Farinelli é um filme de drama biográfico ítalo-franco-belga
de 1994 dirigido por Gérard Corbiau. Foi indicado ao Oscar de melhor filme
estrangeiro na edição de 1995, representando a Bélgica.
No filme, o ator Stefano Dionisi, que interpreta o
protagonista, é dublado nas partes cantadas. Para reproduzir a particularíssima
voz de um castrato, foram gravadas em separado e depois mixadas eletronicamente,
as vozes da soprana polonesa Ewa
Małas-Godlewska e do contratenor americano Derek Lee Ragin. Apenas em Lascia
ch'io pianga, de George Frideric Handel, a voz é de Małas-Godlewska, apenas,
sem mixagem.
Carlo Maria Michelangelo Nicola Broschi, conhecido pelo
pseudônimo de Farinelli (Andria, 24 de janeiro de 1705 — Bolonha, 15 de julho
de 1782), foi um lendário castrato do século XVIII, o mais popular e bem pago
cantor de ópera da Europa em sua época.
Castrato (termo extraído do idioma italiano, cuja tradução
lusófona trata-se literalmente de "castrado") é o nome pelo qual eram
conhecidos os cantores masculinos que, a fim de terem preservada, ainda na fase
adulta, a tessitura vocal da infância (cuja extensão vocal é quase idêntica
àquela própria das tessituras vocais femininas, sejam de soprano, de
mezzo-soprano ou de contralto), eram submetidos a uma operação cirúrgica de
corte dos canais provenientes dos testículos, a partir da qual a chamada
"mudança de voz" não ocorria.
A prática de castração de jovens cantores teve início no
século XVI (tendo surgido a partir da necessidade de vozes agudas nos grupos
corais das igrejas da Europa Ocidental, já que a Igreja Católica Apostólica
Romana não aceitava mulheres no coro de suas igrejas)[carece de fontes],
atingindo seu auge nos séculos XVII e XVIII (de tal sorte que, nas óperas do
compositor barroco alemão Georg Friedrich Händel, por exemplo, o papel do herói
era frequentemente escrito para castrato).
Muitos dos rapazes que eram submetidos à castração
tratava-se de crianças órfãs ou abandonadas. Algumas famílias pobres, incapazes
de criar a sua prole numerosa, entregavam um filho para ser castrado. Em
Nápoles, recebiam a sua instrução em conservatórios pertencentes à Igreja, onde
lecionavam músicos de renome. Algumas fontes referem que muitas barbearias
napolitanas tinham, à entrada, um dístico com a indicação "Qui si castrano
ragazzi" ("Aqui castram-se rapazes").
Na segunda metade do século XVIII, com a chegada do verismo
na ópera, a popularidade dos castrati entrou em declínio. Durante alguns anos,
é verdade, ainda houve desses cantores na Itália, mas, com o decorrer do tempo,
esses papéis foram transferidos aos contratenores e, por vezes, às sopranos.
Foi só em 1870, não obstante, que o castratismo destinado a
este fim foi terminantemente proibido na Itália (o último país onde ainda era
efetuado). E, em 1902, o papa Leão XIII proibiu definitivamente a utilização de
castrati nos coros das igrejas.
O último castrato a abandonar o coro da Capela Sistina foi
Alessandro Moreschi (1858-1922), no ano de 1913. Há alguns registros
fonográficos da voz deste castrato, que, entre 1902 e 1904, gravou exatos dez
discos. Fonte: Wikipedia