Uma mutação do coronavírus
Sars-Cov-2 originada em visons infectou 214 pessoas na Dinamarca, segundo
informações divulgadas nesta sexta-feira (06/11) pelo Statens Serum Institut
(SSI), centro de referência para doenças infecciosas no país. Essa mutação
representa um risco para a eficácia das vacinas que estão sendo desenvolvidas
contra a covid-19.
"A infecção entre as
fazendas de visons está aumentando em número e extensão geográfica, sem que as
medidas preventivas tenham funcionado", apontou o SSI. "Foram vistas
novas variações de visons com covid-19, que mostram uma sensibilidade reduzida
aos anticorpos de várias pessoas com infecções anteriores. Isso é grave, já que
pode significar que uma futura vacina será menos eficaz, por causa dessas
variantes", indica o órgão.
O Statens Serum Institut
ainda destaca que infecções foram identificadas entre pessoas que trabalham nas
fazendas de visons, mas também entre a população local.
Para tentar conter o avanço
da mutação, o governo da Dinamarca anunciou um lockdown de quatro semanas que
afeta os cerca de 280 mil habitantes da região da Jutlândia do Norte, que
abriga mais de 1.100 criadouros de visons e onde a maioria dos casos foi
detectada. Além de fechar as divisas da região, moradores estão impedidos de
trafegar entre diferentes cidades, o transporte público foi suspenso, e
atividades culturais e esportivas foram proibidas.
"Precisamos acabar com
essa mutação do vírus", afirmou o ministro da Saúde dinamarquês, Magnus
Heunicke.
MILHOES DE VISONS SERÃO
SACRIFICADOS: O governo também pediu que todos os moradores da região façam o
teste de covid-19. Na quarta-feira, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette
Frederiksen, anunciou que até 17 milhões de visons serão sacrificados no país
como precaução. Maior produtor global de visons, cuja pele é usada para fazer
casacos, a Dinamarca já havia abatido animais de fazendas anteriormente por
causa de infecções pelo vírus, mas os surtos persistiram.
De acordo com o Statens Serum
Institut, já foram detectadas cinco variações do Sars-Cov-2 no pequeno
mamífero, e uma delas "exibe uma menor suscetibilidade aos anticorpos de
múltiplos indivíduos com infecções passadas, em relação ao vírus não
mutado". Essa variação, conforme indica o instituto, foi encontrada,
especificamente, em cinco fazendas de visons e em 12 amostras de infecções em
humanos, ao longo de agosto e setembro.
OMS EM ALERTA: A Organização
Mundial da Saúde (OMS) está em contato com as autoridades da Dinamarca e
acompanhando a situação. A agência da ONU está também analisando a
biossegurança dos criadouros de visons ao redor do mundo para prevenir novos
surtos.
A líder técnica para covid-19
da OMS, Maria van Kerkhove, disse que a transmissão do vírus entre animais e
humanos é "preocupante", mas afirmou que mutações são comuns e estão
sendo observadas no novo coronavírus desde que ele foi identificado no fim do
ano passado.
A OMS indicou ainda ser
precipitado avaliar as consequências do caso, por não haver evidência de
impacto na propagação do patógeno ou na gravidade da infecção.
"É muito cedo para tirar
conclusões sobre as implicações que têm essa mutação específica, seja na
transmissão, na severidade ou para a resposta imunitária e a potencial eficácia
de uma vacina", disse a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan.
A OMS lidera um grupo
científico formado por biólogos evolucionistas e biotecnólogos, que seguem de
forma permanente todas as mudanças do patógeno no planeta.
O diretor de emergências da
OMS, Mike Ryan, acrescentou ainda que a agência está preparando uma avaliação
de risco sobre o incidente na Dinamarca que deverá ser divulgada em breve.
"Isso é preocupante
porque espécies de mamíferos como os visons são hospedeiros muito bons, e o
vírus pode evoluir dentro dessas espécies, especialmente se há uma concentração
grande de animais num espaço pequeno", afirmou Ryan. Fonte: Deutsche Welle
– 06.11.2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário