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quarta-feira, 3 de março de 2021

Entenda: A importância do primeiro satélite 100% brasileiro

Lançado na madrugada de domingo (28/02), o primeiro satélite 100% nacional vai monitorar o desmatamento, sobretudo na região amazônica, como seu próprio nome sugere. Batizado de Amazonia-1, ele foi totalmente projetado, integrado e testado pelo país — e, a partir de então, será também operado exclusivamente pelo Brasil.

Desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), integra a chamada Missão Amazônia: um esforço da entidade em melhorar o chamado sensoriamento remoto da natureza brasileira.

Conforme enfatiza o Inpe em texto que apresenta o trabalho, além da floresta amazônica, "os dados gerados serão úteis para atender, ainda, a outras aplicações correlatas, tais como: monitoramento da região costeira, reservatórios de água, florestas naturais e cultivadas, desastres ambientais, entre outros”.

 O Amazonia-1 é o terceiro satélite a realizar tal trabalho para o Brasil. Ele se soma aos CBERS-4 e CBERS-4A, que já estavam em operação.

"Temos a possibilidade de contar com três satélites com desenvolvimento brasileiro [os outros dois em parceria com a China] operando simultaneamente. Com isso, será gerado maior volume de dados para tratamento de questões ambientais e de preservação da cobertura vegetal”, afirma o diretor do Inpe, o engenheiro eletricista Clezio Marcos de Nardin.

E a missão prevê, para os próximos anos, o lançamento de outros dois: Amazonia-1B e Amazonia-2.

"O Amazonia-1 […] reforçará nosso sistema de aquisição de dados e de geração de imagens”, afirma Nardin, explicando que o equipamento deve gerar "dados sobre vegetação, agricultura, compor sistemas de alertas, entre outras aplicações”.

De acordo com com o diretor do Inpe, a expectativa é que haja um ganho principalmente no volume de dados obtidos.

USO PARA A AGRICULTURA: Graças a uma câmera de alta resolução e amplo espectro, o material produzido pelo satélite também deve ser útil para a agricultura. "Entre as possibilidades de monitoramento de fenômenos dinâmicos encontram-se as safras agrícolas e a determinação de queimadas persistentes”, afirma ele.

O equipamento é projetado para gerar imagens do planeta a cada cinco dias — e, sob demanda, é capaz de fornecer dados de um ponto específico em dois dias. Em caso de um eventual desastre ambiental, por exemplo, como o rompimento da barragem em Mariana, em 2015, o monitoramento poderá ser ajustado para o local. Focos de queimada também poderão ser visualizados. A estrutura conta com 14 mil conexões elétricas. Se esticados, todos os seus fios chegariam a 6 quilômetros.

Conforme enfatiza o agrônomo Cláudio Almeida, coordenador do programa de monitoramento da Amazônia e demais biomas, do Inpe, o maior ganho se dará pela soma. Com três satélites em operação, um mesmo ponto pode ser "revisitado” em um intervalo de um a dois dias — conferindo precisão inédita ao monitoramento.

Todo o material coletado deve ser disponibilizado para a comunidade científica. "O Inpe foi pioneiro na política de disponibilizar dados de sensoriamento remoto gratuitamente desde 2004. E essa política deve ser mantida para o Amazonia-1, de modo que toda a sociedade tenha acesso às imagens e possa utilizá-las”, acrescenta Almeida.

O lançamento foi feito na Índia, para onde o satélite havia sido enviado há dois meses. "Foi realizada uma concorrência internacional para a escolha do foguete responsável [pela operação]. A proposta vencedora foi a do Polar Satellite Launche Vehicle, um lançador indiano”, esclarece Nardin. Para o desenvolvimento do satélite foram investidos cerca de R$ 300 milhões. A contratação do veículo indiano custou outros R$ 20 milhões.

Todo o projeto foi concebido no início dos anos 2000. Até 2008 era conduzido pela Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. "A complexidade envolvida em projetos espaciais, a necessidade de estabelecer diversas contratações industriais e a experiência do Inpe nos desenvolvimentos e contratações industrais fizeram com que esse desenvolvimento fosse transferido para o instituto [o Inpe]”, conta Nardin. "O Inpe, com essa bagagem histórica [decorrente de outros projetos de satélites, em parceria com instituições estrangeiras], recebeu a incumbência de ser o ‘main contractor' do Amazonia-1. Diversas adequações e adaptações foram necessárias e implementadas nos anos seguintes. Somente em 2014 o satélite ganhou sua configuração final.” No total, todo o projeto envolveu mais de 500 profissionais.

O USO DOS DADOS GERADOS: À DW, o pesquisador Tiago Reis, que estuda ações de combate ao desmatamento e de uso do solo na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, espera que a melhoria do monitoramento seja acompanhada de uma eficiência na fiscalização. "Do ponto de vista técnico, um trabalho primoroso. Mas a questão é: o que o vamos fazer com esses dados? Será investido mais em fiscalização e combate aos desmatamentos? Isso é o que interesse”, comenta ele.

