Se olharmos o passado entenderemos o Brasil atual e
principalmente os políticos.
O livro escrito em 1885, A Carteira de Meu Tio, por Joaquim Manuel de Macedo, romancista, historiador retrata muito bem os
políticos e o pensamento do país.
Alguns trechos do livro
A fome é a mais poderosa das alavancas políticas.
“A razão da alta
gritaria que levantam e do espalhafato que fazem aqueles que fazem da política
o seu meio de vida, que quebram os degraus por onde sobem às primeiras posições
oficiais [….]
Aqueles que atraiçoam os partidos ...
Aqueles que de tempo em tempo mudam de princípios e de
opinião, como as cobras mudam de pele[…]
Aqueles que como os papagaios, falam muito quando têm fome e
calam-se logo que têm a barriga cheia […]”.
E conclui, “a vida humana é uma burla mais ou menos
prolongada, e o homem mais eminente, mais hábil e mais digno de gerar respeito
é aquele que mais vezes engana os outros”.
Se não fosse a mentira: como é que um ministro de estado
poderia explicar e defender muitos de seus atos na presença do parlamento? E
como é um político astuto e ambicioso havia de subir ao poder, enganando gente
simplória, que lhes servem de escada?
A mentira esconde por detrás os diplomas eleitorais
Liberdade de voto, ninguém o ignora, é uma burla, que todos
os partidos pregam, quando estão por debaixo, e que nenhum admite, nem
respeita, nem tolera, quando está de cima.
“a vida humana é uma burla mais ou menos prolongada, e o
homem mais eminente, mais hábil e mais digno de gerar respeito é aquele que
melhor e mais vezes engana os outros”.
Continuando Joaquim Manuel de Macedo retrata no livro
"Memórias do Sobrinho do Meu Tio",
no final de 1867 e janeiro de 1868, sua visão crítica;
A mentira é a base da legitimidade da maior parte dos
diplomas eleitorais dos políticos e portanto é a base da expressão da soberania
nacional.
"O Brasil é um
tio velho e rico, cercado, atropelado de sobrinhos que o devoram, que o reduzem
à miséria e que se dizem patriotas, sem dúvida por que se consideram donos ou
proprietários da Pátria."
: “Eis aí… a escola
filosófica do governo: o esquecimento do passado, os gozos do presente, e o
descuido e abandono do futuro”. ...
O nosso governo não é governo de portas (abre ou fecha) é de
janelas: é um governo que não abre, nem fecha, é uma coisa que se parece muito
com qualquer outra coisa, exceto com governo.
Qualquer semelhança é mera coincidência atual. Essa é a
realidade brasileira
Comentário: A Carteira de Meu Tio
de Joaquim Manuel de Macedo trata de forma bem‑humorada
a política do Brasil do Segundo Império. Por intermédio de seu personagem
principal, o autor descreve o político brasileiro da época e que bem poderia
ser o de hoje. O protagonista da
história é um jovem cujo tio financia sua viagem de estudos à Europa, na qual
ele só se preocupa em aproveitar a vida e faz tudo menos estudar. Na volta,
inquirido pelo tio sobre seu futuro, decide tornar-se um político, aquilo que
considerava a melhor maneira de enriquecer e ter poder sem ter de trabalhar
tanto assim. O tio, reconhecendo, de início, no sobrinho duas características
indispensáveis para exercer essa profissão – era um impostor e um atrevido –,
exige que antes de entrar na vida pública ele viaje a cavalo pelo Brasil para
conhecer seu povo e suas necessidades. Nesta viagem, o autor fornece uma rica e
bem-humorada imagem da política e dos políticos da época, que impressiona pela
semelhança com a época atual
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