domingo, 19 de novembro de 2023

Cinco milhões de brasileiros não sabem que têm diabetes

Se considerados apenas os casos diagnosticados, Brasil é o sexto no ranking mundial. Doença, que pode ser tratada com diagnóstico precoce, causa prejuízos de R$ 10,3 bilhões por ano ao país.

De acordo com dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), há 5 milhões de brasileiros vivendo com a doença crônica sem saber disso. Para especialistas, essa falta de diagnóstico é um grande problema, já que ter diabetes e não tratá-lo pode acarretar consequências graves de saúde. Desta forma, visando alertar a população, desde 1991, a IDF e a Organização Mundial da Saúde (OMS) celebram em 14 de novembro o Dia Mundial do Diabetes.

De acordo com um atlas produzido pela IDF, se levado em conta apenas o número de pessoas diagnosticadas com a doença, o Brasil ocupa hoje a sexta colocação no mundo: são 15,7 milhões de pessoas com diabetes, o que deixa o país atrás de China (140,9 milhões), Índia (74,2 milhões), Paquistão (33 milhões), Estados Unidos (32,2 milhões) e Indonésia (19,5 milhões) — todas nações mais populosas.


CUSTOS SOCIAIS

Os custos sociais e sanitários também são enormes. De acordo com estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicado no ano passado, o Brasil gasta 2,1 bilhões de dólares por ano (cerca de R$ 10,3 bilhões) por causa da doença, considerando gastos diretos (farmácia popular, hospitalizações e outros atendimentos) e indiretos (falta ao trabalho, aposentadoria precoce, morte precoce). O mesmo estudo estima que esse valor pode chegar a 5,47 bilhões de dólares em 2030 (cerca de R$ 26,8 bilhões).

"Diabetes é a doença crônica que mais mata, superando todos os cânceres juntos. É responsável por 50% das mortes por doenças cardiovasculares, que são consideradas as principais causas de mortalidade", afirma Fraige Filho, presidente da seção sul e centro-americana da IDF. "Ocupa 50% dos leitos em hospitais gerais, devido às complicações. Tem grande impacto econômico e social por conta das complicações. Todas elas poderiam ser evitadas com tratamento precoce e adequado."

DIAGNÓSTICO- DETECÇÃO DE GLICOSE NO SANGUE

E diagnosticar a doença é simples. A maneira mais acessível é por meio da detecção de glicose no sangue."Qualquer médico pode solicitar esse exame de rotina. Hoje até em farmácias já é possível verificar", diz o biólogo Alex Rafacho, coordenador do Laboratório de Investigação de Doenças Crônicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O problema é que muitos pacientes não apresentam qualquer sintoma.

No caso do diabetes tipo 1, as crianças costumam sofrer perda de peso acentuada, cansaço frequente, urinam muito e estão sempre com sede. Muitas suam em períodos de jejum. "Esses mesmos sintomas também podem ocorrer nos adultos que porventura tenham o tipo 2 há muito tempo e nunca souberam. Mas até esse momento, a pessoa pode conviver com o diabetes há anos e ir desenvolvendo algumas comorbidades", esclarece o biólogo.

As mais comuns são o aumento dos triglicerídeos, hipertensão, obesidade e gordura no fígado. Casos não tratadas, podem trazer consequências graves, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), glaucoma, perda de sensibilidade nas extremidades, disfunção renal, entre outros. "Por isso, o diabetes é um dos maiores fatores de risco para amputação de membros, cegueira e complicações renais que requeiram hemodiálise", alerta Rafacho. "Não se pode negligenciar a doença."

CADA VEZ MAIS CASOS NO BRASIL

Rafacho alerta que o cenário é de crescimento da doença no Brasil — de 8,8% da população em 2021 para 10,9% da população em 2045, conforme estimativas.

