sábado, 22 de junho de 2019

Ranking das melhores universidades do mundo

Universidades brasileiras pioram em pesquisa, empregabilidade de alunos e qualidade de ensino; veja ranking das melhores do mundo
Apesar de cinco universidades brasileiras subirem de posição, pesquisa alerta para queda no desempenho das instituições do país. Segundo diretor do estudo, cortes no orçamento podem agravar quadro nos próximos anos.

As dezenove universidades brasileiras classificadas entre as mil melhores instituições de ensino do mundo apresentaram piora em índices de qualidade, segundo a última edição do QS University Ranking 2020.

Segundo o estudo, divulgado nesta quarta-feira (17), houve queda na empregabilidade de formandos, no desempenho das pesquisas acadêmicas, no nível de ensino e na atratividade para estudantes e professores estrangeiros.

A tendência, segundo o diretor de pesquisas da QS, é de piora dos índices do país nos próximos anos. "Existem poucos pesquisadores no mundo capazes de lidar com a perda de quase metade de seu orçamento (...). Dado que nosso indicador de pesquisa é baseado em cinco anos de dados, leva tempo para que as decisões políticas afetem o desempenho nos rankings", afirma Ben Sowter. "É provável que o status do Brasil com líder de pesquisa regional seja cada vez mais ameaçado nos próximos anos", completa.

Abaixo, veja quais instituições de ensino do país estão na lista das melhores do mundo:

Universidades brasileiras entre as 1.000 melhores do mundo

2020
2019
Nome da universidade
116
118
Universidade de São Paulo (USP)
214
204
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
358
361
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
439
464
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
482
491
Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)
601-650
601-650
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
651-700
531-540
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
651-700
601-650
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
651-700
601-650
Universidade Federal do Rio Grande Do Sul (UFRGS)
701-750
751-800
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
801-1000
801-800
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)
801-1000
751-800
Universidade de Brasília (UnB)
801-1000
801-1000
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)
801-1000
801-1000
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
801-1000
701-750
Universidade Federal de São Carlos (Ufscar)
801-1000
801-1000
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
801-1000
801-1000
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
801-1000
801-1000
Universidade Federal do Pernambuco (UFPE)
801-1000
801-1000
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Fonte: QS World University Ranking 2020

Das dezenove instituições brasileiras do ranking, doze registraram uma pontuação menor de citações de pesquisas. O que isso significa? Que estudos publicados pelo mundo usaram menos vezes a produção científica do Brasil como referência. Além disso, em dezoito universidades, o número de alunos estrangeiros caiu - ou seja, o país parece estar menos atrativo.
As turmas também estão maiores, já que a proporção de estudantes por professor cresceu em quinze instituições de ensino. Na interpretação do estudo, o Brasil não está conseguindo atender ao número crescente de matrículas.

SOBE E DESCE NO RANKING
Apesar da piora nos índices citados acima, cinco instituições de ensino brasileiras subiram de posição. A Universidade de São Paulo (USP) foi do 118º lugar para o 116º. Além dela, a UFRJ, a Unifesp, a Unesp e a UFSC melhoraram seus desempenhos no ranking.
Seis registraram queda: Unicamp, PUC-SP, UFMG, UFRGS, UnB e Ufscar. As demais permaneceram na mesma faixa de colocação.

MELHORES DO MUNDO
Em relação ao ano anterior, as mesmas universidades ocupam as três primeiras posições das melhores do mundo: Massachusetts Institute of Technology (MIT), Universidade Stanford e Universidade Harvard, todas nos Estados Unidos.

