Em 15 de dezembro de 1916,
depois de quase dez meses de batalha, os militares alemães suspenderam a grande
ofensiva de Verdun, cujo número de mortos é estimado em mais de 600 mil.
Quando, em meados de dezembro
de 1916, as detonações de granadas e canhões cessaram no campo de batalha de
Verdun, no nordeste da França, chegavam ao fim 300 dias e noites de luta entre
alemães e franceses.
Não há dados exatos sobre o
número de mortos nas batalhas de Verdun, nos combates para tomar o Forte
Douaumont e os povoados de Fleury, Vaix, Froideterre e Vauxquois, mas se estima
que tenha ultrapassado os 600 mil. Hoje, o cemitério militar de Douaumont tem
afixadas 15 mil cruzes, enquanto no ossário estão os restos mortais de mais de
100 mil mortos nas batalhas.
A Batalha de Verdun havia
começado no dia 21 de fevereiro de 1916. A artilharia alemã, chefiada pelo
general Erich von Falkenhayn, abriu fogo contra as fortificações francesas em
torno de Verdun, no lado direito do rio Mosa. Os 1,5 mil canhões lançavam
projéteis ininterruptamente contra os inimigos. Depois de poucos dias de
ofensiva, o plano de desgastar o contingente francês revelou-se um fracasso.
Impiedosa guerra de
trincheiras
Apesar de alguns avanços, os
alemães não conseguiram penetrar nas linhas francesas. O marechal Joffre e o
general Petain barraram a ofensiva de Falkenhayn. Começou aí uma impiedosa
guerra de trincheiras, com a explosão de 60 milhões de granadas e o uso de
gases tóxicos. Jovens soldados de baionetas em punho enfrentaram rajadas de
metralhadoras e desafiaram a morte nas lutas corpo a corpo.
No final de 1916, ficou
evidente que a guerra não seria decidida pela conquista de alguns quilômetros
quadrados. Tanto os invasores alemães como as tropas francesas haviam sofrido
perdas enormes. Também não houve conquistas significativas nas batalhas
seguintes da Grande Guerra, como os franceses ainda chamam o conflito, enquanto
os alemães dizem Primeira Guerra Mundial.
O fator decisivo foi o
ingresso dos Estados Unidos, depois que um submarino de guerra alemão
bombardeou navios americanos. No dia 11 de novembro de 1918, finalmente, depois
de 8,5 milhões de mortos, o Deutsches Reich reconheceria oficialmente a
derrota. Fonte: 15 de dezembro de 2022
Mais de 53 mil soldados
morreram na Batalha de Waterloo, mas estranhamente poucos restos foram
encontrados até hoje. Segundo um arqueólogo britânico, os ossos podem ter sido
transformados em fertilizante.
Numa das batalhas mais
sangrentas em solo europeu, em 18 de junho de 1815, o exército francês
comandado por Napoleão Bonaparte perdeu o confronto decisivo contra as tropas
britânicas, comandadas pelo Duque de Wellington, e prussianas, lideradas pelo
marechal Gebhard Leberecht von Blücher. No final, na pequena cidade de
Waterloo, ao sul de Bruxelas, havia mais de 53 mil homens mortos.
Curiosamente, até hoje apenas
alguns restos mortais foram encontrados em escavações. E não foram encontrados
vestígios de valas comuns. Usando cartas, pinturas, artigos de jornal e relatos
pessoais de escritores, poetas, pintores, diplomatas e espectadores da época, o
arqueólogo britânico e professor Tony Pollard reconstruiu o que aconteceu nos
dias e semanas após a Batalha de Waterloo.
De acordo com Pollard, apenas
alguns dias depois do fim da batalha, já chegaram a Waterloo os primeiros
curiosos e saqueadores. Testemunhas relataram que a população local roubou
roupas e objetos pessoais antes de enterrar os mortos. "Muitos vieram para
roubar os pertences dos mortos, alguns até roubaram dentes para fazer próteses,
outros vieram apenas para observar o que havia acontecido", explica
Pollard.
De acordo com o arqueólogo,
vários negociantes de ossos estavam entre os saqueadores. "Os campos de
batalha da Europa eram boas fontes de ossos", contou o diretor do Centro
de Arqueologia do Campo de Batalha da Universidade de Glasgow ao Journal of
Conflict Archaeology.
OSSOS ERAM USADOS PARA ADUBO
NA AGRICULTURA
"Pelo menos três artigos
de jornal da década de 1820 mencionam o recolhimento de ossos humanos de campos
de batalha europeus para fazer fertilizante", diz Pollard. "Nas duas
décadas que se seguiram à Batalha de Waterloo, os campos de batalha europeus
forneceram um rico suprimento de material para ser transformado em farinha de
ossos, que era usada como fertilizante antes da descoberta de superfosfatos na
década de 1840."
