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sexta-feira, 1 de março de 2024

Os perigos, vícios e diversões da vida noturna na Roma antiga

 Quando o sol baixava, Roma se tornava algo bem diferente das imagens de filmes e séries

Muitos de nós conseguem imaginar os brilhantes espaços cobertos de mármore da Roma antiga em um dia ensolarado, porque esta é a imagem exibida por filmes e séries, além dos livros de história.

Mas o que acontecia ao anoitecer?

Mais especificamente, o que acontecia com a grande maioria da população da cidade imperial que vivia em casas abarrotadas e não nas amplas mansões dos mais ricos?

Lembre-se de que, no século 1 a.C., na época de Júlio César, a Roma antiga era uma cidade de 1 milhão de habitantes: ricos e pobres, escravos e ex-escravos, nativos e estrangeiros.

Foi a primeira métropole multicultural do mundo, com bairros marginais, residências de múltiplas ocupações e zonas de aterros sanitários - e tendemos a nos esquecer disso tudo quando nos concentramos em suas magníficas colunas e praças.

Então, como era a cidade de Roma, a verdadeira Roma, depois que se apagavam as luzes?

CAMINHAR PELAS RUAS PODIA SER FATAL

O melhor ponto de partida é a sátira do poeta Juvenal, que evocou uma imagem desagradável da vida cotidiana em Roma ao redor de 100 d.C..

O poeta Juvenal escreveu uma sátira sobre as noites da Roma antiga.Juvenal alertou sobre os riscos de caminhar pelas ruas ao anoitecer sob janelas abertas. No melhor dos casos, podiam chover os excrementos armazenados durante o dia. No pior, uma pessoa podia ser acertada na cabeça pelos objetos lançados dos andares superiores.

"Penses nos diferentes e diversos perigos da noite. (...)

Se tu fores a um jantar sem um testamento, merecerás a pena de ser chamado de incauto e indiscreto, porque estarás sujeito a muitos perigos.

Há morte sob cada janela aberta em seu caminho.

Farás bem, portanto, se ao céu pedires que a maior desgraça que tentem te causar, seja que se contentem em banhar-te, jogando sobre ti o vaso pestilento."

Juvenal também fala do risco de topar com pessoas ricas que passeavam com seus mantos escarlates e comitivas de seguidores parasitas e empurravam para o lado quem estivesse em seu caminho.

MAS ESTA VISÃO DO POETA DE ROMA À NOITE É PRECISA?

Foi realmente um lugar onde coisas caíam sobre as cabeças dos transeuntes, onde os ricos e poderosos te derrubavam no chão e passavam por cima e no qual, como Juvenal observa em outras passagens, uma pessoa corria o risco de ser assaltada e roubada por gangues de bandidos? Provavelmente, sim.

NÃO HAVIA FORÇA POLICIAL

Fora do esplêndido centro cívico, Roma era um labirinto de ruelas estreitas e corredores. Não havia iluminação pública, nem locais adequados onde jogar fora excrementos ou, ainda, vigilância de uma força policial. Ao anoitecer, deve ter sido um lugar ameaçador.

A única proteção pública possível de esperar era a força paramilitar dos vigias urbanos. O que exatamente faziam e quão efetivos eram são pontos abertos para debate.

Os vigias deveriam proteger Roma de incêndios, mas, quando a cidade ardeu em 64 d.C., eles aproveitaram para saquer

Estavam divididos em batalhões, e sua principal tarefa era vigiar o surgimento de incêndios, algo frequente nos blocos de casas mal construídas, com braseiros ardendo nos andares de cima.

Mas havia poucas ferramentas para lidar com eles, além de uma pequena quantidade de vinagre, algumas mantas para sufocar as chamas e hastes pesadas para derrubar as construções vizinhas e evitar que o incêndio se propagasse.

Às vezes, eles se tornavam heróis. De fato, há um memorial para um vigia em Ostia, perto de Roma, que tentou resgatar pessoas presas pelo fogo e morreu no processo - seu enterro foi pago pelo poder público.

Mas nem sempre eram tão altruístas. No grande incêndio de Roma do ano 64 d.C., a história conta que os vigias participaram dos saques à cidade e se aproveitaram de seu conhecimento sobre ela para encontrar grandes riquezas.

PROTEÇÃO POR CONTA PRÓPRIA

De qualquer forma, os vigias não eram uma força policial e tinham pouca autoridade quando ocorriam pequenos delitos noturnos.

 OS ROMANOS NÃO TINHAM PROTEÇÃO APÓS A CHEGADA DA NOITE

Quem fosse vítima de um, tinha de se defender sozinho, como mostra um caso particularmente difícil discutido em um antigo manual sobre direito romano.

O caso se refere a um comerciante que mantinha seu negócio aberto à noite e deixou uma luminária no balcão que dava para a rua. Quando o objeto foi roubado, o dono da loja perseguiu o ladrão, e eles começaram a brigar.

O criminoso tinha uma arma - um pedaço de corda com um metal na ponta - e a usou contra o comerciante, que reagiu com um golpe tão forte que arrancou o olho do ladrão.

O dilema dos advogados romanos era se o comerciante era responsável pelo ferimento. Em um debate que ecoa alguns dos nossos próprios dilemas de até onde o dono de um negócio ou imóvel pode ir para se defender de um criminoso, os advogados disseram que o ladrão estava armado e havia dado o primeiro golpe, portanto, devia assumir a responsabilidade de ter pedido um olho.

O incidente é um bom exemplo do que poderia ocorrer nas ruas de Roma depois do anoitecer: pequenas brigas podiam ganhar grandes proporções e uma vasilha jogada de uma janela poderia ser fatal.

BARES E JOGOS DE AZAR

Mas a noite romana não era apenas perigosa: era também divertida. Havia clubes, tabernas e bares abertos até altas horas.

Ainda que uma pessoa compartilhasse uma casa pequena com muita gente, se fosse um homem, poderia escapar do aperto por algumas horas para beber, fazer apostas ou se divertir com as garçonetes.

A elite romana desprezava estes locais. Ainda que o jogo fosse uma das atividades favoritas da sociedade romana - dizia-se que o imperador Claudio havia escrito um manual sobre o tema -, isso não impediam que as classes mais altas denunciassem os maus hábitos dos pobres e seu vício em jogos de azar.

Felizmente, temos algumas imagens da diversão em bares romanos do ponto de vista dos cidadãos comuns e não de seus críticos. Elas não estão em Roma, mas nas paredes dos bares de Pompeia, e mostram cenas típicas: grupos de homens sentados ao redor de mesas, pedindo outra rodada de bebidas, a interação entre clientes e garçonetes e uma grande quantidade de jogos. Há até indícios de violência.

E OS RICOS?

Onde estavam os mais ricos durante essa agitada vida noturna nas ruas? A maioria estava comodamente dormindo em suas camas, em casas luxuosas, com o auxílio de escravos e a proteção de cães de guarda.

Por trás das suas portas, reinava a paz - a menos, é claro, que houvesse um ataque -, e só ouviam os sons da vida dura nas ruas. Mas havia romanos na elite para quem a vida nas ruas era muito mais emocionante, e era ali que eles queriam estar.

O imperador Nero costumava vagar pelas ruas de Roma disfarçado para se divertir e provocar confusão

Nas ruas de Roma, podia-se encontrar o imperador Nero em suas noites livres. Ao anoitecer, segundo conta seu biógrafo Suetônio, ele se disfarçava, visitava os bares da cidade e vagava pelas ruas, provocando confusão com seus companheiros.

Quando cruzava com homens a caminho de casa, os golpeava. Quando tinha vontade, invadia lojas fechadas e vendia no palácio o que roubava. Também se metia em brigas e, aparentemente, corria com frequência o risco de ser ferido ou morto.

E, ainda que muitos dos ricos evitassem sair de casa depois do anoitecer, outros faziam isso acompanhados por escravos que atuavam como seguranças privados ou um grande séquito de ajudantes, em busca de diversão.

Pelos relatos de Suetônio, talvez um dos maiores perigos de se andar à noite em Roma fosse encontrar o imperador. Fonte: BBC History - 26 março 2019


sábado, 20 de janeiro de 2024

10 DICAS DE ANTIGOLPE

1. Cuidado com as suas senhas

Não compartilhe sua senha com amigos e parentes ou encaminhe senhas por aplicativos de mensagens, e-mails ou SMS. Nunca utilize dados pessoais como senha (ex. data de aniversário, placa de carro etc.), nem números repetidos ou sequenciais (ex. 111111 ou 123456), nem anote senhas em papel, no celular ou no computador. 

2. Cuidados com seu cartão

Nunca entregue seu cartão a ninguém. Os bancos não pedem os cartões de volta, mesmo se houver a possibilidade de fraude ou defeito. Eles também não mandam um portador buscar seu cartão.

