O relato da expulsão de Julian Assange da Embaixada do
Equador em Londres é a história de uma quebra de confiança que começou há um
ano e meio, e o reflexo de uma profunda guinada política no país andino. O
fundador do Wikileaks obteve asilo em 2012, dois meses depois de se refugiar na
sede diplomática. Foi concedido no Governo de Rafael Correa, que tinha como
vice o atual presidente, Lenín Moreno, hoje seu maior rival. A decisão sobre
Assange ocorre depois de meses de tensões, descumprimentos do protocolo
combinado com as autoridades e a suspeita de que suas atividades significavam
um risco para a segurança do Estado.
“Ultrapassaram um limite muito grave poucos dias atrás”,
disse a ministra do Interior, María Paula Romo, horas antes da detenção dele. A
lista de acusações é longa, começando pela intromissão em assuntos de política
internacional através dos vazamentos da sua organização. Nesta quinta-feira,
11, acrescentou que “a retirada do asilo é uma competência soberana do Equador
e também é a consequência do descumprimento reiterado das normas de asilo e de
mínima convivência”. A Assembleia Nacional apoiou a decisão após escutar a
relação do chanceler “sobre todas as faltas cometidas por Assange nestes sete
anos”. A ministra alega, além disso, que o Executivo conta com “informação de
que hackers vinculados ao Wikileaks” vivem no Equador e estão vinculados a
ações que não só afetam a segurança do país como também de outros Governos.
“A paciência do Equador chegou ao seu limite”, deixou claro
Moreno em um pronunciamento público, insistindo em que Assange exercia
atividades irregulares e defendendo que a suspensão do asilo é uma decisão
soberana. “O alerta mais recente se deu em janeiro de 2019, quando o Wikileaks
vazou documentos do Vaticano. Membros importantes dessa organização visitaram o
senhor Assange antes e depois desse vazamento.” Há outras acusações também:
“Instalou equipamentos eletrônicos de distorção não permitidos, bloqueou as
câmeras de segurança da missão, agrediu e maltratou guardas da sede
diplomática, acessou sem permissão arquivos de segurança. Possui um telefone
celular com o qual se comunica com o exterior. Finalmente, o Wikileaks ameaçou
há dois dias o Governo do Equador”.
O Governo de Moreno concedeu a nacionalidade a Assange em
dezembro de 2017 para regularizar sua situação, mas o proibiu em repetidas
ocasiões de interferir em assuntos de política externa. Ele violou a ordem e há
um ano ficou incomunicável, embora tenha encontrado formas de burlar os
controles. Chegou a processar em três ocasiões o Estado equatoriano por supostos
descumprimentos dos protocolos de convivência. Entretanto, as autoridades
competentes rejeitaram essas denúncias. Apesar dos enfrentamentos, o presidente
afirma que exigiu do Reino Unido um compromisso escrito de que não será
extraditado a nenhum país “onde possa sofrer tortura ou a pena de morte”. Fonte: El País - Bogotá 12 ABR 2019
A vida de Assange segundo a equipe que o vigiava
De 2012 a 2017, uma empresa de segurança espanhola se
encarregou de proteger o hóspede mais incômodo do mundo em seu asilo na
Embaixada do Equador em Londres
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