Aparentemente, um
procedimento semelhante aconteceu com os mortos da Batalha das Nações, perto de
Leipzig, na Alemanha, em que uma aliança de tropas da Prússia, Áustria, Suécia
e Rússia triunfou sobre Napoleão Bonaparte em 1813. Cerca de 92 mil dos cerca
de 600 mil soldados envolvidos morreram.
Um jornal inglês noticiou em
novembro de 1829 que um proprietário de terras escocês havia comprado um
cargueiro inteiro carregado de ossos do campo de batalha de Leipzig para
transformá-los em fertilizante.
ENORMES PILHAS DE CADÁVERES
Muitos ingleses em particular
foram atraídos para o famoso campo de batalha onde Napoleão Bonaparte sofreu
sua derrota esmagadora que levou à sua abdicação e ao fim do Império Francês.
"Vivenciar seu Waterloo" ainda hoje é uma expressão sinônima de
derrota total.
Nos registros detalhados,
descrições e pinturas feitas por escritores, poetas, pintores, diplomatas e
espectadores do campo de batalha em Waterloo, as testemunhas relataram enormes
montanhas de cadáveres que dificilmente poderiam ser manejados. Sempre que
possível, os mortos eram enterrados em valas comuns ou em valas existentes no
campo de batalha.
Muitas vezes, porém, os
cadáveres eram queimados. A inglesa Charlotte Eaton relatou que as valas comuns
cavadas não eram suficientes para todos os corpos: "As covas foram
cavadas, mas seu conteúdo se projetava acima da superfície do solo",
escreveu Eaton, que viveu em Bruxelas em 1815. "Esses montes pavorosos
foram, portanto, cobertos com madeira e incendiados."
Pessoas sentadas em um campo
assistindo a uma representação da Batalha de WaterlooPessoas sentadas em um
campo assistindo a uma representação da Batalha de Waterloo
O fato de que muitos cadáveres foram queimados
em vez de enterrados também foi descrito pelo comerciante escocês James Ker,
que visitou Waterloo imediatamente após a batalha: "No lado francês do
campo, o fedor era tão forte que, em vez de enterrá-los, se julgou razoável
queimar os mortos, homens e cavalos, por falta de tempo e de ajudantes."
AS VALAS COMUNS FORAM
SAQUEADAS MAIS TARDE?
O arqueólogo Pollard acha
improvável que ainda sejam encontradas valas comuns. "Apesar da liberdade
artística e do exagero sobre o número de corpos nas valas comuns, os cadáveres
foram claramente descartados em vários locais no campo de batalha, por isso é
um tanto surpreendente que não haja registros confiáveis da descoberta de uma
vala comum", explica o arqueólogo.
As supostas valas comuns
podem realmente ser bem localizadas com base em relatos e fotos de testemunhas
oculares: supostamente a área ao redor de Hougoumont, uma área perto de La Haye
Sainte e um areal em La Belle Alliance.
No entanto, esses lugares já
foram extensivamente examinados por arqueólogos com escavações de teste e radar
de penetração no solo, em vão. Não foram encontradas ali valas comuns ou locais
de queima de corpos.
"No geral, as
investigações não mostraram nenhuma evidência de covas, seja na forma de
relíquias humanas, como ossos, seja de covas identificáveis", escreve
Pollard. "Uma razão para essa falta de sepulturas pode ser a queima dos
mortos, mas mesmo isso pode explicar apenas parcialmente as inúmeras relíquias
que desapareceram."
Segundo o arqueólogo
britânico, é bem possível que a população local tenha ajudado oscomerciantes de ossos. "Os moradores
podem ter mostrado a localização das valas comuns aos compradores de ossos, já
que muitos deles poderiam ter lembranças vívidas dos enterros ou até mesmo ter
ajudado nas escavações."
Afinal, o comércio de ossos
era um negócio lucrativo, pois havia um grande número deles nas valas comuns.
A PESQUISA CONTINUA
Do ponto de vista de hoje, no
entanto, é muito surpreendente que uma perturbação tão irreverente da paz dos
mortos tenha sido simplesmente aceita ou simplesmente silenciada. De acordo com
Pollard, "em nenhum lugar dos registros foi comentada uma escavação em
grande escala das valas comuns".
Provavelmente só haverá
clareza quando as valas comuns descritas ou pelo menos vestígios delas forem
encontrados. "Se restos humanos foram removidos na medida sugerida, em alguns
casos ainda deve haver evidências arqueológicas das sepulturas de onde foram
retirados", disse Pollard.
"Vamos retornar a
Waterloo", anunciou o diretor do Centro de Arqueologia de Campos de
Batalha da Universidade de Glasgow. Ele quer encontrar sepulturas com base em
registros contemporâneos, com suas próprias escavações e medições do solo.
Talvez isso traga certeza sobre o que realmente aconteceu com a dezenas de
milhares de combatentes mortos em Waterloo. Fonte: Deutsche Welle – 09/7/2022
Desde o início da invasão
russa, cerca de 6,8 milhões de ucranianos fugiram de seu país. Além disso, a
guerra deixou mais de 7,7 milhões de deslocados internos.
Mapa mostra para onde foram
refugiados da Ucrânia.
Após fugir inicialmente para
os países vizinhos, pelo menos 3 milhões de pessoas continuaram sua jornada
para outras nações, segundo a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur). Além
da Polônia, a Alemanha e a República Tcheca abrigam atualmente o maior número
de refugiados ucranianos: respectivamente, cerca de 727 mil e 348 mil.
Cerca de 2 milhões de
ucranianos retornaram ao seu país desde que inicialmente fugiram da guerra ,
mas a Acnur esclarece que, em muitos casos, trata-se de viagens de ida e volta
– como pessoas que vão visitar familiares ou verificar a situação de suas propriedades
– e não indica um fluxo estável de retornos para a Ucrânia.
Os ucranianos que se dirigem
para países da União Europeia têm recebido apoio, mas também têm que passar por
sistemas de admissão complicados. Refugiados que se estabelecem em um novo país
dependem normalmente da rede de segurança social, pelo menos por algum tempo. Fonte: Deutsche Welle – 03.06.2022
O Japão lembrou nesta
quinta-feira (06) os 75 anos da detonação da primeira bomba nuclear lançada
durante a Segunda Guerra Mundial e que matou cerca de 140 mil pessoas na cidade
de Hiroshima.
Por conta da pandemia do novo
coronavírus (Sars-CoV-2), as tradicionais cerimônias pelo dia 6 de agosto de
1945 foram reduzidas ou canceladas. A principal delas, no Parque Memorial da
Paz, no centro da cidade portuária, contou com um número pequeno de autoridades
e não teve a presença dos moradores pela primeira vez - o evento foi
transmitido por streaming.
Durante a celebração no
Parque, participaram sobreviventes do ataque, políticos, autoridades e
representantes de 80 nações. Às 8h15 (hora local), momento em que a bomba
atômica lançada pelo caça norte-americano Enola Gay atingiu o solo, um minuto
de silêncio foi respeitado.
Já a tradicional cerimônia
das lanternas flutuantes, para honrar a memória das vítimas, foi cancelada para
evitar aglomerações.
A semana de cerimônias no
Japão ainda terá mais uma etapa, no dia 9 de agosto, quando o país relembra o
lançamento da segunda bomba nuclear, dessa vez, na cidade de Nagasaki, que
matou outras 74 mil pessoas.
Quem também se manifestou
pela data foi o papa Francisco através de uma mensagem enviada para o
governador de Hiroshima, Hidehiko Yuzaki.
"Para que a paz
floresça, todos devem baixar as armas, sobretudo, as mais potentes e
destrutivas, como as nucleares, que podem paralisar e destruir cidades e países
inteiros", escreveu o líder católico segundo o portal "Vatican
News".
O Pontífice ainda repetiu a
mensagem que leu durante sua visita ao Parque Memorial, em 24 de novembro de
2019, ressaltando que "o uso da energia atômica para fins bélicos é
imoral, assim como é imoral possuir armas nucleares". "Que as vozes
proféticas dos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki continuem a servir de
alerta para nós e para as gerações futuras", concluiu. Fonte: Ansa Brasil
- 08:46, 06 Ago 2020 Comentário:
Em 6 de agosto de 1945, o
avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba nuclear da história.
A bomba carregava o inocente apelido de "Little Boy". A cidade tinha
então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em questão de segundos.
Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.
O Enola Gay
O ataque a Hiroshima estava
planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas teve que ser adiado devido
a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu com 13 tripulantes a bordo. A
tripulação só ficou sabendo durante o vôo que lançariam uma bomba atômica.
As vítimas
Durante meses após os
ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos efeitos das
explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas morreram por
conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves.
A reconstrução
Devastada, Hiroshima foi
reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e se tornou o
Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu Memorial da
Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as Ruínas da
Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até a última
bomba atômica do planeta ser destruída. Fonte: Deutsche Welle
Autoridades de 50 países participam da solenidade no antigo
campo de concentração na Polônia, em meio a temores pelo aumento do
antissemitismo. "Precisamos tomar cuidado para que não volte a acontecer",
diz sobrevivente.
Mais de 200 sobreviventes do Holocausto e delegações de mais
de 50 países se reuniram nesta segunda-feira (27/01) no antigo campo de
concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, para marcar o 75º
aniversário de libertação do local, no fim da Segunda Guerra Mundial. A
cerimônia ocorre em meio a temores de vários países em relação ao crescente
antissemitismo.
Dezenas de sobreviventes, acompanhados de filhos, netos,
bisnetos e outros familiares, atravessaram o portão de ferro com a inscrição
Arbeit macht frei ("o trabalho liberta"), pelo qual as vítimas
passavam antes de serem assassinadas.
Muitos usavam gorros e lenços listrados de azul e branco,
simbolizando os uniformes usados pelos prisioneiros. O presidente polonês, Andrzej
Duda, também participou da caminhada e depositou flores perto do "muro da
morte".
