Apenas 34 anos de vida bastaram para que Charlie Parker,
apelidado de "Bird" (pássaro), entrasse para a história como um dos
maiores mestres do jazz em uma trajetória interrompida pelo álcool e pela
heroína, que o levaram à morte há exatos 60 anos em Nova York. Parker viveu rápido e perigosamente.
Seu nome está ao lado dos de Louis Armstrong, Miles Davis e
Duke Ellington no Olimpo do jazz. Sua obra ainda ressoa vibrante e sua vida
inspirou Clint Eastwood para o aclamado filme "Bird" (1988), no qual
foi interpretado por Forest Whitaker.
Mas o que fez de Charlie Parker um personagem tão
fascinante? Ele nasceu em Kansas City em 29 de agosto de 1920. Como se diz,
estava no lugar certo no momento certo. Aos 11 anos, ganhou de presente da mãe,
que fez uma grande poupança, um saxofone alto. A ideia era tirar o garoto da
tristeza que vivia pelo pai ter abandonado o lar.
Nessa mesma época, ou seja, ainda criança, começou a fumar
maconha. Aos 15 se casou e pela primeira vez começou a usar heroína. O
casamento durou pouco, mas a dependência, a vida inteira.
Em 1939, já tinha fama no Kansas quando decidiu ir para Nova
York. Ao lado do trompetista Dizzy
Gillespie, Parker iluminou esse gênero sincopado e improvisado. Com um toque
pessoal, decidiu que era hora de quebrar as regras e foi então que surgiu o
"bebop".
O gênero resumia sua vida: um caos que era reconduzido rumo
à beleza. Começaram então suas grandes apresentações, como as célebres
"Dial Sessions" e suas grandes composições: "Yardbird
Suite", "Ornithology" e "Bird of Paradise", que acabou
lhe rendendo o merecido apelido.
Mas Parker era uma ave de passagem. O reverso obscuro de seu
sucesso passava por clínicas de desintoxicação, quartos de hotel destruídos em
plena bebedeira e uma ruína econômica que lhe deu o golpe final, quando sua
filha Pree morreu por uma fibrose cística cujo tratamento o artista não pôde
pagar.
Charlie Parker faleceu no Standhope Hotel, em Nova York. A
autópsia apontou pneumonia, úlcera e um avançado estado de cirrose, somados a
um ataque cardíaco. O médico legista, que não sabia de quem se tratava,
descreveu o corpo inerte como o de um homem de 50 ou 60 anos, muito mais do que
sua real idade. Fonte: G1 -12/03/2015
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