Primeiro
ataque atômico da história ocorreu há 72 anos. Governo da cidade faz apelo por
fim das armas nucleares, em cerimônia com a presença de representantes de 80
nações e da União Europeia.
A
cidade japonesa de Hiroshima recordou neste domingo (06/08) o 72º aniversário
do primeiro ataque nuclear da história com uma cerimônia em que foram feitos
apelos ao desarmamento nuclear.
O
ato aconteceu no Parque da Paz da cidade, que fica no oeste do Japão, e incluiu
um minuto de silêncio às 8h15min locais (20h15 deste sábado no Brasil). Essa
foi a hora exata na qual um bombardeiro B-29 da Força Aérea dos Estados Unidos
lançou, no dia 6 agosto de 1945, o "Little Boy", como foi chamada a
primeira bomba atômica usada num ataque contra civis e militares.
DESARMAMENTO
Após
o minuto de silêncio, o prefeito da cidade, Kazumi Matsui, pediu a todos os
líderes mundiais que apoiem o tratado adotado por 122 membros das Nações Unidas
no começo do mês para proibir as armas nucleares, o primeiro deste tipo a nível
global.
O
primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, evitou mencionar diretamente o tratado
durante o seu discurso, ainda que tenha destacado a necessidade de que tanto as
potências nucleares como os demais países "se engajem para se chegar a um
mundo verdadeiramente livre de armas atômicas".
"O
Japão está decidido a liderar a comunidade internacional, mantendo os seus
princípios de não produzir ou possuir armas nucleares nem de permitir a sua
entrada em território nacional, e pedindo a todos os países para tomar medidas
similares", disse Abe.
Em
março passado, o número total de hibakusha, ou sobreviventes dos ataques
nucleares de Hiroshima e Nagasaki, era de 164.621, comparado com os 372.264 que
havia em 1980, e a idade média era de
81,41 anos.
OS ATAQUES
NUCLEARES A HIROSHIMA E NAGASAKI
|
Vista aérea da cidade de Hiroshima, Japão, após o
bombardeio atômico em 6 de agosto de 1945 durante a Segunda Guerra Mundial. A
cidade foi praticamente destruída.
|
Ataques
às duas cidades japonesas em 1945 são os únicos usos de armas nucleares numa
guerra. No aniversário dos bombardeios, pessoas ao redor do mundo relembram,
todos os anos, suas consequências devastadoras.
O
PRIMEIRO ATAQUE
Em 6
de agosto de 1945, o avião Enola Gay lançou, sobre Hiroshima, a primeira bomba
nuclear da história. A bomba carregava o inocente apelido de "Little
Boy". A cidade tinha então 350 mil habitantes. Um em cada cinco morreu em
questão de segundos. Hiroshima foi praticamente varrida do mapa.
O
ENOLA GAY
O
ataque a Hiroshima estava planejado para acontecer em 1 de agosto de 1945, mas
teve que ser adiado devido a um tufão. Cinco dias depois, o Enola Gay partiu
com 13 tripulantes a bordo. A tripulação só ficou sabendo durante o voo que
lançariam uma bomba atômica.
O
SEGUNDO ATAQUE
Três
dias depois do ataque a Hiroshima, os americanos lançaram uma segunda bomba,
sobre Nagasaki. A cidade de Kokura era o alvo original do ataque, mas o tempo
nublado fez com que os americanos mudassem seus planos. A bomba apelidada de
"Fat Man" tinha uma potência de 22 mil toneladas de TNT. Estima-se
que 70 mil pessoas morreram até dezembro de 1945.
ALVO
ESTRATÉGICO
Em
1945, Nagasaki era sede da Mitsubishi, então fábrica de armas responsável por desenvolver
os torpedos usados no ataque a Pearl Harbor. No entanto, apenas alguns soldados
japoneses estavam baseados na cidade. A má visibilidade não possibilitou um
ataque direto contra os estaleiros da fábrica.
AS
VÍTIMAS
Durante
meses após os ataques, dezenas de milhares de pessoas morreram por causa dos
efeitos das explosões. Somente em Hiroshima, até o fim de 1945, 60 mil pessoas
morreram por conta da radiação, de queimaduras e outros ferimentos graves. Em
cinco anos, o número estimado de vítimas dos dois bombardeios atômicos é de 230
mil pessoas.
TERROR
NO FIM DA GUERRA
Depois
de Hiroshima e Nagasaki, muitos japoneses temeram um terceiro ataque, a Tóquio.
O Japão declarou então sua rendição, pondo fim à Segunda Guerra também na Ásia.
O então presidente americano, Harry Truman, ordenou os bombardeios. Ele estava
convencido de que essa era a única maneira de acabar com a guerra rapidamente.
Para muitos historiadores, no entanto, os ataques foram crimes de guerra.
A
RECONSTRUÇÃO
Devastada,
Hiroshima foi reconstruída do zero. Apenas uma ilha, no rio Ota, foi mantida e
se tornou o Parque Memorial da Paz. Hoje, há uma série de memoriais: o Museu
Memorial da Paz de Hiroshima; a Estátua das Crianças da Bomba Atômica; as
Ruínas da Indústria e Comércio; e a Chama da Paz, que vai permanecer acesa até
a última bomba atômica do planeta ser destruída.
CONTRA
O ESQUECIMENTO
Desde
1955, o Museu da Bomba Atômica e o Parque da Paz de Nagasaki prestam homenagem
às vítimas dos ataques. No Japão, a reverência às vítimas desempenha um grande
papel na cultura e na identidade nacional. Hiroshima e Nagasaki se tornaram
símbolos mundiais dos horrores das armas nucleares.
DIA
PARA RELEMBRAR
Desde
os ataques de agosto de 1945, as pessoas em todo o mundo lembram as vítimas dos
bombardeios atômicos. Em Hiroshima, acontece anualmente um memorial.
Sobreviventes, familiares, cidadãos e políticos se reúnem para um minuto de
silêncio. Muitos japoneses estão engajados contra o desarmamento nuclear. Fonte: Deutsche
Welle - Data 06.08.2013