Comentário
Vejo em alguns noticiários, eles estão mais preocupados em
criar um campo de batalha de ideologia contra a presença maciça dos
americanos, do que analisar a realidade. Houve um mega-desastre, ou melhor, um
Armagedom da natureza..
Para agravar a situação os principais membros da ONU de ajuda que
estavam no país foram mortos durante o terremoto.
A logística e a infraestrutura do país eram precárias e agora
piorou, não existe. O aeroporto sem torre de controle, pista única, sem
equipamentos de movimentação de material. Os americanos assumiram o controle. O
porto foi extremamente danificado e perderam os equipamentos existentes no
local. Os americanos estão fazendo de um porta-aviões uma base flutuante
para levar materiais ao continente.
Todas as estradas foram afetadas dificultando o transporte e para
piorar não há equipamentos pesados (tratores) para reparar ou
retirar entulhos.
O sistema de telecomunicação não funciona e não há como reparar
sem acesso por estrada e combustível. Há um vácuo de autoridade momentânea que
dificulta a coordenação da ajuda no local
Devido esse caos momentâneo, as forças armadas brasileiras,
americanas estão tentando reorganizar para operacionalizar a ajuda. Sem
comunicação, sem elementos chaves nos locais, fica difícil essa
operacionalização. E para agravar os habitantes não tem essa noção de ajuda e
cooperação. E ainda há 6.000 criminosos soltos devido ao colapso da
penitenciária para aumentar ainda mais a violência.
Vídeo:
Soldados fazem buscas nas aldeias e encontram ainda mais estragos
Os helicópteros da Marinha dos Estados Unidos
começaram a pousar pouco antes do meio-dia em um pasto de gado numa cidade
rural altamente danificada, a cerca de 15
quilômetros de Porto Príncipe,
provocando um vendaval e atraindo multidões de curiosos e esperançosos.
Cerca de 125 marines acabaram pousando aqui e planejavam
permanecer cerca de 24 horas para descarregar a carga inicial de água e
alimentos. Eles esperavam passar a noite acampados no pasto.
O esforço de ajuda humanitária era a primeira missão significativa
dos militares americanos fora de Porto Príncipe, a capital devastada, onde as
necessidades permanecem intimidantes.
A devastação aqui é imensa, só que mais difícil de ver rapidamente
do que na cidade de Porto Príncipe, onde prédios que ruíram margeiam as ruas.
Aqui em Leogane, os prédios estão espalhados em meio a plantações de
cana-de-açúcar e banana, mas é mais fácil contar as estruturas ainda em pé do
que aquelas que ruíram.
As pessoas aqui acreditam que cerca de 5 mil pessoas morreram na
cidade.
Se havia alguma importância simbólica para os marines pousarem
aqui após as intervenções americanas anteriores neste país problemático, poucos
pareciam se importar. Algumas pessoas na multidão até mesmo brincavam com os
soldados que montavam guarda com os rifles pendurados em seus ombros.
"Vocês sabem que estamos em uma situação ruim, então estou
feliz por terem vindo nos ajudar", disse Charlius Saint Louis, 45 anos,
que perdeu uma filha de 15 anos e um filho de 12 anos no terremoto, assim como
uma namorada que estava grávida de seu filho.
No caminho de Porto Príncipe até a cidade, os estragos podiam ser
vistos ao longo de toda a rota. Longas rachaduras marcavam a estrada
pavimentada de duas pistas. Uma das faixas estava coberta em muitos trechos por
pedras e terra que deslizaram.
Em uma aldeia chamada Mona Bateau, a cerca de três quilômetros ao
norte de Leogane, alguém deixou 24 corpos à beira da estrada, a maioria
crianças, incluindo um recém-nascido e um bebê usando fralda e uma sandália
branca. O outro pé estava descalço.
Ao lado dos corpos havia uma vala comum recém cavada com cerca de
1,5 X3,5 metros e 2 metros de profundidade. Os aldeões disseram
que os corpos aparentemente vieram de outra área, com alguns dizendo acreditar
que eram de Carrefour, o bairro de Porto Príncipe que é o mais próximo daqui.
Os aldeões disseram que a ONU veio como uma escavadeira para abrir
a vala, mas que cabia aos moradores daqui colocar os corpos decompostos nela.
Cobrindo suas bocas e narizes com trapos embebidos em limão para se protegerem
do cheiro, eles colocavam os corpos sobre placas de lata corrugadas e então os
arrastavam até o buraco.
O mesmo aconteceu no domingo passado, disseram os aldeões, só que
naquela ocasião eram 18 corpos e os aldeões cavaram a vala eles mesmos.
"Nós queremos falar em um programa de rádio e dizer que as
pessoas de Carrefour despejaram os corpos aqui, o que não é justo", disse
Margaret Estima, 38 anos. "É difícil para nós porque também sou mãe",
ela disse. "Nós choramos."
Os marines testemunharão mais dos pesares do Haiti ao continuarem
se afastando da capital com equipamento pesado, para remover escombros e
realizarem outras missões. Ao ser informado sobre as crianças mortas ao lado da
estrada, o capitão Clark Carpenter, 34 anos, de Princeton, Idaho, o oficial de
relações públicas da unidade, fez uma longa pausa.
"É uma situação realmente horrível", ele finalmente
disse. "Eu tenho acompanhado isto pelos olhos da imprensa, mas ao
chegarmos aqui e vê-la pessoalmente, a verdadeira amplitude se torna
aparente."
UOL Noticias - The New York Times -
20/01/2010
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