3. Confira seu cartão após uma compra

Ao terminar de realizar uma compra na maquininha, verifique o nome no cartão para ter certeza de que realmente é o seu. Sempre confira o valor na maquininha antes de digitar a sua senha. E proteja o código de segurança.

4. Ative duplo fator de autenticação

Sempre ative a função de segurança “duplo fator de autenticação” em suas contas na internet que oferecem essa opção: e-mail, redes sociais, aplicativos, sistemas operacionais etc.

5. Atenção com ligações

Se receber contato em nome do banco solicitando para ligar para sua Central de Atendimento, ligue a partir de outro aparelho, assim evita que o golpista “prenda” a sua linha telefônica e nunca informe suas senhas.

6. Nunca clique em links desconhecidos

Sempre confira a origem das mensagens ao receber promoções e e-mails que se dizem do banco. Nunca clique em links de promoções muito vantajosas ou que peçam sincronização, atualização, manutenção de token, app ou cadastro. O banco nunca envia e-mails informando que sua conta foi invadida e pede para enviar os seus dados.

7. Cuidado em compras online

Dê preferência a sites conhecidos e confira sempre se o endereço do site é o verdadeiro. Para garantir, não clique em links, digite o endereço no navegador. Sempre use o cartão virtual para realizar compras na internet.

8. Cuidado nas operações bancárias

Sempre confira o nome do recebedor ao pagar um boleto, realizar transferências ou Pix.

9. Não fotografe ou filme a tela do caixa eletrônico ao usá-lo

Nunca envie fotos, vídeos ou capturas de tela pelo celular. Se precisar de auxílio no caixa eletrônico, peça ajuda a um funcionário do banco devidamente identificado.

10. Cuidado com o que compartilha nas redes sociais

Um simples post pode dar muitas informações sobre você para golpistas. O que você compartilha pode ajudar bandidos a conhecer seu perfil e comportamento.  Fonte: Febraban

terça-feira, 31 de outubro de 2023

31 de outubro: verdadeira história do Halloween e Saci-pererê

Os celtas, um povo que viveu bem antes do nascimento de Jesus Cristo na região onde hoje ficam Inglaterra, Escócia e Irlanda, comemoravam o Dia de Samhain (pronuncia-se "so-in") em 31 de outubro. Era o fim da "temporada do sol" e o começo do frio, quando chegava o inverno e a terra congelava.

Mas a data também marcava para eles a abertura de um portal entre o mundo dos mortos e o dos vivos. Nesse dia, acreditavam que as almas dos mortos saiam à procura dos vivos —o que gerava muito, muito medo dessa "visita" anual. Daí eles resolveram se vestir da forma mais estranha possível, para não parecerem humanos e despistarem os espíritos.

Quase dois mil anos depois, os celtas foram conquistados pelos romanos, que comemoravam o Dia de Pomona na mesma época do Samhain. Pomona era a deusa da agricultura, frutas e jardins. Assim, verduras e maçãs, simbolizando fartura de alimentos para as colheitas do ano seguinte, foram incluídas na antiga festa celta.

FERIADO DE TODOS OS SANTOS

Mais mil anos se passaram, e veio a influência da Igreja Católica, com o feriado de primeiro de novembro, chamado de All Hallows Day (Dia de Todos os Santos, em inglês).

No dia anterior, o 31 de outubro, ficou conhecido como Hallows Eve, ou "véspera de Todos os Santos", dando origem ao nome que conhecemos hoje, Halloween.

Permaneceu o costume celta de acender e danças na fogueiras, usando fantasias de esqueletos, diabinhos, fantasmas e monstros e enfeitando as casas com lanternas feitas de abóboras escavadas e iluminadas por dentro com a chama de uma vela.

Ficaram também as superstições: se uma moça descascar uma maçã sem romper a casca e atirá-la por cima do ombro, à meia-noite, ao cair no chão ela formará a primeira letra do nome de seu futuro marido.

Na Irlanda, as crianças iam de casa em casa pedindo alimentos para comemorar a noite de Halloween, o que deu origem ao hábito de pedir doces dizendo: "gostosuras ou travessuras!"

NO BRASIL, VIVA O SACI

Como você pode ver, o Halloween, ou Dia das Bruxas, como é conhecido no Brasil, combina várias tradições muito antigas dos povos da Europa, e, mais tarde, da América do Norte.

Vários grupos ligados ao folclore brasileiro, isto é, nossa cultura popular, protestaram contra a adoção dessa festividade "importada" e criaram o Dia do Saci, em 31 de outubro, para valorizar as lendas daqui. Fonte: UOL Educação-24/10/2023  

"QUANDO SURGIU A LENDA DO SACI 


O estudo das origens das lendas do folclore brasileiro é alvo do interesse de diversos folcloristas. No caso do saci, esses estudos apontam que sua lenda remonta ao final do século XVIII ou começo do século XIX. Isso porque não existem relatos sobre saci nos primeiros séculos do período colonial do Brasil como existem de outras lendas, como a do curupira, que é mencionada em um relato de 1560.

A lenda do saci surgiu, segundo os estudos, na região Sul do Brasil entre os índios guarani. Conta-se que, a princípio, era conhecida no idioma tupi-guarani como çaa cy perereg. A influência dessa lenda no Sul foi tão grande que ela não ficou reclusa ao Brasil e espalhou-se pelos países vizinhos. Na Argentina, Uruguai e Paraguai, o saci-pererê é conhecido como yacy-yateré, e existem algumas diferenças entre essas versões.

O yacy-yateré, diferentemente do saci, não é careca e possui cabelos loiros, usa um bastão de ouro como varinha mágica (que o torna invisível) e um chapéu de palha. É anão assim como o saci, mas faz travessuras diferentes: os paraguaios acreditam que yacy-yateré atrai crianças para fazer maldade com elas: roubar, ou deixá-las loucas ou surdas, dependendo da versão.

Os argentinos, por sua vez, falam que yacy atrai moças solteiras para então engravidá-las e, diferentemente do saci brasileiro, aquele tem as duas pernas. As diferenças entre as lendas são resultados das diferenças das culturas que as influenciaram.

A lenda do saci, como citado, surgiu no Sul do Brasil, mas acabou espalhando-se por todo o território brasileiro e incorporando elementos de outras lendas regionais que apresentam seres com características parecidas, como a caipora, na região central do país, e o matintapereira, na região Norte.

Os folcloristas brasileiros também apontam diversas lendas de origem europeia que podem ter influenciado as características do saci. Um dos exemplos mais citados é o trasgo, um ser de pequena estatura que faz maldades e faz parte do folclore de Portugal. O hábito de fumar que o saci possui é atribuído à influência das culturas indígena e africana, nas quais esse ato era comum. Outro elemento da cultura africana é o fato do saci ter perdido uma das pernas após uma luta de capoeira.

Na origem da lenda do saci, ele era um protetor da floresta e, por isso, muitos consideram-no como um personagem derivado da lenda do curupira. Na medida em que sua história espalhou-se, ela foi incorporando outros elementos que fazem parte do folclore de cada região e que podem ser oriundos de outras culturas.

SACI-PERERÊ E MONTEIRO LOBATO

O trabalho de Monteiro Lobato como escritor foi responsável por popularizar a lenda do saci no Brasil.

Até o começo do século XX, a lenda do saci era muito conhecida nos rincões do país, mas, por meio de Monteiro Lobato, ela ganhou nova importância e dimensão. Esse é um famoso escritor do começo do século XX que ficou famoso por ter criado uma das histórias infantis mais conhecidas do Brasil: Sítio do pica-pau-amarelo.

A associação de Monteiro Lobato com a lenda do saci iniciou-se em 1917, quando o escritor realizou um inquérito no jornal O Estado de São Paulo, com o objetivo de colher respostas dos leitores a respeito do que eles sabiam ou tinham ouvido falar sobre ela. O retorno foi considerável, e Monteiro Lobato recebeu dezenas de respostas dos leitores do jornal.

Com base nessas respostas, o escritor e folclorista sistematizou a lenda do saci para dar origem ao livro Sacy-pererê: resultado de um inquérito, publicado em 1918. Esse livro foi o primeiro no Brasil sobre a lenda do saci e foi o responsável por espalhá-la por regiões que não a conheciam. Em 1921, Monteiro Lobato adaptou a lenda para o público infantil ao publicar O saci, livro que faz parte da coleção do Sítio do pica-pau-amarelo." Fonte: Daniel Neves Silva, formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG)

sábado, 28 de outubro de 2023

Brasil exclui do consumo idosos 60+, que já superam jovens de 20 anos

Preconceito com a idade torna mais velhos invisíveis para empresas, seja como consumidores, seja como profissionais. Fonte: Folha de São Paulo - 14.out.2023



sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Número de bares e restaurantes com prejuízo em agosto aumenta 5%

Em todo o país, o número de bares e restaurantes que encerraram o mês de agosto no prejuízo cresceu 5%, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) divulgada na quinta-feira (12) para a Agência Brasil. Os dados mostram, ainda, que 24% das empresas ficaram no vermelho no mesmo mês, enquanto 34% tiveram equilíbrio financeiro e 41% dos estabelecimentos pesquisados acusaram lucro.

