Retrato feito pelo jornal 'The New York Times' chocou o
mundo e chamou atenção para a situação de milhares de crianças no país que não
conseguem receber ajuda humanitária.
A menina Amal Hussain, de 7 anos, que virou símbolo da fome
causada pela guerra no Iêmen, morreu na quinta-feira (1º). A informação é do
jornal americano "The New York Times", que divulgou a imagem de Amal
em uma reportagem sobre a fome no país.
Amal foi fotografada pelo jornal em um centro de saúde em
Aslam, a 90 milhas a noroeste da capital, Sana. Ela estava deitada em uma cama
com a mãe. As enfermeiras a alimentavam a cada duas horas com leite, mas ela
vomitava regularmente e sofria de diarréia.
A Dra. Mekkia Mahdi, a médica responsável, chamou atenção da
reportagem do "NYT" para a pele flácida dos braços de Amal.
"Olha", disse ela. "Sem carne. Apenas ossos". Ela recebeu
alta do hospital, que precisava tratar outros pacientes na mesma situação, e
morreu em casa três dias depois.
ONU ALERTA PARA MORTE DE CRIANÇAS
As crianças iemenitas estão morrendo de fome e doenças
enquanto caminhões com suprimentos de ajuda estão bloqueados no porto, deixando
equipes médicas e mães desesperadas implorando para que os agentes humanitários
façam mais, disse uma autoridade de alto escalão da Organização das Nações
Unidas (ONU).
Geert Cappelaere, diretor de Oriente Médio do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef), descreveu cenas "de partir o
coração" de crianças em hospitais na cidade portuária de Hodeidah e na
capital Sanaa, ambas controladas por insurgentes houthis.
"Temos indícios de que hoje, no Iêmen, a cada 10
minutos uma criança de menos de 5 anos está morrendo de doenças evitáveis e de
desnutrição grave", disse ele à Reuters de Hodeidah.
GUERRA
A recente ofensiva para combater os rebeldes Houthi, que
ocupam o porto de Hodeida, por parte da coligação liderada pela Arábia Saudita,
levantou o debate sobre o impacto do fechamento dos acessos ao porto. Os bloqueios comerciais impedem que ajuda
humanitária e itens básicos, como comida, gás de cozinha e medicamentos,
cheguem a 70% da população iemenita.
Recentemente, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, maiores
fornecedores de armas da Arábia Saudita, pediram um cessar-fogo no Iêmen. O
secretário de Defesa, Jim Mattis, disse que deve entrar em vigor dentro de 30
dias. "Temos que nos mover em direção a um esforço de paz aqui, e não
podemos dizer que vamos fazer isso em algum momento no futuro", disse
Mattis na terça-feira.
Trabalhadores humanitários e agora líderes políticos estão
pedindo a suspensão das hostilidades, bem como medidas de emergência para
reviver a economia do Iêmen, onde o aumento dos preços dos alimentos levou
milhões à beira do abismo.
Segundo a ONU, cerca de 14 milhões de pessoas, ou metade da
população do Iêmen, podem estar à beira de um surto de fome em breve.
Já existem 1,8 milhão de crianças iemenitas desnutridas,
mais de 400 mil delas sofrendo de desnutrição grave, uma enfermidade que as
deixa em estado esquelético e correndo risco de morte, disse Cappelaere.
Fonte: G1-03/11/2018
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