Comentário:
É a inclusão social oferecendo aos mais
necessitados oportunidades de plantar coca, distribuindo trabalho e serviços ,
dentro de um sistema que beneficie a todos.
Como Evo Morales é craque na política, a
plataforma econômica é a produção de coca.
Esse deve ser o programa assistencialista, do
tipo Fome Zero. É o lado obscuro da esquerda socialista do século XXI.
Resumo do artigo
A ideologia oficial do presidente é promover o
uso tradicional da coca.
Problema: nem se mascassem uma montanha andina
os bolivianos consumiriam tanta planta
Não há país na América Latina em que o discurso
politicamente correto e demagógico possa produzir resultados tão desastrosos
quanto a Bolívia. Não há país da região que possa ser tão afetado por causa
disso quanto o Brasil. No poder desde 2006, Evo Morales prega uma versão local
do socialismo, o indigenismo e o bolivarianismo.
Morales defende com veemência é a coca, planta
típica da região andina usada desde os tempos pré-colombianos. A folha é
mascada pelos bolivianos ou macerada no chá – aumenta a resistência à altitude
e ao trabalho braçal, embora em nada se compare aos efeitos eufóricos do seu
derivado mais poderoso e deletério, a cocaína.
Na nova Constituição escrita sob seu comando, a
planta ganhou o status de "recurso natural renovável da biodiversidade da
Bolívia e fator de coesão social". Nenhum problema, exceto pelo fato de
que as folhas destinadas ao uso proibido, como matéria-prima do crack e da
cocaína, ultrapassam vastamente as do uso permitido e tradicional. Em quatro
anos, a produção de pasta-base de coca e de cocaína na Bolívia aumentou 41%. A
maior parte é traficada para o território brasileiro, onde abastece o vício, a
criminalidade e a corrupção. Muita droga entra no Brasil, proveniente dos
vizinhos produtores e destinada a outros consumidores, mas a que fica é,
majoritariamente, a boliviana, de pior qualidade. Das 40 toneladas de cocaína
consumidas anualmente no país, mais de 80% são da Bolívia.
No próximo dia 6, Evo Morales deverá se reeleger
presidente praticamente sem oposição. A vida da maioria dos bolivianos melhorou
muito pouco, ou nada, mas o estilo populista e a identidade aimará – um dos
grandes grupos indígenas da Bolívia – alimentam a sua popularidade. A defesa da
coca também. O principal reduto eleitoral de Morales é a região do Chapare,
onde está a maior parte do cultivo da coca.
No discurso, ele diz que é a favor da coca e
contra a cocaína. Na prática, mais de 95% das folhas cultivadas no Chapare
viram droga. Para atender ao uso tradicional, bastariam 7 000 hectares . Morales
já anunciou que o limite legal deveria ser de 20
000 hectares .
"O presidente prometeu que ampliaria os cultivos de coca e está
cumprindo", constata Franklin Alcaraz, diretor do Centro Latino-Americano
de Investigação Científica (Celin) e autor de um trabalho sobre a receita
proporcionada pela folha de coca, legal e ilegal.
A mais drástica medida adotada como parte da
política de promoção da coca foi expulsar a agência antidrogas americana, a
DEA, em novembro do ano passado, sob a falsa acusação de fomentar o golpismo. A
agência auxiliava a Força Especial de Luta contra o Narcotráfico (FELCN),
unidade da polícia boliviana responsável pela erradicação de cultivos e
laboratórios ilegais.
No Chapare, o programa antidrogas agora extinto
também tinha um braço social, através da Usaid, que financiava projetos sociais
e promovia a plantação de abacaxi, cacau, café, melão e banana, voltados para
exportação. A ideia era dar aos paupérrimos camponeses da região uma via de
saída do cultivo da coca. Em qualquer país é difícil incentivar esse tipo de
substituição, mas na Bolívia foi impossível. No ano passado, os cocaleiros
expulsaram a Usaid. Em um ano, as exportações de frutas da região caíram 41%..
Desde 2007,
a atividade de refino tem se
propagado em fábricas clandestinas com tecnologia trazida pelos maiores
especialistas no assunto: os traficantes colombianos. Seus rivais em
brutalidade e conhecimento do ramo, os mexicanos, também estão prospectando o
território.
Artigo completo: http://veja.abril.com.br/021209/coca-eles-cocaina-nos-p-174.shtml
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