Os servidores do sistema informatizado para o controle do
pagamento de propinas da empreiteira Odebrecht, descoberto durante a Operação
Lava Jato, ficavam hospedados na Suíça, e estavam na ativa até o mês passado.
As informações são do administrador Camilo Gornati, que deu
depoimento nesta quarta-feira (22) ao juiz Sergio Moro, durante audiência à
Justiça.
Gornati foi o responsável por gerar logins e senhas para
funcionários da Odebrecht acessarem o sistema, por volta de 2008.
O administrador chegou a ir à sede da empreiteira, em
Salvador, para orientar duas funcionárias da empresa a usar o programa. Almoçou
com funcionários e conheceu Hilberto Silva, executivo da Odebrecht –que foi preso
na Lava Jato.
Segundo ele, cada usuário do sistema, chamado de Drousys,
tinha acesso a uma conta de e-mail que circulava apenas internamente. Era por
ali que os funcionários da Odebrecht trocavam informações sobre os repasses de
propinas, segundo as investigações.
Os datacenters do sistema estavam na Suíça principalmente
por "questão de segurança", segundo Gornati. "Seria um dos
melhores datacenters do mundo", afirmou. Além disso, o custo dos
equipamentos, mais baratos que no Brasil, e a certificação do datacenter
justificaria a escolha.
O Drousys operou normalmente até meados de 2014, de acordo
com Gornati. Nessa época, foi criado um novo portal de acesso, num datacenter
também sediado na Suíça, e os dados do primeiro sistema foram transferidos para
o segundo. Meses depois, o Ministério Público da Suíça bloqueou o acesso ao
primeiro datacenter.
O segundo datacenter, segundo Gornati, só foi desativado
"mês passado ou retrasado", também a pedido do MP da Suíça.
"Estava funcionando até então, mas com pouquíssima utilização, até onde eu
sei", disse.
As duas funcionárias orientadas pelo técnico em Salvador
foram detidas durante a 23ª fase da Lava Jato, em fevereiro: Maria Lúcia
Tavares e Angela Palmeira Ferreira.
A primeira firmou acordo de delação premiada e deu subsídios
para a deflagração da 26a fase da operação, que investigou o sistema
paralelo da Odebrecht para contabilizar o pagamento de propinas.
Gornati era contratado da empresa JR Graco, investigada por
operar pagamentos ilícitos para a Odebrecht no exterior, de acordo com a
força-tarefa da Lava Jato. A empreiteira era uma das clientes da empresa. Fonte: Folha de São Paulo - 22/06/2016
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