É um problema sério de saúde. A Organização Mundial da Saúde
declarou emergência para a China, embora não para o mundo, pelo menos até
agora.
Inevitavelmente, isso terá consequências econômicas. Mas
quão severo e até onde eles se espalharão?
Os economistas são muito cautelosos quanto a colocar números
nesse estágio inicial.
Mas é possível identificar de que forma o impacto assumirá e
examinar os danos econômicos causados por episódios semelhantes anteriores,
notadamente o surto da síndrome respiratória aguda grave - mais conhecida como
Sars - em 2002-3, que também começou na China.
É na China que já existe algum dano econômico. As restrições
de viagem foram impostas em partes do país em um momento [o Ano Novo Chinês] em
que muitas pessoas viajam. Logo o negócio do turismo já está sendo atingido.
TERMINAL E LOGÍSTICA
Os gastos dos consumidores com entretenimento e presentes
também serão afetados. Para entretenimento, muitos relutam em participar de
atividades fora de casa que podem levar à exposição ao vírus. Muitas pessoas
certamente cancelaram planos por vontade própria para evitar riscos de
exposição à doença.
O impacto é ampliado pelo fato de que Wuhan, a cidade onde começou,
é um importante centro de transporte.
As restrições de viagem também são um problema para qualquer
empresa que precise transportar mercadorias ou pessoas. As cadeias de
suprimentos industriais serão afetadas. Algumas entregas podem ser interrompidas
e outras ficarão mais caras.
Perderá a atividade econômica como resultado das pessoas não
poderem ou desejarem viajar para o trabalho.
TAXA DE RECUPERAÇÃO: SAÚDE E FINANCEIRA
Haverá também um custo financeiro direto no tratamento de
pacientes suportados por seguradoras de saúde (públicas e privadas) e pelos
pacientes.
Fora da China, muito dependerá da propagação da doença. Se
houver surtos em outros lugares, alguns dos mesmos efeitos podem ser aparentes,
embora quase certamente em uma escala muito menor.
A extensão desses efeitos dependerá em grande parte da
facilidade de transmissão do vírus e da taxa de mortalidade entre os
infectados. Até agora, encorajadoramente, muitas pessoas fizeram recuperações
completas, embora tenha havido trágicas exceções.
Geralmente, os problemas econômicos são rapidamente
refletidos pelos mercados financeiros, onde as opiniões dos traders sobre
quanto valem os ativos são afetadas por suas expectativas sobre
desenvolvimentos futuros.
CHANCE DE VACINA
Nesta ocasião, houve algumas consequências negativas para os
mercados de ações, principalmente na China. Mas eles não são grandes. Até o
Shanghai Composite Index é mais alto do que há seis meses atrás.
Existem algumas empresas que poderiam ganhar, como
fabricantes de drogas. O que está disponível imediatamente é o alívio dos
sintomas. A longo prazo, pode haver uma oportunidade lucrativa no
desenvolvimento de uma vacina contra o vírus.
Paul Stoffels, diretor científico da Johnson & Johnson,
disse que suas equipes já haviam realizado o "trabalho básico" de uma
vacina. Ele pensou que poderia estar disponível em cerca de um ano.
Também houve um aumento na demanda por máscaras e luvas
cirúrgicas para proteger contra a infecção. As ações de empresas chinesas que
fabricam esses itens - remédios e equipamentos de proteção - tiveram um forte
aumento nos preços.
RÁPIDA RECUPERAÇÃO?
O melhor exemplo histórico é provavelmente o surto de Sars. Uma
estimativa de custo para a economia global foi de US $ 40 bilhões.
Jennifer McKeown, da Capital Economics, uma consultoria de
Londres, estima que o crescimento global foi um ponto percentual mais fraco no
segundo trimestre de 2003 do que teria sido sem Sars. Isso foi um sucesso
bastante substancial, mas ela também diz que depois o crescimento global foi
bastante rápido.
Ela diz que o quadro era
complicado por outros fatores que afetaram o crescimento global na
época, mas conclui que "é muito difícil detectar qualquer dano duradouro
ao PIB global (atividade econômica) da Sars, que foi um vírus incomumente grave
e generalizado". Fonte: BBC News - 26 de janeiro de 2020
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