Esses números não fazem distinção entre os dois tipos de diabetes mellitus (1 e 2) — o termo vem do latim mel e se deve ao excesso de glicose no sangue. No primeiro caso, o paciente apresenta uma desordem que causa a destruição das células produtoras de insulina. No segundo, é uma deficiência na secreção da insulina.

"É importante frisar que há estudo apontando o Brasil como sendo o quarto país do mundo com a maior incidência de diabetes tipo 2 entre os jovens com menos de 20 anos e o terceiro com o maior número de indivíduos com o tipo 1 entre bebês, crianças e jovens com menos de 20 anos", alerta Rafacho.

De acordo com ele, as razões para este cenário são muitas, "mas inegavelmente a falta de educação relacionada à saúde e a desigualdade social" seriam o ponto de partida do problema. E o cuidado precisa ser maior entre aqueles que apresentam pré-diabetes, "ou seja, uma condição de forte risco para o desenvolvimento futuro" da doença.

ESTILO DE VIDA

"As principais razões atribuídas para este alto número de pessoas com diabetes, que vem aumentando cada vez mais ao longo dos anos, são principalmente aquelas ligadas à mudança imposta pelo estilo de vida, como o sedentarismo, sobrepeso e obesidade, além do envelhecimento da população", comenta a biomédica Gabriela Arrifano, professora na Universidade Federal do Pará (UFPA).

As causas são variadas. No caso do tipo 1, Rafacho explica que "há uma predisposição genética que deve ser considerada", e a doença acaba se desenvolvendo após exposição, na infância, a fatores que geram um gatilho, como antígenos presentes em certos alimentos.

"Neste caso, a melhor forma de prevenir é ter um acompanhamento regular com endocrinopediatra sempre que o bebê nascer em família em que pai ou a mãe tenham diabetes tipo 1", alerta.

Já o diabetes tipo 2 é causado por fatores como excesso de peso, idade, pressão arterial alta e por não praticar atividades físicas com regularidade. Ter parentes de primeiro grau com a doença aumenta o risco. "Tudo isso pode, em maior ou menor grau, ter como base uma cultura associada a ingestão de alimentos e bebidas com alto teor energético e baixo teor nutricional, um ambiente familiar e escolar que pouco discute temas relacionados à saúde, ambiente obesogênico, menor grau de instrução e de poder de escolha e até mesmo uma qualidade ou quantidade de sono insuficiente", analisa o biólogo.

Em outras palavras, o diabetes tipo 1 "não é evitável, mas é rastreável". "Já o de tipo 2 pode, sim, ser evitado, por meio de um estilo de vida saudável", argumenta Rafacho. Fonte: Deutsche Welle - 14/11/2023

terça-feira, 31 de outubro de 2023

31 de outubro: verdadeira história do Halloween e Saci-pererê

Os celtas, um povo que viveu bem antes do nascimento de Jesus Cristo na região onde hoje ficam Inglaterra, Escócia e Irlanda, comemoravam o Dia de Samhain (pronuncia-se "so-in") em 31 de outubro. Era o fim da "temporada do sol" e o começo do frio, quando chegava o inverno e a terra congelava.

Mas a data também marcava para eles a abertura de um portal entre o mundo dos mortos e o dos vivos. Nesse dia, acreditavam que as almas dos mortos saiam à procura dos vivos —o que gerava muito, muito medo dessa "visita" anual. Daí eles resolveram se vestir da forma mais estranha possível, para não parecerem humanos e despistarem os espíritos.

Quase dois mil anos depois, os celtas foram conquistados pelos romanos, que comemoravam o Dia de Pomona na mesma época do Samhain. Pomona era a deusa da agricultura, frutas e jardins. Assim, verduras e maçãs, simbolizando fartura de alimentos para as colheitas do ano seguinte, foram incluídas na antiga festa celta.

FERIADO DE TODOS OS SANTOS

Mais mil anos se passaram, e veio a influência da Igreja Católica, com o feriado de primeiro de novembro, chamado de All Hallows Day (Dia de Todos os Santos, em inglês).