A principal razão apontada para o saldo negativo no caixa dos bares e restaurantes foi a queda das vendas no mês, sinalizada por 82% dos entrevistados. A redução do número de clientes (67%), dívidas (43%) e custo dos insumos (36%) foram as outras causas apontadas por empresários que tiveram prejuízo. Foram entrevistados 1.979 donos de bares e restaurantes em todo o Brasil entre os dias 28 de setembro e 6 e outubro.  

O levantamento indica, ainda, que as empresas mais novas são as que mais operam no prejuízo. Das que têm entre um e três anos, 33% tiveram prejuízo. Das com mais de 10 anos, o percentual cai para 18%. Outro fator que interfere é o tamanho da empresa.

Dos bares e restaurantes com faturamento de até R$ 1 milhão, 33% encerraram agosto no prejuízo, enquanto apenas 8% dos que têm faturamento acima de R$ 4,8 milhões fecharam agosto no vermelho. 

No vermelho

O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, destacou que, mesmo que a inflação esteja mais controlada, os meses no prejuízo dificultam recompor as perdas que o setor teve com a pandemia.

"Apesar do Dia dos Pais, as empresas do setor tiveram um agosto mais duro, apontando uma ligeira queda no movimento. Quem sofre mais são as empresas mais novas, que ainda estão investindo e aprendendo a controlar os custos, e os empreendimentos menores, que têm mais dificuldade com o fluxo de caixa", finalizou. Fonte: Agência Brasil – Brasília - Publicado em 12/10/2023 

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Por que o Dia das Crianças é comemorado em 12 de outubro no Brasil?

No dia 12 de outubro de 1923, o Rio de Janeiro, então capital federal, sediou um evento que reuniu estudiosos de infância e políticos de vários países. Era o Congresso Sul-Americano da Criança, cuja pauta discutia questões educacionais, alimentares e de desenvolvimento.

Um político notou a comoção provocada pelo tema na época. No ano seguinte, o recém-eleito deputado federal Galdino do Valle Filho (1879-1961) propôs uma lei instituindo, no 12 de outubro, o Dia das Crianças no Brasil.

Em 5 de novembro de 1924, o então presidente da República Arthur Bernardes (1875-1955) sancionou o Decreto 4.867. "Artigo único. Fica instituído o dia 12 de outubro para ter lugar, em todo o território nacional, a festa da criança, revogadas as disposições em contrário", diz o texto.

E, assim, foi criado o Dia das Crianças. Mas a data custou a pegar. Não havia feriado e o comércio não atentava para ela.

Em 1940, o presidente Getúlio Vargas (1882-1954), criou um novo decreto. Por pouco, o Dia das Crianças não "mudava" de data.

Na lei de Vargas, que "fixava as bases da organização da proteção à maternidade, à infância e à adolescência em todo o País", o artigo 17 do capítulo 6 dizia: "será comemorado em todo o País, a 25 de março de cada ano, o Dia da Criança".

"Constituirá objetivo principal dessa comemoração avivar na opinião pública a consciência da necessidade de ser dada a mais vigilante e extensa proteção à maternidade, à infância e à adolescência", dizia o texto. Mas o 25 de março não saiu do papel.

Nos anos 1950, uma intensa campanha de marketing criou, de fato, o Dia das Crianças no Brasil.

BEBÊ ROBUSTO

Foi uma promoção conjunta entre duas gigantes da indústria: a fábrica de brinquedos Estrela e a Johnson & Johnson. Em 1955, elas lançaram a Semana do Bebê Robusto. Era uma ação para aumentar as vendas dos produtos, é claro. Mas envolvia a população, pois os clientes eram convidados a enviar fotos de seus filhos - de 6 meses a 2 anos. E os pais do "bebê Johnson do ano" embolsavam um prêmio, enquanto o rebento tinha o rosto e a fofurice estampados em revistas e jornais.

Com a adesão de outras empresas, em pouco tempo a Semana do Bebê Robusto se tornou Semana da Criança. Foi quando os fabricantes decidiram concentrar os esforços em uma única data. Recuperaram o decreto de 1924 e, desde então, todo brasileiro sabe: dia 12 de outubro é dia de presentear a criançada.

OUTROS PAÍSES

Ao redor do mundo, outros países também celebram o Dia das Crianças, mas em outras datas. Em 1925, houve uma Conferência Mundial para o Bem-Estar da Criança em Genebra, na Suíça. Ali ficou instituído o dia 1º de junho como o Dia Internacional da Criança - e esta data entrou para o calendário de diversas nações, como Portugal, China, Eslovênia, Polônia e Angola.

Já a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) reconhece outra data. Dia 20 de novembro é considerado o Dia Mundial da Criança porque foi neste dia, em 1959, que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos da Criança. Finlândia, França, Trinidad e Tobago, Reino Unido e Canadá estão entre os países que levam em conta esta data.

Data é comemorada em diferentes períodos ao redor do mundo

Mas há muitos exemplos diferentes. A Austrália instituiu como Dia da Criança a última quarta-feira de outubro. Na Argentina, é o segundo domingo de agosto. Na África do Sul, o primeiro sábado de novembro. Países da África Central - Congo, Chade, Camarões e outros - comemoram a data junto ao Natal, 25 de dezembro. O Japão tem uma data para meninas (3 de março) e outra para meninos (5 de maio). Na Hungria, é o último domingo de maio.

NOSSA SENHORA APARECIDA

Mas não se engane. O feriado brasileiro de 12 de outubro não tem nada a ver com o Dia das Crianças. A data foi criada em 1980 por causa de outra comemoração de 12 de outubro: Nossa Senhora Aparecida.

A santa já era oficialmente padroeira do Brasil desde 1930, após decreto papal. Em 30 de junho de 1980, João Paulo II (1920-2005) se tornava o primeiro papa a pisar em solo brasileiro. O presidente João Figueiredo (1918-1999), último da ditadura militar do Brasil, aproveitou a data para declarar feriado nacional o dia da Padroeira, 12 de outubro.

A partir daquele ano, portanto, ficou "declarado feriado nacional o dia 12 de outubro, para culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil", conforme o texto da lei. Fonte: BBC News Brasil-11 outubro 2018 

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

CHINA PROPÕE LIMITES AO USO DE SMARTPHONES ENTRE JOVENS

Menores de 18 anos poderão usar celulares por no máximo duas horas por dia. Diretrizes visam aumentar controle governamental sobre uso da internet e conteúdos online e geram novo revés para empresas tech chinesas.

A China está mais perto de implementar uma nova diretriz que visa regular o tempo em que crianças e adolescente passam na internet, com o propósito de "combater o vício". Alguns críticos, no entanto, se queixam dos limites impostos ao acesso a informações para um geração bastante sagaz em termos de tecnologia.

A regulamentação, cujo processo legal se inicia no sábado (02/09) depois de o texto passar um período aberto à opinião pública, estipula que os smartphones e aplicativos já devem vir com um "modo para menores" instalado em fábrica, no intuito de restringir o uso dos aparelhos a no máximo duas horas.

O limite de tempo diminui de acordo com a idade do usuário, sendo que para as crianças com menos de 8 anos, o tempo máximo é de 40 minutos por dia. Além disso, os menores de 18 anos não poderão utilizar seus aparelhos entre as 22h00 e as 06H00.

Os pais poderão decidir se devem ou não adotar as restrições ou ampliar os limites das mesmas.

As regras, elaboradas pela Administração de Ciberespaço da China, também estabelecem a chamada "segurança de conteúdo" para assegurar que as informações online observem "valores socialistas" que possam ajudar as crianças a cultivarem a "boa moral".

A agência reguladora chinesa alega que as diretrizes visam proteger os menores de acessarem informações identificadas como ilegais ou prejudiciais à sua saúde física e mental.

ELOGIOS E CRÍTICAS

Muitos pais viram com bons olhos a nova regulamentação do governo chinês. "Acho muito boa a proposta", avalia Kong Lingman, de Xangai. "Os menores, quando passam muito tempo ao telefone, podem prejudicar a qualidade do tempo que as famílias têm para aproveitar juntas."

Defensores das novas regras recorreram à rede social chinesa Weibo, deixando inúmeros comentários positivos nas postagens do governo que anunciavam as medidas.

Mas, as regulamentações também atraíram críticas. "O resultado de querer controlar tudo é que, no final, nada acaba sendo corretamente controlado", afirmou um usuário da Weibo.

A proposta vem em seguida a uma série de medidas implementadas pelo governo chinês para reforçar o controle governamental sobre o espaço cibernético, desde 2019. Naquele ano, o governo limitou o tempo dos menores de 18 anos para jogarem vídeo games, em uma regra chamada de "modo para jovens".