Melhores universidades do mundo
2020
2019
Nome da instituição
País
1
1
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)
EUA
2
2
Universidade Stanford
EUA
3
3
Universidade Harvard
EUA
4
5
Universidade Oxford
Reino Unido
5
4
Instituto de Tecnologia da Califórnia
EUA
6
7
Instituto Federal de Tecnologia de Zurique
Suíça
7
6
Universidade de Cambridge
Reino Unido
8
10
Universidade College London
Reino Unido
9
8
Imperial College London
Reino Unido
10
9
Universidade de Chicago
EUA
Fonte: QS World University Ranking 2020

CRITÉRIOS ANALISADOS
O ranking leva em conta seis critérios para classificar as melhores universidades do mundo:
■reputação acadêmica: baseada em respostas de mais de 94 mil acadêmicos
■reputação entre empregadores: item elaborado após entrevistas com mais de 44 mil empresas
■citações por faculdade: divisão do número de citações recebidas pelas pesquisas de uma universidade pelo número de professores que nela trabalham
■proporção de docentes por aluno: índice que revela o tamanho das turmas
■proporção de professores de outros países
■proporção de estudantes internacionais: ao medir quantos alunos vieram de outros países, é possível estimar a atratividade da universidade no mundo
Fonte: G1-19/06/2019

AS CINQUENTA MELHORES UNIVERSIDADES DO MUNDO
Rank

University
Location
1
 Massachusetts Institute of Technology (MIT)
United States
2
 Stanford University 
United States
3
 Harvard University 
United States
4
 University of Oxford 
United Kingdom
5
 California Institute of Technology (Caltech) 
United States
6
 ETH Zurich - Swiss Federal Institute of Technology 
Switzerland
7
 University of Cambridge  
United Kingdom
8
 UCL United Kingdom
United Kingdom
9
 Imperial College London  
United Kingdom
10
 University of Chicago  
United States
=11
 Nanyang Technological University, Singapore (NTU) 
Singapore
=11
 National University of Singapore (NUS) 
Singapore
13
 Princeton University 
United States
14
 Cornell University   
United States
15
 University of Pennsylvania 
United States
16
 Tsinghua University 
China
17
 Yale University 
United States
=18
 Columbia University 
United States
=18
 EPFL - Ecole Polytechnique Federale de Lausanne 
Switzerland
20
 The University of Edinburgh 
United Kingdom
21
 University of Michigan 
United States
=22
 Peking University 
China
=22
 The University of Tokyo
Japan
24
 Johns Hopkins University 
United States
=25
 Duke University  
United States
25
The University of Hong Kong  
Hong Kong
27
The University of Manchester-  
United Kingdom
28
University of California, Berkeley (UCB)  
United States
29
The Australian National University 
Australia
29
University of Toronto
Canada
31
Northwestern University
United States
32
The Hong Kong University of Science and Technology 
Hong Kong
33
King's College London
United Kingdom
33
Kyoto University 
Japan
35
McGill University 
Canada
35
University of California, Los Angeles (UCLA)  
United States
37
Seoul National University
South Korea
38
The University of Melbourne
Australia
39
New York University (NYU)
United States
40
Fudan University 
China
41
KAIST - Korea Advanced Institute of Science & Technology  
South Korea
42
The University of Sydney
Australia
43
The University of New South Wales (UNSW Sydney)
Australia
44
The London School of Economics and Political Science (LSE) 
United Kingdom
45
University of California, San Diego (UCSD)
United States
46
The Chinese University of Hong Kong (CUHK) 
Hong Kong
47
The University of Queensland
Australia
48
Carnegie Mellon University
United States
49
University of Bristol
United Kingdom
50
Delft University of Technology
Netherlands