"O satélite novo é muito interessante e realmente vai permitir que o Brasil domine toda a tecnologia de monitoramento e sensoriamento remoto do desmatamento, com precisão e agilidade. Mas isso, de certa forma, já temos e de forma boa o suficiente”, argumenta. "Daqui a pouco, vamos conseguir ver a unha encravada do desmatador. E aí? O que vamos fazer com essa informação? Vamos ficar só olhando ou faremos alguma coisa?” Fonte: Deutsche Welle – 01.03.2021 

segunda-feira, 1 de março de 2021

Índia lança com sucesso satélite brasileiro

 A Índia lançou no domingo (28/02) com sucesso o Amazônia 1, o primeiro satélite de monitoramento da Terra completamente desenvolvido e produzido pelo Brasil. O lançamento ocorreu às 10h24 (horário local) da base indiana em Sriharikota, localizada no estado de Andhra Pradesh.

Em apenas 17 minutos após o lançamento, o satélite alcançou seu destino, a 752 quilômetros de altitude da Terra, e se separou do foguete PSLV-C51. O Amazônia 1 abriu então o painel solar, verificou os sistemas e iniciou o ajuste da câmara. As primeiras imagens devem ser produzidas em cinco dias.

"Este momento representa o ápice desse esforço feito por tantas pessoas. Esse satélite tem uma missão muito importante para o Brasil", afirmou o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, que acompanhou o lançamento da base indiana. Com quatro metros de altura, esse é o primeiro satélite totalmente brasileiro.

Ao final da operação, o presidente da agência espacial indiana, K. Sivan, parabenizou o Brasil e afirmou que a Índia se sente honrada em participar desta missão. "Minhas sinceras congratulações ao time brasileiro por essa conquista. O satélite está em órbita, os painéis solares se abriram e está tudo funcionando muito bem", acrescentou.

Desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), o satélite enviará imagens de alta resolução para auxiliar diferentes programas de monitoramento, incluindo a fiscalização do desmatamento na Amazônia, juntando-se assim aos outros dois equipamentos que fazem parte do sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).

O lançamento faz parte da parceria dos programas espaciais do Brasil e Índia. O foguete PSLV-C51 levou ainda outros 18 satélites secundários, entre eles três de institutos indianos e dois americanos. Fonte: Deutsche Welle – 28.02.2021

domingo, 20 de outubro de 2019

Como aprendemos a comer plantas tóxicas como mandioca

A mandioca é muito perigosa se não for preparada adequadamente, então como as pessoas desenvolveram e compartilharam esse conhecimento?

Em 1860, os exploradores Robert Burke e William Wills lideraram a primeira famosa expedição europeia pelo interior desconhecido da Austrália. Mas a sorte não esteve ao lado deles. Devido a uma combinação de falta de comando, mau planejamento e azar, Burke, Wills e um terceiro integrante, John King, ficaram sem comida na viagem de volta.

Burke e Wills ficaram presos às margens do rio Cooper's Creek, e não conseguiram pensar em um jeito de transportar consigo água suficiente para atravessar um trecho de deserto até o posto de controle colonial mais próximo, no Mount Hopeless.

As adversidades enfrentadas pelo trio, contudo, não pareciam afetar o cotidiano do povo nativo, os yandruwandha. Os yandruwandha deram aos exploradores bolos feitos a partir de vagens esmagadas de uma samambaia chamada nardoo. Burke brigou com eles e, imprudentemente, os afastou ao disparar sua pistola.

Mas talvez o trio já tivesse aprendido o suficiente para sobreviver? Eles encontraram nardoo fresco e decidiram fazer seus próprios bolos. No começo, tudo parecia correr bem. Os bolos nardoo satisfaziam seu apetite, mas eles se sentiam cada vez mais fracos.

Dentro de uma semana, Wills e Burke estavam mortos. Acontece que o nardoo requer um preparo complexo. O nardoo, um tipo de samambaia, é coberta por uma enzima chamada tiaminase, que é tóxica para o corpo humano. A tiaminase impede a absorção pelo corpo da vitamina B1, que tem entre suas principais funções o metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas e a estimulação de nervos periféricos.

Em outras palavras: embora tivessem comido, Burke, Wills e King continuavam desnutridos.
Os yandruwandha, por outro lado, recorriam a um longo preparo para tornar a tiaminase menos tóxica.

Praticamente morto, King buscou ajuda dos yandruwandha, que o mantiveram vivo até a chegada da ajuda de outros exploradores europeus meses depois. Ele foi o único membro da expedição que sobreviveu.

Como comida, a nardoo é mais uma curiosidade. O que não é o caso da mandioca, que é uma fonte vital de calorias em várias regiões do mundo, em particular na África e na América Latina.

À rigor, há dois tipos de mandioca, a mandioca mansa, também chamada de mandioca de mesa (conhecida também no Brasil pelos nomes de macaxeira e aipim), e a mandioca brava, conhecida como mandioca de indústria. As duas são extremamente parecidas, mas a mandioca brava é altamente tóxica - e requer um procedimento industrial ou um ritual de preparação tedioso e complexo para torná-la um alimento seguro. Ela libera cianeto de hidrogênio.

Nos centros urbanos, a mandioca comercializada como alimento é sempre a mansa. Mas em zonas rurais, em lugares mais remotos na África, a mandioca mais comum pode ser a brava, e, por isso, se não fora preparada adequadamente, pode causou sérios problemas de saúde.

Um deles é uma condição chamada konzo, com sintomas que incluem paralisia súbita das pernas.

Em 1981, em Nampula, Moçambique, um jovem médico sueco chamado Hans Rosling não sabia disso. Como resultado, passou por uma situação profundamente intrigante.
Mais e mais pessoas batiam à porta de sua clínica com paralisia nas pernas. Poderia ser um surto de poliomielite? Não. Os sintomas não estavam descritos em nenhum livro.

