Com 475 milhões de visualizações no YouTube, o videoclipe do cantor PSY mudou a forma que encaramos a Coréia do Sul, pois é um número muito grande, equivalente a cerca de 7% da população mundial, e a Coréia do Sul não costuma ser sinônimo de moda, embora tenha feito progressos mesmo antes do "Estilo Gangnam".
A economia sul-coreana duplicou de tamanho desde 1997. O país exporta mais para a China do que para os EUA. Enquanto sua riqueza crescia, também aumentavam sua sofisticação e seus gostos. Cada vez mais o país vem tentando "renovar sua marca", montando um conselho presidencial permanente cujo objetivo é "estabelecer uma marca nacional".
A Coréia do Sul -através das novelas de enorme sucesso e de astros pop glamurosos que incluem BoA, Rain (Jung Ji-hoon) e a Girls' Generation- se remodelou de polo industrial de rápido crescimento a uma potência cultural criativa.
Então veio o "Estilo Gangnam" para projetar o "made in South Korea" a outro nível. O "hallyu", ou onda coreana, nunca conheceu nada parecido. Pode ir a Mayfair e Beverly Hills: Gangnam entrou para o léxico global do modo de vida exclusivo.
PSY já existe há algum tempo. Ele é conhecido por zombar do establishment. Seu videoclipe faz exatamente isso -visa os ricaços de Gangnam, onde vivem as famílias de elite que dominam os conglomerados industriais da Coréia. Mas essa sátira da vida na pista expressa coreana provavelmente se perdeu para a maioria dos 475 milhões de espectadores globais. O que não se perdeu é como PSY é engraçado, criativo e esperto, enquanto inventa uma dança que imita vagamente a montaria em um cavalo invisível.
Isso é bom para a nova marca coreana. A Samsung vende muitos smartphones, mas ainda luta contra a Apple nas listas de objetos de desejo. A Hyundai fez um enorme avanço, mas não é a BMW. Os cosméticos coreanos invadiram a China, mas não fizeram incursões significativas no Ocidente. Um vídeo viral de Gangnam, propagado pela mídia social, é provavelmente mais eficaz para mudar as percepções do que inúmeras campanhas de marketing. Não admira que ele tenha sido adotado pelo governo de Seul.
Escrevendo na "Harvard Business Review", Dae Ryun Chang notou que a canção "intencionalmente não tem direito autoral, de modo que as pessoas se animem a criar suas próprias paródias on-line". A mídia social funcionou tanto na criação como na distribuição.
Ainda não está claro quais serão todas as derivações e os benefícios colaterais do "Estilo Gangnam". A cultura sul-coreana já permeou a Ásia, suas novelas fizeram imenso sucesso fora de mercados ocidentais em lugares como Irã, Egito, Turquia, América Latina e Rússia. Os Estados Unidos e a Europa demoraram para despertar para essa drástica reforma coreana. Seu choque diante do fenômeno Gangnam é uma medida de seu estado de autoabsorção. A exuberância racional, no estilo "dança do cavalo", ainda existe fora do Ocidente. Fonte: Folha de São Paulo - 22 de outubro de 2012
Comentário: Quem diria, na década de 80 o Brasil era melhor do que a Coréia do Sul em todos os aspectos.
Até meados dos anos 80 e, principalmente, na primeira metade do século XX, o Brasil apresentava um grau (e velocidade) de desenvolvimento superior ao da Coréia do Sul, mas a Coréia fez a opção pela educação e a industrialização de produtos com maior valor agregado para exportação, (tecnologia, educação) e o Brasil optou pela industrialização de produtos com mão de obra intensiva visando o mercado interno. Enquanto o Brasil preocupou-se em proteger o mercado interno, a Coréia se preocupou com o mercado global com produtos com maior valor agregado.
Hoje o Brasil se preocupa com os pobres, inclusão social, educação, vale educação, etc. É tanto vales. O Brasil virou uma espécie de Santa Casa de Misericórdia. Só faz sucesso em programas sociais. O programa do governo é o PAS (Programa de Aceleração Social). É o programa que vai modelar a Avenida Brasil, que é o nosso país. Enquanto isso a Coréia está no mundo global digital e o nosso país está no mundo do faz de conta.
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