No dia anterior, o 31 de outubro, ficou conhecido como Hallows Eve, ou "véspera de Todos os Santos", dando origem ao nome que conhecemos hoje, Halloween.

Permaneceu o costume celta de acender e danças na fogueiras, usando fantasias de esqueletos, diabinhos, fantasmas e monstros e enfeitando as casas com lanternas feitas de abóboras escavadas e iluminadas por dentro com a chama de uma vela.

Ficaram também as superstições: se uma moça descascar uma maçã sem romper a casca e atirá-la por cima do ombro, à meia-noite, ao cair no chão ela formará a primeira letra do nome de seu futuro marido.

Na Irlanda, as crianças iam de casa em casa pedindo alimentos para comemorar a noite de Halloween, o que deu origem ao hábito de pedir doces dizendo: "gostosuras ou travessuras!"

NO BRASIL, VIVA O SACI

Como você pode ver, o Halloween, ou Dia das Bruxas, como é conhecido no Brasil, combina várias tradições muito antigas dos povos da Europa, e, mais tarde, da América do Norte.

Vários grupos ligados ao folclore brasileiro, isto é, nossa cultura popular, protestaram contra a adoção dessa festividade "importada" e criaram o Dia do Saci, em 31 de outubro, para valorizar as lendas daqui. Fonte: UOL Educação-24/10/2023  

"QUANDO SURGIU A LENDA DO SACI 


O estudo das origens das lendas do folclore brasileiro é alvo do interesse de diversos folcloristas. No caso do saci, esses estudos apontam que sua lenda remonta ao final do século XVIII ou começo do século XIX. Isso porque não existem relatos sobre saci nos primeiros séculos do período colonial do Brasil como existem de outras lendas, como a do curupira, que é mencionada em um relato de 1560.

A lenda do saci surgiu, segundo os estudos, na região Sul do Brasil entre os índios guarani. Conta-se que, a princípio, era conhecida no idioma tupi-guarani como çaa cy perereg. A influência dessa lenda no Sul foi tão grande que ela não ficou reclusa ao Brasil e espalhou-se pelos países vizinhos. Na Argentina, Uruguai e Paraguai, o saci-pererê é conhecido como yacy-yateré, e existem algumas diferenças entre essas versões.

O yacy-yateré, diferentemente do saci, não é careca e possui cabelos loiros, usa um bastão de ouro como varinha mágica (que o torna invisível) e um chapéu de palha. É anão assim como o saci, mas faz travessuras diferentes: os paraguaios acreditam que yacy-yateré atrai crianças para fazer maldade com elas: roubar, ou deixá-las loucas ou surdas, dependendo da versão.

Os argentinos, por sua vez, falam que yacy atrai moças solteiras para então engravidá-las e, diferentemente do saci brasileiro, aquele tem as duas pernas. As diferenças entre as lendas são resultados das diferenças das culturas que as influenciaram.

A lenda do saci, como citado, surgiu no Sul do Brasil, mas acabou espalhando-se por todo o território brasileiro e incorporando elementos de outras lendas regionais que apresentam seres com características parecidas, como a caipora, na região central do país, e o matintapereira, na região Norte.

Os folcloristas brasileiros também apontam diversas lendas de origem europeia que podem ter influenciado as características do saci. Um dos exemplos mais citados é o trasgo, um ser de pequena estatura que faz maldades e faz parte do folclore de Portugal. O hábito de fumar que o saci possui é atribuído à influência das culturas indígena e africana, nas quais esse ato era comum. Outro elemento da cultura africana é o fato do saci ter perdido uma das pernas após uma luta de capoeira.

Na origem da lenda do saci, ele era um protetor da floresta e, por isso, muitos consideram-no como um personagem derivado da lenda do curupira. Na medida em que sua história espalhou-se, ela foi incorporando outros elementos que fazem parte do folclore de cada região e que podem ser oriundos de outras culturas.

SACI-PERERÊ E MONTEIRO LOBATO

O trabalho de Monteiro Lobato como escritor foi responsável por popularizar a lenda do saci no Brasil.

Até o começo do século XX, a lenda do saci era muito conhecida nos rincões do país, mas, por meio de Monteiro Lobato, ela ganhou nova importância e dimensão. Esse é um famoso escritor do começo do século XX que ficou famoso por ter criado uma das histórias infantis mais conhecidas do Brasil: Sítio do pica-pau-amarelo.

A associação de Monteiro Lobato com a lenda do saci iniciou-se em 1917, quando o escritor realizou um inquérito no jornal O Estado de São Paulo, com o objetivo de colher respostas dos leitores a respeito do que eles sabiam ou tinham ouvido falar sobre ela. O retorno foi considerável, e Monteiro Lobato recebeu dezenas de respostas dos leitores do jornal.

Com base nessas respostas, o escritor e folclorista sistematizou a lenda do saci para dar origem ao livro Sacy-pererê: resultado de um inquérito, publicado em 1918. Esse livro foi o primeiro no Brasil sobre a lenda do saci e foi o responsável por espalhá-la por regiões que não a conheciam. Em 1921, Monteiro Lobato adaptou a lenda para o público infantil ao publicar O saci, livro que faz parte da coleção do Sítio do pica-pau-amarelo." Fonte: Daniel Neves Silva, formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG)

Coronavírus: Situação do Estado de São Paulo até 30 outubro de 2023

 

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Número de bares e restaurantes com prejuízo em agosto aumenta 5%

Em todo o país, o número de bares e restaurantes que encerraram o mês de agosto no prejuízo cresceu 5%, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) divulgada na quinta-feira (12) para a Agência Brasil. Os dados mostram, ainda, que 24% das empresas ficaram no vermelho no mesmo mês, enquanto 34% tiveram equilíbrio financeiro e 41% dos estabelecimentos pesquisados acusaram lucro.

A principal razão apontada para o saldo negativo no caixa dos bares e restaurantes foi a queda das vendas no mês, sinalizada por 82% dos entrevistados. A redução do número de clientes (67%), dívidas (43%) e custo dos insumos (36%) foram as outras causas apontadas por empresários que tiveram prejuízo. Foram entrevistados 1.979 donos de bares e restaurantes em todo o Brasil entre os dias 28 de setembro e 6 e outubro.  

O levantamento indica, ainda, que as empresas mais novas são as que mais operam no prejuízo. Das que têm entre um e três anos, 33% tiveram prejuízo. Das com mais de 10 anos, o percentual cai para 18%. Outro fator que interfere é o tamanho da empresa.

Dos bares e restaurantes com faturamento de até R$ 1 milhão, 33% encerraram agosto no prejuízo, enquanto apenas 8% dos que têm faturamento acima de R$ 4,8 milhões fecharam agosto no vermelho. 

No vermelho

O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, destacou que, mesmo que a inflação esteja mais controlada, os meses no prejuízo dificultam recompor as perdas que o setor teve com a pandemia.

"Apesar do Dia dos Pais, as empresas do setor tiveram um agosto mais duro, apontando uma ligeira queda no movimento. Quem sofre mais são as empresas mais novas, que ainda estão investindo e aprendendo a controlar os custos, e os empreendimentos menores, que têm mais dificuldade com o fluxo de caixa", finalizou. Fonte: Agência Brasil – Brasília - Publicado em 12/10/2023 

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Por que o Dia das Crianças é comemorado em 12 de outubro no Brasil?

No dia 12 de outubro de 1923, o Rio de Janeiro, então capital federal, sediou um evento que reuniu estudiosos de infância e políticos de vários países. Era o Congresso Sul-Americano da Criança, cuja pauta discutia questões educacionais, alimentares e de desenvolvimento.

Um político notou a comoção provocada pelo tema na época. No ano seguinte, o recém-eleito deputado federal Galdino do Valle Filho (1879-1961) propôs uma lei instituindo, no 12 de outubro, o Dia das Crianças no Brasil.