Com o início da guerra civil em Moçambique, poderiam ser armas químicas?
A mulher e os filhos de Rosling deixaram o país, mas ele decidiu continuar suas investigações in loco.Foi uma colega de Rosling, a epidemiologista Julie Cliff, que acabou descobrindo o que estava acontecendo.

As refeições de mandioca que eles ingeriam haviam sido processadas de forma incompleta. Já com fome e desnutridos, não podiam esperar tempo suficiente para tornar a mandioca segura. E, como resultado, desenvolveram o konzo.

Plantas tóxicas estão por toda parte. Às vezes, processos simples de cozimento são suficientes para torná-las comestíveis. Mas como alguém aprende a elaborada preparação necessária para a mandioca ou o nardoo?

Para Joseph Henrich, professor de biologia evolucionária humana na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, esse conhecimento é cultural, e nossas culturas evoluem por meio de um processo de tentativa e erro análogo à evolução em espécies biológicas.

Assim como a evolução biológica, a evolução cultural pode - com tempo suficiente - produzir resultados impressionantemente sofisticados.

Funciona assim, segundo Henrich: em algum momento, alguém descobre como tornar a mandioca menos tóxica. Com o passar do tempo, outras descobertas são feitas. Esses rituais complexos podem, assim, evoluir, cada um ligeiramente de forma mais eficaz que o anterior.

Na América do Sul, onde humanos comem mandioca há milhares de anos, as tribos aprenderam os muitos passos necessários para desintoxicá-la completamente: raspar, ralar, lavar, ferver o líquido, deixar a massa repousar por dois dias e depois assar.

Quando questionados sobre por que fazem isso, poucos vão dizer que se trata de cianeto de hidrogênio. Eles simplesmente vão dizer "esta é a nossa cultura".

Na África, a mandioca foi introduzida apenas no século 17. Não veio com um manual de instruções. O envenenamento por cianeto ainda é um problema ocasional; as pessoas recorrem a técnicas porque o aprendizado cultural ainda está incompleto.

Henrich argumenta que a evolução cultural é muitas vezes muito mais inteligente do que nós.

Seja construindo um iglu, caçando um antílope, acendendo uma fogueira, fazendo um arco longo ou processando mandioca, aprendemos não porque entendemos os princípios básicos, mas imitando.

Em 2018, um estudo desafiou os participantes a colocar pesos nos raios de uma roda para maximizar a velocidade com que ela descia uma ladeira.
Os conhecimentos adquiridos eram passados para o próximo participante, que, assim, se saíam muito melhor. No entanto, quando questionados, eles não mostraram nenhum sinal de realmente entender por que algumas rodas rodavam mais rápido que outras.

Estudos realizados posteriormente mostram que o comportamento de imitar é instintivo entre humanos.

Testes revelam que chimpanzés de dois anos e meio e humanos têm capacidades mentais semelhantes - a menos que o desafio seja aprender a imitar alguém. Crianças são muito melhores em imitar do que os chimpanzés.

E os humanos imitam de uma maneira ritualística que os chimpanzés não seguem. Os psicólogos chamam isso de superimitação.
Pode parecer que os chimpanzés são mais inteligentes. Mas se você estiver processando raízes de mandioca, a superimitação é de extrema importância.

Se Henrich estiver certo, a civilização humana se baseia menos em inteligência bruta do que em uma capacidade altamente desenvolvida de aprender um com o outro.
Ao longo das gerações, nossos ancestrais acumularam ideias úteis por tentativa e erro, que foram copiadas pelas gerações seguintes.

Sem dúvida, algumas ideias menos úteis foram misturadas com elas, como a necessidade de uma dança ritual para fazer as chuvas chegarem, ou a convicção de que sacrificar uma cabra fará com que um vulcão não entre em erupção.
Mas no geral, aparentemente, fizemos melhor copiando sem questionar do que supondo, como os chimpanzés, que éramos suficientemente inteligentes para dizer quais etapas poderíamos ignorar com segurança.

É claro que a evolução cultural pode nos levar até um determinado patamar. Agora temos o método científico para nos dizer que sim, realmente precisamos deixar a mandioca descansar por dois dias, mas, não, o vulcão não se importa com as cabras.

Quando entendemos os princípios básicos, podemos evoluir mais rapidamente do que por tentativa, erro e imitação. Mas não devemos menosprezar o tipo de inteligência coletiva que salvou a vida de King.
Foi o que tornou possível a civilização - e uma economia em funcionamento. Fonte: UOL Noticias - 10/09/2019  

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Tecnologia em agricultura na China


Drone pulveriza fertilizante na plantação de trigo em Daliuzhuang, Província de Shandong, China.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Maçã desenvolvida em SC receberá royalties na Europa

Uma nova espécie de maçã desenvolvida em Santa Catarina conquistou o direito de recolher royalties nos 23 países que compõem a União Europeia. A fruta, que recebeu o nome de Monalisa, foi elaborada por meio de melhoramento genético iniciado há 31 anos por técnicos da estatal catarinense Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural).
 “A fruta é doce, crocante, suculenta e tem uma bela aparência. Ela caiu no gosto dos europeus”, afirma Renato Luis Vieira, gerente da estação experimental da Epagri em Caçador, que projeta o início do recolhimento da verba dos direitos de venda para 2022.
 “Estamos colhendo os frutos de um trabalho iniciado há muito tempo. É demorado, mas, quando vem a valorização, não tem preço”, disse. O cruzamento de plantas que deu origem à Monalisa foi desenvolvido em um ensaio experimental na primavera de 1988.