"Precisamos forjar o futuro do mundo com base em uma
compreensão profunda do que aconteceu há mais de 75 anos no coração da Europa e
no que as testemunhas oculares continuam nos relatando", escreveu Duda em
comunicado divulgado antes do evento.
"A verdade sobre o Holocausto não deve morrer. Não
cessaremos nossos esforços para fazer o mundo se lembrar desse crime. Para que
nada disso aconteça novamente."
Mais de 1 milhão de pessoas, a maioria judias, foram mortas
pelos nazistas em Auschwitz. Cerca de 900 mil foram assassinadas em câmaras de
gás logo após a chegada ao campo.
CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE AUSCHWITZ
Soldados soviéticos entraram no campo de concentração de
Auschwitz em 27 de janeiro de 1945. Encontraram ali prisioneiros em condições
precárias, sem forças para andar. Além de resgatá-los, os militares levaram
também caixas de documentos do campo.
Assim, pastas com fichas de prisioneiros, chamadas de
"livros da morte", foram preservadas, mas o conteúdo delas só seria
revelado em 1991, após o fim da União Soviética.
A busca por novas informações sobre o Holocausto foi
constante ao longo das últimas sete décadas. Nesta segunda (27), celebra-se o
aniversário de 75 anos da liberação de Auschwitz, complexo onde mais de 1
milhão de pessoas foram mortas, centenas de milhares foram condenadas a
trabalhos forçados e que se tornou símbolo da luta para evitar novos
genocídios.
A existência dos campos de concentração para judeus já era
citada pela imprensa americana e britânica a partir de 1942, mas, em meio ao
noticiário da Segunda Guerra, com suas batalhas diárias em várias frentes, o
assunto aparecia de modo lateral.
A partir de 1944, conforme os Aliados avançavam em direção a
Berlim, os campos de concentração foram descobertos pelo caminho. Os soldados
encontram pilhas de corpos queimados, valas comuns e prisioneiros muito
doentes.
No entanto, relatos e imagens feitas pelos correspondentes
de guerra sofreram controle por parte dos governos. Na França, por exemplo,
autoridades não queriam alarmar as famílias sobre o destino dos parentes
enviados a combates.
Essa postura mudaria radicalmente a partir de 12 de abril de
1945. Naquele dia, o general americano Dwight Eisenhower, comandante dos
Aliados na Europa, visitou o então recém liberado campo de Ohrdruf, na
Alemanha.
Ali, Eisenhower ficou chocado ao ver pilhas de corpos com
tiros na cabeça, entre outras cenas fortes, e decide retirar todas as
restrições à divulgação dos fatos. Além disso, convida congressistas e
jornalistas a visitar os campos.
Houve então uma apuração detalhada, com registros em fotos e
filmes, que seria usada nos julgamentos de Nuremberg. Os depoimentos durante as
audiências, realizadas a partir do final de 1945, trouxeram novos detalhes sobre
as atrocidades. Na época, livros com relatos de prisioneiros começaram a ser
lançados.
Depois de Nuremberg, foi criado o conceito de crimes contra
a humanidade, como saída para uma questão: muitos oficiais nazistas tentaram se
defender dizendo que apenas seguiam ordens. A mudança na lei internacional
passou a permitir a responsabilização dos executores de extermínios em massa,
sem subterfúgios.
Nos anos 1960, houve um novo julgamento de nazistas, e novos
fatos. A partir de 1970, historiadores israelenses buscam mudar a forma como se
registra a memória do que ocorreu.
"Passou-se a valorizar mais as histórias individuais,
em vez de citar os grandes números. No lugar de mostrar uma pilha de sapatos,
conta-se a história de um par e de quem foi seu dono", explica Carlos
Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto de Curitiba.
Nas últimas décadas, conforme o prazo de sigilo de
documentos oficiais de vários países expirava, historiadores vão desvendando
como várias nações e instituições se comportaram em relação ao Holocausto.
Fonte: Folha de São Paulo, Deutsche
Welle-27.01.2020
Imagens muito fortes, Campo de Concentração de Ohrdruf,
Os Aliados organizaram a maior operação aeronaval da
história para libertar a Europa Ocidental
dos alemães. Em 6 de junho de 1944, 156.000 soldados aliados desembarcaram na
Normandia, um dia que mudou o curso da II Guerra Mundial
Os desembarques anfíbios foram precedidos por um extenso e
intensivo bombardeamento aéreos e navais, e um assalto aéreo—o lançamento de 24
000 homens aerotransportados norte-americanos, britânicos e canadianos pouco
depois da meia-noite. A infantaria Aliada e as divisões blindados começaram o
desembarque na costa da França às 06:30.
O local de destino eram 80 km de praia na costa da Normandia
que tinham sido divididos em cinco setores: Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword. O
vento forte desviou as embarcações de desembarque mais para leste da sua
posição planejada, especialmente em Utah e Omaha.
