quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Hospitalizações por covid-19 mantêm tendência de alta nos estados

A incidência de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associada à covid-19 mantém uma tendência de alta em todas as regiões do país, segundo o Boletim InfoGripe, divulgado em (29) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O estudo informa que o crescimento das hospitalizações está presente em 20 das 27 unidades da federação e se concentra especialmente na população adulta e nas faixas etárias acima de 60 anos.

Os dados epidemiológicos analisados pelos pesquisadores compreendem de 20 a 26 de novembro e apontam que a covid-19 causou 71,3% dos casos virais de internação por síndromes respiratórias graves.

A análise das últimas seis semanas mostra que os estados que não apresentam alta nas internações estão em situação de estabilidade. São eles: Acre, Amazonas, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins. Nas demais unidades da federação, a tendência é de alta.

O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, recomenda que a população se proteja da exposição ao vírus SARS-CoV-2 com a utilização de máscaras adequadas em locais como transporte público, locais fechados ou mal ventilados, aglomerações, e nas unidades de saúde. Ele orienta a preferir máscaras do tipo N95 ou PFF2, que são mais eficazes no bloqueio do vírus.

"É extremamente importante ter esse cuidado para termos um final de ano com menor impacto possível, dado esse cenário epidemiológico que está muito claro em todo país”, explica o pesquisador da Fiocruz.

Enquanto a covid-19 avança entre a população adulta, o boletim indica uma retomada do crescimento dos casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) em crianças pequenas nos três estados da Região Sul. O VSR também mantém presença expressiva nas crianças de 0 a 4 anos do estado de São Paulo. Fonte: Agência Brasil - Rio de Janeiro - Publicado em 29/11/2022

Coronavírus: Situação do Estado de São Paulo até 29 de novembro de 2022

 

Coronavírus: Situação do Brasil até 29 de novembro de 2022

 

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Uso de máscara volta a ser obrigatório no transporte público de SP

O uso de máscara no transporte público volta a ser obrigatório a partir deste sábado (26) na capital paulista. A decisão foi tomada com base na análise técnica do Conselho Gestor da Secretaria Estadual de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde para prevenir o avanço dos casos de covid-19. O governo estadual está recomendando que a medida seja adotada por todos os municípios do estado, além de alertar a população para que todos completem o ciclo vacinal, importante para garantir maior proteção contra o coronavírus e amenizar os efeitos do vírus.

Para reforçar a medida e conscientizar a população sobre os cuidados de prevenção e combate à disseminação do coronavírus, a prefeitura da capital paulista começou na segunda-feira (21) a distribuir de máscaras nos 32 terminais de ônibus da cidade, das 7h às 10h. A ação continua na próxima semana. Até o momento foram distribuídas mais de 350 mil máscaras.

Em seis terminais (Santo Amaro, Vila Nova Cachoeirinha, Sacomã, Parque D. Pedro, Itaquera e Pinheiros) ocorre também no mesmo horário a vacinação contra a covid-19 para a população acima de 3 anos de idade. Até esta quinta-feira (24), foram aplicadas 3.715 doses nesses locais.

A vacinação ainda está disponível em todas as unidades básicas de Saúde (UBS) e assistências médicas Ambulatoriais Integradas (AMA/UBS) de segunda-feira a sexta-feira, e, aos sábados, nas AMA/UBS Integradas, das 7h às 19h. Os endereços das unidades podem ser consultados no Busca Saúde na pagina da prefeitura.

Segundo nota do Conselho Gestor da Secretaria Estadual de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do dia 23, as internações por covid-19 em leitos de enfermaria e UTI cresceram 156% e 97,5% respectivamente nos últimos 14 dias, chegando a uma média diária de mais de 400 novas internações.

“A velocidade de aumento de internações [5% ao dia para pacientes em UTI e 7% por dia para pacientes em enfermarias] e taxas de ocupação de leitos de UTI [44% no estado de São Paulo e 59% na região metropolitana de São Paulo] é acentuada e começa a pressionar os sistemas de saúde público e privado”, diz nota do conselho.

De acordo com o conselho, apesar do patamar alto na região metropolitana de São Paulo, observa-se aumento também nas regiões do interior e litoral do estado, inclusive com profissionais da saúde sendo afastados do trabalho por serem infectados com a covid-19.

O conselho alerta ainda para a circulação de diversas subvariantes da variante Ômicron, ainda com predominância da subvariante BA.5 e crescimento progressivo de casos relacionados à subvariante BQ1.