A história começou com o pesquisador Anísio Pedro Camilo, que fez doutorado em um programa de hibridações nos Estados Unidos , segundo Frederico Denardi, engenheiro‑agrônomo aposentado da Epagri. O pesquisador fez o cruzamento de uma muda de maçã gala com uma outra muda desenvolvida para ser mais resistente. “A gala é a mais produzida no Brasil hoje, mas tem inconvenientes como a dificuldade de adaptação ao clima do Sul. Também é muito suscetível a doenças”, disse.

As sementes foram pré-germinadas em câmaras climáticas e depois monitoradas em estufas. Na sequência, as mudas foram submetidas ao contato com as principais pragas que atacam os pomares. As mudas que resistiram foram selecionadas para passar por uma nova bateria de testes. Depois de atestar a resistência, os melhoristas (que fazem o melhoramento genético) partiram para aperfeiçoar a qualidade da fruta. Foram feitos testes para medir a firmeza da polpa, o nível de acidez, o teor de açúcar, a coloração, o formato, o sabor e a capacidade de conservação, entre outros fatores.

A ROTINA DE AVALIAÇÕES SE ESTENDEU POR SETE ANOS.
Em 1995, os pesquisadores atestaram o ápice da qualidade buscada e escolheram uma muda para ser a versão final do experimento. Ela recebeu um código de identificação e foi multiplicada por meio de enxerto.
A previsão é de redução do custo de produção porque é uma variedade resistente a algumas doenças que atingem a planta. “O agricultor deixa de gastar com agrotóxicos. Ela também se adapta muito bem à produção orgânica e produz efeitos na segurança alimentar e ambiental”, disse.

Os bons resultados culminaram na decisão de lançar a nova fruta para o mercado. Mudas foram fornecidas para os viveiristas interessados. A partir de convênio firmado com a Mondial Fruit Selection, empresa francesa que representa a maçã no exterior, testes foram feitos na Europa para avaliar a adaptação da fruta ao clima e a aceitação entre os produtores.
Foi na fase do lançamento que Denardi batizou a maçã de Monalisa, em razão da “universalidade e por ser um nome bonito, atraente e fácil”.

Em abril, a empresa concluiu que a Monalisa tem alto potencial de comercialização na Europa. Para realizar o cultivo, a propriedade intelectual da criação foi reconhecida.
A empresa irá liberar as mudas para os produtores licenciados que já poderão realizar o plantio. O processo do cultivo até a floração e colheita deve levar três anos, o que significa que estará nos mercados europeus a partir de 2022.
Com o início da comercialização, a Epagri começará a receber os valores pela concessão dos direitos da fruta. No Brasil, um edital será lançado para selecionar produtores que atendam as condições de cultivo.  “Agora é preciso ver se o mercado consumidor aceita a fruta”, disse Vieira. Fonte: Folha de São Paulo - 18.mai.2019 

domingo, 14 de abril de 2019

Câmeras registram queda de meteoro sobre a costa do mar do RS

Câmera, instalada em Taquara, registrou queda de meteoro na madrugada
de sexta-feira (12) — Foto: Carlos Fernando Jung
Uma câmera instalada em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre, registrou a queda de um meteoro na madrugada de sexta-feira (12) . O pós-doutor em Engenharia e diretor científico da Brazilian Meteor Observation Network (Bramon), professor Carlos Fernando Jung, responsável pela captura das imagens, informou que o bólido entrou na atmosfera a 122,2 mil km/h, e começou a perder força. O especialista calcula que o meteoro foi extinto a 36 km de altitude, sem causar qualquer dano.

O fenômeno foi captado também por câmeras em Torres, no Litoral Norte, e em Santa Catarina. Ele pôde ser visto por alguns segundos, às 3h21 (horário de Brasília).

"Ele pesava 12 kg quando ele entrou na atmosfera, com o tempo ele diminuiu a massa, até que os fragmentos foram mínimos. O objeto foi totalmente consumido em sua passagem atmosférica, a cerca de 145 Km sobre o mar da costa do Rio Grande do Sul", afirma.
O professor conta que no grupo Bramon, cada um, de forma voluntária com equipamento próprio, realiza registros dos fenômenos.

"Cada pessoa adquire seu próprio equipamento, e mantém operando 24h. O grupo reúne vários profissionais, que trabalham de forma voluntária em prol de fazer o registro, a análise", conta.
O professor tem câmeras funcionando em Taquara, São Leopoldo e Porto Alegre.
"As câmeras têm imagens 360 graus. Elas captam todo o Rio Grande do Sul, o Uruguai, Santa Catarina, Paraná, parte da Argentina", afirma.

Segundo Jung, bólido é o nome dado ao meteoro quando ocorre a explosão. São meteoros que possuem uma magnitude igual ou superior a -4, forma de uma "bola", daí vem o nome popular de "bola de fogo", explica o professor.

Bólidos podem ser seguidos de explosões ou explodirem no final. "Diariamente, a terra é bombardeada por meteoros, que entram aqui, são atraídos pela gravidade da Terra. É uma coisa comum. Durante o dia e a noite, não tem hora, nem lugar para acontecer. Mas não é normal a gente fazer um registro dessas proporções", explica o professor. Fonte: G1 RS-13/04/2019 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

A superlua de sangue

Durante a noite de 20 a 21 de janeiro, ocorreu o primeiro eclipse total de 2019. O que foi visto em todo o mundo foi batizado como 'superlua de sangue de lobo'. Fonte: EL PAÍS-21 JAN 2019

A superlua vista sobre a cidade de Marina Del Rey, na Califórnia (EUA).
















