O senador Aécio Neves (PSDB- MG), que já se encontrava em
uma posição delicada após executivos da Odebrecht relatarem o pagamento a ele
de propinas milionárias, viu sua situação se complicar ainda mais nesta
quarta-feira. Segundo o jornal O Globo, gravações em posse da Procuradoria
Geral da República flagraram o senador pedindo dois milhões de reais a Joesley
Batista, dono do grupo JBS, com a justificativa de que necessitava da quantia
para pagar sua defesa na Operação Lava Jato.
Segundo o jornal, o diálogo, de cerca de 30 minutos, foi
entregue pelo empresário como prova em sua delação premiada. Eles teriam se
encontrado no dia 24 de março no hotel Unique, em São Paulo, depois que sua
irmã, Andréa Neves, abordou o empresário para combinar o encontro via WhatsApp
e telefone.
O primo de Neves encontrou o diretor de Relações
Institucionais da JBS, Ricardo Saud, que, segundo o jornal, é um dos sete
delatores da empresa. O dinheiro foi entregue em quatro parcelas de 500.000
reais. Uma dessas entregas foi filmada pela Polícia Federal, disse O Globo. O
dinheiro não teria sido entregue a qualquer advogado. E, sim, a Mendherson
Souza Lima, secretário parlamentar do senador Zeze Perrella (PMDB-MG). Perrella
é visto como um dos grandes aliados de Neves no Congresso.
A propina foi levada a Belo Horizonte de carro, diz o
jornal. Nas três viagens feitas, Mendherson foi seguido pela Polícia Federal. O
destino final do dinheiro seria a empresa do filho do senador Zeze Perrella . Não está claro, no
entanto, os motivos que teriam levado o senador a pedir o dinheiro e por quais
motivos.
Em nota, a assessoria de Aécio Neves afirmou que o senador
está "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus
atos". "No que se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela
era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público. O
senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os
esclarecimentos necessários", ressaltou o texto.
Neves é um dos campeões de inquéritos autorizados pelo
ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal no início de abril, ao lado do também senador Romero Jucá (PMDB). São
cinco investigações contra o tucano, por suspeitas que vão de doações não
contabilizadas a fraudes em licitações para beneficiar a construtora Odebrecht. Fonte: El Pais - São Paulo 18 MAI 2017
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