“As internações referem-se principalmente a pacientes mais idosos e/ou com comorbidades ou imunodeprimidos, mais vulneráveis a descompensações e complicações relacionadas à infecção pelo Sars-Cov-2, o que permite prever aumento de óbitos nas próximas semanas”, informa o conselho.

Segundo levantamento do conselho, há pelo menos 10 milhões de adultos que não tomaram a primeira dose de reforço e 7 milhões sem a segunda dose de reforço, e há a necessidade de aumentar a cobertura vacinal de crianças e adolescentes. Fonte: Agência Brasil - São Paulo- Publicado em 25/11/2022 - 11:12


China registra 31.4 mil casos de covid e bate recorde na pandemia

Apesar da política de "covid zero", país tem mais de 31 mil infecções em 24 horas, número mais alto desde o início da pandemia. Milhões estão em isolamento. Autoridades decretam "guerra de aniquilação'' contra o vírus.

As autoridades chinesas relataram nesta quinta-feira (24/11) um recorde de infecções pelo coronavírus. Foram 31.444 novos casos em 24 horas. Este é o número diário mais alto registrado no país desde o início da pandemia, há quase três anos. Mas em comparação com cifras de outras nações e a grande população de 1,4 bilhão de pessoas, o número é relativamente pequeno.

COVID ZERO

No entanto, o Estado chinês segue uma estrita política de "covid zero" desde o surto em Wuhan, surgido no início de 2020. Assim, onde quer que o vírus apareça, medidas duras são tomadas: rastreamento de contatos, isolamento forçado em alojamentos centrais, fechamento de escritórios e lojas, restrições de saída em cidades com mais de um milhão de habitantes, proibições de viagens.

Atualmente, milhões de chineses são afetados por tais medidas. Isso inclui a população na metrópole econômica de Cantão, no sul, e na capital, Pequim.

De acordo com virologistas, o fato de os números terem subido em todo país de forma tão acentuada recentemente se deve principalmente a novas variantes de ômicron que são altamente contagiosas.

CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS

A economia está sendo afetada severamente com os recorrentes lockdowns. A meta de crescimento de 5,5% prevista pela liderança do regime chinês para este ano provavelmente ficará distante de ser atingida.

Além disso, as duras medidas restritivas e os constantes testes em massa causam irritação em parte da população.

Não há estratégia de saída da estratégia "zero covid". Milhões de idosos não estão completamente vacinados. Há temores de que o sistema de saúde entre em colapso se o vírus se espalhar descontroladamente.

Moradores de oito distritos de Zhengzhou, lar de 6,6 milhões pessoas, foram instruídos a ficar em casa por cinco dias a partir desta quinta-feira, só podendo sair para comprar comida ou receber tratamento médico. Testes diários em massa foram ordenados no que o governo da cidade chamou de "guerra de aniquilação'' contra o vírus.

O número de casos diários tem aumentado constantemente no país. Nesta semana, autoridades relataram as primeiras mortes por covid-19 na China em seis meses, elevando o total de óbitos para 5.232 desde o início da pandemia.

BLOQUEIOS E TESTES EM MASSA

Cantão suspendeu na segunda-feira o acesso ao distrito de Baiyun, de 3,7 milhões de residentes, enquanto habitantes de algumas áreas de Shijiazhuang, uma cidade de 11 milhões de pessoas a sudoeste de Pequim, foram instruídos a ficar casa enquanto testes em massa são realizados.

Pequim abriu um hospital em um centro de exposições. A administração da capital chinesa suspendeu acesso à Universidade de Estudos Internacionais de Pequim após registrar um caso de contágio. Alguns shoppings e prédios de escritórios foram fechados, e o acesso foi bloqueado para alguns conjuntos de apartamentos.

Embora as fronteiras da China permaneçam praticamente fechadas, o governo afirma que tem "otimizado e facilitado o processo de saída e entrada de executivos e pessoal especializado de empresas multinacionais e empresas estrangeiras e seus familiares na China". Fonte: Deutsche Welle – 24.11.2022  

Comentário:  COVID-19 na China

Casos Confirmados:297.516

Óbitos: 5.232

Recuperados: 265.471

Casos ativos: 26.813

Fonte: Worldometer - Last updated: November 24, 2022, 19:35 GMT

População: Em 2021, 1,41 bilhão conforme dados de  National Bureau of Statistics of China in January 2022,  

sábado, 19 de novembro de 2022

Covid-19 aumenta em 12 estados, diz Fiocruz

O Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na sexta-feira, (18), reforça o crescimento dos casos de covid-19, que já corresponde a 47% dos resultados positivos para vírus respiratórios nas últimas quatro semanas.