Em 5 de novembro de 1924, o então presidente da República Arthur Bernardes (1875-1955) sancionou o Decreto 4.867. "Artigo único. Fica instituído o dia 12 de outubro para ter lugar, em todo o território nacional, a festa da criança, revogadas as disposições em contrário", diz o texto.

E, assim, foi criado o Dia das Crianças. Mas a data custou a pegar. Não havia feriado e o comércio não atentava para ela.

Em 1940, o presidente Getúlio Vargas (1882-1954), criou um novo decreto. Por pouco, o Dia das Crianças não "mudava" de data.

Na lei de Vargas, que "fixava as bases da organização da proteção à maternidade, à infância e à adolescência em todo o País", o artigo 17 do capítulo 6 dizia: "será comemorado em todo o País, a 25 de março de cada ano, o Dia da Criança".

"Constituirá objetivo principal dessa comemoração avivar na opinião pública a consciência da necessidade de ser dada a mais vigilante e extensa proteção à maternidade, à infância e à adolescência", dizia o texto. Mas o 25 de março não saiu do papel.

Nos anos 1950, uma intensa campanha de marketing criou, de fato, o Dia das Crianças no Brasil.

BEBÊ ROBUSTO

Foi uma promoção conjunta entre duas gigantes da indústria: a fábrica de brinquedos Estrela e a Johnson & Johnson. Em 1955, elas lançaram a Semana do Bebê Robusto. Era uma ação para aumentar as vendas dos produtos, é claro. Mas envolvia a população, pois os clientes eram convidados a enviar fotos de seus filhos - de 6 meses a 2 anos. E os pais do "bebê Johnson do ano" embolsavam um prêmio, enquanto o rebento tinha o rosto e a fofurice estampados em revistas e jornais.

Com a adesão de outras empresas, em pouco tempo a Semana do Bebê Robusto se tornou Semana da Criança. Foi quando os fabricantes decidiram concentrar os esforços em uma única data. Recuperaram o decreto de 1924 e, desde então, todo brasileiro sabe: dia 12 de outubro é dia de presentear a criançada.

OUTROS PAÍSES

Ao redor do mundo, outros países também celebram o Dia das Crianças, mas em outras datas. Em 1925, houve uma Conferência Mundial para o Bem-Estar da Criança em Genebra, na Suíça. Ali ficou instituído o dia 1º de junho como o Dia Internacional da Criança - e esta data entrou para o calendário de diversas nações, como Portugal, China, Eslovênia, Polônia e Angola.

Já a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) reconhece outra data. Dia 20 de novembro é considerado o Dia Mundial da Criança porque foi neste dia, em 1959, que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos da Criança. Finlândia, França, Trinidad e Tobago, Reino Unido e Canadá estão entre os países que levam em conta esta data.

Data é comemorada em diferentes períodos ao redor do mundo

Mas há muitos exemplos diferentes. A Austrália instituiu como Dia da Criança a última quarta-feira de outubro. Na Argentina, é o segundo domingo de agosto. Na África do Sul, o primeiro sábado de novembro. Países da África Central - Congo, Chade, Camarões e outros - comemoram a data junto ao Natal, 25 de dezembro. O Japão tem uma data para meninas (3 de março) e outra para meninos (5 de maio). Na Hungria, é o último domingo de maio.

NOSSA SENHORA APARECIDA

Mas não se engane. O feriado brasileiro de 12 de outubro não tem nada a ver com o Dia das Crianças. A data foi criada em 1980 por causa de outra comemoração de 12 de outubro: Nossa Senhora Aparecida.

A santa já era oficialmente padroeira do Brasil desde 1930, após decreto papal. Em 30 de junho de 1980, João Paulo II (1920-2005) se tornava o primeiro papa a pisar em solo brasileiro. O presidente João Figueiredo (1918-1999), último da ditadura militar do Brasil, aproveitou a data para declarar feriado nacional o dia da Padroeira, 12 de outubro.

