Acabou. Este domingo será o último dia do conflito armado
entre o Governo e as FARC depois de 52 anos de guerra. A materialização da
frase “a guerra acabou”, pronunciada na quarta-feira por Humberto de la Calle,
chefe negociador do Governo na mesa de negociação com as FARC, começa a ser
sentida.
O anúncio do cessar-fogo definitivo estabelecido na
quinta-feira passada pelo presidente Juan Manuel Santos foi ratificado neste
domingo, dia 28 de agosto, com o pronunciamento do líder máximo da guerrilha,
Rodrigo Londoño, conhecido como Timochenko, em Havana, lugar que foi testemunha
durante quatro anos das conversações de paz. “Em minha condição de comandante
das FARC-EP ordeno a todos os nossos comandados, a nossas unidades, a todos e a
cada um de nossos combatentes o cessar-fogo de hostilidades definitivamente
contra o Estado colombiano”. No breve pronunciamento, Londoño afirmou que “as
rivalidades e rancores devem ficar no passado. Hoje mais do que nunca
lamentamos tanta morte e dor pela guerra”. Além disso o chefe das FARC
encorajou o início de um processo de convivência. “Acabou a guerra, vamos
conviver como irmãos e irmãs.”
O anúncio dos dois lados implica o fim da ofensiva militar
das FARC, depois de mais de cinco décadas de atividade bélica, que deixou mais
de 220.000 mortos e cerca de oito milhões de vítimas.
No entanto, será
apenas até a assinatura protocolar entre Governo e FARC, esperada para o fim de
setembro, quando começar a entrega de armas por parte das FARC sob a supervisão
e a verificação das Nações Unidas. Durante um período não superior a 180 dias e
em 28 regiões, estabelecidas no acordo, a guerrilha fará sua passagem à vida
civil, o que implica que entregarão os fuzis e deixarão os uniformes camuflados
que usaram durante décadas.
Os efeitos do silêncio dos fuzis foi sentido desde que a
trégua começou. No ano de 2015, houve 146 mortes devido à guerra e em junho
deste ano os registros falavam de três vítimas. Com o anúncio deste domingo, a
guerrilha se compromete a não derramar mais sangue, e afirma que não haverá
mais um morto sequer por suas mãos.
Timochenko, em sua intervenção, também convocou oficialmente
a X Conferência das FARC, que ocorrerá de 13 a 19 de setembro em San Vicente
del Caguán.
Os líderes vão se reunir com as bases da guerrilha para
explicar-lhes sobre as armas e a saída da vida na insurgência e passar à vida
civil, integrando-se como movimento político. Será o fim das FARC como
guerrilha. A Colômbia já começa a escrever uma nova história. Fonte: El País - Bogotá 28 AGO 2016
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