Em nível nacional, o aumento moderado de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na tendência de longo prazo está presente em 12 de 27 estados:

Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás,

Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí,

Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro,

Santa Catarina e São Paulo.

Referente à Semana Epidemiológica (SE) 45, período de 6 a 12 de novembro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 14 de novembro.

Os dados indicam crescimento dos casos positivos para Sars-CoV-2 (covid-19), especialmente na população adulta. Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os registros com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 10,3% para influenza A; 0,3% para influenza B; 24,2% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 47% Sars-CoV-2. Entre os óbitos, a presença dos mesmos vírus entre os positivos foi de 4,1% para influenza A; 0,0% para influenza B; 1,4% para VSR; e 83,6% Sars-CoV-2.

O pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes destaca a importância da combinação de vacinação e uso de máscaras como ações de proteção. Ele orienta a população a verificar quantas doses já foram recomendadas para seu perfil, levando em conta a faixa etária e as condições de saúde, para que o novo ciclo seja enfrentado com o maior nível de proteção possível.

“A vacina é muito importante para diminuir o risco de agravamento, mas seu papel é um pouco menor na transmissão. Por isso, é fundamental que se volte a usar boas máscaras em situações específicas, ou seja, em transporte público, locais fechados e situações com muita gente em um espaço relativamente pequeno. É vacina no braço e máscara no rosto”, disse o coordenador do InfoGripe. Fonte: Agência Brasil - Rio de Janeiro - 18/11/2022  

Coronavírus: Situação do Estado de São Paulo até 17 de novembro de 2022

 

Coronavírus: Situação do Brasil até 17 de novembro de 2022

 

sábado, 12 de novembro de 2022

Coronavírus: Infectologistas defendem volta das máscaras e mais vacinação

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) defendeu, nesta sexta-feira (11), o incremento da vacinação, a volta do uso de máscaras e outras medidas para evitar que o cenário atual de alta nos casos de covid-19 traga um possível aumento de internações, superlotação nos hospitais e mais mortes no futuro.

A entidade divulgou nota técnica de alerta, elaborada por seu Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias e assinada pelo presidente da SBI, Alberto Chebabo.

"Pelo menos em quatro estados da federação, já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior", diz o texto, baseado nos dados divulgados ontem (10) no Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz.

A SBI alerta que o cenário é decorrente da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes e pede que o Ministério da Saúde, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenham atenção especial às medidas sugeridas.

O primeiro ponto levantado pela sociedade científica é que é preciso incrementar as taxas de vacinação contra a covid-19, principalmente nas diferentes doses de reforço. A SBI avalia que as coberturas se encontram, todas, em níveis ainda insatisfatórios nos públicos-alvo.

Os infectologistas recomendam também garantir a aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de 6 meses a 5 anos de idade, independente da presença de comorbidades. Até o momento, a vacinação da faixa de 6 meses a 3 anos ainda está restrita a crianças com comorbidades, e o Ministério da Saúde iniciou ontem (10) a distribuição de 1 milhão de doses de vacinas destinadas a elas.

A SBI também pede a rápida aprovação e acesso às vacinas covid-19 bivalentes de segunda geração, atualizadas com as novas variantes, que estão atualmente em análise pela Anvisa. Procurada pela Agência Brasil, a agência respondeu que os processos estão em fase final de análise, e é esperado que a deliberação ocorra em breve, embora não haja uma data fixada para isso. Fonte: Agência Brasil - 11/11/2022 - 20:24

Coronavírus: Situação do Brasil até 11 de novembro de 2022

 


Coronavírus: Internações por covid-19 disparam em São Paulo

O surgimento de uma nova subvariante do coronavírus, a pouca adesão às doses de reforço das vacinas e as aglomerações na campanha eleitoral voltaram a aumentar a transmissão do vírus. Em São Paulo, o retorno da pandemia de covid-19 aumentou rapidamente os diagnósticos e as internações pela doença no SUS (Sistema Único de Saúde) e em hospitais da rede privada, como o Albert Einstein e o Sírio Libanês.

"Os dados apontam um crescimento acelerado nas admissões hospitalares em leitos covid no estado nas duas últimas semanas", afirmou o coordenador da Info Tracker, plataforma de monitoramento da pandemia das universidades estaduais paulistas USP e Unesp.

Como o Ministério da Saúde não consolidou os dados nacionais de internação, a Info Tracker colheu as informações no estado de São Paulo, capital, Grande São Paulo e interior.

O pesquisador e professor da Unesp diz que a preocupação é maior na capital e Região Metropolitana, em "uma escalada que se iniciou há duas semanas".

