Em depoimento ao Ministério Público, Emilio Odebrecht disse
se sentir "incomodado" com o fato de, segundo ele, a imprensa tratar
as revelações da empreiteira que leva seu sobrenome "como se fossem
surpresa".
"O que nós temos não é de cinco, de dez anos. É de
trinta anos. Esse sistema era um negócio institucionalizado, normal. O que me
surpreende – e quero enfatizar – é quando vejo todos esses poderes, a imprensa,
tudo, como se isso fosse surpresa. Me incomoda isso", afirmou.
Publicidade
Por escrito, antes de depor, ele sustentou que "tudo
isso acontecia 'nas barbas' das elites brasileiras (políticos, empresários,
imprensa, entidades representativas)".
"Era do conhecimento explícito ou implícito de todos ou
pelo menos da maioria dessas elites. A aceitação era generalizada e todos se
acomodavam por motivos individuais e diversos", escreveu.
Também anotou nos papéis entregues que há um interesse
recíproco no estreitamento de relações entre agentes públicos e o setor
privado.
"Seja para apoiar projetos e ações legítimas em razão
do seu simples mérito, seja para condicionar seu apoio, mesmo a projetos e
ações legítimas, a contrapartidas financeiras indevidas", escreveu.
Em um dos anexos que ofereceu por escrito para firmar sua
delação premiada, o patriarca do Grupo Odebrecht, Emilio Odebrecht, relatou ter
dito a Lula que o "pessoal dele estava com a 'goela muito grande'". "Estavam passando de 'jacaré para
crocodilo'", escreve. Fonte: Folha de São Paulo - 13/04/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário