Patrocinadores não são conhecidos por serem fãs apaixonados
por futebol, mas muitos perderam a calma na última sexta-feira, quando Lionel
Messi e Cristiano Ronaldo se despediram da Copa 2018 na Rússia. Antes, já
haviam lamentado a saída prematura da Alemanha, ainda na primeira fase.
As seleções de Argentina e Portugal foram eliminadas do
torneio nas oitavas de final e, assim, deixaram a competição dois dos principais
"garotos propaganda" que estavam na Copa e ajudavam a divulgar a
Adidas e a Nike.
Artilheiros e donos de cinco troféus Bola de Ouro cada -
eles se alternam na premiação desde 2008 -, tanto o argentino Messi, atacante
do Barcelona, quanto Cristiano Ronaldo, jogador do Real Madrid, estão entre os
jogadores mais bem pagos do mundo e veem as suas respectivas contas bancárias
inflar graças aos contratos de patrocínio.
Apesar de não terem se enfrentado no Mundial na Rússia, os
dois há anos rivalizam dentro e fora de campo. Mas a disputa entre não é maior
que a briga entre Adidas e Nike, as duas marcas gigantes do esporte que
patrocinam Messi e Cristiano Ronaldo, respectivamente.
Para as duas patrocinadoras, a Copa do Mundo é mais que
vender produtos oficiais. É também uma ótima oportunidade para expor suas
marcas. Isso significa que o desempenho dos atletas bancados pelas empresas e
de seus respectivos times é crucial para os negócios.
RENDIMENTO E IMAGEM
"A maior parte da estratégia da Adidas e da Nike foca
em patrocinar times e jogadores que podem sair como vencedores do torneio, na
tentativa de associar o nome delas ao sucesso e ganhar o máximo de exposição
para crescer no futuro", diz o consultor de marketing esportivo Amir
Somoggi.
POR TRÁS DA DISPUTA DAS DUAS MARCAS ESTÁ MUITO DINHEIRO.
Em 2014, a Adidas declarou ter vendido cerca de US$ 2,5
bilhões em produtos relacionados ao futebol, impulsionada pelo bom desempenho
de seus patrocinados na Copa do Mundo no Brasil. No mesmo ano, a Nike anunciou
um aumento de 23% no lucro liquido durante a competição.
A Copa do Mundo no Brasil foi a primeira em que a Nike
derrotou a Adidas na disputa por patrocínio. Dos 32 times que disputaram o
Mundial em território brasileiro, 12 vestiam Nike e dez usaram Adidas.
Mas, no final, foi a gigante alemã, que é parceira oficial
da Fifa e responsável pelas bolas e pelos produtos oficiais da Copa do Mundo,
que levou mais vantagem naquela competição já que a Argentina e a Alemanha,
ambas patrocinadas pela Adidas, disputaram a final.
TAÇAS CONQUISTADAS
Desde 1998, seleções patrocinadas pela Adidas conquistaram
três taças.
Até o momento, a Nike só "ganhou" uma Copa, com o
Brasil em 2002.
Mas, na Rússia, a situação parecia estar se invertendo. A
Adidas patrocina 12 times e a Nike, dez - no entanto, a empresa americana diz
que 60% dos jogadores usam suas chuteiras.
De acordo com a CIES Football Observatory, que conduz
pesquisas sobre futebol, 132 dos 200 jogadores mais valiosos que disputam a
Copa calçam chuteiras da Nike, comparado com 59 da Adidas.
CONTRATOS MILIONÁRIOS
A lista incluiu Cristiano Ronaldo, que assinou um contrato
vitalício com a Nike no valor de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,8 bilhões no câmbio
atual).
Exibir a marca de uma empresa no uniforme de uma seleção de
um país não é barato. A Nike paga cerca de US$ 50 milhões para a Federação
Francesa de Futebol por um acordo até 2026, e dezenas de milhões para a
Inglaterra e o Brasil.
O acordo da Alemanha com a Adidas é de US$ 58 milhões e com
a Espanha, US$ 47 milhões. Já o contrato com a Argentina é bem menor: US$ 11
milhões.
FRUSTRAÇÃO ALEMÃ
A eliminação da Alemanha, ainda na fase de grupos, foi uma
péssima notícia para a Adidas, que tinha visto a venda de camisas oficiais da
seleção alemã disparar. Em 2002, por exemplo, a empresa vendeu 8,6 milhões de
camisas e, em 2014, esse número chegou a 14,2 milhões - vendidas a um preço
médio de US$ 66.
Dos 16 times que se classificaram para as oitavas, Brasil,
Croácia, Inglaterra, França, Portugal vestem Nike. Já a Argentina, Bélgica,
Colômbia, Japão, México, Espanha, Suécia e os donos da casa, a Rússia, usam
Adidas.
Por sua vez, a Puma, empresa alemã fundada pela mesma
família responsável pela Adidas, patrocina o Uruguai e a Suíça. A Dinamarca é
patrocinada pela Hummel.
Com Cristiano Ronaldo fora da Copa, a Nike investe, no campo
individual, as esperanças de exposição e faturamento em nomes como Neymar, o
inglês Harry Kane e o francês Kylian Mbappé.
Já a Adidas ficou sem muitas opções no campo individual,
depois que o alemão Mesut Özil e o egípcio Mohammed Salah foram eliminados. A
empresa ainda tem como patrocinados o francês Paul Pogba e o Uruguaio Luis
Suárez, além do brasileiro Gabriel Jesus. Fonte: BBC News - 2 de
julho de 2018
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