A fim de conter o avanço do
coronavírus, a movimentação foi restringida em quase toda a Europa a partir de
março e abril. Com o verão, a situação foi aliviada em muitos lugares. Mas há
semanas, os números de infecção vêm aumentando novamente em quase todos os
países europeus.
De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), entre 40 mil e 50 mil novas infecções são registradas
diariamente na Europa. E isso não se deve apenas ao fato de que mais testes
estão sendo realizados em todos os lugares.
"Os números de setembro
serão um sinal de alerta para todos nós", disse o diretor europeu da OMS,
Hans Kluge. De acordo com a agência de saúde da ONU, os números semanais de
infecção excedem atualmente até mesmo os números do primeiro pico, de março.
RESTRIÇÕES REGIONAIS
À medida que o número de
infecções aumenta, cresce também o temor de novos lockdowns. Na Espanha e na
França, em particular, as restrições drásticas na primavera levaram a uma queda
econômica histórica - e é precisamente nestes dois países que os números de
infectados estão disparando novamente.
A França, porém, quer evitar
restrições nacionais o máximo que puder. Em vez disso, as autoridades estão
pressionando por medidas mais duras pontualmente nas cidades mais afetadas –
Paris, Marselha, Bordeaux, Nice e Toulouse. Ali, foram impostas proibições de
aglomeração, horários de fechamento de bares e visitas restritas a lares de
idosos. Em Paris e em outras áreas, o uso de máscara é obrigatório.
Em Madri, medidas mais
drásticas entraram em vigor nesta segunda-feira (21/09). Em seis distritos da
cidade e sete municípios nos arredores, os moradores só serão autorizados a
entrar ou sair por assuntos urgentes - como trabalho, visitas médicas e escola.
O anúncio foi feito pela chefe do governo regional, Isabel Ayuso. Restrições
similares também existem em outras partes do país, como Mallorca.
Na capital espanhola, são
afetadas pelas restrições áreas residenciais onde o número de novas infecções é
superior a mil por 100 mil habitantes em 14 dias. As cifras, como reconheceu
Ayuso, são um "número muito ruim". Como comparação: na Alemanha, a
chamada incidência de sete dias é atualmente de 13.
"Queremos evitar um
fechamento completo, seria um passo atrás e um desastre para nossa
economia", disse a governante. "Se todos nós seguirmos as novas
regras, nossa região se recuperará rapidamente".
ALEMANHA NÃO CONTA COM
LOCKDOWN
Não apenas no sul e no oeste
da Europa as consequências econômicas de um segundo lockdown seriam duras.
Também na Alemanha, as associações comerciais estão alertando para possíveis
ondas de falências. "Um quinto de todas as empresas já vê sua própria
sobrevivência ameaçada pela pandemia", diz Mario Ohoven, presidente da
Associação de Pequenas e Médias Empresas Alemãs (BVMW). Segundo ele, um novo
lockdown significaria o fechamento de muitos firmas.
Embora o número de infecções
também esteja aumentando na Alemanha, não se vislumbra um segundo lockdown em
todo o país. "Agora, no outono, trata-se de uma coisa: responsabilidade
pessoal, responsabilidade pessoal, responsabilidade pessoal", disse o
ministro da Saúde, Jens Spahn, no início de setembro. "E acho que, se
conseguirmos isso, não precisarem falar de um lockdown". Por outro lado,
afirmou, os surtos locais devem ser tratados de forma consistente.
O Ministério das Finanças
alemão também não espera, aparentemente, um segundo confinamento obrigatório. A
minuta do orçamento federal para 2021 planeja assumir cerca de 96 bilhões de
euros em novas dívidas para combater a crise. Entretanto, todos os planos se
baseiam no pressuposto de que a Alemanha não será forçada a entrar em outro
lockdown.
NO REINO UNIDO, UMA REALIDADE
PRÓXIMA
A situação no Reino Unido é
um pouco diferente. O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, disse à BBC há
alguns dias: "Queremos evitar um lockdown nacional, mas estamos preparados
para isso". O Reino Unido é o país mais afetado pelo coronavírus na
Europa, com quase 42 mil mortes.
Há dias não só o número de
infecções vem aumentando acentuadamente no Reino Unido. O número de pacientes
com covid-19 nos hospitais também está crescendo. Há quase uma semana,
portanto, restrições de contato muito mais rígidas estão em vigor no país. O
foco, por enquanto, como em outros países europeus, está em tentativas de tomar
medidas locais para evitar que surtos se espalhem.
Em Birmingham, Glasgow e
outras grandes cidades, membros de famílias diferentes não estão mais
autorizados a se encontrar dentro de casa e, em alguns casos, nem mesmo ao ar
livre.
Os principais pesquisadores
britânicos de um grupo de trabalho de emergência recomendaram que o governo
estabeleça um toque de recolher e restrição de contato de duas semanas em todo
o país durante as férias de outono, em outubro.
"Como as escolas estarão
fechadas por uma semana, uma semana adicional terá apenas um impacto limitado
na educação", disse um pesquisador ao Financial Times.
"A nação está enfrentando um momento
decisivo e nós temos uma escolha", disse o ministro da Saúde britânico no
domingo (20/09). "A escolha é: ou todos nós jogamos pelas regras ou
teremos que tomar outras medidas". Fonte: Deutsche Welle -21.09.2020
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