A partir daquele ano, portanto, ficou "declarado feriado nacional o dia 12 de outubro, para culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil", conforme o texto da lei. Fonte: BBC News Brasil-11 outubro 2018 

domingo, 1 de outubro de 2023

Dia Internacional do Café

Neste domingo (1º), é celebrado o Dia Internacional do Café. A data foi instituída pela Organização Internacional do Café (OIC) para homenagear a cadeia produtiva do grão em todo mundo.

Líder na produção mundial de café, com registro de 53,3 milhões de sacas de 60 quilos (kg) do grão na safra de 2022, o Brasil tem no estado de Minas Gerais seu maior produtor, respondendo por mais da metade (52%) da produção nacional, com 28,3 milhões de sacas no ano passado.

Antigamente, o café era cultivado principalmente na Etiópia e no Sudão, mas atualmente uma das bebidas favoritas do mundo é cultivada em cerca de 70 países, embora nem todos os países exportem os grãos de café que produzem. Cerca de 50 países exportam seu café globalmente.

 Os 10 principais países produtores de café - 2021

Classificação

País                 

Produção de café - toneladas  métricas

1

Brasil

2.681

2

Vietnã

1.542

3

Colômbia

754

4

Indonésia

669

5

Honduras

475

6

Etiópia

471

7

Peru

346

8

Índia

312

9

Guatemala

254

10

Uganda

209

A palavra 'Coffee' apareceu pela primeira vez como palavra na língua inglesa em 1598, tudo depois de alguns ajustes na palavra holandesa 'koffie', que por sua vez veio do turco otomano 'kahve', uma palavra que vem do árabe 'qahwa', um termo que se refere ao processo de fermentação, uma versão abreviada de 'qahhwat al-bun', que significa 'vinho do grão', referindo‑se ao processo de fermentação acidental usado pelos monges locais no século VI em Kaffa ,  Etiópia , onde os grãos de café foram descobertos pela primeira vez.  Fonte: Agência Brasil, Farre´s Tea & Coffee Merchants

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

CHINA PROPÕE LIMITES AO USO DE SMARTPHONES ENTRE JOVENS

Menores de 18 anos poderão usar celulares por no máximo duas horas por dia. Diretrizes visam aumentar controle governamental sobre uso da internet e conteúdos online e geram novo revés para empresas tech chinesas.

A China está mais perto de implementar uma nova diretriz que visa regular o tempo em que crianças e adolescente passam na internet, com o propósito de "combater o vício". Alguns críticos, no entanto, se queixam dos limites impostos ao acesso a informações para um geração bastante sagaz em termos de tecnologia.

A regulamentação, cujo processo legal se inicia no sábado (02/09) depois de o texto passar um período aberto à opinião pública, estipula que os smartphones e aplicativos já devem vir com um "modo para menores" instalado em fábrica, no intuito de restringir o uso dos aparelhos a no máximo duas horas.

O limite de tempo diminui de acordo com a idade do usuário, sendo que para as crianças com menos de 8 anos, o tempo máximo é de 40 minutos por dia. Além disso, os menores de 18 anos não poderão utilizar seus aparelhos entre as 22h00 e as 06H00.

Os pais poderão decidir se devem ou não adotar as restrições ou ampliar os limites das mesmas.

As regras, elaboradas pela Administração de Ciberespaço da China, também estabelecem a chamada "segurança de conteúdo" para assegurar que as informações online observem "valores socialistas" que possam ajudar as crianças a cultivarem a "boa moral".

A agência reguladora chinesa alega que as diretrizes visam proteger os menores de acessarem informações identificadas como ilegais ou prejudiciais à sua saúde física e mental.

ELOGIOS E CRÍTICAS

Muitos pais viram com bons olhos a nova regulamentação do governo chinês. "Acho muito boa a proposta", avalia Kong Lingman, de Xangai. "Os menores, quando passam muito tempo ao telefone, podem prejudicar a qualidade do tempo que as famílias têm para aproveitar juntas."

