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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O passado não perdoa o Brasil

Se olharmos o passado entenderemos o Brasil atual e principalmente os políticos.

O livro escrito em 1885, A Carteira de Meu Tio,  por Joaquim Manuel de Macedo, romancista, historiador retrata muito bem os políticos e o pensamento do país.

Alguns trechos do livro

A fome é a mais poderosa das alavancas políticas.
 “A razão da alta gritaria que levantam e do espalhafato que fazem aqueles que fazem da política o seu meio de vida, que quebram os degraus por onde sobem às primeiras posições oficiais [….]
Aqueles que atraiçoam os partidos ...
Aqueles que de tempo em tempo mudam de princípios e de opinião,  como as cobras mudam de pele[…]
Aqueles que como os papagaios, falam muito quando têm fome e calam-se logo que têm a barriga cheia […]”.

E conclui, “a vida humana é uma burla mais ou menos prolongada, e o homem mais eminente, mais hábil e mais digno de gerar respeito é aquele que mais vezes engana os outros”.

Se não fosse a mentira: como é que um ministro de estado poderia explicar e defender muitos de seus atos na presença do parlamento? E como é um político astuto e ambicioso havia de subir ao poder, enganando gente simplória, que lhes servem de escada?

A mentira esconde por detrás os diplomas eleitorais

Liberdade de voto, ninguém o ignora, é uma burla, que todos os partidos pregam, quando estão por debaixo, e que nenhum admite, nem respeita, nem tolera, quando está de cima.

“a vida humana é uma burla mais ou menos prolongada, e o homem mais eminente, mais hábil e mais digno de gerar respeito é aquele que melhor e mais vezes engana os outros”.

Continuando Joaquim Manuel de Macedo retrata no livro "Memórias do Sobrinho do Meu Tio",

no final de 1867 e janeiro de 1868, sua visão crítica;

A mentira é a base da legitimidade da maior parte dos diplomas eleitorais dos políticos e portanto é a base da expressão da soberania nacional.

"O Brasil é um tio velho e rico, cercado, atropelado de sobrinhos que o devoram, que o reduzem à miséria e que se dizem patriotas, sem dúvida por que se consideram donos ou proprietários da Pátria."

: “Eis aí… a escola filosófica do governo: o esquecimento do passado, os gozos do presente, e o descuido e abandono do futuro”. ...

O nosso governo não é governo de portas (abre ou fecha) é de janelas: é um governo que não abre, nem fecha, é uma coisa que se parece muito com qualquer outra coisa, exceto com governo.

Qualquer semelhança é mera coincidência atual. Essa é a realidade brasileira

Comentário: A Carteira de Meu Tio de Joaquim Manuel de Macedo trata de forma bemhumorada a política do Brasil do Segundo Império. Por intermédio de seu personagem principal, o autor descreve o político brasileiro da época e que bem poderia ser o de hoje.  O protagonista da história é um jovem cujo tio financia sua viagem de estudos à Europa, na qual ele só se preocupa em aproveitar a vida e faz tudo menos estudar. Na volta, inquirido pelo tio sobre seu futuro, decide tornar-se um político, aquilo que considerava a melhor maneira de enriquecer e ter poder sem ter de trabalhar tanto assim. O tio, reconhecendo, de início, no sobrinho duas características indispensáveis para exercer essa profissão – era um impostor e um atrevido –, exige que antes de entrar na vida pública ele viaje a cavalo pelo Brasil para conhecer seu povo e suas necessidades. Nesta viagem, o autor fornece uma rica e bem-humorada imagem da política e dos políticos da época, que impressiona pela semelhança com a época atual

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