domingo, 19 de fevereiro de 2017

Quinze minutos de fama

Andy Warhol profetizou que no futuro todo mundo teria direito pelo menos 15 minutos de fama, com certeza não tinha idéia das dimensões da indústria que estava inaugurando. A profecia contagiou o planeta através de um vírus que se entrincheirou na corrente sanguínea da humanidade, especialmente na dos mais jovens, tornando-se resistente a qualquer investida de médicos, pais de santo, curandeiros e que tais.

A fama, até então uma entre muitos sonhos do ser humano, passou a ser uma obsessão endossada pelo grande ícone da cultura pop do século passado. Entre um indivíduo famoso e um anônimo estabeleceu-se uma relação singular de natureza distanciada e hierárquica. Os famosos passaram integrar uma elite de referência capaz de ditar valores sociais, e o culto da fama passou a refletir a outra face do grande prêmio: o castigo do anonimato e da marginação social. Foi como se o mundo tivesse se dividido em duas castas, os que atuam e os que observam, embora ambos façam parte do mesmo espetáculo orquestrado pelos meios de comunicação.

A fama hoje é uma construção da comunicação. Heróis e mitos, antigos símbolos da excelência, modulam as celebridades da atualidade convertidas em produtos de consumo através de rituais comunicativos. Os meios de comunicação tornaram-se indústrias de fabricação da fama, ingrediente fundamental na formação da opinião pública e de um potente mercado de canibalismo humano. A mídia promove a exposição de indivíduos capazes de atrair a atenção pública. A profissionalização da fama equivale a um projeto de vida que expressa uma ideologia e uma realidade concreta.

Uma vez estabelecida no mercado, à celebridade passa a dedicar-se à prática, sempre rentável, do “eutretenimento”, ou seja, a capacidade de explorar a própria vida como divertimento público. O efeito mais óbvio do “eutretenimento” são esses personagens que têm seus dramas e amores pessoais transformados pela mídia em telenovelas e em seguida transformam-se a si mesmos em lucrativos empresários de seus dramas e aventuras, em vez de voltar ao anonimato.

Os profissionais do mundo da fama provocam reconhecimento, entusiasmo, respeito. Tudo o que fazem tem valor como publicidade. São reconhecidos com facilidade e deixam suas impressões digitais na história coletiva. O famoso é uma espécie de marionete, entertainer teledirigido que atrai audiências e as mantém cativas num sistema que premia o individualismo e a competição.

A expressão fama agora se situa como um processo transversal decisivo dentro da opinião pública e como fronteira social baseada na relevância na arena midiática. A fama é um prêmio que se mede em visualização e isto, hoje em dia, significa dinheiro. O herói midiático –aquele que materializa a frase “o que não se vê é como se não existisse”– supera a dimensão de auto-afirmação e se introduz num espaço onde sua persona e suas habilidades são um produto econômico, sujeito a leis de mercado, que vende espaços midiáticos.

Dito isto, a ninguém deveria estranhar que as novas gerações tendam a equiparar seres humanos com produtos comerciais e a sociedade com um gigantesco supermercado, apesar das conseqüências desastrosas que já se podem notar. Por exemplo, o ser humano tratado como kleenex: usar e descartar. Exagero? Fantasia? Pode ser. Mas, com uma fantasia dessas, quem precisa da realidade?  Fonte: Marco Lacerda

Comentário:É a pura realidade. Se você ainda espera pelos seus quinze minutos de fama, não precisa mais esperar. Conheça as redes sociais, Youtube, internet, selfies, etc,  pode revolucionar sua vida.

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