O conservador Sebastián Piñera, de 68 anos, tomou posse
neste domingo (11/03) na presidência do Chile para um mandato que vai até 2022.
A cerimônia de posse, realizada em Valparaíso, contou com a
presença de chefes de Estado da América Latina, entre os quais o presidente
Michel Temer, que estava acompanhado do ministro das Relações Exteriores,
Aloysio Nunes.
Piñera foi eleito com
a promessa de eficiência na gestão e de colocar o Chile no caminho do
crescimento, um discurso parecido com o que o levara à vitória no pleito de
2009. Uma das suas tarefas mais urgentes será tentar reanimar a economia, que
durante a última gestão de Bachelet cresceu com média anual de 2,1%.
Eleito com apoio tanto da extrema-direita, como de desiludidos
da centro-esquerda, a aliança governista Nova Maioria se diluiu, o principal
desafio político do presidente é encontrar um caminho de centro que promova a
conciliação entre ambos lados.
Até porque sua coalizão, a Chile Vamos, não terá maioria no
Congresso e terá de negociar apoios que garantam a aprovação de leis.
PIÑERA NAVEGARÁ COM O VENTO A FAVOR
O fortalecimento do comércio internacional e a alta do preço
do cobre melhoraram as perspectivas para a economia chilena mesmo antes de ele
assumir a presidência, embora ele tenha planejado medidas adicionais. Uma delas
é diminuir o imposto sobre as empresas, mantendo a arrecadação tributária, para
favorecer a atividade econômica e a criação de empregos.
O presidente também acena com um pacote de ajustes, ainda
não especificado. Entre suas promessas de campanha estavam mais investimentos
em educação e saúde pública, mas que viriam do "corte de gastos
desnecessários".
Apesar de ser contra a legalização do aborto e a gratuidade
do ensino superior gratuito, Piñera avisou que não revogará decisões já
aprovadas pelo Congresso.
Quanto à Lei de Aborto, aprovado em três situações (risco de
morte da mulher, estupro e inviabilidade fetal), Piñera também disse que não
irá promover alterações, mas sim "melhorias".
IMIGRAÇÃO
Duas questões que ganharam importância nos últimos tempos
são o aumento do intenso fluxo de imigrantes, especialmente vindos do Haiti e
da Venezuela, e o acirramento dos conflitos no sul do país, com grupos de
indígenas mapuche pedindo desde reconhecimento cultural a demarcação de terras
e maior autonomia.
MAPUCHE
Em ambas as questões, Piñera vem mostrando que aplicará uma
política mais restritiva com relação à imigração e de mão dura no que diz
respeito a ativistas mapuche mais agressivos, alguns grupos chegam a provocar
incêndios em propriedades que se localizam em áreas por eles reivindicadas. Piñera
diz que os requisitos para aceitar os imigrantes serão mais rigorosos.
Já com relação aos mapuches, o presidente diz que não
permitirá que a violência no sul prossiga e que voltará a fazer uso da Lei
Antiterrorismo, que tinha sido posta de lado pelo governo Bachelet.
No que diz respeito ao reconhecimento cultural, porém, vem
dando sinais de que haverá mais diálogo e mais tentativas de aproximação do que
em seu primeiro mandato.
"PLANO MARSHALL"
Afirmou, também, que está formulando "uma espécie de
Plano Marshall" para a Araucania (onde vivem os mapuches), que incluirá
investimentos em infraestrutura, mas também mais presença dos Carabineros.
Na formação de seu gabinete, Piñera apostou em nomes
conhecidos de seu primeiro mandato.
Entre eles, Felipe Larraín, que comandará a pasta da
Economia e a quem Piñera credita os bons níveis de crescimento do PIB em seu
primeiro mandato.
Como ministro do Interior, voltará ao cargo seu homem de
confiança, Andrés Chadwick.
BRASIL E CHILE
Em nota, o Itamaraty afirmou que o Brasil é o principal
destino dos investimentos chilenos no mundo, com estoque de 31 bilhões de
dólares, e seu primeiro parceiro comercial na América do Sul. O Chile, por sua
vez, é o segundo parceiro comercial do Brasil na região, com intercâmbio
comercial da ordem de 8,5 bilhões de dólares em 2017. Fonte: Folha de São Paulo
- 11.mar.2018, Deutsche Welle –
11.03.2018
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