DISTRAÇÃO DA PROPAGANDA DO GOVERNO

A instrução inicial era que os jovens pudessem ter 90 minutos por dia para jogos online durante a semana. Mas, em 2021, as regras foram endurecidas para no máximo uma hora por dia para jogar, nas sextas-feiras, fins de semana e feriados.

Aplicativos de vídeo e de transmissões ao vivo também foram orientados a seguirem o "sistema antivício", que exige que todos os usuários se registrem com seus nomes verdadeiros, apresentando documentos de identificação emitidos pelo governo.

"Essa sequência de políticas segue, de fato, um padrão específico", diz Tai Yu-Hui, professora de comunicação e tecnologia da Universidade Nacional Yang-Ming Chiao-Tung, em Taiwan. Segundo afirmou, a China tem como objetivo impor seu conceito de segurança nacional, com foco em três áreas: internet, entretenimento e jovens.

Um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Centro de Informações sobre Internet da China revelou que a taxa de penetração na internet passou de 76% em junho de 2023.

Com uma base de usuários de internet em expansão, vídeos em redes sociais e jogos online podem ser percebidos como formas capitalistas de entretenimento, ou como uma distração da propaganda do governo.

Segundo Tai, desde que o presidente chinês, Xi Jinping, assumiu o cargo, há uma década, "criou-se uma tendência de integração da ideologia política no conteúdo diário de entretenimento".

Em março, um artigo técnico divulgado pelo Conselho do Escritório de Informações de Estado delineou um objetivo claro de assegurar que a internet "se desenvolva dentro dos limites da lei".

MAIS UM DURO GOLPE PARA AS TECH

Uma vez que os pais têm a palavra final sobre a adoção das novas regras, os pesquisadores avaliam que ainda não está claro qual será o impacto das novas restrições sobre as crianças.

Entretanto, quem já sentiu os efeitos foram as empresas chinesas de tecnologia. No mesmo dia em que as diretrizes foram anunciadas, suas ações despencaram na bolsa de Hong Kong.

Essas empresas incluem a Weibo, o serviço de streaming de vídeos Bilibili, a plataforma de vídeos curtos Kuaishou e a Tencent, que opera o popular aplicativo de mensagens WeChat.

Há cerca de dois anos, quando as autoridades chinesas reforçaram as regras do "modo para jovens", diversos aplicativos implementaram medidas para aderir às diretrizes.

A Douyn, o equivalente chinês do TikTok, implementou um "modo para adolescentes", que restringiu crianças com menos de 14 anos a 40 minutos por dia de uso.

AUTOCENSURA?

As novas restrições devem levar as empresas de tecnologia a realizarem novas revisões de suas configurações para usuários, de modo a evitar possíveis violações.

Segundo Tai, este é mais um revés para a indústria, em um momento em que um longo período de rigidez regulatória sobre o setor parecia estar chegando ao fim.

A especialista avalia que, uma vez que as diretrizes se referem a informações ilegais ou mentalmente prejudiciais sem definições mais específicas, as empresas de tecnologia poderão "recorrer à autocensura para evitar cruzar qualquer linha vermelha". Fonte: Deutsche Welle – 03.09.2023

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Veja qual é o país mais seguro do mundo para turistas

 A Islândia é, pelo 16º ano consecutivo, o país mais seguro do mundo para se visitar ou morar em 2023. A conclusão é do ranking Global Peace Index (GPI) — ou Índice de Paz Global — elaborado anualmente desde 2008 pelo Institute of Economics and Peace (IEP), organização sem fins lucrativos de Sydney, na Austrália, que é parceira da ONU e do Banco Mundial e monitora globalmente os níveis de conflito, criminalidade, insegurança socioeconômica, entre outros.

O país nórdico obteve a menor nota de zero a cinco pontos, 1,124 — quanto menor, mais seguro o país — graças a um bom desempenho nas áreas de militarização de seu território (que é bastante baixa), atuação em confito em andamento e segurança do seu domínio. No entanto, este foi o primeiro ano em que o IEP detectou atividade terrorista dentro do país, após a prisão de quatro indivíduos que organizavam um atentado contra o seu Parlamento.

Os índices de homicídio também cresceram na Islândia, mas não o suficiente para tirá-la da liderança de paz global.

No entanto, ela não está sozinha na deterioração da segurança de seus residentes. Segundo o IEP, o mundo se tornou menos pacífico em 2023 pela 13ª vez nos últimos 15 anos, com uma perda de segurança de 0,42%, em média. No total, a tranquilidade melhorou em 84 países e caiu em 79.

O grande perdedor em 2023 é a Ucrânia, que devido à invasão pela Rússia perdeu 14 posições no ranking e alcançou a nota 3,043. Mesmo assim, o país em guerra não é o mais inseguro do mundo: o Afeganistão leva este título pelo oitavo ano consecutivo, com uma nota 3,448.

Mas e o Brasil?

O Brasil está, definitivamente, entre os locais mais inseguros do mundo. Das 163 nações estudadas, nosso país aparece estável em 132º lugar com uma nota 2,462. O território nacional ainda é um dos mais perigosos da América do Sul, atrás apenas de Venezuela e Colômbia. Já o mais seguro do continente é o Uruguai, que com a nota 1,798, conquistou o 50º lugar global.

Um dos maiores problemas do Brasil, segundo o IEP, é a segurança da sociedade e do território, que o tornam o 13º pior país do mundo neste quesito. Em guerra, a Ucrânia conseguiu uma pontuação melhor do que a do Brasil na categoria e é atualmente a 19ª nação mais insegura. Por aqui, há também o 29º maior custo econômico proporcional (ao PIB) da violência em todo o mundo.

Critérios de avaliação

Para avaliar a paz em um país, o IEP analisa três grandes grupos — nível de militarização, extensão de conflito internacional e doméstica, segurança social e do domínio — em que estão inclusos 23 indicadores qualitativos e quantitativos, como níveis de encarceramento da população, taxas de homicídios, número de mortes por conflitos internos, percepções de criminalidade e etc.

Os 10 destinos mais seguros do mundo para visitar

1º: Islândia

Este é o 16º ano consecutivo que a Islândia é considerada a nação mais segura do mundo, desde o surgimento do ranking em 2008. Apesar de ter o menor gasto militar e mais baixa taxa de conflitos internacionais em todo o planeta -- não dividir fronteiras com outros países ajuda -- sua nota piorou em cerca de 4% no período graças a um aumento nos índices de homicídios e nos riscos de terrorismo.

 2º: Dinamarca

A Dinamarca subiu uma posição desde 2022, quando ficou em terceiro, e se destacou pela eficácia de suas instituições governamentais, baixos níveis de corrupação e distribuição igualitária de recursos. O país ainda é famoso por ser "o mais feliz do mundo", segundo seus próprios cidadãos.

3º: Irlanda

A Irlanda saltou cinco posições desde 2022, do oitavo lugar para o terceiro. No ano passado, foi a primeira vez que ela apareceu no top 10, o que indica uma tendência de crescimento na tranquilidade dentro da nação. Os três países mais seguros do mundo hoje estão na Europa.

4º: Nova Zelândia

Mesmo após cair duas posições em relação ao ranking do ano passado, a Nova Zelândia segue como o país mais seguro da região da Ásia e do Pacífico. O número de protestos violentos, taxa de prisões e impactos do terrorismo caiu nos últimos doze meses, mas houve piora na militarização do país -- especialmente na questão de importação e exportação de armas.

5º: Áustria

Forte representante na lista, a Áustria perdeu apenas uma posição em relação a 2022. Sua capital, Viena, ainda foi considerada a melhor cidade do mundo para se viver em 2023, na avaliação do núcleo de inteligência da revista The Economist.

6º: Singapura

Estreante na lista, Singapura ficou no top 5 nas categorias segurança (4º), conflito em andamento (3º). É o segundo país mais seguro da região da Ásia e do Pacífico.

7º: Portugal

Portugal fez progressos significativos em termos de paz nos últimos anos. Em 2014, o país saía de uma crise econômica e aparecia em 18º no ranking. Apesar de ter caído três posições em relação a 2022, hoje possui baixos índices de criminalidades, saúde acessível, economia estável e clima ensolarado do Mediterrâneo atraindo turistas e imigrantes -- especialmente brasileiros.

8º: Eslovênia

A Eslovênia estreou no top 10 em 2020, mas não deixou a lista desde então. Mesmo tendo caído do quinto lugar para o oitavo no último ano, oferece baixos índices de criminalidade e terrorismo, além de belas paisagens com castelos e lagos, que encantam turistas e moradores.

9º: Japão

Em segundo lugar, apenas atrás da Finlândia, em termos de segurança, o Japão se consolida como um país seguro, com baixos índices de incidentes com armas de fogo. O país reabriu suas fronteiras para turistas apenas este ano, então segue em recuperação econômica pós-pandemia.