Defensores das novas regras recorreram à rede social chinesa Weibo, deixando inúmeros comentários positivos nas postagens do governo que anunciavam as medidas.

Mas, as regulamentações também atraíram críticas. "O resultado de querer controlar tudo é que, no final, nada acaba sendo corretamente controlado", afirmou um usuário da Weibo.

A proposta vem em seguida a uma série de medidas implementadas pelo governo chinês para reforçar o controle governamental sobre o espaço cibernético, desde 2019. Naquele ano, o governo limitou o tempo dos menores de 18 anos para jogarem vídeo games, em uma regra chamada de "modo para jovens".

DISTRAÇÃO DA PROPAGANDA DO GOVERNO

A instrução inicial era que os jovens pudessem ter 90 minutos por dia para jogos online durante a semana. Mas, em 2021, as regras foram endurecidas para no máximo uma hora por dia para jogar, nas sextas-feiras, fins de semana e feriados.

Aplicativos de vídeo e de transmissões ao vivo também foram orientados a seguirem o "sistema antivício", que exige que todos os usuários se registrem com seus nomes verdadeiros, apresentando documentos de identificação emitidos pelo governo.

"Essa sequência de políticas segue, de fato, um padrão específico", diz Tai Yu-Hui, professora de comunicação e tecnologia da Universidade Nacional Yang-Ming Chiao-Tung, em Taiwan. Segundo afirmou, a China tem como objetivo impor seu conceito de segurança nacional, com foco em três áreas: internet, entretenimento e jovens.

Um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Centro de Informações sobre Internet da China revelou que a taxa de penetração na internet passou de 76% em junho de 2023.

Com uma base de usuários de internet em expansão, vídeos em redes sociais e jogos online podem ser percebidos como formas capitalistas de entretenimento, ou como uma distração da propaganda do governo.

Segundo Tai, desde que o presidente chinês, Xi Jinping, assumiu o cargo, há uma década, "criou-se uma tendência de integração da ideologia política no conteúdo diário de entretenimento".

Em março, um artigo técnico divulgado pelo Conselho do Escritório de Informações de Estado delineou um objetivo claro de assegurar que a internet "se desenvolva dentro dos limites da lei".

MAIS UM DURO GOLPE PARA AS TECH

Uma vez que os pais têm a palavra final sobre a adoção das novas regras, os pesquisadores avaliam que ainda não está claro qual será o impacto das novas restrições sobre as crianças.

Entretanto, quem já sentiu os efeitos foram as empresas chinesas de tecnologia. No mesmo dia em que as diretrizes foram anunciadas, suas ações despencaram na bolsa de Hong Kong.

Essas empresas incluem a Weibo, o serviço de streaming de vídeos Bilibili, a plataforma de vídeos curtos Kuaishou e a Tencent, que opera o popular aplicativo de mensagens WeChat.

Há cerca de dois anos, quando as autoridades chinesas reforçaram as regras do "modo para jovens", diversos aplicativos implementaram medidas para aderir às diretrizes.

A Douyn, o equivalente chinês do TikTok, implementou um "modo para adolescentes", que restringiu crianças com menos de 14 anos a 40 minutos por dia de uso.

AUTOCENSURA?

As novas restrições devem levar as empresas de tecnologia a realizarem novas revisões de suas configurações para usuários, de modo a evitar possíveis violações.

Segundo Tai, este é mais um revés para a indústria, em um momento em que um longo período de rigidez regulatória sobre o setor parecia estar chegando ao fim.

A especialista avalia que, uma vez que as diretrizes se referem a informações ilegais ou mentalmente prejudiciais sem definições mais específicas, as empresas de tecnologia poderão "recorrer à autocensura para evitar cruzar qualquer linha vermelha". Fonte: Deutsche Welle – 03.09.2023