sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Situação de mineiros é mais parecida com a de soldados

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A situação dos 33 trabalhadores bloqueados desde o dia 5 a 700 metros de profundidade em uma mina no norte Chile se assemelha mais à de soldados em uma missão de guerra do que à de astronautas ou tripulantes de um submarino, afirmaram especialistas.

"[Astronautas, marinheiros e pesquisadores polares] são voluntários", explicou o psicólogo e pesquisador sobre isolamento Lawrence Palinkas, da Universidade do Sul da Califórnia (USC), em entrevista ao site do Discovery Channel. "Eles sabem que seu isolamento vai acabar. Esses mineiros não estão seguros disso", contrapôs.

No caso das missões simuladas dos astronautas, o fato de que os participantes tem conhecimento de que podem interromper a atividade quando quiserem torna as condições muito diferentes, segundo os estudiosos.

"Quando você intensifica o nível psicológico, há miséria física, separação [das famílias], incerteza e ambiguidade sobre o futuro", explicou o coronel Tom Kolditz, da academia de West Point, do Exército norte-americano.

Por isso, a situação se assemelharia mais à de soldados em uma missão de combate prolongada. O lado positivo seria o de que estas condições psicológicas foram bastante estudadas, e há muitos precedentes aos quais olhar para ajudar os mineiros do Chile.

Segundo Kolditz, a iniciativa dos trabalhadores bloqueados de já ter nomeado seu líder é típico desses episódios, e é chamada de "liderança de emergência".

Um dos fatores mais perigosos para a moral dos operários é, pelo contrário, a situação das famílias. "Essas pessoas são todas pobres, e sabem que a companhia mineradora está à beira da falência, e isso provoca ansiedade, unida ao sentido de impotência porque não podem interferir", explicou ele.

Ainda de acordo com os especialistas, é importante que os homens instituam rotinas, como recomendou a equipe médica que os acompanha em Copiapó, onde fica a mina San José, a fim de ter "pontos firmes" que dividam os dias.

"No Vietnã, por exemplo, se requisitava aos soldados empenhados por 50-80 dias para fazer a barba todos os dias -- uma pequena coisa, mas importante quando todo o resto era incerto", acrescentou o coronel.

Nas primeiras horas da manhã de hoje, chegariam a Copiapó os quatro profissionais enviados pela Agência Espacial Norte-americana (Nasa, na sigla em inglês) para ajudar nos trabalhos de manutenção física e psicológica dos operários presos.

Ontem, a máquina Strata 950, que fará a perfuração até o ponto onde estão os 33 homens -- que ficaram bloqueados depois que um desmoronamento impediu a saída da mina -- começou suas atividades. O resgate pode levar até quatro meses, enquanto outras alternativas estão sendo estudadas pelo governo chileno. Fonte: UOL Noticias - 01/09/2010  

Comentário:Interessante, hoje, tudo mundo está voltado para o que se está passando com os mineiros chilenos na mina de San Jose. Todos estão torcendo pelo resgate tenha sucesso. Mas somente com o desastre a sociedade  fica conhecendo  o tipo de trabalho que alguns trabalhadores  fazem para que uma parte da sociedade usufrua dessa atividade econômica. É um trabalho duro, um trabalho sujo, não no sentido pejorativo, mas sim nas condições ambientais em que ele é executado.

São autênticos soldados de trincheiras  acompanhados pelas fatalidades inerentes a essa  atividade;

■ dificuldades subterrâneas devido à escuridão, calor, umidade, falta de espaço, radiação, exposição a gases (como metano), e pressão atmosférica.

■ riscos específicos do trabalho: explosivos, desabamento, incêndio, trabalho físico, ruído, vibração, poeira.

■ inalação de vapores de explosivos, motores a diesel, etc.

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