Os soldados desembarcaram sob fogo pesado de armas
posicionadas para as praias, e a costa estava minada e coberta com obstáculos,
tais como estacas de madeira, de metal, tripés, e arame farpado, tornando o
trabalho de limpeza das praias difícil e perigoso. As baixas foram mais pesadas
em Omaha, com suas altas falésias. Em Gold, Juno e Sword, várias cidades
fortificadas foram libertadas com combates casa-a-casa.
Os Aliados não conseguiram alcançar qualquer um dos seus
objetivos no primeiro dia, somente em 21 de Julho.
QUANTAS TROPAS PARTICIPARAM?
Até 7.000 navios e embarcações de desembarque participaram
da operação, com um total de 156.000 homens e 10.000 veículos para as cinco
praias ao longo do trecho cuidadosamente selecionado da costa da Normandia.
As aterrissagens não teriam sido possíveis sem o apoio de
enormes forças aéreas e navais, que eram muito mais fortes do que os alemães.
Mas só no Dia D, cerca de 4.400 soldados das forças aliadas
combinadas morreram. Cerca de 9.000 ficaram feridos ou desaparecidos.
O total de baixas alemães no dia não são conhecidas, mas são
estimadas entre 4.000 e 9.000 homens.
Milhares de civis franceses também morreram, principalmente
como resultado dos bombardeios realizados por forças aliadas. Wikipédia, BBC
News - 5 de junho de 2019
"Finie la guerre?" – "Acabou-se a
guerra?" O carro dos negociadores alemães que, vindo da Bélgica,
atravessou a fronteira da França em 6 de novembro de 1918 espalhou o júbilo
entre os soldados franceses. Os exércitos ainda se confrontavam, mas a guerra
que já durava mais de quatro anos parecia estar se aproximando do fim.
Pouco mais tarde, na madrugada de 11 de novembro, o líder da
delegação alemã, Matthias Erzberger e
sua contraparte francesa, o marechal Ferdinand Foch, preencheriam plenamente os
anseios de milhões de europeus.
Num vagão de trem no bosque de Compiègne, cerca de 90
quilômetros a nordeste de Paris, os dois colocaram sua firma no recém-negociado
armistício entre a Alemanha e os Aliados: os alemães capitulavam. No ano
seguinte, em 28 de junho, no famoso Salão dos Espelhos do Palácio de Versalhes,
ambos os lados assinariam oficialmente o acordo de paz.
AJUDA DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO
Até meados de 1918, as tropas alemãs haviam avançado no
front ocidental, ganhando muito terreno. No entanto, entre março e julho, o
contingente se reduziu de 5,1 milhões para 4,2 milhões de militares. O Império
Alemão conseguiu fechar suas lacunas até o verão, mas só remobilizando soldados
feridos e de novo recuperados. Além disso, os primeiros recrutas nascidos no
ano de 1900 iam chegando pouco a pouco.
Contudo, os alemães se viam agora diante de um inimigo
totalmente novo: os americanos. Depois que o presidente Woodrow Wilson
declarara guerra à Alemanha, em 2 abril de 1917, seus soldados avançavam pelo
Oceano Atlântico. No início do outono de 1918, desembarcavam diariamente 10 mil
deles.
O historiador John Keegan concorda que os jovens americanos
eram inexperientes no combate. "Decisivo, porém, foi o efeito que sua
chegada teve sobre o adversário: profundamente deprimente."
No fim das contas, as bem equipadas unidades dos Estados
Unidos é que decidiriam a guerra a favor dos Aliados. Os supremos comandantes
das tropas alemãs se viram logo forçados a aceitar que não era mais possível
vencer o conflito, que só um armistício evitaria o colapso total no front
alemão.
MORTE EM ESCALA INDUSTRIAL
Até chegar à trégua de 11 de novembro, a Europa atravessara
quatro anos de uma pavorosa carnificina e destruição jamais vista. Em sua
viagem pela Bélgica e França, Erzberger registrou um quadro de desolação:
"Nenhuma casa mais de pé, uma ruína se sucedia à outra. À luz da lua, os
destroços se erguiam no ar, fantasmagóricos; nenhum ser vivo se mostrava."
O cronista e político do Partido Alemão do Centro traçou o
balanço de uma guerra de letalidade sem precedentes. O avanço tecnológico e a
industrialização haviam criado um arsenal que suplantava tudo o que já existira
em termos de quantidade e qualidade: tanques aparentemente indestrutíveis,
embarcações que manobravam debaixo d'água, artilharia de alcance gigantesco, gases
mortais.
Em 1916, os alemães haviam colocado em ação o canhão
ferroviário "Langer Max": lançados através de um tubo de 35 metros de
comprimento, seus projéteis de 300 quilos atravessavam distâncias de até 48
quilômetros. Com essa arma, Paris foi alvejada em 23 de março de 1918. Algumas
granadas atingiram a igreja de Saint Gervais durante um culto, matando 88
pessoas e ferindo cerca de 100.
