quarta-feira, 24 de abril de 2019

Brasileiro leva 1 hora para produzir o que americano faz em 15 minutos

O trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano consegue realizar em 15 minutos e um alemão ou coreano em 20 minutos. Isso significa que a produtividade do Brasil é baixa, mas não quer dizer que o brasileiro seja preguiçoso ou inapto. Há atrasos na formação e na infraestrutura das empresas, o que afeta os resultados, dizem especialistas.

Em termos de riqueza, o Brasil produz em uma hora o equivalente a US$ 16,75;
■valor que corresponde apenas a 25% do que é produzido nos EUA (US$ 67).
■Comparado a outros países, como Noruega (US$ 75), Luxemburgo (US$ 73) e Suíça (US$ 70), o desempenho do país é ainda pior.
As informações são do professor José Pastore, presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio-SP.
Estes dados equivalem à relação entre o total produzido na economia (PIB) e o número total de horas trabalhadas, metodologia mais comum para medir a produtividade de um país, de acordo Pastore.

PRECISA MELHORAR EDUCAÇÃO E EQUIPAMENTOS
"A produtividade média do brasileiro é de apenas um quarto da do trabalhador americano e de um terço da do alemão ou do coreano. Perdemos muito mercado [lá fora] porque a baixa produtividade dá como resultado baixa competitividade", disse Pastore.
Isso não quer dizer que o brasileiro seja um trabalhador pior do que os outros. É preciso melhorar as condições, como educação dos funcionários e equipamentos nas empresas.
Renan Pieri, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), afirmou que, além das correções estruturais necessárias para melhorar a produtividade, o Brasil precisa trilhar dois caminhos:
■Melhorar a educação em todos os níveis (inclusive técnico) com investimentos
■Investir na modernização do capital físico (máquinas e equipamentos das empresas)

EDUCAÇÃO VOLTADA ÀS EMPRESAS
"Esses dois aspectos têm a ver com o Estado, que precisa gerar um ambiente econômico que permita, por sua vez, o aumento dos investimentos, tanto público como privado", declarou Pieri. Na opinião dele, o trabalhador precisa chegar às empresas com conhecimento consolidado, e não "tão sem base" como chega hoje.
"Precisamos de um programa que aproxime a demanda das empresas da oferta das escolas, sejam do ensino superior, do ensino médio ou do ensino técnico."
Segundo Pastore, a eficiência do trabalho no Brasil está praticamente estagnada desde a década de 1980, salvo raras exceções. "Estamos parados, enquanto outros países estão melhorando. A distância tem aumentado."

POR QUE O BRASIL ESTÁ ABAIXO DE OUTROS PAÍSES?
Pieri disse que o acesso a certos recursos no Brasil, como capitais humano, físico e financeiro, entre outros, é insuficiente e desfavorável se comparado ao de outros países. Entre os fatores que conspiram contra a produtividade, ele enumera:

■Baixa qualificação e capacidade dos trabalhadores (capital humano)
■Tecnologia atrasada e mal administrada nas empresas (capital físico)
■Investimento caro e abaixo do necessário (capital financeiro)
■Infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos insuficientes e sucateados)
■Burocracia complicada
■Ambiente de negócios perverso
"Melhoramos nossa escolaridade média nos últimos 25 anos, mas foi insuficiente para aumentar a qualidade do capital humano e, assim, atender às necessidades das empresas", disse o professor da FGV.

Para Pastore, o alastramento do trabalho informal também agrava o quadro de baixa produtividade no país. "Afinal, temos cerca de 40 milhões de pessoas nessa situação hoje. Isso significa que não é apenas o trabalhador que tem baixa qualidade, é o seu emprego que é de baixa qualidade", afirmou.

SETORES NOS QUAIS A EFICIÊNCIA MELHOROU
■Agricultura (devido à incorporação maciça de inovações tecnológicas)
■Financeiro (devido ao salto dado com base às tecnologias do mundo digital)
■Indústria automotiva e Embraer (devido à robotização e racionalização do trabalho)

RENDA PER CAPITA DOBRARIA COM MELHOR PRODUTIVIDADE
Um relatório do Banco Mundial sobre produtividade, lançado em 2018, aponta que a renda per capita brasileira é aproximadamente 20% da renda per capita dos EUA. Se o Brasil tivesse a mesma produtividade que a norte-americana, a renda do país seria mais de 50% da dos EUA, mesmo sem investimento adicional em máquinas ou capital humano. Ou seja, a renda per capita atual mais do que dobraria somente com melhorais na produtividade.

Jorge Arbache, economista e estudioso do assunto, mostrou que em 1980 a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% maior do que a do trabalhador chinês e 70% menor do que a americana.
Em 2013, o Brasil perdia nos dois casos: a do trabalhador brasileiro era 80% inferior à americana e 18% menor à chinesa. No período, a eficiência dos chineses cresceu 895%. Já a dos brasileiros, meros 6%.
E os números que conspiram contra o Brasil não param por aí. Pieri afirmou que a relação PIB/trabalhador em 1994 no Brasil era de R$ 25 mil. Em 2016, já considerada a inflação no período, passou para R$ 30 mil. Isto é, em 22 anos aumentou apenas 20%. "Nesse mesmo intervalo, a relação PIB/trabalhador nos EUA cresceu 48%", disse o professor da FGV.

Uma pesquisa feita no final do ano passado constatou que as 500 maiores companhias do país deixam de ganhar R$ 230 milhões por ano com improdutividade em suas operações. A pesquisa foi feita pela empresa de tecnologia Levee. Fonte:  UOL Noticias -19/03/2019 

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