sexta-feira, 26 de abril de 2019

Superlotação aumenta e número de presos provisórios cresce

Levantamento do G1 mostra que, um ano após ligeira queda, prisões estão quase 70% acima da capacidade e o percentual de detentos sem julgamento é maior (35,9% do total). São 704,4 mil presos nas penitenciárias; número passa de 750 mil se forem contabilizados os em regime aberto e os detidos em carceragens da polícia.  .

Há hoje 704.395 presos para uma capacidade total de 415.960, um déficit de 288.435 vagas. Se forem contabilizados os presos em regime aberto e os que estão em carceragens da Polícia Civil, o número passa de 750 mil.
Os presos provisórios (sem julgamento), que chegaram a representar 34,4% da massa carcerária há um ano, agora correspondem a 35,9%.
Os dados levantados pelo G1 via assessorias de imprensa e por meio da Lei de Acesso à Informação são referentes a março/abril, os mais atualizados do país. O último Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), do governo, é de junho de 2016 – uma defasagem de quase três anos. Havia, na época, 689,5 mil presos no sistema penitenciário (e outros 37 mil em delegacias). Fonte: G1-26/04/2019
  
Comentário: Ranking Mundial
Ranking
Países
População carcerária
1
Estados Unidos
2.121.600
2
China
1.649.804
3
Brasil
719. 998
4
Rússia Federação
558.778
5
Índia
419.623
6
Tailândia
381.749
7
Indonésia
261.294
8
Turquia
260.000
9
Irã
240.000
10
México
203.364
Fonte:The World Prison Brief-2018


quarta-feira, 24 de abril de 2019

Brasileiro leva 1 hora para produzir o que americano faz em 15 minutos

O trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano consegue realizar em 15 minutos e um alemão ou coreano em 20 minutos. Isso significa que a produtividade do Brasil é baixa, mas não quer dizer que o brasileiro seja preguiçoso ou inapto. Há atrasos na formação e na infraestrutura das empresas, o que afeta os resultados, dizem especialistas.

Em termos de riqueza, o Brasil produz em uma hora o equivalente a US$ 16,75;
■valor que corresponde apenas a 25% do que é produzido nos EUA (US$ 67).
■Comparado a outros países, como Noruega (US$ 75), Luxemburgo (US$ 73) e Suíça (US$ 70), o desempenho do país é ainda pior.
As informações são do professor José Pastore, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio-SP.
Estes dados equivalem à relação entre o total produzido na economia (PIB) e o número total de horas trabalhadas, metodologia mais comum para medir a produtividade de um país, de acordo Pastore.

PRECISA MELHORAR EDUCAÇÃO E EQUIPAMENTOS
"A produtividade média do brasileiro é de apenas um quarto da do trabalhador americano e de um terço da do alemão ou do coreano. Perdemos muito mercado [lá fora] porque a baixa produtividade dá como resultado baixa competitividade", disse Pastore.
Isso não quer dizer que o brasileiro seja um trabalhador pior do que os outros. É preciso melhorar as condições, como educação dos funcionários e equipamentos nas empresas.
Renan Pieri, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), afirmou que, além das correções estruturais necessárias para melhorar a produtividade, o Brasil precisa trilhar dois caminhos:
■Melhorar a educação em todos os níveis (inclusive técnico) com investimentos
■Investir na modernização do capital físico (máquinas e equipamentos das empresas)

EDUCAÇÃO VOLTADA ÀS EMPRESAS
"Esses dois aspectos têm a ver com o Estado, que precisa gerar um ambiente econômico que permita, por sua vez, o aumento dos investimentos, tanto público como privado", declarou Pieri. Na opinião dele, o trabalhador precisa chegar às empresas com conhecimento consolidado, e não "tão sem base" como chega hoje.
"Precisamos de um programa que aproxime a demanda das empresas da oferta das escolas, sejam do ensino superior, do ensino médio ou do ensino técnico."
Segundo Pastore, a eficiência do trabalho no Brasil está praticamente estagnada desde a década de 1980, salvo raras exceções. "Estamos parados, enquanto outros países estão melhorando. A distância tem aumentado."

POR QUE O BRASIL ESTÁ ABAIXO DE OUTROS PAÍSES?
Pieri disse que o acesso a certos recursos no Brasil, como capitais humano, físico e financeiro, entre outros, é insuficiente e desfavorável se comparado ao de outros países. Entre os fatores que conspiram contra a produtividade, ele enumera:

■Baixa qualificação e capacidade dos trabalhadores (capital humano)
■Tecnologia atrasada e mal administrada nas empresas (capital físico)
■Investimento caro e abaixo do necessário (capital financeiro)
■Infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos insuficientes e sucateados)
■Burocracia complicada
■Ambiente de negócios perverso
"Melhoramos nossa escolaridade média nos últimos 25 anos, mas foi insuficiente para aumentar a qualidade do capital humano e, assim, atender às necessidades das empresas", disse o professor da FGV.

Para Pastore, o alastramento do trabalho informal também agrava o quadro de baixa produtividade no país. "Afinal, temos cerca de 40 milhões de pessoas nessa situação hoje. Isso significa que não é apenas o trabalhador que tem baixa qualidade, é o seu emprego que é de baixa qualidade", afirmou.

SETORES NOS QUAIS A EFICIÊNCIA MELHOROU
■Agricultura (devido à incorporação maciça de inovações tecnológicas)
■Financeiro (devido ao salto dado com base às tecnologias do mundo digital)
■Indústria automotiva e Embraer (devido à robotização e racionalização do trabalho)

RENDA PER CAPITA DOBRARIA COM MELHOR PRODUTIVIDADE
Um relatório do Banco Mundial sobre produtividade, lançado em 2018, aponta que a renda per capita brasileira é aproximadamente 20% da renda per capita dos EUA. Se o Brasil tivesse a mesma produtividade que a norte-americana, a renda do país seria mais de 50% da dos EUA, mesmo sem investimento adicional em máquinas ou capital humano. Ou seja, a renda per capita atual mais do que dobraria somente com melhorais na produtividade.

Jorge Arbache, economista e estudioso do assunto, mostrou que em 1980 a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% maior do que a do trabalhador chinês e 70% menor do que a americana.
Em 2013, o Brasil perdia nos dois casos: a do trabalhador brasileiro era 80% inferior à americana e 18% menor à chinesa. No período, a eficiência dos chineses cresceu 895%. Já a dos brasileiros, meros 6%.
E os números que conspiram contra o Brasil não param por aí. Pieri afirmou que a relação PIB/trabalhador em 1994 no Brasil era de R$ 25 mil. Em 2016, já considerada a inflação no período, passou para R$ 30 mil. Isto é, em 22 anos aumentou apenas 20%. "Nesse mesmo intervalo, a relação PIB/trabalhador nos EUA cresceu 48%", disse o professor da FGV.

Uma pesquisa feita no final do ano passado constatou que as 500 maiores companhias do país deixam de ganhar R$ 230 milhões por ano com improdutividade em suas operações. A pesquisa foi feita pela empresa de tecnologia Levee. Fonte:  UOL Noticias -19/03/2019 

domingo, 14 de abril de 2019

Câmeras registram queda de meteoro sobre a costa do mar do RS

Câmera, instalada em Taquara, registrou queda de meteoro na madrugada
de sexta-feira (12) — Foto: Carlos Fernando Jung
Uma câmera instalada em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre, registrou a queda de um meteoro na madrugada de sexta-feira (12) . O pós-doutor em Engenharia e diretor científico da Brazilian Meteor Observation Network (Bramon), professor Carlos Fernando Jung, responsável pela captura das imagens, informou que o bólido entrou na atmosfera a 122,2 mil km/h, e começou a perder força. O especialista calcula que o meteoro foi extinto a 36 km de altitude, sem causar qualquer dano.

O fenômeno foi captado também por câmeras em Torres, no Litoral Norte, e em Santa Catarina. Ele pôde ser visto por alguns segundos, às 3h21 (horário de Brasília).

"Ele pesava 12 kg quando ele entrou na atmosfera, com o tempo ele diminuiu a massa, até que os fragmentos foram mínimos. O objeto foi totalmente consumido em sua passagem atmosférica, a cerca de 145 Km sobre o mar da costa do Rio Grande do Sul", afirma.
O professor conta que no grupo Bramon, cada um, de forma voluntária com equipamento próprio, realiza registros dos fenômenos.

"Cada pessoa adquire seu próprio equipamento, e mantém operando 24h. O grupo reúne vários profissionais, que trabalham de forma voluntária em prol de fazer o registro, a análise", conta.
O professor tem câmeras funcionando em Taquara, São Leopoldo e Porto Alegre.
"As câmeras têm imagens 360 graus. Elas captam todo o Rio Grande do Sul, o Uruguai, Santa Catarina, Paraná, parte da Argentina", afirma.