Historiógrafos militares estimam que, durante a Primeira
Guerra Mundial, se lançaram 850 milhões de granadas de artilharia. Ao todo, as
nações envolvidas convocaram quase 56 milhões de recrutas. A matança se deu em
escala industrial, com cerca de 11 milhões de soldados tombando sob a chuva de
projéteis de canhões e o fogo de metralhadoras – uma média de 6 mil combatentes
mortos por dia de conflito.
A esses se juntaram 21 milhões de feridos, soldados que
perderam membros ou parte deles, que ficaram paralíticos ou acamados, foram
submetidos a amputações, terminaram cegos ou surdos.
HORRORES DO FRONT
As vivências no front eram, inevitavelmente, aterrorizantes.
"É horrível quando estilhaços de granadas penetram nos tecidos
moles", recordava-se o soldado alemão Karl Bainier, nascido em 1898.
"Nossos dois comandantes também foram atingidos em cheio durante a noite.
Um perdeu o tórax inteiro; o outro, o tronco todo. O do tronco morreu na hora.
O outro ainda gritou."
Assim, não é de espantar que sobretudo os soldados
desejassem o fim da guerra. Em maio de 1918, o comandante-chefe príncipe
Rupprecht da Baviera observava não ser "nem um pouco fora do comum"
que até 20 de cada 100 soldados se ausentassem sem permissão. Se fossem
apanhados, em geral eram punidos com dois a quatro meses de prisão, "mas é
exatamente isso o que alguns querem, pois assim escapam de uma ou outra batalha".
Nos meses seguintes, o front do lado das Potências Centrais
– Alemanha e Áustria-Hungria – ficaria cada vez mais desfalcado. Muitos
soldados se recusariam a lutar, outros partiriam para casa por conta própria.
SOLO FÉRTIL PARA A PRÓXIMA GUERRA
Enquanto as alas alemãs rareavam progressivamente, o comando
supremo se eximia de qualquer responsabilidade. Em 19 de setembro de 1918, o
general Erich Ludendorff escreveu: "Pedi à Sua Majestade para colocar no
governo também aqueles círculos a que principalmente devemos a situação em que
estamos. Portanto agora veremos esses senhores assumirem os ministérios. Agora
eles que tratem a paz que tiver de ser tratada. Eles que tomem a sopa que
prepararam para nós."
Esses senhores" eram, para Ludendorff, as bancadas do
Parlamento que, já em meados de 1917, haviam pleiteado um acordo de paz:
social-democratas, liberais de esquerda e o católico Partido Alemão do Centro.
Essa acusação de uma suposta traição pela pátria exausta da guerra foi também
adotada pelo mais alto militar do Império Alemão, o marechal de campo Paul von
Hindenburg.
"O Exército alemão foi apunhalado pelas costas",
afirmou, supostamente citando o general inglês Frederick Maurice. Embora este
tenha sempre negado com veemência haver dito tal frase, assim nascia a
"lenda da punhalada", segundo a qual a Alemanha teria perdido a
guerra devido à "traição" interna. Essa lenda contribuiu
significativamente para o futuro fracasso da República de Weimar.
De início, porém, o 11 de novembro trouxe o fim da guerra
que milhões de europeus tanto ansiavam. No entanto, isso não significou
automaticamente o fim do sofrimento: privação, vicissitude e luto seguiram
pesando sobre o povo, agravados pela sensação de ter lutado e sofrido em vão.
"A falta de sentido, ao chegar a seu ponto mais alto, é
raiva, raiva e raiva e continua não fazendo sentido", resumiu o escritor
austro-húngaro Walter Serner a cólera de seus compatriotas. Esse sentimento
tóxico tomou conta dos alemães e seria o solo fértil para a ascensão de um
ex-soldado do front chamado Adolf Hitler. Fonte: Deutsche Welle - Data
06.11.2018
Comentário:
Resumo cronológico
Conflito opôs as Potências Centrais (os impérios Alemão,
Austro-Húngaro e Otomano) à Entente (liderada por Rússia, Reino Unido e França)
Principais datas
■28.jun.1914 O
herdeiro do Império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando, é morto por um
nacionalista sérvio em Sarajevo; um mês depois, a Áustria-Hungria declara
guerra à Sérvia, dando início ao conflito
■21.fev.1916 Começa a Batalha de Verdun, na França, a mais
longa (dura até dezembro) e uma das mais violentas, com mais de 1 milhão de
mortos
■7.abr.1917 Os
Estados Unidos entram no conflito e declaram guerra à Alemanha, desequilibrando
a disputa a favor da Entente
■11.nov.1918 A Alemanha aceita um armistício com os
adversários, interrompendo o conflito
■28.jun.1919 O Tratado de Versalhes, acordo de paz
definitivo, é assinado
Personagens
■Vladimir Lenin Liderou em novembro de 1917 a Revolução
comunista na Rússia, fazendo o país deixar a guerra
■Adolf Hitler Sua participação na guerra como cabo do
Exército acabaria influenciando a criação do nazismo
■Guilherme 2º Após assumir como imperador, impôs uma
política agressiva na Alemanha, que levou à guerra, mas durante o conflito
cedeu a maior parte do poder aos militares
■G. Clemenceau O primeiro-ministro francês foi um dos
principais defensores de uma ação militar contra a Alemanha e um dos
idealizadores do Tratado de Versalhes
Classificação de estatísticas de vítimas
Estimativas de número de baixas para a Primeira Guerra
Mundial variam muito As estatísticas de baixas militares listadas aqui incluem
mortes relacionadas a combate, bem como mortes de militares causadas por
acidentes, doenças e mortes enquanto prisioneiros de guerra. A maioria das
vítimas durante a Primeira Guerra Mundial deve-se à fome e às doenças
relacionadas com a guerra.