"A capital tem concentrado atualmente 60% das novas admissões hospitalares de todo o estado", calcula. "Esse aumento começa a reverberar, ainda que em menor grau, nas regiões adjacentes à Região Metropolitana, como Sorocaba, Campinas e São José dos Campos."

Está previsto para as próximas semanas um aumento generalizado em todo o estado." Wallace Casaca, da Info Tracker

Vai ter nova onda?

Casaca prefere chamar o aumento de casos de repique, uma vez que a gravidade dos casos é menor do que no passado, com menos internações e mortes. Já a infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Rosana Richtmann, diz que "chamaria de uma nova onda, mesmo que uma marola", em razão do aumento de casos, da chegada das festas de fim de ano e da flexibilização das medidas sanitárias.

"Não quero assustar ninguém porque a gravidade dos casos é mesmo muito menor, mas temos uma tendência", diz Richtmann. "É indiscutível que o número de casos está francamente aumentando."

O que fazer agora? "Os vírus mudam, mas as recomendações são as mesmas: um dos vilões de transmissão são nossas mãos: sempre faça a higienização com álcool em gel ou sabão para diminuir a possibilidade de contaminação do ambiente e de se contaminar", diz a médica.

Recomendo aos mais vulneráveis usar máscara em transporte público, principalmente em horários de pico. Se algum familiar estiver sintomático no fim de ano, tenha o bom senso de respeitar os mais vulneráveis e evitar as festas. Fonte: UOL, em São Paulo-12/11/2022 11h51

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Quem paga pelas perdas e danos da mudança climática?

O aumento da temperatura global tem causado eventos naturais cada vez mais extremos. Países em desenvolvimento exigem compensação pelos danos das mudanças climáticas, causadas em grande parte pelas nações mais ricas.

Eric Njuguna está furioso. O ativista ambiental de 20 anos testemunha as mudanças devastadoras causadas pelo aquecimento do planeta no Quênia. A população está perdendo seus meios de subsistência, suas casas e até mesmo suas vidas, em meio à pior seca que a região viu nos últimos 40 anos.

"Os impactos nos deixam com sede. Nos deixam famintos por comida. Sinto que a raiva vem de saber que fizemos o mínimo para causar isso, mas são nossos países e nossas comunidades que sofrem com o impacto", disse Njuguna à DW a partir da capital do Quênia, Nairóbi.

O Quênia é um dos países do Sul Global mais atingidos pela mudança climática. Mas não é o único. A seca extrema tem deixado milhões de pessoas no Chifre da África à beira da fome, enquanto tempestades cada vez mais destrutivas atingem as Filipinas. Nos últimos meses, cerca de 1.500 pessoas morreram depois que mudanças de vento extremas, as chamadas monções, inundaram grandes áreas do Paquistão.

"Existe aquilo a que podemos nos adaptar, contudo, com a gravidade crescente da crise climática, há também aquilo a que não podemos", afirma Njuguna. "Isso precisa ser financiado."

Os apelos estão cada vez mais fortes para que nações mais ricas forneçam compensação na forma de um fundo dedicado para cobrir os custos de perdas e danos graves.

A questão controversa deve desempenhar um papel importante nas discussões durante a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), que ocorre em Sharm El-Sheikh, no Egito. No último domingo, representantes concordaram em abordar o financiamento de perdas e danos, adicionando o tema à agenda da cúpula pela primeira vez.

O QUE SÃO PERDAS E DANOS?

O termo perdas e danos é usado para se referir aos danos gerados ​​pelas mudanças climáticas causadas pelo homem.O conceito foi introduzido pela Aliança dos Pequenos Estados Insulares nas negociações climáticas internacionais em Genebra, em 1991, com a proposta de um esquema de seguro contra a elevação do nível do mar, com custos a serem cobertos pelos países industrializados. Mas não foi seriamente considerado novamente até 2013 na COP19 em Varsóvia, Polônia.

O Mecanismo Internacional de Varsóvia para Perdas e Danos foi criado com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o tema e encontrar formas de abordá-lo. Houve pouco movimento desde então.

Na conferência climática da ONU do ano passado, realizada na cidade escocesa de Glasgow, os negociadores rejeitaram uma proposta de mecanismo financeiro formal para perdas e danos feita por membros do Grupo dos 77 (G77), que reúne mais de cem países em desenvolvimento e a China. Em vez disso, foi estabelecido o chamado Diálogo de Glasgow, a fim de permitir uma discussão mais aprofundada sobre o financiamento de uma "maneira aberta, inclusiva e não prescritiva".

Contudo, Zoha Shawoo, cientista associada que pesquisa perdas e danos no Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo, diz que alguns países criticaram o diálogo como "uma desculpa para adiar novas ações".