A superlua de sangue vista ao lado do Cristo Redentor,
na cidade do Rio de Janeiro (Brasil).
















A lua vista entre a Estátua da Liberdade
do Capitólio de Washington (EUA)

















Eclipse lunar visto do 'JK Memorial'
em Brasília (Brasil).

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Lunar Eclipse over Rio

Explanation: Moonrise doesn't usually look this interesting. For one thing, the full moon is not usually this dark -- but last Friday the moon rose here as it simultaneously passed through the shadow of the Earth. For another thing, the Moon does not usually look this red -- but last Friday it was slightly illuminated by red sunlight preferentially refracted through the Earth's atmosphere. Next, the Moon doesn't usually rise next to a planet, but since Mars was also coincidently nearly opposite the Sun, the red planet was visible to the full moon's upper right. Finally, from the vantage point of most people, the Moon does not usually rise over Rio de Janeiro in Brazil. Last Friday's sunset eclipse, however, specifically its remarkable Micro Blood Moon Total Lunar Eclipse, was captured from Rio's Botofogo Beach, along with an unusually large crowd of interested onlookers. Fonte: NASA - Image Credit: Carlos 'Kiko' Fairbairn

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

País deve pensar no futuro e virar chave do seu crescimento

Avanço só virá se inovação for tratada como estratégia, afirma Gianna Sagazio, referência no tema

Enquanto a inovação não for definida como estratégia para o desenvolvimento do país nada vai mudar, diz Gianna Sagazio, diretora de inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
“A gente sabe que é um momento difícil para o Brasil, de busca do equilíbrio fiscal. Mas isso não pode apagar uma agenda de futuro. É preciso resolver questões emergentes, mas também pensar no futuro”, afirma ela, que é também superintendente do IEL (Instituto Euvaldo Lodi), criado pelo setor industrial e que prepara as empresas para aumentar a competitividade.
A inovação  não é prioridade do país. Na China, o primeiro país de renda média que ficou entre os 20 mais inovadores do mundo, existe uma estratégia montada para que a inovação seja o fio condutor do desenvolvimento. O Brasil ficou em 64º lugar no ranking do Índice Global de Inovação em 2017,

O Instituto coordena a Mobilização Empresarial pela Inovação, movimento formado pelas 500 maiores lideranças do país com o objetivo de ampliar a inovação no Brasil.
Os países mais inovadores —por acaso, os mais competitivos e desenvolvidos— têm políticas com prioridade para investir nessa área.

Investimentos em inovação em 2017;
■EUA investiram US$ 532 bilhões (R$ 2 trilhões);
■China, US$ 279 bi (R$ 1 tri);
■Alemanha, US$ 105 bi (R$ 407 bi).
Estamos bem longe disso.

Quanto o Brasil investe?
O dado mais recente, de 2015, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, mostra que o Brasil empenhou R$ 76 bilhões (US$ 23 bilhões de dólares)  em pesquisa e desenvolvimento em inovação. O governo federal e os estaduais desembolsaram R$ 38,3 bilhões, e o setor privado, R$ 38,1 bilhões. Ou 1,28% do PIB investidos em P&D, 0,64% para cada lado. Aqui, pesquisa e desenvolvimento são considerados custos. Nos países mais inovadores, investimento. Fonte: Folha de São Paulo - 16.ago.2018

Comentário:
Quando D. Pedro II visitou os Estados Unidos em 1876. De 15 de abril a 12 de julho de 1876, o imperador percorreu mais de 14 mil quilômetros de trem  e passou por 28 estados, além da capital Washington.
O imperador se interessou pela ciência, pela tecnologia, as invenções e ficou maravilhado pelo trem. Dom Pedro II percorreu as extensões continentais dos Estados Unidos de trem, de Nova York a São Francisco na ida e na volta.  Ele foi de oeste a leste, e depois voltou do leste para oeste, buscando informações, e as inovações que estavam conhecendo.
Pelo jeito tivemos pouco avanço em quase 142 anos, continuamos a produzir ou fabricar carroças tecnológicas com conteúdo nacional.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Matemático que teve medalha Fields furtada no Rio receberá uma nova

A história da Medalha Fields furtada no Rio de Janeiro vai ter um final feliz. A organização do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM, na sigla em inglês) entregará uma nova ao iraniano de origem curda Caucher Birkar, 40, que teve sua medalha, popularmente conhecida como o “Nobel da matemática”, furtada logo após o fim da cerimônia de premiação, realizada na quarta-feira (1º).

A nova láurea será entregue ao matemático neste sábado (4), antes do jantar de gala do ICM, o evento mais importante da matemática, que ocorre pela primeira em um país do hemisfério Sul.
A reparação a Birkar será possível porque, além das quatro medalhas entregues na quarta, existe uma extra, "virgem", na qual será gravado o seu nome. A medalha sobressalente havia sido cunhada junto com as que foram dadas aos vencedores mas seria exposta na sede da União
Internacional de Matemática, em Berlim.