10º: Suíça

Apesar de altos índices de exportações de armas per capita, a Suíça compensa com altos indicadores de segurança e paz em outros aspectos. Fonte: De Nossa UOL - 06/07/2023  

domingo, 18 de junho de 2023

Um quarto da população mundial aceita homem bater em mulher

Pesquisa divulgada pela ONU mostra que metade da população mundial acredita que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres. Entre os brasileiros, quase 85% têm algum preconceito contra o sexo feminino.

O preconceito contra as mulheres continua profundamente enraizado em grande parte do mundo e praticamente não diminuiu na última década, mostra um estudo divulgado na segunda‑feira (12/06) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Quase nove em cada dez pessoas têm algum tipo de preconceito contra as mulheres e uma em cada quatro pessoas aceita o fato de um homem bater em uma mulher, de acordo com o relatório.

Metade da população mundial acredita que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres e 40% que são melhores líderes do setor empresarial. Apenas 27% acreditam que é essencial para a democracia que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens, 46% acham que os homens têm mais direito a um emprego e 28% consideram que a universidade é mais importante para homens do que para mulheres.

Mesmo em lugares onde os níveis de educação são mais elevados, as mulheres continuam ganhando, em média, 39% menos do que os homens.

Os dados compilados dizem respeito a 80 países, que representam 85% da população mundial, e foram coletados entre 2017 e 2022.

QUASE 85% DOS BRASILEIROS TÊM PRECONCEITO

Segundo o levantamento, 84,5% dos brasileiros têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres. Em média, mais de 75% dos entrevistados têm preconceitos em questões de violência e direito de decisão sobre ter filhos.

Por outro lado, pouco mais de 9% avaliam que o estudo universitário é importante apenas para os homens. Sobre a participação feminina na política, a pesquisa aponta que mais de 39% dos entrevistados acreditam que mulheres não desempenham este papel tão bem quanto os homens.

Além disso, 31% dos brasileiros acham que homens têm mais direito a vagas de trabalho ou são melhores em cargos executivos.

SINAIS DE ESTAGNAÇÃO

Em nível mundial, de acordo com o PNUD, o levantamento sugere que o progresso nos últimos anos foi baixo, apesar de movimentos importantes pelos direitos das mulheres, como o MeToo.

Em média, a parcela de mulheres como chefes de estado ou chefes de governo tem se mantido em torno de 10% desde 1995, e no mercado de trabalho as mulheres ocupam menos de um terço dos cargos gerenciais.

Se comparados com os dados recolhidos entre 2010 e 2014 em 38 países, verifica-se, em geral, uma estagnação.

Por exemplo, a porcentagem de pessoas com algum preconceito contra as mulheres melhorou ligeiramente, de 86,9% para os 84,6%.

Contudo, existem exceções: em alguns países, o número de pessoas que não tem qualquer preconceito em relação ao gênero aumentou significativamente.

É o caso da Alemanha, onde o número de inquiridos com pelo menos um preconceito caiu de 56% para 37% na última década, do Japão, onde caiu de 72% para 59%, e no Uruguai, onde baixou de 77% para 61%.

Em outros casos, porém, houve retrocessos: na Rússia o número de pessoas com ao menos um preconceito contra as mulheres subiu de 87% para 91%, na Coreia do Sul de 85% para 90% e no Chile de 74% para 80%.

EXEMPLOS POSITIVOS

Os autores do relatório afirmam que a permanência destes preconceitos explica o recente avanço dos movimentos contra a igualdade de gênero e, em alguns países, o aumento das violações dos direitos humanos.

O PNUD sublinhou ainda que, sem avanços nos direitos das mulheres, é impossível progredir em questões de desenvolvimento, numa altura em que muitos indicadores neste âmbito estão a cair.

"As normas sociais que afetam os direitos das mulheres são também prejudiciais para a sociedade em geral, travando a expansão do desenvolvimento humano", disse, em comunicado, o diretor do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano do PNUD, Pedro Conceição.

Para o PNUD, os governos têm um papel fundamental na mudança das normas sociais. Exemplo disso é a alteração na regulamentação da licença parental em muitos lugares, que ajudou a modificar a percepção que existe sobre as responsabilidades de cuidar da família. Outro exemplo foram reformas laborais, que alteraram as crenças sobre as mulheres e o trabalho.

"Um ponto importante para começar é reconhecer o valor econômico do trabalho de cuidado não remunerado. Isso pode ser uma forma muito eficaz de desafiar as normas de gênero em torno da forma como o trabalho de cuidado é visto. Em países com os maiores níveis de preconceito de gênero contra as mulheres, estima-se que as mulheres despendem acima de seis vezes mais tempo do que os homens em trabalho de cuidado não remunerado", afirma a diretora da Equipe de Gênero do PNUD global, Raquel Lagunas.  Fonte: Deutsche Welle – 13.06.2023 - há 21 horas

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Especialista renomado repercute pesquisa sobre posição preferida por homens para urinar e aponta vantagens de fazer xixi sentado.

Embora urinar seja algo tão fundamental e cotidiano, aparentemente a grande maioria dos homens tem feito isso de maneira errada, ou pelo menos não da maneira ideal, segundo um renomado urologista.

Ao jornal britânico The Telegraph, Gerald Collins, cirurgião de urologia no Hospital Alexandra de Cheshire, na Inglaterra, afirmou que os homens devem se sentar para urinar.

No entanto, uma pesquisa com mais de 7 mil homens de 13 países mostrou que muitos não o fazem nunca.

DIFERENÇAS CULTURAIS

A pesquisa, realizada recentemente pelo instituto YouGov, revelou que a maioria dos homens no mundo opta por urinar em pé.

Segundo o levantamento, 33% dos britânicos afirmaram que jamais considerariam a possibilidade de fazer xixi sentados; outros 24% disseram que se sentam às vezes, e apenas 9% adotam sempre essa posição.

Homens de países como o México e a Polônia deixaram claro que não estariam dispostos a se sentar para urinar. No México, onde apenas 6% afirmaram que se sentam sempre para fazer xixi, 36% disseram que nunca adotariam essa posição. O Brasil não foi incluído na pesquisa.

A pesquisa revelou outras diferenças culturais interessantes. Na Alemanha, quase 40% dos homens se sentam sempre para urinar. Já nos Estados Unidos são apenas 10%. No país europeu, houve uma mudança cultural nas últimas décadas e, hoje, por questões de higiene, há placas em muitos banheiros públicos da Alemanha que pedem aos homens para não urinar de pé.

Segundo Collins, entre os países da pesquisa, os alemães são os que estão adotando a posição mais correta. Um estudo recente da Universidade de Leiden, na Holanda, concluiu que urinar sentando pode ser benefício por facilitar o esvaziamento mais rápido e completo da bexiga.

"Sentar é provavelmente a forma mais eficaz para isso", afirmou o urologista, explicando que os músculos da pélvis e da coluna ficam completamente relaxados nesta posição, facilitando o processo de urinar.

BENEFÍCIO PARA OS MAIS VELHOS

O urologista pontuou ainda na entrevista que fazer xixi sentado pode ser mais benefício para os homens à medida que envelhecem, devido a um distúrbio conhecido como hiperplasia prostática benigna (HPB), que afeta a grande maioria dos homens com o tempo.

A HPB ocorre quando há um aumento da próstata e do tecido circundante que comprime a uretra – o tubo que desce da bexiga, atravessa a próstata e chega até o pênis. Essa obstrução dificulta a passagem de urina. Homens com esse distúrbio podem apresentar quadros de pedra na bexiga, infecções no trato urinário e até renais, se não houver o esvaziamento completo da bexiga.

"A HPB é causada por uma alteração do ambiente hormonal da próstata, especialmente a partir dos 40 anos. Há um aumento de um determinado produto da decomposição de testosterona que faz com que a próstata aumente seu desenvolvimento celular e de tamanho. Como consequência, os homens começam a perceber que conseguem urinar muito melhor sentados", explica Collins. Fonte: Deutsche Welle - 01/06/2023

domingo, 4 de junho de 2023

Semana de quatro dias é o futuro do mundo do trabalho?

 Trabalhar menos, mais tempo livre: para muitos empregados, a jornada semanal de quatro dias é um sonho. Alguns países já realizaram projetos-pilotos, outros ainda estão céticos. Quais são as vantagens e desvantagens?

Para início de conversa, semana de quatro dias não é igual a semana de quatro dias. Há que distinguir entre dois modelos: no primeiro, as 40 horas usuais são distribuídas por quatro dias, em vez de cinco, resultando em jornadas diárias de dez horas. Esse modelo foi introduzido na Bélgica, por exemplo, onde os empregados podem decidir se preferem concluir suas tarefas em quatro dias, sem que haja uma redução da carga total.

 O segundo modelo segue o princípio "100-80-100", ou seja; 100% do trabalho em 80% do tempo por 100% do salário. Uma série de países europeus já testou essa alternativa, nos últimos anos. A Islândia, por exemplo, experimentou entre 2015 e 2019 a eficácia da jornada semanal abreviada.