População
(milhões)
Mortes-militares
Mortes-Civis
Total de
mortes
Mortes em
% da população
Militares
feridos
Allies of World
War I
806.0
5,711,696
3,674,757
9,386,453
1.19%
12,809,280
Central Powers
143.1
4,010,241
3,143,000
7,153,241
5%
8,419,533
Allies World War I - França, Rússia e Grã-Bretanha entraram
na Primeira Guerra Mundial em 1914, como resultado da Tríplice Entente. Os
demais países uniram-se aos aliados ao longo da guerra.
Central Powers – designação atribuída à coligação formada entre
a Alemanha e a Áustria-Hungria à qual se juntariam o Império Otomano e a
Bulgária. O nome encontra-se relacionado com a posição central ocupada pela
Alemanha e Áustria-Hungria no continente europeu.
Fonte:
REPERES – module 1-0 - explanatory notes – World War I casualties – EN
Entre 13 e 15 de fevereiro de 1945, ataques aliados mataram
25 mil pessoas e destruíram a cidade à beira do rio Elba. Violência da operação
é até hoje motivo de discussões.
Durante décadas, o número de mortos nos bombardeios de
Dresden nas vésperas do fim da Segunda Guerra Mundial, há 73 anos, entre
13 e 15 de fevereiro de 1945, foi motivo de intensas especulações. Alguns
estimavam o número em 70 mil, enquanto os mais realistas asseguravam que ele
não passava de 35 mil.
Em 2004, uma comissão interdisciplinar foi criada pelo
governo da cidade para acabar com a discussão. Em 2010, ela entregou seu
relatório, chegando à conclusão que os ataques tiraram a vida de 25 mil
pessoas.
Em 13 de fevereiro de 1945, 245 quadrimotores Avro Lancaster
da quinta frota de bombardeiros britânicos decolaram em direção à cidade à
beira do rio Elba, que contava então 630 mil habitantes e abrigava um número
estimado de centenas de milhares de refugiados.
Em quatro ataques-surpresa, 1 300 bombardeiros pesados lançaram
mais de 3 900 toneladas de dispositivos incendiários e bombas altamente
explosivas na cidade, a capital barroca do estado alemão de Saxônia. A
tempestade de fogo resultante destruiu 39 quilômetros quadrados do centro da
cidade. A "Florença do Elba", como Dresden era conhecida por sua
beleza arquitetônica e por seus tesouros culturais. Tudo isso em apenas 23
minutos.
Estratégica e economicamente, Dresden era irrelevante para o
desenrolar da guerra, cujo desfecho já era previsível no início de 1945. Fonte:
Deutsche Welle – 13.02.2015/2018, Wikipédia
Nenhum outro grupo de vítimas da Segunda Guerra Mundial é
tão pouco conhecido como o das crianças órfãs da Prússia Oriental, que,
sozinhas ou em grupos, vagavam pelas florestas fugindo dos soviéticos.
Elas costumavam estar descalças e tinham piolhos. Devia ser
abril de 1946, mas Erika Smetonus, depois de tantas décadas, não sabe precisar
a época. Sua mãe não sobreviveu à guerra, e seu pai desapareceu em algum lugar.
Quando a grande fuga da população da Prússia Oriental
começou, e os alemães, às dezenas de milhares, passaram a se espalhar em
direção a oeste, ela acabou ficando para trás, sozinha. Tinha 11 anos – e
estava desesperada, porque, com o avanço do Exército Vermelho, havia também perdido
seu irmão mais novo.
Em vez de ficar ali, Erika decidiu se juntar a um menino um
pouco mais velho, que sempre fugia dela quando tinha algo para comer, de modo a
não ter que dividir o pouco que tinha. Juntos, conseguiram chegar à Lituânia.
Ela encontrou um novo lar com um casal lituano, que mandou o menino embora
porque não queria criar duas crianças. Erika ficou – por muitas décadas.
Sobre a quantidade das crianças chamadas "wolfskinder”
(alemão para "crianças-lobo" ou crianças selvagens) tem-se somente
uma estimativa. Pode ser que eram 25 mil, que, depois de 1945, ficaram
perambulando entre florestas e pântanos da Prússia Oriental e Lituânia.
