% desde 2005. Portadores do HIV com menos de 4 anos
correm maior risco de morte relacionada à aids.
O Dia Mundial da Luta contra a Aids é lembrado mais uma vez na
sexta-feira (1°/12), num momento em que, pela primeira vez, mais da metade das
pessoas que vivem com o vírus HIV, causador da síndrome da imunodeficiência
adquirida, têm acesso a tratamento, segundo dados do Programa Conjunto das
Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids, na sigla em inglês).
O dia foi criado em 1987 pela ONU com vista a alertar a
humanidade para uma infecção que, hoje, já matou mais de 35 milhões de pessoas
em todo o mundo – 1 milhão somente em 2016. Apesar da cifra elevada, o número
de mortes relacionadas à aids caiu pela metade desde 2005.
Segundo dados do Unaids, em 2016, por volta de 36,7 milhões
de pessoas eram soropositivas, e dessas 17,8 milhões eram mulheres e 2,1
milhões eram crianças e adolescentes abaixo dos 15 anos.
De acordo com estimativas recentes do programa da ONU, o
Brasil é o Estado mais populoso da América Latina e também o que concentra mais
casos de novas infecções por HIV na região. O país responde por 49% das novas
infecções, e o México, por 13%.
No ano passado, havia 830 mil soropositivos no Brasil. O
Unaids estima que ocorreram 48 mil novas infecções no país e que o número de
mortes somou 14 mil.
ACESSO A TRATAMENTO PARA TODOS
Relatório divulgado pela Organização Pan-Americana de Saúde
(Opas) e do Unaids apontou que, desde 2010, o número de novos casos do vírus
HIV na América Latina e Caribe gira em torno de 120 mil por ano.
A Opas e o Unaids revelam que 64% dos novos casos de HIV na
América Latina ocorrem em homens gays, profissionais do sexo e seus clientes,
mulheres trans, pessoas que usam drogas injetáveis e nos parceiros dessas
populações-chave. Outro fato que chama a atenção é o aumento de infecção entre
jovens: um terço das novas infecções ocorre em pessoas de 15 a 24 anos.
Atualmente, quase 21 milhões de pessoas portadoras do HIV
estão em tratamento, e o número de novas infecções e mortes relacionadas à aids
está em declínio em vários países. No ano passado, o número de novos casos em
todo o mundo somou 1,8 milhão.
Segundo dados da Unaids, os países do leste e sul da África,
por exemplo, registraram uma diminuição de 29% no número de novas infecções em
2016. Na América Latina e no Caribe, essa redução foi de 5%. Na Europa
Ocidental e Central, como também na América do Norte, a retração dos novos
casos foi de 9% em relação ao ano de 2010.
Na Europa Oriental e na Ásia Central, no entanto, o número
de novas infecções aumentou 60% desde 2010, e as mortes relacionadas à aids
cresceram 27%. No ano passado, a Rússia ultrapassou a triste marca de mais de
100 mil novas infecções por HIV. Na Ucrânia, essa cifra somou 17 mil, segundo o
Unaids.
Ambos os países respondem por 85% dos novos casos na região.
Apesar de não haver declarações oficiais sobre os motivos, as causas desse
aumento estariam na negligência das autoridades em relação à doença, afirmou a
mídia europeia.
AMEAÇA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Em comunicado, o diretor-executivo do Unaids, Michael
Sidibé, destacou a importância de garantir o acesso universal à saúde para
enfrentar a doença. "Mesmo com todas as conquistas, a Aids ainda não
acabou. Mas, se asseguramos que todas as pessoas, em todos os lugares, tenham
acesso ao seu direito à saúde, a aids pode acabar", disse.
Desde 2005, no entanto, o número de crianças e adolescentes
infectados por HIV aumentou 30%. Segundo o Unaids, no ano passado 160 mil
crianças abaixo dos 15 anos foram infectadas e, nessa faixa etária, foram
registradas 120 mil mortes.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), em todo o mundo, 18 crianças foram infectadas por HIV a cada hora, em
média – um sinal do pouco progresso em proteger a juventude da infecção mortal,
afirmou o Unicef nesta sexta-feira.
O fundo da ONU para a infância afirmou ainda que, nesse passo,
haverá 3,5 milhões de novos casos de infecção entre adolescentes por volta de
2030. Comparado com outros grupos, as crianças abaixo dos 4 anos correm o maior
risco de morte relacionada à aids, acrescentou o Unicef.
"É inaceitável que continuemos a ver tantas crianças
morrendo de aids e tão pouco progresso sendo feito para proteger adolescentes
de novas infecções", declarou a médica Chewe Luo, chefe da seção de
HIV/Aids no Unicef.
APELO PELAS CRIANÇAS
A pediatra Jennifer Neubert, do ambulatório de HIV no
Hospital Universitário de Düsseldorf, disse que, sem profilaxia ou terapia, em
muitos países de 15% a 40% das crianças de mães portadoras do vírus nascem
infectadas. "Mas, se a mulher sabe que ela é positiva e recebe uma terapia
eficaz, pode-se reduzir esse risco para menos de 1%. Se a mãe é bem tratada,
praticamente não ocorrem novas infecções."
Segundo o Unicef, quase todas as mortes de adolescentes
acontecem em países da África Subsaariana. Mundialmente, estão infectadas mais
meninas do que meninos.
No Dia Mundial da Luta contra a Aids, o Unicef apelou por
uma série de ações, incluindo tratar todas as crianças infectadas, priorizar
uma intervenção em prol das meninas adolescentes na África Subsaariana e
introduzir o autoteste de HIV e uma melhor coleta de dados. Fonte: Deutsche
Welle-01.12.2017
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