"A medalha Fields é uma celebração da matemática, um momento de alegria, e queremos que o professor Caucher Birkar volte ao seu país com a melhor imagem do Brasil", disse Marcelo Viana, presidente do Comitê Organizador do ICM-2018.
Forjadas em ouro 14 quilates, as medalhas são confeccionadas no Canadá, em um de seus lados, está gravado o rosto de Arquimedes, um dos maiores matemáticos da história. Também há a inscrição em latim "Transire suum pectus mundoque potiri" —que significa "superar os limites da inteligência e conquistar o universo".

No verso da medalha, encontra-se a inscrição, também latina, "Congregati  ex  toto orbe mathematici  ob scripta insignia tribuere". A expressão significa: "Reunidos, matemáticos de todo o mundo a concedem [a medalha] por escritos notáveis".

FURTO
Após receber o prêmio, Birkar o guardou numa pasta. O furto ocorreu enquanto o matemático atendia a pedidos de fotos. Imagens obtidas pela Folha nesta quinta (2) mostram os dois homens considerados suspeitos pela polícia carioca de terem cometido o crime.
As câmeras de segurança do local flagraram o momento em que um dos homens se aproximam da pasta com a medalha enquanto Birkar estava de costas. Ele coloca uma mochila em frente à pasta que guardava a medalha, aparentemente com a intenção de escondê-la. Mais tarde, essa mesma mochila foi encontrada com os documentos do matemático.
O outro homem, que aparece com óculos na cabeça, estava andando e conversando com o rapaz de mochila, e também é considerado suspeito pela polícia.

Para adentrar o recinto onde ocorria a cerimônia era obrigatório portar a credencial do evento ou estar com uma pulseira de convidado. Nas imagens é possível ver que nenhum dos dois portava a credencial.
Birkar é professor na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Ele nasceu no Irã, na cidade curda de Marivan  e estudou matemática na Universidade de Teerã antes de ir para o Reino Unido em 2000. Depois de um ano, ele recebeu o status de refugiado, tornou-se um cidadão britânico e começou seu doutorado no país, na Universidade de Nottingham.
Sua área de pesquisa é geometria algébrica, que, grosso modo, estuda a interconexão entre a geometria e a teoria dos números.

Outros três pesquisadores também receberam a láurea matemática: o italiano Alessio Figalli, 34, o alemão Peter Scholze, 30, e o indiano Akshay Venkatesh, 36. Todos eles agora fazem parte do exclusivíssimo grupo de 56 matemáticos que já receberam a medalha, criada em 1936.
Entre os vencedores anteriores está o brasileiro Artur Avila, que em 2014 tornou-se o primeiro latino-americano a conquistar a honraria.

A medalha Fields é um prêmio de características únicas. É entregue de quatro em quatro anos (junto com os Congressos Internacionais de Matemáticos, também quadrienais) para matemáticos de até 40 anos. A cada edição, saem de duas a quatro medalhas para pesquisadores com feitos extraordinários na carreira.
O cheque que acompanha a Fields é modesto, quando comparado com o do Nobel, que paga cerca de US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 4 milhões). A medalha matemática rende 15 mil dólares canadenses (R$ 43 mil) aos seus laureados.

Além do foco acadêmico, o ICM também terá atividades voltadas à popularização da matemática, abertas ao público, como o ciclo de cinco palestras promovido pelo Impa e pelo Instituto Serrapilheira com matemáticos de destaque internacional e divulgadores da disciplina.

OLIMPÍADA
Nesta quinta, foi realizado, durante o ICM-2018, a entrega das medalhas de ouro da 13ª Olimpíada Brasileira das Escolas Públicas (Obmep). Foram premiados 576 estudantes de todo o país. Organizada pelo Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) é a maior competição científica do mundo. Na última edição, participaram 18,2 milhões de estudantes. Fonte: Folha de São Paulo - 3.ago.2018 

sábado, 28 de julho de 2018

O eclipse lunar com ‘lua de sangue’

A Terra se colocou entre o Sol e a Lua nesta sexta-feira, 27, ocasionando o eclipse lunar mais longo do século XXI. A fase total do fenômeno começou às 16h30 (horário de Brasília) e teve duração de uma hora e 42 minutos, já que a lua passou próxima ao centro da sombra terrestre. Durante essa fase, o satélite refletiu uma tonalidade avermelhada que lhe confere popularmente o nome de Lua de Sangue. Do Brasil, foi possível ver o fenômeno em algumas cidades, no fim da tarde. Para isso, foi preciso olhar para o horizonte, a leste.

O QUE É UM ECLIPSE
Um eclipse ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua se alinham. Isso faz com que a Terra fique diretamente entre o Sol e a Lua, bloqueando a luz solar.
O fenômeno acontece porque a Lua entra na sombra criada pela Terra e deixa de ficar visível pois deixa de ser iluminada pela luz do Sol. Fontes: BBC Brasil e El País - Brasil 28 JUL 2018

        

quinta-feira, 15 de março de 2018

As melhores frases de Stephen Hawking

Veja algumas de suas melhores frases:

“Lembre-se de olhar para as estrelas e não para baixo, para os seus pés. Tente achar sentido no que você vê e pergunte sobre o que faz o Universo existir. Seja curioso".

