Segundo os dados oficiais do Sistema de Informações sobre
Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS), em 2017 houve 65.602 homicídios2
no Brasil, o que equivale a uma taxa de aproximadamente 31,6 mortes para cada cem mil habitantes.
Trata-se do maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país,
conforme destacado no gráfico.
CUSTOS ECONÔMICOS DA VIOLÊNCIA
A criminalidade violenta constitui um grande problema econômico, uma vez que afeta o preço dos bens e serviços, além de contribuir para inibir a acumulação de capital físico e humano, bem como o desenvolvimento de determinados mercados (Cerqueira, 2014). No que tange à esfera fiscal, importantes e escassos recursos do Estado são drenados para lidar com o enfrentamento e com as consequências da violência. Nesse contexto, apenas para citar um exemplo do que pode significar o impacto no custo de logística, no auge dos roubos de cargas no Rio de Janeiro, em 2017, 13% das empresas transportadoras faliram, sendo que os preços de algumas mercadorias podem ter aumentado até 30%, devido ao custo do frete e do seguro.
Portanto, além da sociedade pagar mais caro por seus
produtos, a mesma ainda dispende recursos para seguros e segurança privada. Em
outra mão, o Estado gasta para manter o seu sistema de segurança pública e
prisional, além de alocar recursos no sistema público de saúde e de assistência
social para o pagamento de pensões, licenças médicas e aposentadorias para
atender as vítimas de violência. Contudo, o maior custo da violência diz
respeito às perdas prematuras de vida, devido ao homicídio.
Em alguns trabalhos que fizemos no Ipea, procuramos estimar
o que seria um limite inferior para o custo social da violência no Brasil.
Seria algo equivalente a 5,9% do PIB, desperdiçado a cada ano, em face da
violência no país.
JUVENTUDE PERDIDA
A morte prematura de jovens (15 a 29 anos) por homicídio é
um fenômeno que tem crescido no Brasil desde a década de 1980. Além da tragédia
humana, os homicídios de jovens geram consequências sobre o desenvolvimento
econômico e redundam em substanciais custos para o país. Conforme mostraram
Cerqueira e Moura (2013), as mortes violentas de jovens custaram ao Brasil
cerca de 1,5% do PIB nacional em 2010.
Em 2017, 35.783 jovens foram assassinados no Brasil. Esse
número representa uma taxa de 69,9 homicídios para cada 100 mil jovens no país,
taxa recorde nos últimos dez anos. Homicídios foram a causa de 51,8% dos óbitos
de jovens de 15 a 19 anos; de 49,4% para pessoas de 20 a 24; e de 38,6% das
mortes de jovens de 25 a 29 anos; tal quadro faz dos homicídios a principal
causa de mortes entre os jovens brasileiros em 2017. Fonte: Atlas da Violência 2019