Quando e como uma pandemia
termina pode se resumir a uma palavra: imunidade. Conforme a doença avança,
mais pessoas são contaminadas e se tornam imunes a ela. Quando esse número
cresce, quem se contamina não consegue passar o vírus para frente, impedindo
que ele ataque novos organismos e reduzindo sua circulação.
É a lógica por trás da
"imunidade de rebanho", e uma solução aparentemente plausível, que
resolveria as coisas rapidamente se um grande número de pessoas pegasse o
vírus. O problema é que, no caso do novo coronavírus, as projeções —e a
experiência de alguns países — indicam que o custo humano seria imenso.
"Teríamos grande parte
da população infectada em um curto período de tempo, isso provocaria um colapso
no sistema de saúde [como já está acontecendo] e custaria vidas", afirma
Naveca. "É por esse motivo que a taxa de transmissão precisa ser
diluída", diz.
Existe ainda outra questão:
não sabemos ao certo se essa lógica funciona, já que a própria OMS anunciou que
os dados sobre o Sars-CoV-2 não permitem garantir se e por quanto tempo uma
pessoa infectada se torna imune ao microrganismo. No caso da epidemia de Sars,
causada por outro coronavírus em 2003, os pesquisadores descobriram que a imunidade
poderia durar por cerca de três anos.
E não tem como não falar da
vacina novamente. Essa é a melhor forma de garantir imunidade da população sem
expor as pessoas à doença. O problema é que elas levam tempo para serem
desenvolvidas e, muitas vezes —como aconteceu na pandemia de H1N1, em 2009, e
na epidemia do Ebola, em 2014 —, chegam quando os casos já atingiram uma
estabilidade e começam a cair.
Por isso, a estratégia do
isolamento social é, no momento, a nossa melhor chance de acabar com a pandemia
com um número controlado de mortes. "A quarentena é uma forma de 'comprar
tempo' para que todos estejam imunizados sem sobrecarregar os sistemas de
saúde", afirma Rafael Jácomo.
O especialista acredita que,
enquanto a vacina não chega, um provável cenário será o do isolamento
intermitente —ou seja, vamos oscilar entre períodos de "vida normal"
e quarentena como forma de controlar os surtos da doença.
Sem a vacina, o vírus vai
continuar circulando. E aí será preciso esse controle para mantermos o sistema
de saúde funcionando. Fonte: UOL Notícias - Publicado em
24/04/2020.
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