A adoção de "crianças fascistas” era extremamente
proibida entre os russos. O melhor, dizia-se na época, era ir rumo à Lituânia,
onde era possível encontrar comida. Quando tinham sorte, os "vokietukai”
("alemãezinhos”), ao passarem por vilarejos em direção ao Báltico,
encontravam em frente às portas das casas tigelas de sopas deixadas por
moradores que sentiam pena deles. Quando tinham azar, o próximo vizinho já
deixava os cachorros preparados para a recepção.
Crianças pequenas encontravam com maior facilidade abrigo em
casa de famílias desconhecidas do que crianças mais velhas. Quem não tinha um
teto sobre a cabeça, era obrigado a sobreviver na floresta. Mas, mesmo aqueles
que haviam encontrado um novo lar, nunca estavam seguros se poderiam permanecer
ali por muito tempo. Marianne Beutler, que tinha na época 10 anos, foi recebida
por uma família de camponeses lituanos como babá durante um inverno. Passado
meio ano, a família mandou-a embora.
O PREÇO DA SOBREVIVÊNCIA
Em seis meses ela aprendeu lituano – uma necessidade vital.
Falar alemão era proibido. Para as famílias também era um perigo acolher as
"crianças-lobo”. Inclusive ter um nome alemão implicava um alto risco. Por
isso, Marianne teve seu nome alterado para Nijole.
E o pouco que esses órfãos levaram consigo na fuga –
resquícios e memórias de seu passado, como fotos, cartas, endereços de
familiares – era tomado deles e completamente destruído. A completa perda de
suas identidades era o preço da sobrevivência.
Mesmo sendo difícil a vida na Lituância, as
"vokietukai” tiveram mais sorte que as crianças mais fracas que não
conseguiram chegar ao Báltico. Quem não conseguia chegar lá, ficava em
alojamentos da administração militar soviética. Segundo a historiadora Ruth
Leiserowitz, cerca de 4.700 crianças alemãs estiveram somente no outono de 1947
nesses acampamentos.
A metade dessas crianças foi mandada naquele mesmo ano a
zonas de ocupação soviética que viriam a pertencer posteriormente à República
Democrática Alemã (RDA). Transportadas em vagões de carga sem palha, que lhes
poderia servir de colchão, a maioria das crianças entre dois e 16 anos chegou
morta ao leste da Alemanha depois de quatro dias e quatro noites de viagem. As
que sobreviveram foram enviadas a abrigos ou foram adotadas por famílias
comunistas.
A FALHA DA POLÍTICA
A política por muito tempo não se ocupou das
"wolfskinder”. Como grupo de vítimas da Segunda Guerra Mundial, elas foram
tratadas de forma negligente e burocrática. Em 2016, o Parlamento alemão
decidiu pela primeira vez indenizar alemães que trabalharam forçosamente
durante a Segunda Guerra. Uma vez mais, as "wolfskinder” não foram levadas
em consideração pela medida parlamentar.
Quando a Lituânia obteve em 1990 sua independência, as
"crianças-lobo” receberam a cidadania lituana. E exatamente por isso lhes
foi negado o passaporte alemão por muito tempo. A postura do governo federal alemão
era baseada na afirmação de que, como elas haviam abandonado a Prússia
Oriental, tinham, consequentemente, renunciado à cidadania alemã. Se, mesmo
assim, alguém quisesse reaver sua cidadania alemã, tinha diante de si um longo
e complicado caminho a percorrer.
Inclusive a aposentadoria alemã foi negada aos órfãos de
guerra. Afinal de contas, a Lituânia estava pagando a aposentadoria a seus
"wolfskinder”, ainda que fosse uma quantia pequena. Os últimos
sobreviventes que queiram solicitar indenização têm até o final do ano para
fazê-lo.
VOLTA PARA CASA?
Erika Smetonus não voltou a ver o garoto com quem foi à
Lituânia em 1946. Mas, depois de 40 anos, conseguiu localizar o irmão, antes
tido como perdido.
E, depois disso, também teve o reencontro com seu pai.
Porém, nem toda busca por pessoas desaparecidas durante esse período tenebroso
da infância tem um final feliz. O desejo de voltar a ter seu lar alemão não se
concretizou para todas as crianças.
Rudi Herzmann, por exemplo, alimentou ao longo de vários anos
o sonho com sua pátria alemã da infância. Porém, esse sonho acabou se tornando
um pesadelo.
Quando chegou ao país cujo idioma ele falava como língua
materna, logo percebeu que aquele não era seu lugar. Por muito tempo ele tentou
se adaptar aos costumes alemães, mas, depois de 13 anos, decidiu voltar ao
lugar para o qual a fuga o havia levado: a Lituânia. Deutsche Welle - Data 03.11.2017
Comentário: Após a Segunda Guerra Mundial, cerca de 13
milhões de alemães foram obrigados a deixar suas casas no que são hoje a
República Checa e a Polônia.
Filme muito longo, mas muito bom. Aborda os efeitos da 2ª guerra
nas crianças.