Segundo Jung, bólido é o nome dado ao meteoro quando ocorre a explosão. São meteoros que possuem uma magnitude igual ou superior a -4, forma de uma "bola", daí vem o nome popular de "bola de fogo", explica o professor.

Bólidos podem ser seguidos de explosões ou explodirem no final. "Diariamente, a terra é bombardeada por meteoros, que entram aqui, são atraídos pela gravidade da Terra. É uma coisa comum. Durante o dia e a noite, não tem hora, nem lugar para acontecer. Mas não é normal a gente fazer um registro dessas proporções", explica o professor. Fonte: G1 RS-13/04/2019 

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Assim o Equador perdeu a paciência com Assange

O relato da expulsão de Julian Assange da Embaixada do Equador em Londres é a história de uma quebra de confiança que começou há um ano e meio, e o reflexo de uma profunda guinada política no país andino. O fundador do Wikileaks obteve asilo em 2012, dois meses depois de se refugiar na sede diplomática. Foi concedido no Governo de Rafael Correa, que tinha como vice o atual presidente, Lenín Moreno, hoje seu maior rival. A decisão sobre Assange ocorre depois de meses de tensões, descumprimentos do protocolo combinado com as autoridades e a suspeita de que suas atividades significavam um risco para a segurança do Estado.

“Ultrapassaram um limite muito grave poucos dias atrás”, disse a ministra do Interior, María Paula Romo, horas antes da detenção dele. A lista de acusações é longa, começando pela intromissão em assuntos de política internacional através dos vazamentos da sua organização. Nesta quinta-feira, 11, acrescentou que “a retirada do asilo é uma competência soberana do Equador e também é a consequência do descumprimento reiterado das normas de asilo e de mínima convivência”. A Assembleia Nacional apoiou a decisão após escutar a relação do chanceler “sobre todas as faltas cometidas por Assange nestes sete anos”. A ministra alega, além disso, que o Executivo conta com “informação de que hackers vinculados ao Wikileaks” vivem no Equador e estão vinculados a ações que não só afetam a segurança do país como também de outros Governos.

“A paciência do Equador chegou ao seu limite”, deixou claro Moreno em um pronunciamento público, insistindo em que Assange exercia atividades irregulares e defendendo que a suspensão do asilo é uma decisão soberana. “O alerta mais recente se deu em janeiro de 2019, quando o Wikileaks vazou documentos do Vaticano. Membros importantes dessa organização visitaram o senhor Assange antes e depois desse vazamento.” Há outras acusações também: “Instalou equipamentos eletrônicos de distorção não permitidos, bloqueou as câmeras de segurança da missão, agrediu e maltratou guardas da sede diplomática, acessou sem permissão arquivos de segurança. Possui um telefone celular com o qual se comunica com o exterior. Finalmente, o Wikileaks ameaçou há dois dias o Governo do Equador”.

O Governo de Moreno concedeu a nacionalidade a Assange em dezembro de 2017 para regularizar sua situação, mas o proibiu em repetidas ocasiões de interferir em assuntos de política externa. Ele violou a ordem e há um ano ficou incomunicável, embora tenha encontrado formas de burlar os controles. Chegou a processar em três ocasiões o Estado equatoriano por supostos descumprimentos dos protocolos de convivência. Entretanto, as autoridades competentes rejeitaram essas denúncias. Apesar dos enfrentamentos, o presidente afirma que exigiu do Reino Unido um compromisso escrito de que não será extraditado a nenhum país “onde possa sofrer tortura ou a pena de morte”. Fonte: El País - Bogotá 12 ABR 2019 

A vida de Assange segundo a equipe que o vigiava
De 2012 a 2017, uma empresa de segurança espanhola se encarregou de proteger o hóspede mais incômodo do mundo em seu asilo na Embaixada do Equador em Londres

domingo, 7 de abril de 2019

Fraude de admissão em universidades dos EUA

Promotores federais norte-americanos indiciaram nesta terça (12) quase 50 pessoas por pagarem ou receberem milhões de dólares em propina para que candidatos fossem aceitos em algumas das melhores universidades do país.
Entre os acusados estão atrizes de Hollywood, como Felicity Huffman ("Desperate Housewives") e Lori Loughlin ("Full House"), além de empresários e técnicos esportivos de prestigiosas instituições de ensino como Yale e Stanford.

