Apenas meio ano após Jogos Olímpicos, estádio reformado ao
custo de mais de 1 bilhão de reais está abandonado e, em meio a impasse sobre
administração, foi invadido, roubado e depredado.
Seis meses após ser palco da luxuosa festa de abertura dos
Jogos Olímpicos, o Maracanã reflete a dramática situação de falência do estado
do Rio de Janeiro: o estádio está completamente abandonado. O gramado foi
destruído, há cadeiras quebradas, a luz foi cortada por falta de pagamento,
vários equipamentos foram roubados e até o busto do jornalista Mário Filho –
que dá o nome oficial ao estádio – desapareceu.
Durante o período em que Sérgio Cabral esteve à frente do
governo (entre 2007 e 2014), o Maracanã passou por diversas reformas – para os
Jogos Pan-americanos de 2007, para a Copa do Mundo de 2014 e, logo depois, para
os Jogos Olímpicos do ano passado. Os custos superaram 1 bilhão de reais. E
foram tantas mudanças que, do Maracanã original, não sobrou praticamente nada.
"O Maracanã sempre foi visto como o principal palco do
futebol brasileiro, a casa da seleção brasileira, que é um dos maiores produtos
de exportação do país", diz o jornalista Arthur Dapieve, autor de
Maracanazo e outras histórias. "A gente enchia a boca para dizer que era o
maior estádio do mundo. Mas essas reformas controversas o tornaram um estádio
igual aos outros. Até a marquise de concreto, que era tombada pelo Patrimônio
Histórico, foi retirada."
JOGO DE EMPURRA
Desde 2013, o estádio é administrado pela concessionária
Maracanã S.A., liderada pela Odebrecht. Mas entre março e novembro do ano
passado, por conta dos Jogos Olímpicos e Para-olímpicos, ficou sob o controle do
Comitê Rio-2016. A concessionária, no entanto, não aceitou o estádio de volta
em novembro, alegando que precisava de reparos.
Somente em janeiro, por conta de uma liminar, a
concessionária assumiu novamente o Maracanã. No tempo em que ficou sem dono e
sem segurança, o estádio foi invadido, roubado e depredado. E até hoje continua
sem luz por falta de pagamento.
Em nota, a concessionária informou que está negociando o
pagamento das contas em atraso. A concessionária informou ainda que aguarda a
habilitação de empresas interessadas pelo estado para dar continuidade ao processo
de venda do controle acionário. E espera anunciar até o fim deste mês o nome do
novo grupo que substituirá a Odebrecht à frente do consórcio.
Inaugurado em 1950, com capacidade para 200 mil torcedores,
o Maracanã hoje abriga, no máximo, 79 mil pessoas. Há muito tempo não é mais
"o maior estádio do mundo".
É uma coisa horrível isso que está acontecendo, o maior
patrimônio esportivo do país, o Maracanã, está abandonado. Fonte: Deutsche
Welle - Data 14.02.2017
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