Também a Espanha inicia uma fase de testes em empresas de pequeno e médio porte, em que 30% do pessoal terá uma redução da carga horária de, no mínimo, 10%, mantendo-se o salário. E a França experimenta a semana de 35 horas distribuídas por quatro dias. Também no resto do mundo, esse modelo vem sendo aplicado há bastante tempo, por exemplo na Nova Zelândia, Japão e Estados Unidos.

Mas quais são as vantagens e desvantagens?

Vantagens da semana de quatro dias:

Menos estresse com produtividade igual

Os projetos-pilotos realizados até agora têm acusado efeitos francamente positivos. Num estudo britânico divulgado em 2023, os funcionários se mostraram menos estressados e apresentavam risco menor de afecções psíquicas como o burnout (esgotamento profissional).

Também a ansiedade, cansaço e distúrbios de sono diminuíram no período dos testes que envolveram 61 empresas com um total de cerca de 2.900 empregados. A maioria delas afirmou que pretendia manter a jornada de quatro dias em caráter duradouro, estando o aumento do bem-estar entre seu pessoal entre os principais motivos para essa decisão.

Menos empregados doentes

Ao mesmo tempo, os funcionários pediram menos licenças médicas. Motivo para tal seria o fato de disporem de tempo suficiente para se recuperar, e a redução da pressão, avalia a psicóloga Hannah Schade, do Instituto Leibniz Pesquisa sobre o Trabalho, da Universidade Técnica de Dortmund.

Segundo ela, esse também é um ponto importante para esclarecer como se poderia financiar a semana de quatro dias. Pois cabe levar em consideração os altos custos de ter grande parte do pessoal em licença médica, ou sofrendo distúrbios psíquicos dentro da empresa.

Mais igualdade de gênero, menos escassez de mão de obra

A jornada semanal de quatro dias também pode contribuir significativamente para mais equiparação de gênero no local de trabalho. Como frisa a psicóloga laboral Schade, o estudo britânico indicou que, nesse regime, os homens se ocupam mais das tarefas domésticas, como o cuidado dos filhos ou de familiares necessitados.

Bernd Fitzenberger, diretor do Instituto de Pesquisa de Mercado de Trabalho e Atividade Profissional, vê ainda uma vantagem decisiva da jornada reduzida para o combate à escassez de mão de obra: "Ela torna os empregos mais atraentes, potencializa o número de candidatas e candidatos em campos nos quais as empresas estão procurando pessoal ansiosamente."

Com a jornada reduzida, as famílias poderiam coordenar melhor profissão e cuidados infantis, e para as mulheres – que nos casais alemães continuam sendo quem tem que abrir mão da carreira – seria mais fácil retornar ao expediente integral.

Vantagens para o clima?

É difícil aferir se a redução da carga horária tem efeito concreto sobre o clima. O think-tank Konzeptwerk Neue Ökonomie afirma em seu website, por exemplo, que com uma semana de quatro dias "também o consumo de energia e recursos dos ramos e rotas para o trabalho poderá ser diminuído". Como a pegada climática de cada funcionário se reduz, contudo, depende do estilo de vida individual.

Empresas mais atraentes para candidatas/os a emprego

Embora a jornada de quatro dias seja acima de tudo uma reivindicação dos empregados, também os patrões poderiam lucrar com sua implementação. "Toda empresa ganha uma dianteira de competitividade se oferece a semana de quatro dias", afirma Schade.

Entretanto não é o modelo que mantém as 40 horas que torna as firmas mais atraentes, mas sim uma redução efetiva da carga horária, e, segundo a psicóloga, "para isso os candidatos também estão dispostos a abrir mão de outras coisas".

Jovens utilizam computadores e celulares em local de trabalho compartilhadoJovens utilizam computadores e celulares em local de trabalho compartilhado

Desvantagens da semana de quatro dias:

Pelo contrário: mais estresse?

Uma desvantagem do modelo poderia ser a condensação da carga de trabalho, aponta o economista Bernd Fitzenberger. Ter que realizar mais em menos tempo também pode provocar mais estresse. Na Bélgica, a carga de 40 horas é mantida, embora distribuída por quatro dias. Os empregados têm a alternativa de diminuir essa carga, porém aí também o salário sofre cortes proporcionais.

Dificuldade de medir produtividade objetivamente

Holger Schäfer, do Instituto da Economia Alemã (IW), em Colônia, está entre os economistas que veem a semana de quatro dias com ceticismo: para ele, não está claro como se pode sequer medir a produtividade, não havendo modo de "verificar acima de qualquer dúvida como ela se desenvolveu nas empresas".

Seu colega Fitzenberger aponta a possibilidade de que o novo modelo até mesmo acarrete aumento dos custos empresariais, "lá onde a jornada reduzida ou a concentração da carga de trabalho em quatro dias não pode ser compensada por incrementos de produtividade".

Ameaça à competitividade nacional

O chefe da bancada parlamentar do Partido Liberal Democrático (FDP), Christian Dürr, se preocupa que a introdução de jornadas reduzidas possa comprometer a competitividade da indústria da Alemanha.

"Diante da gritante escassez de mão de obra, a proposta de uma semana de quatro dias é francamente incompreensível", declarou a jornais do Funke Mediengruppe. Para o líder da sigla pró-empresariado, não há dúvida: em vez fortalecer a economia nacional, esse novo regime de trabalho a prejudicaria.

Por sua vez, Fitzenberger acha possível as firmas compensarem essa eventualidade configurando as rotinas de trabalho mais produtivas, através de inovações tecnológicas.

Semana reduzida não é praticável em todos os setores

Para o especialista em mercado de trabalho, contudo, o problema maior é até que ponto o jornada de quatro dias pode ser implementada nos diferentes setores da economia: "Vai ser um desafio para campos em que os serviços precisam ser prestados aqui e agora, em horários fixos, a clientes, a indivíduos que dependem de cuidados."

Nos setores de cuidados pessoais, segurança ou transportes, é mais difícil do que em outros adotar a jornada de quatro dias: "Se aplicássemos uma norma rígida, afetando igualmente todos os ramos, isso poderia comprometer a competitividade", considera Fitzenberger.

Novas perspectivas para o mundo do trabalho

 Na visão da psicóloga Schade, o tema precisa ser considerado num período mais longo. Por um lado, porque menos licenças médicas têm efeito positivo de longo prazo sobre a economia; por outro, tanto os indivíduos quanto as empresas precisam primeiro se adaptar à nova forma de trabalhar.

"Mudança sempre significa risco, também", lembra, e isso desencadeia medo. No entanto os números já falam: numa pesquisa realizada na Alemanha, mais de três quartos se pronunciaram pela adoção da jornada semanal em suas empresas, sobretudo os consultados abaixo dos 40 anos de idade. Fonte: Deutsche Welle - 08/05/2023 

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Rainha do rock, Tina Turner morre

 Nascida nos Estados Unidos e naturalizada suíça, cantora morreu em sua casa, em Zurique, "após uma longa doença", disse o assessor. Ao longo de décadas, ela ganhou 12 prêmios Grammy e vendeu 200 milhões de discos.

A cantora Tina Turner, amplamente conhecida como a "rainha do rock 'n' roll" mundial, morreu nesta quarta-feira (24/05) aos 83 anos, informou um de seus representantes.

Nascida nos Estados Unidos e naturalizada suíça, ela morreu em sua casa, em Zurique, "após uma longa doença", disse o assessor. A causa da morte não foi divulgada.

"Com sua música e sua paixão sem limites pela vida, ela encantou milhões de fãs ao redor do mundo e inspirou as estrelas de amanhã", diz uma postagem em sua conta oficial no Facebook.

Tina Turner está entre as maiores artistas de todos os tempos. Seus grandes sucessos incluem What's love got to do with it e (Simply) The best. Ao longo de décadas de carreira, ela ganhou 12 prêmios Grammy e vendeu mais de 200 milhões de discos mundo afora.

Com energia pura e uma voz profunda, Tina Turner escreveu seu nome na história da música e garantiu um lugar no Olimpo dos melhores roqueiros de todos os tempos. Em 2009 ela fez uma turnê mundial com mais de um milhão de espectadores – e isso aos 69 anos.

