A
Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quinta-feira em Sorocaba, interior
de São Paulo, Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras.
Bendine é suspeito de prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e
foi preso durante a 42ª fase da Operação Lava Jato. Antônio Carlos Vieira da
Silva Júnior e o publicitário André Gustavo Vieira da Silva também foram
detidos no Recife (PE). Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e
apreensão e três mandados de prisão temporária no Distrito Federal e nos
Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
Esta
fase da Lava Jato foi batizada de Cobra em uma referência ao codinome dado a
Bendine nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas no chamado Setor de
Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, descobertas durante a 23ª fase da
Operação Lava Jato. A operação foi realizada um dia antes de uma viagem,
aparentemente só de ida, de Bendine para Portugal. "Como ele tem cidadania
italiana, consideramos que havia risco dele se refugiar no país", afirmou
Athayde Ribeiro Costa, procurador da República, do Ministério Público Federal
(MPF). André Gustavo foi preso no portão de embarque com destino a Portugal. A
PF afirma que ele tinha negócios no país, tendo atuado inclusive em campanhas
presidenciais.
Desde
que começaram as delações de executivos da Odebrecht, Bendine está no radar da
PF. O delator Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, contou que a
empresa vinha sendo achacada por Bendine, desde a época em que ele era
presidente do Banco do Brasil. O executivo estaria contrariado porque Marcelo
Odebrecht tratava apenas com Guido Mantega (ex-ministro da Fazenda) durante o
Governo Dilma Rousseff, pois queria ter acesso às benesses do caixa da
empreiteira.
Segundo
o empresário Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, para facilitar alongar uma
dívida da Odebrecht Agroindustrial com o banco, Bendine teria pedido 17 milhões
de reais em "pédágio". Mas a
empresa considerou que ele não tinha poder para decidir de forma ativa no
contrato de financiamento do Banco do Brasil e negou o pedido.
A
situação mudou quando Bendine foi alçado por Dilma à presidência da Petrobras,
após a renúncia de Graça Foster, no início de 2015, uma vez que o grupo tinha
relações profundas com a petroleira. De acordo com a PF, Bendine utilizava o
nome da ex-presidente Dilma para tentar se aproximar dos empreiteiros. No
entanto, não há indícios de que ela esteja envolvida com os crimes do
executivo.
Os
delatores afirmaram que Bendine e seus operadores financeiros pediram 3 milhões
de reais pra não prejudicar as relações entre a Petrobras e a Odebrecht. Os
valores seriam pagos em três parcelas. Marcelo Odebrecht assumiu em delação que
cedeu ao "achaque de Bendine" porque a coisa mudou de figura. "O
cara é nomeado por ela [Dilma Rousseff], recém-eleito presidente na Petrobras,
e a gente cheio de problemas na Petrobras, Lava Jato (...). A gente não vai
pagar 17 [milhões], mas vamos administrando", afirmou o empresário.
De
acordo com a PF, aparentemente, estes pagamentos somente foram interrompidos com
a prisão de Marcelo Odebrecht, quando a Lava Jato já estava em operação.
Bendine renunciou a presidência da estatal em maio de 2016, após uma sucessão
de escândalos que envolvia a Petrobras e em meio a um cenário em que a empresa
apresentava um dos maiores prejuízos da empresa na história. Fonte: El País -
São Paulo 27 JUL 2017
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