AS MELHORES DA AMÉRICA LATINA
74
Universidad de Buenos Aires (UBA)
Argentina
103
Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM)
Mexico
116
Universidade de São Paulo
Brazil
127
Pontificia Universidad Católica de Chile (UC)
Chile
158
Tecnológico de Monterrey
Mexico
189
Universidad de Chile
Chile
214
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Brazil
234
Universidad de los Andes
Colombia
253
Universidad Nacional de Colombia
Colombia
344
Pontificia Universidad Católica Argentina
Argentina
358
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Brazil
383
Universidad de Palermo (UP)
Argentina
400
Universidad Austral
Argentina
438
Universidad de Belgrano
Argentina
439
Universidade Federal de São Paulo
Brazil
468
Pontificia Universidad Javeriana
Colombia
474
Pontificia Universidad Católica del Perú
Peru
480
Universidad Externado de Colombia
Colombia
482
UNESP
Brazil
489
Universidad de Santiago de Chile (USACH)
Chile
491
Universidad de Montevideo (UM)
Uruguay
501-510
Universidad de La Habana
Cuba
511-520
Universidad de Costa Rica
Costa Rica
551-560
Universidad Pontificia Bolivariana
Colombia
561-570
Universidad Anahuac
Mexico
591-600
Universidad Nacional de La Plata (UNLP)
Argentina
601-650
Instituto Tecnológico de Buenos Aires (ITBA)
Argentina
601-650
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Brazil
601-650
Universidad de Concepción
Chile
601-650
Universidad de San Andrés - UdeSA
Argentina
601-650
Universidad Panamericana (UP)
Mexico
601-650
Universidad Torcuato Di Tella
Argentina
651-700
Instituto Politécnico Nacional (IPN)
Mexico
651-700
Instituto Tecnológico Autónomo de México (ITAM)
Mexico
651-700
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Brazil
651-700
Universidad de Antioquia
Colombia
651-700
Universidad Iberoamericana IBERO
Mexico
651-700
Universidade Federal de Minas Gerais
Brazil
651-700
Universidade Federal do Rio Grande Do Sul
Brazil
701-750
Pontificia Universidad Católica de Valparaíso
Chile
701-750
Universidad Adolfo Ibàñez
Chile
701-750
Universidad Central de Venezuela
Venezuela
701-750
Universidad de Guadalajara (UDG)
Mexico
701-750
Universidad ICESI
Colombia
701-750
Universidade Federal de Santa Catarina
Brazil
751-800
Universidad de La Sabana
Colombia
751-800
Universidad de las Américas Puebla (UDLAP)
Mexico
751-800
Universidad San Francisco de Quito (USFQ)
Ecuador
751-800
Universidad del Rosario
Colombia
801-1000
Escuela Politécnica Nacional
Ecuador
801-1000
Escuela Superior Politécnica del Litoral (ESPOL)
Ecuador
801-1000
Pontificia Universidad Católica del Ecuador (PUCE)
Ecuador
801-1000
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Brazil
801-1000
Tecnológico de Costa Rica -TEC
Costa Rica
801-1000
Universidad Austral de Chile
Chile
801-1000
Universidad Autónoma de Nuevo León
Mexico
801-1000
Universidad Autónoma del Estado de México (UAEMex)
Mexico
801-1000
Universidad Autónoma Metropolitana (UAM)
Mexico
801-1000
Universidad Católica Andres Bello
Venezuela
801-1000
Universidad de la República (UdelaR)
Uruguay
801-1000
Universidad de Lima
Peru
801-1000
Universidad de los Andes - Chile
Chile
801-1000
Universidad de los Andes - (ULA) Mérida
Venezuela
801-1000
Universidad de Monterrey (UDEM)
Mexico
801-1000
Universidad de Puerto Rico
Puerto Rico
801-1000
Universidad de Talca
Chile
801-1000
Universidad del Norte
Colombia
801-1000
Universidad del Valle
Colombia
801-1000
Universidad Diego Portales (UDP)
Chile
801-1000
Universidad EAFIT
Colombia
801-1000
Universidad Nacional Costa Rica
Costa Rica
801-1000
Universidad Nacional de la Asunción
Paraguay
801-1000
Universidad Nacional de Córdoba - UNC
Argentina
801-1000
Universidad Nacional de Mar del Plata
Argentina
801-1000
Universidad Nacional de Rosario (UNR)
Argentina
801-1000
Universidad Peruana Cayetano Heredia (UPCH)
Peru
801-1000
Universidad Simón Bolívar (USB)
Venezuela
801-1000
Universidad Técnica Federico Santa María (USM)
Chile
801-1000
Universidad Tecnológica de Panamà¡ (UTP)
Panama
801-1000
Universidad Tecnológica Nacional (UTN)
Argentina
801-1000
Universidade de Brasília
Brazil
801-1000
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Brazil
801-1000
Universidade Estadual de Londrina
Brazil
801-1000
Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)
Brazil
801-1000
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Brazil
801-1000
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Brazil
801-1000
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Brazil
801-1000
Universidade Federal Fluminense
Brazil