Adeus ao show business

Tina Turner deu seu último show em 5 de maio de 2009 em Sheffield, na Inglaterra – com casa cheia, é claro. Era o fim de uma longa e bem-sucedida carreira. Fonte: Deutsche Welle - Publicado 24/05/2023 

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Brasil tem duas das 50 cidades com as melhores comidas típicas do mundo

O Brasil se consagrou um destino gastronômico imperdível para turistas: duas metrópoles do país — São Paulo e Rio de Janeiro — entraram para o ranking das 50 cidades que oferecem as melhores comidas típicas do mundo, divulgado pela enciclopédia gastronômica TasteAtlas. A qualidade de nossos pratos se destacou e passou à frente de cidades conhecidas pela sua culinária, como a italiana Palermo e as espanholas Sevilha e Córdoba, no caso do Rio, que ficou em 32º lugar na classificação geral com a nota 4,48 (de 5 pontos possíveis). Fonte: UOL - De Nossa - 10/05/2023

domingo, 7 de maio de 2023

Cidade tem menos de uma biblioteca para cada 100 mil habitantes

Cidade tem menos de uma biblioteca para cada 100 mil habitantes. Cidade do México tem 3,1, e Buenos Aires, 2,7. Frequência em bibliotecas é baixa, e retirada de livros, mais baixa ainda. Para especialista, família, escola e bibliotecas formam tripé para melhorar hábito de leitura.Nos últimos anos, São Paulo ganhou 12 bibliotecas, chegando a um total de 106 unidades abertas a todo tipo de público, mas a maior e mais populosa cidade da América Latina tem menos de uma biblioteca por 100 mil habitantes _ 0,86.  

A taxa em São Paulo é menor do que a das outras cidades mais populosas do continente, como Cidade do México, que tem 3,1 bibliotecas para cada 100 mil habitantes, e Buenos Aires, com taxa de 2,7.

O levantamento foi feito pelo g1 com dados da Secretaria da Cultura da Cidade de São Paulo, do World Cities Cultures Forum e do Sistema de Información Cultural, do México.  

FECHAMENTOS E POUCOS LEITORES

Além de ter uma taxa baixa para a população, algumas bibliotecas não estão funcionando. No caso das municipais, 47 das 54 estão abertas.

Mesmo nas que estão com portas abertas, o número de frequentadores está diminuindo.  

No primeiro bimestre de 2023, 120.365 pessoas visitaram as bibliotecas municipais, um número menor, se comparado aos mesmos períodos dos anos anteriores à pandemia de Covid-19, quando registraram uma média bimestral de 227,7 mil pessoas em 2019 e de 200,6 mil pessoas em 2018.

Em 2019, a quantidade de visitas anual foi de 1.366.036 milhão de pessoas (53 bibliotecas), e, em 2018, 1.203.581 milhão (54 bibliotecas).

Em 2021, com a capital voltando a funcionar presencialmente aos poucos, 49 bibliotecas voltaram a abrir, mas a frequência no ano foi de apenas 588.126 pessoas. Cerca de 700 mil visitas a menos do que em 2019, antes da crise sanitária.

QUANTIDADE DE LIVROS

São Paulo também carece de livros. Segundo dados da Rede Nossa São Paulo, a média é de 0,21 livro por habitante, sendo que 61 distritos estão abaixo dessa média.

Apenas os distritos de República, Liberdade, Pari e Santo Amaro têm mais de um livro por habitante.

Segundo dados do Instituto Pró-Livro (IPL), apenas 17% dos paulistanos afirmam frequentar bibliotecas, sendo que cerca de 40% disseram ter bibliotecas próximas de casa.

Para Zoara Failla, coordenadora do Instituto Pró-Livro, existem alguns motivos que causam a situação atual:

·        dificuldade de acesso às bibliotecas;

·        bibliotecas que estejam abertas;

·        que tenham um modelo mais acolhedor para o leitor;

·        a própria "formação do leitor" desde a infância.

O problema é agravado quando a análise mostra que a frequência nas bibliotecas não traduz o hábito de leitura.

LEITORES E INTERNET

Na Biblioteca Mário de Andrade, a maior do estado e que está localizada no Centro de São Paulo, por exemplo, a frequência de visitas em 2023 é de cerca de 12 mil pessoas por mês, enquanto os empréstimos de livros mensais são 2,9 mil.

O g1 visitou a biblioteca e conversou com algumas pessoas que estavam no local. A maioria diz que utiliza a biblioteca por causa do ambiente silencioso e pelo wi-fi gratuito.

SOLUÇÃO PARA MAIS LEITORES

Segundo Zoara, coordenadora do IPL, o crescimento do número de leitores está baseado em três pilares:

·        ações das famílias;

·        das escolas;

·        das bibliotecas,

VEJA O QUE ELA DIZ SOBRE ESSES PILARES

FAMÍLIA

Ao “compararmos os leitores com os não leitores, percebemos que, quando a gente pergunta para os leitores quem foi que despertou seu interesse, a família aparece em primeiro lugar, considerando mãe e pai. A gente verificou que têm mais leitores entre aqueles que ganhavam livros de presente. Mas que família é essa? Uma família leitora, que tem livros em casa, que leva seus filhos à livraria e, infelizmente, a gente tem aí 20% das famílias brasileiras com esse perfil. E os outros?”

ESCOLA

"Se o interesse não despertar na família, ele deveria acontecer na escola. Infelizmente, as escolas não estão despertando esse interesse nessa garotada. Então, quando você tem atividade de leitura dentro de uma sala de aula, ela vira uma tarefa. Acho que dentro de uma sala de aula já deveria ter esse despertar da curiosidade de você ir atrás de um livro, ensinar como se encontra o livro do teu interesse. Essas experiências, essas práticas, são poucas escolas que desenvolvem".

Segundo a pesquisa mais recente do Instituto Pró-Livro, ao comparar a aprendizagem entre escolas que têm e que não têm bibliotecas, os alunos que têm essa opção estão 1,5 ano à frente na aprendizagem dos que não têm. Zoara afirma que as bibliotecas também deveriam promover ações que chamem a comunidade do seu entorno.

BIBLIOTECAS

“A gente precisa pensar em um modelo de biblioteca que acolhe, voltado para a comunidade e voltar para a formação leitora, para o despertar o interesse à leitura. Eu acho importante que a biblioteca se preocupe com essa formação dessa garotada. É importante criar um espaço lúdico para a garotada dentro das bibliotecas, como a gente vê nessas grandes livrarias, porque as crianças ficam fascinadas com essa experiência de folhear um livro, de descobrir um livro, e isso fica na memória afetiva dela." Fonte: g1 SP — São Paulo - 23/04/2023  

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Uma nova classe de pessoas deve surgir até 2050: a dos inúteis

 “São pessoas que não serão apenas desempregadas, mas que não serão empregáveis”, diz o historiador.

9 de julho de 2019

 Especialistas e historiadores como Yuval Noah Harari há muito vêm prevendo que as máquinas tornariam os trabalhadores redundantes. Esse momento já pode estar aqui. Mas o que isso traz de ruim?

Em  artigo  publicado no  The Guardian,  intitulado O Significado  da Vida  em um Mundo sem  Trabalho, o escritor comenta sobre uma nova classe de pessoas que deve surgir até 2050: a  dos  inúteis.  “São  pessoas  que  não  serão  apenas  desempregadas,  mas  que  não  serão  empregáveis”, diz o historiador.

“A questão mais importante na economia do século 21 pode muito bem ser: o que devemos  fazer  com  todas  as  pessoas  supérfluas,  uma  vez  que  temos  algoritmos  não-conscientes altamente inteligentes que podem fazer quase tudo melhor que os humanos?”

“A maioria das crianças que atualmente aprendem na escola provavelmente será irrelevante quando chegar aos 40 anos.”

De acordo com Harari, esse grupo poderá acabar sendo alimentado por um sistema de renda  básica  universal.  A  grande  questão  então  será  como  manter  esses  indivíduos  satisfeitos  e  ocupados. “As pessoas devem se envolver em atividades com algum propósito. Caso contrário,  irão enlouquecer. Afinal, o que a classe inútil irá fazer o dia todo?”.

O professor sugere que os games de realidade virtual poderão ser uma das soluções e faz um  paralelo com costumes antigos, que, segundo ele, teve propósito semelhante:

“Na verdade, essa é uma solução muito antiga. Por centenas de anos, bilhões de humanos  encontraram significados em jogos de realidade virtual. No passado, chamávamos esses jogos  de ‘religiões’”

 Abaixo leia o artigo

O  significado  da  vida  em  um  mundo  sem  trabalho

Por: Yuval Noah Harari

A maioria dos empregos que existem hoje pode desaparecer dentro de décadas. À medida que a  inteligência  artificial  supera os  seres humanos em tarefas  cada  vez mais,  ela  substituirá humanos  em  mais  e  mais  trabalhos.  Muitas  novas  profissões  provavelmente  aparecerão:  designers do mundo virtual, por exemplo.

Mas essas profissões provavelmente exigirão mais criatividade e flexibilidade, e não está claro se os motoristas de táxi ou agentes de seguros desempregados de 40 anos poderão se reinventar como designers do mundo virtual (tente imaginar um mundo virtual criado por um agente de seguros!?).

E mesmo que o ex-agente de  seguros de  alguma  forma faça a transição  para  um designer de mundo  virtual,  o  ritmo do  progresso é tal que, dentro de mais uma década, ele pode ter que se reinventar novamente.