“Pessoas que se vangloriam de seu QI são perdedoras".
Entrevista ao New York Times, dezembro de 2004

“Somos apenas uma estirpe avançada de macacos em um planeta menor de uma estrela muito comum. Mas podemos entender o universo. Isto nos torna muito especiais".
Entrevista à revista alemã Der Spiegel, 1988

Minhas expectativas se reduziram a zero quando tinha 21 anos. O restante foi um presente".
Entrevista ao New York Times, dezembro de 2004

Acredito que o desenvolvimento pleno da inteligência artificial poderia significar o fim da raça humana".
Entrevista à BBC, 2014

“Vivo com a perspectiva de uma morte precoce há 49 anos. Não tenho medo de morrer, mas também não tenho pressa".
Entrevista ao jornal britânico The Guardian, maio de 2011

“Ninguém pode resistir à ideia de um gênio aleijado".
Entrevista à revista americana Time, setembro de 1993

“Se os extraterrestres nos visitarem algum dia, acredito que o resultado será parecido a quando Cristóvão Colombo desembarcou na América, um resultado nada positivo para os nativos".
Documentário "Into the Universe", The Discovery Channel, 2010

“A cruz de minha celebridade é que não posso ir a lugar algum sem ser reconhecido. Não basta colocar óculos escuros e uma peruca. A cadeira de rodas me entrega".
Entrevista a um canal de TV israelense, 2006

“Encontrar a resposta para isto seria o grande triunfo da razão humana, porque então conheceríamos a mente de Deus".
Sobre o motivo da existência do universo, em seu livro "Uma Breve História do Tempo", 1988

“Há uma diferença fundamental entre a religião, que se baseia na autoridade, e a ciência, que se baseia na observação e na razão. A ciência vencerá, porque funciona".
Entrevista ao canal americano ABC, junho de 2010
Fonte: UOL, em São Paulo -14/03/2018

Morre Stephen Hawking

Quando Stephen Hawking se aposentou, em outubro de 2009, a comoção tomou conta do mundo. Um cientista cuja carreira parecia condenada ao fim antes mesmo de começar não só cumpriu 30 anos de serviços prestados numa das mais prestigiosas vagas da Universidade de Cambridge como contribuiu com muitas das ideias que ajudam a definir o Universo tal como é compreendido hoje.

O cientista morreu no início da madrugada de quarta (14), aos 76 anos, em Cambridge, no Reino Unido. "Ele foi um grande cientista e um homem extraordinário cujo trabalho e legado vai viver por muitos anos", disseram seus filhos Lucy, Robert e Tim, em comunicado, sem especificarem a causa da morte.

Nascido a 8 de janeiro de 1942 em Oxford, Inglaterra, Hawking desde cedo demonstrou interesse por matemática e astronomia, embora nunca tenha sido um aluno brilhante ou dedicado. Seu pai era biólogo, o que pode ter ajudado a despertar seu interesse por ciência.

No início de sua trajetória acadêmica, estudou física no University College de Oxford. Ao obter o bacharelado em 1962, foi para Cambridge, e logo que chegou começou a desenvolver os sintomas de uma rara e fatal enfermidade degenerativa conhecida como esclerose lateral amiotrófica.

De progressão usualmente rápida, ela é caracterizada pela crescente paralisia dos músculos, culminando com a incapacidade de respirar e a morte. Seu médico havia predito que em três anos, no máximo, Hawking estaria morto —antes mesmo da conclusão de seu doutorado.

LEGADO
Ele ficou mundialmente conhecido como o cientista que vivia recluso em uma cadeira de rodas computadorizada sem poder mexer o corpo franzino e atrofiado. E como o pensador que conquistou reinados da física ao ajudar a entender a origem do Universo e o papel dos buracos negros. "Se vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes", diz Hawking, citando Isaac Newton (1643-1727), na obra "Os Gênios da Ciência" (2002), na qual revisita pensadores revolucionários.

Sua genialidade, que contribuiu para o avanço da física, e sua irreverência, que permitiu dar asas a um fenômeno pop, fizeram com que ele se assemelhasse muito com Albert Einstein (1879-1955), outro gênio pop. Hawking ocupou a cadeira de Isaac Newton como professor de matemática na Universidade de Cambridge até 2009, quando se comunicava apenas com um botão, utilizando um sintetizador de voz. Mas foi sua capacidade de contar ao público leigo, em linguagem fácil e cativante, as complexas teorias do mundo moderno, que fizeram dele um astro mundial.

Seu primeiro best-seller, "Uma Breve História do Tempo" (1988), traduzido em 35 línguas, teve mais de 10 milhões de cópias vendidas em 20 anos. Na obra em que trata de teorias como a do princípio quântico da incerteza, supercordas e buracos negros, inclui apenas uma única equação matemática: a elegante E = mc², famosa fórmula da equivalência entre matéria e energia de Einstein.

Diversão não faltou na vida de Hawking. Suas limitações físicas foram superadas por sua força de vontade indômita, pela tecnologia e pela ficção. "Minhas expectativas foram reduzidas a zero quando eu tinha 21. Tudo, desde então, tem sido um bônus", afirmava. Em 1993, ele pode jogar cartas com Newton e Einstein e um episódio da série Star Trek: The Next Generation. Também fez ponta em episódios de Os Simpsons, Laboratório de Dexter, Uma Família da Pesada, The Big Bang Theory, dentre outros seriados, e na gravação de dois discos do Pink Floyd -- The Division Bell (1994) e The Endless River (2014).

Ao longo da carreira, Hawking usou sua popularidade para advogar em favor de diversas causas, principalmente na defesa dos direitos dos deficientes físicos. Outro tema recorrente era a promoção da exploração espacial. O físico acreditava que a sobrevivência da humanidade a longo prazo depende da colonização de outros mundos.