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Cuidado com o vão

Trabalhadores formaram fila para disputar vagas de mutirão de emprego 
no centro de São Paulo
Com a queda do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre, consolidam-se projeções de mais um ano quase perdido. A alta esperada para 2019 já caminha para menos de 1%, pior até que as observadas nos dois anos anteriores.

Desde o encerramento da recessão de 2014-16, a mais aguda depois da crise de 1981-83, a renda nacional por habitante permanece mais de 8% abaixo do patamar de 2013.

Nada menos de 28,4 milhões de brasileiros, quase um quarto da população em idade de trabalhar, estavam em situação de subutilização no período de três meses encerrado em abril, segundo dados divulgados na sexta (31) pelo IBGE.

Além dos desempregados, estão nesse grupo os que buscam uma jornada maior e os desalentados, que já nem procuram ocupação.
O quadro sombrio se completa com a constatação do Instituto de Economia da Fundação Getulio Vargas, em estudo recente, de que a desigualdade no mercado de trabalho alcançou no primeiro trimestre deste 2019 o maior nível em pelo menos sete anos.

Desde o final de 2015, a renda dos 40% mais pobres caiu 22%, enquanto a dos 10% situados no topo da pirâmide subiu 3,3%.
Compreende-se, assim, que a letargia do crescimento econômico reacenda a desesperança e traga novas demandas por soluções emergenciais, por vezes perigosas.
Naturalmente há o que fazer no curto prazo —uma ideia que se aventa é nova liberação de recursos das contas do FGTS. O debate sobre cortes adicionais dos juros do Banco Central ficou comprometido pela alta recente das cotações do dólar, com risco inflacionário.

Cumpre resistir a clamores por medidas de fácil apelo político, como maior intervenção estatal e ampliação dos gastos públicos. Incorrer nos mesmos erros que resultaram na situação atual não constitui uma agenda promissora.
Resgatar o país da estagnação, ao contrário, demanda reformas de grande envergadura, que possam de fato alterar o padrão de funcionamento da economia.
A mudança na Previdência é apenas a mais urgente, a fim de restaurar a perspectiva de solvência do Estado —e liberar, ao longo do tempo, preciosos recursos para educação, saúde, saneamento, segurança e infraestrutura. Tais aportes, se bem aplicados, poderão quebrar os mecanismos que reproduzem a pobreza e a desigualdade.

Um redesenho do sistema tributário, além de reduzir custos e burocracia, deve concorrer para uma taxação mais progressiva da renda. Maior abertura ao comércio internacional e mudanças regulatórias para desmontar oligopólios reforçariam a produtividade, com ganhos sociais inatingíveis apenas com políticas distributivas.
É sempre difícil aprovar reformas, sobretudo num quadro de escassez, quando os setores beneficiados se entrincheiram. Entretanto ficaram para trás os tempos em que algum crescimento econômico e farto gasto público permitiam escamotear distorções do statu quo. Fonte: Folha de São Paulo - 2.jun.2019 

sábado, 15 de junho de 2019

Por que a produtividade do trabalhador brasileiro é tão baixa?

