Na era da 'pós-verdade', jornalismo honesto deve esclarecer a sociedade
Neste momento de pós-verdade e relativismo incontido, a
pergunta sobre o que é a "verdade", como encontrá-la e se, uma vez
encontrada, ela terá ainda alguma importância para o debate das políticas
públicas parece completamente fora do lugar.
Mas são questões fundamentais que devem presidir o
comportamento de duas profissões: a dos que ainda creem que existe uma
realidade objetiva que impõe limites e pode ser apreendida pelo método científico
e a do jornalismo honesto.
Este é muito importante para aproximar a sociedade do
conhecimento "científico", que não revela a "verdade", mas
poderá ajudar a rejeitar, pela acumulação de evidências, a
"inverdade".
Por que "evidências" não convencem pessoas
inteligentes? Talvez porque nossas "crenças" e "opiniões"
estejam ligadas, mesmo inconscientemente, aos nossos interesses e, talvez,
porque elas não são adequadamente "traduzidas" para a população pelo
jornalismo honesto.
Quando o funcionário público, que conseguiu o "direito
adquirido" de não ser atingido por qualquer consequência conjuntura, tem o
seu salário garantido e é a única pessoa no mundo que receberá uma
aposentadoria equivalente à sua remuneração na atividade (enquanto o trabalhador
do setor privado perde o emprego, vê seu salário rebaixado e na aposentadoria
receberá uma queda de remuneração de 30%), afirma que a Previdência Social não
tem deficit com sofisticada falácia, é compreensível, mas não deveria ser
crível.
Quando o líder sindical recusa qualquer forma de
"terceirização", o mais provável é que apenas esteja defendendo seus
"direitos adquiridos": a ineficiente unicidade sindical e o
escandaloso imposto sindical!
Não tem nada a ver com a legítima e fundamental organização
sindical livre e voluntária que é o instrumento de defesa do trabalhador que
civiliza o capitalismo. De novo, é compreensível, mas não deveria ser crível...
Esses dois exemplos são apenas a ponta o iceberg dos
"direitos mal adquiridos", que acentuam a iniquidade que alimenta uma
sociedade de baixa produtividade, imensamente injusta e que separou o estamento
estatal (o grande "rentista" apropriador do excedente produtivo) do
setor privado cujo trabalho o sustenta.
O conhecimento objetivo desses fatos é antigo, mas, por
falta de comunicação, está longe de ser apreendido pelos
"explorados".
É ao jornalismo honesto que cabe a missão de esclarecer à
sociedade que é possível continuar a construir uma sociedade realmente
republicana, que é o objetivo do governo de Michel Temer. Fonte: Folha de São Paulo - 29/03/2017
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