Em uma eleição parlamentar apertada nesta quinta-feira, que
retratou uma população dividida, os independentistas da Catalunha saíram como
os grandes vitoriosos da batalha com o Governo espanhol que se arrasta há
meses. Apesar de um partido anti-separatista (Ciudadanos) ter conseguido obter
a maior quantidade de cadeiras de deputados, o bloco formado pelos três
partidos que defendem o descolamento da Espanha conseguiu a maioria das vagas e
terá a quantidade de votos necessária para indicar o próximo presidente
catalão. Impuseram, assim, uma derrota ao Governo do primeiro-ministro Mariano
Rajoy, que no final de outubro dissolveu toda a cúpula de poder da Catalunha e
convocou novas eleições como resposta à realização de um referendo separatista
ilegal. A expectativa governista de que a crise poderia ser amenizada após o
pleito se esvai e uma nova etapa de incertezas se abre em um país já fraturado.
A eleição desta quinta teve dados de participação
históricos: com 90% das urnas apuradas, já se apontada que mais de 80% dos 5,5
milhões de catalães aptos a votar compareceram às urnas, comprovando a
importância que este pleito adquiriu na Catalunha. A decisão era maior do que
uma simples eleição de deputados. Ela apontaria se o processo separatista
ganharia um novo ímpeto ou se seria rechaçado. Durante o dia, os candidatos e
líderes dos movimentos convocaram a população para a votação e filas de até 40
minutos foram registradas em alguns colégios eleitorais. Tudo transcorreu sem
incidentes,
No bloco independentista, o partido que logrou a maior
quantidade de cadeiras foi o Junts per Catalunya, cuja lista de deputados é
encabeçada justamente por Carles Puigdemont, o ex-presidente destituído por
Rajoy após o referendo e que fugiu para Bruxelas para evitar a prisão. Foi
seguido pela ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), cuja cabeça da lista é
ocupada por Oriol Junqueras, o ex-vice-presidente da comunidade autônoma, que
se encontra preso preventivamente em Madri.
A CUP (Candidatura de Unidade Popular), terceiro partido do
bloco independentista, assegurou as vagas restantes para que o bloco obtivesse
ao menos 68 das 135 cadeiras do parlamento.
Os partidos anti-independentistas, que formam o bloco
denominado constitucionalista (pois apoiam a aplicação do artigo 155 da
Constituição e a decisão do Tribunal Constitucional de que o referendo
separatista é inconstitucional), também chegaram à eleição divididos em três
partidos: Ciudadanos, Partit dels Socialistes e o PP de Rajoy, que tem pouca
força na Catalunha. Apesar de suas diferenças políticas, eles prometeram se
unir em um Governo de coalizão caso somassem a quantidade de cadeiras
suficientes para formar a maioria e eleger um presidente e, com isso, colocar
um ponto final no processo independentista. Ciudadanos foi o partido com o
melhor desempenho e conseguiu assegurar a maioria das vagas do Parlamento, mas
o desempenho dos demais partidos do bloco fez com que eles não alcançassem a
maioria.
Após os resultados, o líder do PP na Catalunha, Xavier
García Albiol, reconheceu que os constitucionalistas "não foram capazes de
gerar uma alternativa diferente ao separatismo no Parlamento". "
"Vemos com muita preocupação um futuro social e econômico para a Catalunha
com uma possível maioria independentista", ressaltou. Fonte: El País - 21
DEZ 2017
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