Um trabalhador brasileiro produz, em média, somente um quarto do que produz um trabalhador americano.
De um ponto de vista meramente contábil, essa diferença de produtividade pode ser explicada por três fatores:
1) nossos trabalhadores são menos educados e menos qualificados (isto é, possuem um menor "capital humano");
2) esses trabalhadores têm a seu dispor menos máquinas, equipamentos, estruturas e infraestrutura (isto é, possuem menos "capital físico"); e
3) a ineficiência da economia é tal que trabalhadores com mesmo capital humano e físico que trabalhadores em países avançados produzem menos que estes últimos (isto é, a eficiência produtiva –a "produtividade total dos fatores", no jargão dos economistas– é baixa).

DEFICIÊNCIAS DE CAPITAL HUMANO E INEFICIÊNCIA PRODUTIVA
A importância relativa de cada um desses fatores varia de país para país. No caso brasileiro, deficiências de capital humano e ineficiência produtiva são dominantes, com peso maior para essa última. Somos pouco produtivos principalmente porque nossa mão de obra é pouco educada (e a qualidade da educação é sofrível) e nossa economia sofre de altíssima ineficiência.

BAIXA EFICIÊNCIA
Baixa eficiência está associada a fatores institucionais e excesso de distorções, como má regulação e burocracia, barreiras comerciais e à adoção de tecnologias estrangeiras, estrutura tributária distorciva e trabalhosa e intervenções discricionárias do governo nos mercados e preços.

Esses fatores, em nosso caso, fazem com que o ambiente de negócios brasileiro esteja entre os piores do mundo e impedem firmas de adotar melhores práticas de negócios e melhores tecnologias. Permitem ainda a sobrevivência de firmas pouco produtivas, como aquelas no mercado informal ou outras protegidas por barreiras comerciais ou beneficiadas por créditos subsidiados.

Adicionalmente, esses fatores institucionais e regulatórios impedem o crescimento de firmas potencialmente eficientes e incentivam a especialização em setores nos quais somos pouco competitivos ou não temos ainda know-how adequado.

O resultado final é uma concentração muito grande de trabalhadores em firmas pouco eficientes e em setores com baixo dinamismo.

BARREIRAS COMERCIAIS.
Tomemos como exemplo o impacto de barreiras comerciais. Seja porque a indústria pôde comprar melhores insumos e tecnologias, seja porque a competição em setores praticamente monopolizados aumentou, o fato é que o período em que a eficiência e a produtividade do trabalho na manufatura cresceram mais rapidamente em nosso passado recente foi aquele que se seguiu à liberalização comercial de 1988/90.
Em vários subsetores a produtividade do trabalho mais que dobrou em dez anos. Entretanto, no lugar de nos livrarmos dos muitos impedimentos ao comércio exterior que ainda restaram, nos últimos anos regredimos ao reintroduzir maiores barreiras tarifárias e não tarifárias.

Má regulação e burocracia são também fatores que afetam negativamente nossa eficiência, basta comparar com o resto do mundo o custo e o tempo de embarcar um contêiner nos portos brasileiros, pensar nas filas de caminhões aguardando embarque de soja nesses mesmos portos e no tempo (e etapas) para obter uma licença ambiental.
Ou considerar ainda o longo tempo necessário para abrir uma firma, para conseguir uma licença de construção, na demora em resolver qualquer questão legal ou no número de empregados necessários em uma empresa para lidar com tributos e regulamentos.
Dessa forma, horas e mais horas de trabalho são utilizadas em tarefas que pouco adicionam ao produto final, contribuindo para a redução geral da produtividade da economia brasileira.

BAIXA QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA
Some-se a isso a baixa qualificação de nossa mão de obra, que faz não só que se produza de forma menos eficiente uma dada tarefa como impossibilita que muitas tarefas, métodos e mesmo produtos possam ser levados a cabo devido à escassez de mão de obra especializada.
Em outras palavras, um trabalhador pouco educado ou especializado produz menos que outro mais qualificado, mas este último pode trabalhar em setores de ponta que aquele outro, com pouca educação, não consegue.
Esse último ponto é especialmente importante, porque economias modernas estão se transformando em economias de serviço, mas sem mão de obra adequada não poderemos nos especializar nos serviços mais sofisticados e tecnologicamente avançados.

OCUPAÇÕES POUCO PRODUTIVAS
Ao contrário, continuaremos a ter uma grande concentração em ocupações pouco produtivas, como empregadas domésticas, camelôs.
Considere, por exemplo, o fato de que, do valor agregado final de um iPad, menos de 10% vêm da manufatura do produto. Os outros 90% vêm de serviços como design, softwares, marketing, branding. O Brasil já possui uma montadora de iPads –uma etapa mecânica que não exige trabalho qualificado–, mas os serviços mais elaborados são todos feitos no exterior.
Considere também o fato de que tanto na Coreia do Sul quanto no Brasil 65% da mão de obra está no setor de serviços, mas a diferença de produtividade e de subsetores em que se concentra a produção (sofisticados lá, atrasados aqui) são gritantes e isso se deve em grande medida às diferenças educacionais.

ENSINO IGNORADO
Durante séculos o Brasil basicamente ignorou educação e a formação adequada de mão de obra. Embora o quadro hoje seja outro, a média de escolaridade do brasileiro ainda é baixa, e a qualidade da educação, sofrível.
O ensino médio brasileiro é, na falta de melhor termo, uma tragédia. É pensado de forma elitista, como uma passagem para o ensino superior, em um país onde a grande maioria da população não ingressa na faculdade.
A falta de adequação do ensino médio com a realidade do jovem faz com que este o abandone antes de terminá-lo e aqueles que terminam pouco aprendem de útil para sua vida profissional futura.

A expansão do ensino técnico é um alento, mas o ensino médio na forma atual e a baixa qualidade em geral de nossa educação ainda são entraves à qualificação adequada do trabalhador brasileiro.
No caso brasileiro, adicione-se ainda uma legislação trabalhista que estimula a rotatividade e consequentemente não incentiva as empresas a investir no treinamento de seus trabalhadores.
Assim, com alta ineficiência econômica, baixa qualificação e educação de má qualidade, não é surpresa que a produtividade do trabalhador brasileiro seja baixa.
E, se são observados avanços tímidos na educação (expansão do ensino técnico, por exemplo), nota-se por outro lado um retrocesso na eficiência econômica, devido à adoção de políticas industriais discricionárias e de barreiras comerciais, à intervenção desastrada e contínua do governo em mercados ou ao aumento da complexidade de nosso sistema tributário.

É difícil saber qual será o efeito final, mas dificilmente veremos no futuro próximo aumentos significativos da produtividade do trabalho no Brasil, de forma que a distância em relação aos países desenvolvidos continuará grande. Fonte: Folha de São Paulo - 25/01/2015 -Pedro Cavalcanti Ferreira é professor da Fundação Getúlio Vargas

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Cactos Echinopsis

O cineasta Greg Krehel  filmou 15 variedades de deslumbrantes flores de cactos Echinopsis que florescem neste incrível lapso de tempo. O processo acontece durante a noite, e as flores duram apenas um dia, com um período de pico ocorrendo por uma ou duas horas.

  


quarta-feira, 12 de junho de 2019

Maçã desenvolvida em SC receberá royalties na Europa

Uma nova espécie de maçã desenvolvida em Santa Catarina conquistou o direito de recolher royalties nos 23 países que compõem a União Europeia. A fruta, que recebeu o nome de Monalisa, foi elaborada por meio de melhoramento genético iniciado há 31 anos por técnicos da estatal catarinense Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural).
 “A fruta é doce, crocante, suculenta e tem uma bela aparência. Ela caiu no gosto dos europeus”, afirma Renato Luis Vieira, gerente da estação experimental da Epagri em Caçador, que projeta o início do recolhimento da verba dos direitos de venda para 2022.
 “Estamos colhendo os frutos de um trabalho iniciado há muito tempo. É demorado, mas, quando vem a valorização, não tem preço”, disse. O cruzamento de plantas que deu origem à Monalisa foi desenvolvido em um ensaio experimental na primavera de 1988.