O  problema  crucial  não  é  criar  novos  empregos.  O  problema  crucial  é  a  criação  de  novos  empregos  que  os  humanos  apresentam  melhor  desempenho  do  que  os  algoritmos.

Consequentemente,  até  2050,  uma  nova  classe  de  pessoas  poderá  surgir    a  classe  desocupada. Pessoas que não estão apenas desempregadas, mas desempregáveis. A mesma  tecnologia que torna os seres humanos inúteis também pode tornar viável alimentar e apoiar  as massas desempregadas através de algum esquema de renda básica universal.

O problema  real será, então, manter as massas ocupadas e o conteúdo. As pessoas devem se envolver em  atividades propositadas,  ou ficam loucas.  Então, o que a classe desocupada  irá fazer o dia todo?

Uma resposta pode ser jogos de computador. Pessoas economicamente redundantes podem gastar quantidades crescentes de tempo dentro dos mundos da realidade virtual 3D, o que  lhes  proporcionaria  muito  mais  emoção  e  engajamento  emocional  do  que  o  “mundo  real”  externo. Isso, de fato, é uma solução muito antiga. Por milhares de anos, bilhões de pessoas  encontraram significado em  jogar jogos de realidade virtual. No passado, chamamos essas  “religiões” de jogos de realidade virtual.

O que é uma religião, se não um grande jogo de realidade virtual desempenhado por milhões de pessoas juntas? Religiões como o Islã e o Cristianismo inventam leis imaginárias, como “não comem carne de porco”, “repita as mesmas preces um número determinado de vezes por dia”, “não faça sexo com alguém do seu próprio gênero” e assim por diante. Essas leis existem apenas na imaginação humana. Nenhuma lei natural exige a repetição de fórmulas  mágicas,  e  nenhuma  lei  natural  proíbe  a  homossexualidade  ou  a  ingestão  de  porco.

Muçulmanos e cristãos atravessam a vida tentando ganhar pontos em seu jogo de realidade virtual favorito. Se você reza todos os dias, você obtém pontos. Se você esqueceu de orar, você perde pontos. Se, no final da sua vida, você ganhar pontos suficientes, depois de morrer,  você vai ao próximo nível do jogo (também conhecido como o paraíso).

Como as religiões nos mostram, a realidade virtual não precisa ser encerrada dentro de uma  caixa isolada. Em vez disso, ele pode se sobrepor à realidade física. No passado, isso foi feito  com  a  imaginação  humana  e  com  livros  sagrados,  e  no  século  21  pode  ser  feito  com  smartphones.

Algum  tempo  atrás,  fui  com  o  meu  sobrinho  de  seis  anos,  Matan,  para  caçar  Pokémon.

Enquanto caminhávamos pela rua, Matan continuava a olhar para o seu telefone inteligente, o que lhe permitia detectar Pokémon à nossa volta. Eu não vi nenhum Pokémon, porque não carregava um smartphone. Então vimos outras duas crianças na rua que estavam caçando o  mesmo  Pokémon,  e  quase  começamos  a  lutar  com  eles. 

Parecia-me  como  a  situação  era semelhante  ao  conflito  entre  judeus  e  muçulmanos  sobre  a  cidade  sagrada  de  Jerusalém.

Quando você olha a realidade objetiva de Jerusalém, tudo que você vê são pedras e edifícios.

Não há santidade em qualquer lugar. Mas quando você olha através de smartbooks (como a Bíblia e o Alcorão), você vê lugares sagrados e anjos em todos os lugares.

A  ideia  de  encontrar  um  significado  na  vida  ao  jogar  jogos  de  realidade  virtual  é, evidentemente, comum não apenas às religiões, mas também às ideologias seculares e estilos de vida. O consumo também é um jogo de realidade virtual. Você ganha pontos adquirindo carros novos, comprando marcas caras e tendo férias no exterior, e se você tiver mais pontos do que todos os outros, dizendo a si próprio que ganhou o jogo.

Você pode contrariar dizendo que as pessoas realmente gostam de seus carros e férias. Isso certamente é verdade. Mas os religiosos realmente gostam de orar e realizar cerimônias, e meu sobrinho realmente gosta de caçar Pokémon. No final, a ação real sempre ocorre dentro  do cérebro humano.

Não importa se os neurônios são estimulados observando pixels em uma tela de computador, olhando para fora das janelas de um resort do Caribe ou vendo o céu nos  olhos da mente? Em todos os casos, o significado que atribuímos ao que vemos é gerado pelas  nossas próprias mentes.

Não  é  realmente “lá  fora”. Para o melhor de nosso  conhecimento científico, a vida humana não tem significado. O significado da vida é sempre uma história de ficção criada por nós humanos.

Em  seu  ensaio  inovador,  Deep  Play:  Notas  sobre  a  Briga  de  Galos  em  Bali  (1973),  o  antropólogo Clifford Geertz descreve como na ilha de Bali, as pessoas passaram muito tempo e dinheiro apostando em brigas de galos. As apostas e as lutas envolveram rituais elaborados, e os  resultados  tiveram um impacto   substancial  na  posição social, econômica e política de  jogadores e espectadores.

As brigas de galos eram tão importantes para os balineses que, quando o governo indonésio  declarou a prática ilegal, as pessoas ignoraram a lei e se arriscavam a prisão e multas pesadas.

Para os balineses, as brigas eram “jogo profundo” – um jogo confeccionado que é investido com tanto significado que se torna realidade.

Um antropólogo balines poderia, sem dúvida, ter  escrito ensaios semelhantes sobre futebol na Argentina, Brasil ou no judaísmo em Israel.

De  fato,  uma  seção  particularmente  interessante  da  sociedade  israelense  fornece  um  laboratório exclusivo de como viver uma vida satisfeita em um mundo pós trabalho.

Em Israel,  um percentual significativo de homens judeus ultra ortodoxos nunca trabalhou. Eles passam toda a vida estudando escrituras sagradas e realizando rituais de religião.

Eles e suas famílias não morrem de fome, em parte porque as esposas muitas vezes trabalham, e em parte porque  o governo lhes fornece generosos subsídios. Embora geralmente vivam na pobreza, o apoio  do governo significa que eles nunca faltam para as necessidades básicas da vida.

Isso é uma renda básica universal em ação. Embora sejam pobres e nunca trabalhem, em pesquisa após pesquisa, esses homens judeus ultra ortodoxos relatam níveis mais elevados  de  satisfação  com  a  vida  do  que  qualquer  outra  parte  da  sociedade  israelense. 

Nos levantamentos globais sobre a satisfação da vida, Israel está quase sempre no topo, graças em parte ao contributo destes pensadores profundos e desempregados.

Você não precisa ir a Israel para ver o mundo do pós trabalho. Se você tem em casa um filho adolescente que gosta de jogos de computador, você pode realizar sua própria experiência.

Fornecer-lhe  um  subsídio  mínimo  de  Coca-cola  e  pizza  e,  em  seguida,  remover  todas  as  demandas  de  trabalho  e  toda  a  supervisão  dos  pais. 

O  resultado  provável  é  que  ele permanecerá em seu quarto por dias, colado na tela. Ele não vai fazer qualquer lição de casa ou  tarefas  domésticas,  vai  ignorar  a  escola,  ignorar  as  refeições  e  até  mesmo  ignorar  os chuveiros e dormir. No entanto, é improvável que ele sofra de tédio ou uma sensação de sem  propósito. Pelo menos não no curto prazo.

Portanto, as realidades virtuais provavelmente serão fundamentais para fornecer significado à  classe desocupada do mundo pós-trabalho. Talvez essas  realidades  virtuais  sejam geradas  dentro dos computadores. Talvez sejam gerados fora dos computadores, sob a forma de novas  religiões e ideologias. Talvez seja uma combinação dos dois. As possibilidades são infinitas, e  ninguém sabe com certeza que tipos de peças profundas nos envolverão em 2050.

Em  qualquer caso,  o  fim do trabalho  não  significará necessariamente o  fim  do  significado, porque o significado é gerado pela imaginação em vez de pelo trabalho. O trabalho é essencial  apenas para o significado de acordo com algumas ideologias e estilos de vida.

Os escravos  ingleses do século XVIII, os judeus ultra ortodoxos atuais e as crianças em todas as culturas, encontraram muito interesse e significado na vida, mesmo sem trabalhar. As pessoas em 2050 provavelmente poderão jogar jogos mais profundos e construir mundos virtuais mais  complexos do que em qualquer momento anterior da história.

E quanto à verdade? E a realidade? Realmente queremos viver em um mundo no qual bilhões  de  pessoas  estão  imersas  em  fantasias,  buscando  objetivos  criativos  e  obedecendo  leis imaginárias? Bem, goste ou não, esse é o mundo em que vivemos há milhares de anos.

Yuval Noah Harari é professor na Universidade Hebraica de Jerusalém e é autor de ‘Sapiens:  Uma Breve História da  Humanidade’ e ‘Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã’