Margot Honecker, ex-dama de ferro da ex-Alemanha Oriental e viúva
do ex-líder Erich Honecker, leva uma vida aprazível e discreta no Chile, onde
vive há 17 anos, com uma rotina que inclui ir à pé ao supermercado e visitar
sua filha.
Rodeada por um pequeno círculo íntimo integrado por líderes
comunistas e ex-refugiados chilenos que foram para a Alemanha Oriental na época
do ditador Augusto Pinochet, Honecker, 82, é tratada pelo mesmo médico que
atende a presidente Michelle Bachelet e evita as opiniões políticas e os atos
públicos.
Margot vive com o neto, Roberto, no condomínio La Reina, em um
elegante bairro de Santiago cercado de árvores e muros altos. O recepcionista
do condomínio tem a orientação de avisá-la caso veja um jornalista rondando o
local.
Uma recente reportagem da revista chilena "Qué Pasa"
revelou que a ex-ministra da Educação da Alemanha Oriental lê muito, caminha,
acompanha as notícias através da internet e tem uma grande nostalgia do regime
comunista --daquele que havia antes da queda do Muro de Berlim, há 20 anos.
Segundo a revista, no dia 7 de outubro Margot participou da
celebração, em Santiago, dos 60 anos de criação da Alemanha Oriental,
organizada por um grupo de chilenos perseguidos pela ditadura de Pinochet e que
se exilaram em Berlim.
Na reunião, ela leu um manifesto reivindicando as boas ações do
governo de seu marido. "Neste momento, existe na Alemanha uma enorme
campanha contra a Alemanha Oriental; não existe nenhum programa de televisão,
nenhum filme, nenhum noticiário onde não se enlameie com afinco a Alemanha
Oriental, mas sem resultado", disse Margot na ocasião.
"Hoje, há muitos jovens que refletem e dizem: devemos
construir outra sociedade, como foi naquele tempo", acrescentou.
"Ela vive tranquila e quer continuar vivendo tranquila. Não
quer aparecer nos jornais, na imprensa, nada", disse Luis Corvalán,
ex-secretário-geral do Partido Comunista chileno e grande amigo de Margot, à
agência France Presse.
Tentando romper seu isolamento, jornalistas da rede pública alemã
de televisão ARD a esperaram durante dias do lado de fora de sua casa, e
conseguiram fazê-la romper o silêncio político habitual ao perguntar à ex-dama
de ferro se ela acredita na volta do socialismo. "Sim, voltará, e por quê
não na Alemanha?", respondeu.
Durante a ditadura de Pinochet, a Alemanha Oriental serviu de
exílio para milhares de refugiados chilenos --entre eles a própria presidente
Bachelet.
Segundo a imprensa local, Margot viaja todos os anos para Cuba,
onde passa um mês fazendo exames médicos em um centro assistencial para
estrangeiros financiado pelo regime de Raúl Castro.
Depois da queda do muro e de uma passagem pela Rússia, Margot foi
para o Chile em 1992 acompanhada da filha Sonja, que era casada com o chileno
Leonardo Yáñez.
Erich Honecker chegou ao país um ano mais tarde, depois de ser
liberado do julgamento na Alemanha por motivos de saúde. Faleceu em
consequência de um câncer em 29 de maio de 1994 na capital chilena.
Fonte: Folha Online - 07 de novembro de 2009
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