Hawking não só defendeu os voos espaciais como planejou tomar parte neles. Em 2007, ele se tornou o primeiro tetraplégico a experimentar a sensação de ausência de peso, ao realizar voos parabólicos em um avião. Fonte: Folha de São Paulo - 14.mar.2018

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Eclipse Solar: uma escuridão mágica cruza os Estados Unidos

A coroa do sol é visível à medida que a lua passa
em frente ao sol durante  o eclipse solar total no
rancho Big Summit Prairie, na Floresta Nacional Ochoco,
no Oregon, perto da cidade de Mitchell. 
O silêncio e a emoção invadiram os Estados Unidos na segunda-feira da costa oeste à leste. Uma sombra cruzou o país em diagonal em 92 minutos. O primeiro eclipse solar total que cruza os EUA em 99 anos foi um espetáculo de sensações mágicas que atraiu milhões de pessoas.

Em Isle of Palms, uma pequena ilha nos arredores de Charleston (Carolina do Sul), centenas de pessoas se reuniram na praia para observar o evento astronômico. Por cerca de uma hora e meia o Sol foi desaparecendo lentamente. Às 14h46 hora local (15h46 horário de Brasília), durante dois minutos e um segundo, ficou de noite: a lua esteve na frente do Sol impedindo que este fosse visto. Após essa escuridão, o Sol gradualmente reapareceu enquanto o eclipse deixava os EUA e entrava no Oceano Atlântico.

Na verdade, os dois minutos e um segundo de escuridão pareceram muito curtos. A lua situada na frente do sol criou uma coroa de luz branca extremamente brilhante. As pessoas gritavam eufóricas. O mundo pareceu parar. A escuridão não era completa: o céu estava cinzento enquanto o horizonte no oceano tinha uma cor laranja.

Antes do eclipse total, o Sol criava uma meia-lua dourada na parte ocidental da lua. E depois do eclipse, a meia-lua apareceu no lado oriental até ir crescendo gradualmente e o Sol voltou a aparecer completamente.

Observando o eclipse era impossível não ter a sensação de como o ser humano é pequeno e como não controla a imensidão do resto do universo. A lua é 400 vezes menor que o Sol e poder observar o momento exato em que está à frente dele e bloqueia sua luz é um marco.

Os eclipses solares totais não são incomuns: ocorrem em alguma zona do planeta a cada 18 meses, mas é difícil que possam ser vistos de pontos habitados, mais ainda que atravessem um país enorme como os EUA, com mais de 300 milhões de habitantes. Depois desta segunda-feira, o próximo eclipse total visível da Terra acontecerá em janeiro de 2019, com a Argentina e o Chile como melhores países para contemplar. E o próximo eclipse na América do Norte vai acontecer em abril de 2024. Fonte: El País - 21 AGO 2017

sábado, 27 de maio de 2017

Brasil não pode se contentar apenas com agroindústria

Qual futuro queremos para o Brasil? Países industrializados contam com 2 mil cientistas por milhão de habitantes, enquanto o Brasil conta com apenas 600. A China vem fortalecendo sua posição como potência mundial em ciência e tecnologia, ultrapassando os Estados Unidos em várias áreas e assumindo a liderança na questão do clima. Coreia do Sul e Cingapura apostaram na tripla hélice "governo-indústria-universidade" e se tornaram atores e inovadores mundiais em áreas de fronteira. A Índia conquistou um lugar de destaque na indústria farmacêutica mundial e, em 2017, quebrou o recorde mundial de colocação em órbita de múltiplos satélites (107) em um único lançamento.

O Brasil não pode se contentar com uma posição de destaque no agronegócio ou como exportador de commodities. As fronteiras do conhecimento avançam a passos largos, desvendando um novo mundo em que avanços em inteligência artificial, computação quântica e ciências biomédicas determinarão ganhadores e perdedores, líderes e liderados, centros de poder e periferia.

A crise atual já fez grandes estragos em áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico e social. E é nas crises que cumpre sair do imobilismo, preservar o conquistado e investir em caminhos viáveis. Ao longo de décadas o Brasil construiu uma invejável rede de instituições de C&T, treinou recursos humanos de excelência em áreas críticas para seu crescimento e alterou a Constituição Federal reconhecendo que o desenvolvimento tecnológico é instrumento para soberania e independência do país (EC 85 2015).
A atualização da Carta Magna abriu caminho para modernização da arquitetura jurídica brasileira. O Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, modernizou nove leis federais na tentativa de adequar o sistema vigente à premente necessidade de avanços nestas áreas. Mudanças na Lei de Inovação e de Licitações reconheceram o inexorável papel do Estado na articulação das redes e parceiros na promoção do desenvolvimento tecnológico do país.

A extinção ou esvaziamento dos institutos provocará o maior "brain drain" ["fuga de cérebros", a ida de cientistas para o exterior] da nossa história, pois serão os cientistas de excelência deste programa que migrarão para países onde CT&I são reconhecidas como estratégicas. Perderemos nossos criadores para nos tornarmos criados, mão de obra de economias mais poderosas. Os INCTs precisam ser vistos como aquelas raras sementes sobreviventes a uma seca de proporção bíblica: regadas e protegidas, poderão se multiplicar e prover o alimento indispensável para sobrevivência no mundo de amanhã. Fonte: Inovação Tecnológica - Carlos Morel (Fiocruz) e Renata Hauegen (UFRJ) -  19/05/2017