O primeiro contato da influencer Thais Midori, de 27 anos, com a Coreia do Sul foi há 16 anos com as bandas do estilo kpop.
Aos 20 anos, descobriu que
podia fazer um intercâmbio para o país e estudar a língua. Desde então, viaja
para o território coreano todo ano, sempre com o intuito de explorar a cultura.
A primeira vez permaneceu seis meses e, depois, voltou durante as férias de
janeiro e de julho.
Ao chegar lá, ela se deu
conta de que a hospedagem era muito cara — e uma maneira de economizar seria
ficar nos microapartamentos conhecidos como goshiwon, que têm apenas cerca de
cinco metros quadrados e, às vezes, três.
Na maioria das vezes em que
ia estudar no país, ela optava por dormir nesse tipo de alojamento. "Em um
hotel barato, 17 dias, por exemplo, você gasta R$ 3.500", afirma. Já um
aluguel desse tipo de acomodação sai, em média, R$ 1.900 por mês, segundo ela.
O QUE É GOSHIWON
Goshiwons são moradias
pequenas e bem mais em conta do que apartamentos convencionais coreanos. Foram
pensados para estudantes que desejam ficar muito tempo se preparando para
concursos públicos, que usarão o alojamento somente para dormir, ou para idosos
que moram sozinhos e não têm condições financeiras de arcar com alugueis mais
caros.
Quando o inquilino escolhe
morar em um desses, ele pode optar por apartamentos com janela, sem janela, com
banheiro privado ou compartilhado. As cozinhas e lavanderia são coletivas e
alguns andares são divididos para homens e mulheres.
A grande vantagem desta
moradia é a isenção de "alugueis calção" e um contrato de um ano.
Diferentemente das outras habitações coreanas, que exigem um valor antecipado,
basta a pessoa ter dinheiro para pagar o aluguel.
A moradia é uma alternativa
para quem não tem tantos recursos financeiros e, ainda assim, deseja morar na
capital Seul e em outras cidades coreanas, segundo elas.
'DESCONFORTÁVEL'
Devido ao preço, não há
muitas regalias em acomodações como essa. Quanto mais barato for, menos
facilidades o apartamento terá. Há locais em que, mesmo tendo janela, a
abertura dá para o corredor e o inquilino nunca verá a rua.
De acordo com Thais, o maior
problema em seu goshiwon era a circulação de ar. Nesses apartamentos, quem
controla o ar condicionado e o aquecedor, segundo ela, são os donos do imóvel,
o que dificulta a regulagem dos aparelhos caso a pessoa sinta muito frio ou
calor.
"Eu não podia tomar
banho quente nem no inverno porque o quarto ficava todo úmido. Mesmo se eu
abrisse a janela não batia vento. O ar não sai."
Ela relembra que pediu para
ligar o ar condicionado por mais tempo e a proprietária cedeu um ventilador.
"No verão é muito quente. Tinha uma vizinha de Manaus que não conseguia
acreditar. É um ar quente que fica em volta de você o tempo todo. Já no frio,
eu tinha cobertor elétrico", diz Thais.
Em relação às cozinhas,
alguns gostam dos "mimos" oferecidos pelos proprietários dos goshiwons.
No local, sempre há miojo e arroz para os moradores. "Tinha dia que comia
miojo e arroz. Sempre vai ter um arroz pronto na panela, sacos de miojo para
fazer e kimchi (acelga fermentada)", conta Thais.
'NUNCA ALUGUE SEM VISITAR'
É muito comum ver placas
pelos bairros anunciando goshiwons, além de conseguir indicações de amigos,
segundo as entrevistadas. Também há sites que disponibilizam esse tipo de
imóvel.
No entanto, há lugares que
podem ter problemas com mofo, por exemplo, de acordo com os relatos. Por isso, é
importante visitar a acomodação antes de fechar qualquer contrato.
Também é comum encontrar esses
miniapartamentos em sites de hospedagem, como Airbnb, para estadias de longa ou
curta duração. O valor mensal pelo aplicativo, por exemplo, pode sair por US$
700 (cerca de R$ 3.500). "Você tem uma proteção do app, porque quando você
lida diretamente com um coreano é mais difícil", afirma Thais.
Há casos de encontrar cabelo
no banheiro, lençol que não foi bem limpo e até de outra pessoa.
E dizem que é necessário ir
com a mente aberta, pois a experiência pode ser bem claustrofóbica, segundo a
brasileira e recomenda que você domine um pouco de coreano ou vá com alguém que
domine a língua, pois muitos proprietários são idosos e não falam inglês ou
outro idioma.
'MINIAPARTAMENTOS' MAIORES
Outra opção comum de moradia
são os apartamentos menores que os tradicionais, mas um pouco maiores do que os
de cinco ou três metros quadrados.
Eles são chamados de one room (um quarto) — parecidos com kitnets convencionais do Brasil. Alguns podem ter até 10 ou 16 metros quadrados. Para essas moradias, porém, é necessário um contrato de um ano, com depósito. Fonte: BBC Brasil - 18 janeiro 2023
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