Além das bolhas de informação que isolam os usuários entre
aqueles que pensam de forma parecida, os especialistas têm-se preocupado em
como juntar liberdade de expressão, mídias sociais e verdade.
EXCLUSÃO CULTURAL
Educadores da Universidade de Stanford, nos EUA, afirmam que
os jovens são facilmente enganados por conteúdos patrocinados e nem sempre
reconhecem o viés político das mensagens recebidas pelas redes sociais.
Eles concluíram que, quando se trata de avaliar a informação
recebida através dos canais sociais ou mesmo dos resultados de uma pesquisa no
Google, os jovens - todos usuários costumeiros da tecnologia digital - podem
facilmente ser enganados.
Os testes mostraram uma incapacidade inesperada dos alunos
para ponderar sobre as informações que viam na internet, disseram os autores.
Por exemplo, os estudantes tiveram dificuldade em distinguir propagandas de
artigos de notícias ou identificar de onde vinha a informação.
"Muitas pessoas assumem que, como os jovens são
fluentes em mídias sociais, eles seriam igualmente perspicazes sobre o que eles
encontram lá. Nosso trabalho mostra que o oposto é verdade," disse o
professor Sam Wineburg, coordenador do estudo.
CREDIBILIDADE DAS NOTÍCIAS
A equipe começou seu trabalho em janeiro de 2015, bem antes
dos debates mais recentes sobre notícias falsas e sua influência na eleição
presidencial dos EUA e nos acontecimentos políticos no Brasil.
Os testes foram desenvolvidos para avaliar o entendimento
que cada aluno deveria possuir, como ser capaz de descobrir quem escreveu uma
história e se essa fonte é confiável. Os pesquisadores basearam-se na
experiência de professores, pesquisadores universitários, bibliotecários e especialistas
em notícias para chegar a 15 testes adequados a cada idade - cinco para cada
nível, abrangendo escola secundária, ensino médio e faculdade.
"Em todos os casos e em todos os níveis, fomos
surpreendidos pela falta de preparação dos alunos," escreveram os autores.
"Este resultado indica que os alunos podem se concentrar mais no conteúdo
dos posts de mídias sociais do que em suas fontes. Apesar de sua fluência com
as mídias sociais, muitos estudantes desconhecem as convenções básicas para
indicar informações digitais verificadas".
Os autores afirmam recear que a democracia esteja sob ameaça
pela facilidade com que a desinformação sobre questões cívicas se propaga e
floresce.
Wineburg afirma que a equipe pretende agora desenvolver
técnicas para ajudar os educadores e professores a mensurar a compreensão dos
seus alunos e instruí-los adequadamente para filtrar por si mesmos as
informações que recebem. Fonte: Diário da Saúde-29/11/2016
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