Faz três meses que o mercado estatal Bicentenário em
Guatire, periferia a leste de Caracas, não é abastecido com frango, item até
então poupado da escassez na Venezuela. A dez minutos de carro dali, outro
mercado estatal, o PDVAL, ainda recebe frango ocasionalmente. Numa manhã
recente, porém, o estoque era insuficiente diante da multidão amontoada no
local desde a madrugada.
Funcionários e soldados com fuzis explicavam que só metade
das mil pessoas na fila poderiam adquirir a cota individual de dois frangos a
preço regulado. Houve gritaria e empurra-empurra. “Nós nos comportamos como
mortos de fome”, disse a dona de casa Susana Oshoa, número 379 na fila,
conforme rabiscado em seu braço.
O desabastecimento atinge níveis recordes desde novembro,
quando o caos que assola o país há anos deu salto repentino devido ao
agravamento das crises econômica e política. Proliferam saques e pancadaria no
comércio. Incidentes são filmados e propagados na internet.
ESCASSEZ DE REMÉDIOS: Segundo um consultor da indústria
farmacêutica que pediu anonimato, entre os 6.000 medicamentos registrados no
país, menos de 450 estão disponíveis. O setor alertou informalmente a
Organização Mundial da Saúde sobre o risco de uma crise humanitária.
A escassez de remédios aumenta a preocupação com o zika. O
governo admite 4.700 casos, mas médicos falam em dezenas de milhares.
RACIONAMENTO DE ÁGUA: A saúde pública também está em alerta
devido ao racionamento de água anunciado em janeiro pelo governo, que culpa a
seca, mas é acusado de ter sucateado a infraestrutura hídrica.
INFLAÇÃO E CRIMES: A inflação fechou 2015 como a mais alta
do mundo (190%) e caminha para quadruplicar neste ano, com previsão de 720%, de
acordo com o FMI.
Preços de artigos não tabelados parecem surreais. Um quilo
de tomate ou uma lata de atum custam 1.000 bolívares --10% do salário mínimo,
de 10 mil bolívares, que equivale a US$ 10 na cotação paralela.
RAÍZES DO CAOS: Num país rentista que tem no petróleo sua
virtual única fonte de divisas, a queda do preço do barril desde 2014 acirrou
uma recessão consolidada havia tempo devido aos ataques do governo contra o
setor produtivo.
Em 17 anos no poder, o chavismo expropriou centenas de
empresas (muitas das quais hoje abandonadas), prendeu empresários e impôs
controles de câmbio e de preços que minaram produção e investimento.
Sem dinheiro para importar e sem produzir, o governo
acelerou a impressão de moeda e contraiu dívidas para tentar manter programas
sociais e subsídios que são sua marca registrada.
Mas, segundo economistas, as medidas só pioraram a crise. Dias
piores são esperados
Fonte: Gazeta do Povo -04/02/2016
Comentário: A finalidade do socialismo é distribuir miséria.
É a Cuba da América do Sul
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