O esquema, que segundo o advogado Andrew E. Lelling é o maior escândalo de admissão em faculdades já analisado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, movimentou US$ 25 milhões (cerca de R$ 95 milhões) em suborno.
William "Rick" Singer, 58, administrou o esquema de extorsão por meio da empresa Edge College & Career Network, afirmaram promotores federais de Boston.

A acusação sustenta que Singer arranjava esquemas para que candidatos falsos fizessem as provas de admissão das faculdades no lugar dos filhos dos seus clientes ricos. Sua empresa também subornou treinadores para que aceitassem estudantes sem competência atlética.
Os pais pagaram dezenas de milhares de dólares pelos serviços de Singer. O dinheiro era mascarado como contribuição de caridade.

"O que fazemos é ajudar as famílias mais ricas dos Estados Unidos a colocarem seus filhos na escola. Minhas famílias querem uma garantia", resumiu Singer aos promotores.
Um acusado que colabora com a Justiça e coordenou o esquema contou que ofereceu à atriz Felicity  Huffman que mediasse a correção das respostas do exame de admissão de sua filha. Huffman é acusada de pagar US$ 15 mil pelo teste modificado de sua filha mais velha e por ter iniciado o mesmo processo para sua filha mais nova, apesar de ter abandonado a ideia.
Ela é casada com o ator William H. Macy ("Fargo", "Boogie Nights: Prazer Sem Limites "), que não foi indiciado.
Huffman foi detida pela polícia e, horas mais tarde, liberada após  pagar fiança de US$ 250 mil (R$ 953 mil).

Já Lori Loughlin e seu marido, o estilista Mossimo Giannulli, também acusado, teriam acordado o pagamento de US$ 500 mil para que suas filhas fossem incluídas na equipe de remo da Universidade do Sul da Califórnia, apesar de não serem remadoras. As duas filhas do casal foram aceitas na instituição.
O casal também foi detido pela polícia. Giannulli, cuja fiança chegou a um milhão de dólares (R$ 3,8 milhões), já foi liberado. 

A testemunha contou como, com a ajuda de outras pessoas, conseguia corrigir o resultado dos exames de admissão dos filhos de seus clientes.
De acordo com o jornal The New York Times, Singer, administrador do esquema, declarou-se culpado e está colaborando com a investigação. Ele foi acusado de extorsão, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça.

O esquema começou em 2011 e, além de Stanford (Palo Alto, na Califórnia) e Yale (New Haven, Connecticut), ajudou estudantes a serem aceitas pela Universidade do Texas (Austin), Georgetown (Washington DC), Universidade do Sul da Califórnia e Universidade da Califórnia, ambas em Los Angeles.
Parte do esquema era aconselhar os pais a mentirem para os administradores dos testes que seus filhos tinham deficiências de aprendizado, o que lhes dava tempo prolongado para realizar os exames.

Quem aplicava os testes nesses centros recebia subornos para permitir que os clientes de Singer trapaceassem, muitas vezes fazendo com que as respostas erradas de um aluno fossem corrigidas após a conclusão do exame ou fazendo outra pessoa realizar a prova.

Os pais eram aconselhados a escolher um dos dois centros de testes em que a empresa de Singer disse ter controle: um em Houston, no Texas, e o outro em West Hollywood, Califórnia.
"As vítimas reais neste caso são os estudantes que trabalham duro", disse o advogado Lelling, que foram preteridos por "estudantes muito menos qualificados e suas famílias que simplesmente compraram a sua entrada" nas universidades.
Em muitos casos, os estudantes não estavam cientes de que seus pais estavam envolvidos na fraude, disseram os promotores. Fonte: Folha de São Paulo - 12.mar.2019  

Pobreza na Argentina atinge um terço da população urbana

A inflação elevada e a recessão econômica na Argentina elevaram o índice de pobreza urbana do país para 32% no segundo semestre de 2018, uma alta de 4,7 pontos percentuais ante a primeira metade do ano, mostraram dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) nesta quinta-feira (28/03).

Na comparação com o segundo semestre de 2017, a pobreza urbana cresceu 6,3 pontos percentuais no país. São 8,9 milhões de argentinos vivendo nessa situação.

Além disso, 6,7% da população, ou 1,8 milhão de pessoas, vive abaixo do nível de indigência, um crescimento de 1,8 ponto percentual ante o semestre anterior. São números que "doem", admitiu o governo argentino. "A pobreza dói, claramente.

