Alemães consomem cerca de 320 mil copos descartáveis para
café por hora, quase 3 bilhões por ano. Enquanto lixeiras transbordam, cidades
lançam projetos para tentar tornar novo hábito menos agressivo ao meio
ambiente.
Só na Alemanha, cerca de 15% do café é consumido dessa forma
– em torno de um terço disso em copos descartáveis. Os montes de copos
descartáveis transbordando das latas de lixo nos centros urbanos são apenas um
pequeno indício das consequências ambientais originadas da conveniência.
Com 70% dos alemães se definindo atualmente como
consumidores "particularmente frequentes" ou "ocasionais"
de "bebidas para viagem", cerca de 320 mil copos descartáveis de café
para viagem são usados em toda a Alemanha a cada hora, o que equivale a quase 3
bilhões por ano.
Quase não é usado papel reciclado na produção dos copos
descartáveis, significando que cerca de 43 mil árvores têm que ser cortadas
anualmente para acompanhar a demanda de copos descartáveis da Alemanha. Em
resposta a legislações da UE e da Alemanha, que exigem que os fabricantes
assegurem que substâncias tóxicas não vazem em recipientes de alimentos ou de
bebidas, as empresas começaram a só usar materiais virgens em embalagens.
Mas o problema não é apenas o copo. Adicione revestimento de
polietileno, que impede o copo de encharcar, uma tampa de plástico, a ocasional
haste para misturar o açúcar, o papelão adicional para ajudar a pegar o copo
muito quente sem queimar as mãos – e o que originalmente era um copo parece
querer se assemelhar a um pequeno conjunto para jantar.
APELO DE AMBIENTALISTAS
Confrontados com o crescente impacto ambiental do amor
alemão pelo café para viagem, a organização ambiental Deutsche Umwelthilfe
(DUH) cobra um esforço conjunto para que seja criado um sistema uniforme de
reciclagem.
Thomas Fischer, chefe de gestão de reciclagem na DUH, afirma
que há duas soluções possíveis para reduzir o número de copos descartáveis em
circulação. Precisamos melhorar o apelo de copos reutilizáveis e tornar o uso
de copos descartáveis menos atraente, propõe.
É encorajador ver que algumas empresas já estão oferecendo
encher copos térmicos de café, por exemplo. Mas às vezes isso não agrada muito
ao consumidor.
SISTEMA DE DEPÓSITO
Os clientes têm que planejar levar seu copo e carregá-lo
antes e depois de tomar seu café, explica. Diferentemente de lanchonetes que
simplesmente oferecem recargas, o DUH propõe um "sistema de depósito"
linear, em que consumidores de café pagariam um depósito para um copo
reutilizável na compra de sua bebida. Quando terminam, eles podem devolver o
copo para qualquer empresa participante e receber de volta seu depósito.
"Vários estados estão trabalhando em acordos
voluntários com restaurantes e cadeias de cafeterias", ressalta Fischer.
Projetos-piloto já estão sendo implementados em cidades como Rosenheim e
Hamburgo.
RESISTÊNCIA DE GRANDES REDES
Cada copo pode ser usado e lavado 400 vezes e custa um
depósito de um euro. A tampa, contudo, permanece descartável "por razões
de higiene". Proprietária da cafeteria Cafe Aspekt, Jamila Saude diz que
em questão de semanas o sistema já prova ser um sucesso. "Até agora, cerca
de 20% a 30% dos nossos clientes estão usando os copos reutilizáveis",
comemora.
Um dos principais obstáculos para um sistema de maior
alcance, no entanto, é o número de cadeias de cafeterias na Alemanha que não
estão dispostas a usar copos reutilizáveis sem sua marca impressa neles,
especialmente nomes mais conhecidos, como Starbucks e McDonalds.
"Mas esses são obstáculos que podemos superar",
acredita Fisher. "E a pressão política está aí. Especialmente se for
imposta uma taxa adicional para o uso de copos descartáveis."
Juntamente com o sistema de depósito, a DUH propõe dissuadir
os consumidores de comprar café em copos descartáveis, através da criação de um
custo adicional. "Esta é, portanto, parte da equidade social", diz
Fischer. "É injusto que pessoas que estão fazendo esforço para usar copo
reutilizável paguem o mesmo preço que alguém que está ajudando a fazer crescer
as pilhas de lixo." Fonte: Deutsche
Welle - Data 12.12.2016
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