O DEVER DOS PAÍSES RICOS

Historicamente, os países desenvolvidos têm a maior responsabilidade pelas emissões que levam ao aumento da temperatura global. Entre 1751 e 2017, os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido foram responsáveis ​​por 47% das emissões cumulativas de dióxido de carbono, em comparação com apenas 6% dos continentes africano e sul-americano. Ainda assim, eles têm sido lentos em fazer contribuições financeiras para aliviar o impacto nos países mais afetados.

Em 2010, as nações do Norte Global concordaram em destinar 100 bilhões de dólares (mais de R$ 500 bilhões) anuais até 2020 para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem aos impactos das mudanças climáticas, por exemplo, fornecendo aos agricultores plantações resistentes à seca ou pagando por melhores defesas contra inundações.

Contudo, de acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que monitora o financiamento, em 2020 os países ricos empenharam pouco mais de 83 bilhões de dólares. O valor representou um aumento de 4% em relação ao ano anterior, mas ainda ficou aquém do valor acordado.

Marlene Achoki, colíder de política global sobre justiça climática da ONG CARE International, diz que os países desenvolvidos, que criaram o problema da mudança climática, devem "fornecer o financiamento necessário", uma vez que o financiamento inadequado tem um efeito desestabilizador nos países que já estão com dificuldades.

"Em vez de abordar questões de pobreza e educação,eles precisam tomar medidas para lidar com as questões das mudanças climáticas", afirma Achoki. "Eles precisam buscar recursos, finanças para tentar construir a resiliência das comunidades."

PERDAS NÃO SÃO APENAS FINANCEIRAS

De acordo com um relatório elaborado pela Loss and Damage Collaboration (grupo global de pesquisadores, ativistas, advogados e tomadores de decisão), 55 das 58 nações incluídas no Vulnerable 20 (grupo de nações em desenvolvimento que inclui, entre outros países, Quênia, Filipinas e Colômbia) sofreram perdas econômicas de mais de meio trilhão de dólares nas duas primeiras décadas deste século, em decorrência da mudança climática.

Mas as perdas não são apenas econômicas. A mudança climática também causa, por exemplo, o desaparecimento de áreas de importância cultural e tradicional.

"Se você tem uma área onde se realiza rituais religiosos ou culturais, como uma praia ou algo assim, e ela é inundada e removida, isso traz uma perda associada ao desaparecimento da área. Muitas das comunidades mais vulneráveis ​​às mudanças climáticas também são comunidades indígenas ou locais e estão enfrentando a maioria dessas perdas", afirma a cientista Shawoo.

QUAL É O PONTO DE ATRITO?

Embora os países desenvolvidos reconheçam amplamente a necessidade de lidar com as perdas e danos, alguns defendem o financiamento por meio de fundos climáticos já existentes, esquemas de seguro e ajuda humanitária. A União Europeia, por exemplo, disse que estava "aberta a discutir perdas e danos como um tópico, mas hesitante em criar um fundo dedicado a ele".

"Acho que há um medo de que, se eles reconhecerem a necessidade de financiamento adicional para perdas e danos, isso abra espaço para reivindicações de responsabilidade e compensação, o que teria um custo enorme", pondera Shawoo.

Se uma ponte desabou por causa de uma inundação, ou casas foram destruídas como resultado de um tufão em um país em desenvolvimento, por exemplo, existe o medo entre os países desenvolvidos de que "eles seriam responsabilizados por pagar por isso", acrescenta.

Alguns países decidiram seguir seu próprio caminho. No início deste ano, a Dinamarca prometeu mais de 13 milhões de dólares em compensação de perdas e danos aos países em desenvolvimento, incluindo a região do Sahel, no noroeste da África. Na COP26 no ano passado, a Escócia também se comprometeu com pelo menos 1 milhão de dólares.

A ação individual de países é uma boa maneira de atender à urgência das perdas enfrentadas pelas nações em desenvolvimento, diz Shawoo. "É uma maneira fácil para os países mostrarem que estão fazendo algo sem se comprometer com algo que os responsabilize, como um mecanismo financeiro."

Mas com as temperaturas subindo e as nações ricas falhando em reduzir significativamente as emissões de dióxido de carbono, os impactos das mudanças climáticas continuarão afetando as comunidades mais pobres.

"A janela para ação está se fechando. Os impactos que estamos enfrentando com 1,2 graus de aquecimento são bastante severos e ainda não há nenhuma ação séria à vista", conclui o ativista Eric Njuguna. Fonte: Deutsche Welle – 8.11.2022