O empobrecimento da população coincide com a aceleração da inflação, que encarece a cesta básica e serviços utilizados para medir a linha de indigência e pobreza. O índice de preços ao consumidor acumulou alta de 47,6% na Argentina no ano passado, maior avanço em 27 anos, diante de uma queda de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

Para calcular as cifras, o Indec leva em consideração o nível de vida nos 31 centros urbanos mais povoados do país, o que abrange 27,8 milhões de pessoas. A Argentina tem mais de 40 milhões de habitantes.

O relatório publicado é o sexto sobre pobreza realizado pelo Indec desde que Macri chegou ao poder. Além disso, esta é a segunda vez nos últimos três anos que o instituto registra uma alta no índice de pobreza.
Para encarar a crise econômica, Macri fez um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um empréstimo de 57 bilhões de dólares e se comprometeu a realizar um ajuste que permita ao país encerrar o ano em equilíbrio fiscal. Fonte: Deutsche Welle-30.03.2019


quinta-feira, 4 de abril de 2019

É preciso entender o passado para construir o futuro

Para falarmos sobre 31 de março de 1964 é preciso uma contextualização histórica, porém clara e objetiva. Passados 55 anos deste importante evento, é necessário refletirmos, com isenção de paixões, sobre o fato histórico.

Uma boa análise exigiria uma retrospectiva que passaria pelo período do Império, a proclamação da República, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek para podermos definir com clareza o cenário sócio–geopolítico–econômico-militar da época.

É importante que as novas gerações entendam que se vivia uma guerra real, embora velada. Era a Guerra Fria que, desde o final da Segunda Guerra Mundial, polarizava o planeta em duas grandes vertentes: os Estados Unidos, capitalista, e a Cortina de Ferro, pela União Soviética, comunista.

Mais de cem países do mundo, incluindo praticamente toda a América Latina, vivenciavam conflitos internos, como um reflexo desta disputa de poder. A URSS projetava seu poder através da chamada Internacional Comunista. Atuavam planejando, financiando e orientando a luta armada, através das guerrilhas.

Era uma guerra silenciosa e dura, que causou muitas baixas.

O Brasil, no início da década de 1960, era alvo de um orquestrado plano de conquista, que vinha sendo implementado insistentemente desde 1925. Entre 1959 e 1964, nosso país recebeu agentes estrangeiros das mais diversas origens, como Cuba. Centenas de brasileiros foram treinados em Cuba, na Tchecoslováquia e na própria URSS.

Fatos graves começaram a ocorrer e o país tornava-se ingovernável. As Forças Armadas atenderam ao apelo popular e decidiram “salvar a nação de si mesma”. Como guardiãs da Constituição, protegeram a nação de seus inimigos internos e externos.

Foi necessário tutelar a nação!

Atendendo ao clamor da sociedade nas ruas, do próprio Congresso, dos chefes militares e através de eleições indiretas, foi indicada ao marechal Humberto de Alencar Castello Branco a missão de pacificar o país e colocá-lo no caminho do desenvolvimento.

Era um exemplar soldado, herói da Segunda Guerra, filósofo pela Sorbonne, respeitado pelos companheiros e um verdadeiro estadista. Segundo relatos de família, ouvidos por meu pai, sua visão do processo seria a de conduzir uma firme gestão de transição, ao término da qual seriam realizadas novas eleições. Infelizmente, por radicalismos de ambas as partes, isto não ocorreu.

Apesar de tudo, o período de 1963 a 1974 foi uma fase triste, em termos de respeito aos parâmetros de preservação das garantias individuais.

Sempre será uma página a ser virada. Preservar todas as correntes de pensamento não deixa de ser também uma luta pela democracia.

Devemos celebrar juntos apenas os inegáveis resultados benéficos que aquele período nos trouxe, guardando as nossas mágoas e rezando para que jamais uma situação como aquela se repita.

Reconheço erros dos dois lados e o fato de que grande parte da juventude idealista acreditava ser a revolução comunista a única solução para os graves problemas nacionais.

Longe dos fantasmas de outrora e sem críticas ou ressentimentos, temos o compromisso de acertar e reconstruir o Brasil. Lutar por uma nova forma de pensar, de agir, de educar os mais jovens para a vida e para o mundo tecnológico que se descortina à nossa frente.

Uma nova forma de política, conquistando as mentes e os corações, formando um novo estado de consciência para todo o Brasil. Somos todos um só!
Folha de São Paulo - 1º.abr.2019 
Oscar Castello Branco de Luca, é deputado estadual (PSL) em São Paulo e sobrinho-neto do ex-presidente Castello Branco (1964-1967)