A história começou com o pesquisador Anísio Pedro Camilo, que fez doutorado em um programa de hibridações nos Estados Unidos , segundo Frederico Denardi, engenheiro‑agrônomo aposentado da Epagri. O pesquisador fez o cruzamento de uma muda de maçã gala com uma outra muda desenvolvida para ser mais resistente. “A gala é a mais produzida no Brasil hoje, mas tem inconvenientes como a dificuldade de adaptação ao clima do Sul. Também é muito suscetível a doenças”, disse.

As sementes foram pré-germinadas em câmaras climáticas e depois monitoradas em estufas. Na sequência, as mudas foram submetidas ao contato com as principais pragas que atacam os pomares. As mudas que resistiram foram selecionadas para passar por uma nova bateria de testes. Depois de atestar a resistência, os melhoristas (que fazem o melhoramento genético) partiram para aperfeiçoar a qualidade da fruta. Foram feitos testes para medir a firmeza da polpa, o nível de acidez, o teor de açúcar, a coloração, o formato, o sabor e a capacidade de conservação, entre outros fatores.

A ROTINA DE AVALIAÇÕES SE ESTENDEU POR SETE ANOS.
Em 1995, os pesquisadores atestaram o ápice da qualidade buscada e escolheram uma muda para ser a versão final do experimento. Ela recebeu um código de identificação e foi multiplicada por meio de enxerto.
A previsão é de redução do custo de produção porque é uma variedade resistente a algumas doenças que atingem a planta. “O agricultor deixa de gastar com agrotóxicos. Ela também se adapta muito bem à produção orgânica e produz efeitos na segurança alimentar e ambiental”, disse.

Os bons resultados culminaram na decisão de lançar a nova fruta para o mercado. Mudas foram fornecidas para os viveiristas interessados. A partir de convênio firmado com a Mondial Fruit Selection, empresa francesa que representa a maçã no exterior, testes foram feitos na Europa para avaliar a adaptação da fruta ao clima e a aceitação entre os produtores.
Foi na fase do lançamento que Denardi batizou a maçã de Monalisa, em razão da “universalidade e por ser um nome bonito, atraente e fácil”.

Em abril, a empresa concluiu que a Monalisa tem alto potencial de comercialização na Europa. Para realizar o cultivo, a propriedade intelectual da criação foi reconhecida.
A empresa irá liberar as mudas para os produtores licenciados que já poderão realizar o plantio. O processo do cultivo até a floração e colheita deve levar três anos, o que significa que estará nos mercados europeus a partir de 2022.
Com o início da comercialização, a Epagri começará a receber os valores pela concessão dos direitos da fruta. No Brasil, um edital será lançado para selecionar produtores que atendam as condições de cultivo.  “Agora é preciso ver se o mercado consumidor aceita a fruta”, disse Vieira. Fonte: Folha de São Paulo - 18.mai.2019 

domingo, 9 de junho de 2019

Atlas da Violência:Conjuntura da violência letal no Brasil

Segundo os dados oficiais do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS), em 2017 houve 65.602 homicídios2 no Brasil, o que equivale a uma taxa de aproximadamente 31,6 mortes para cada cem mil habitantes. Trata-se do maior nível histórico de letalidade violenta intencional no país, conforme destacado no gráfico.

CUSTOS ECONÔMICOS DA VIOLÊNCIA

































A criminalidade violenta constitui um grande problema econômico, uma vez que afeta o preço dos bens e serviços, além de contribuir para inibir a acumulação de capital físico e humano, bem como o desenvolvimento de determinados mercados (Cerqueira, 2014). No que tange à esfera fiscal, importantes e escassos recursos do Estado são drenados para lidar com o enfrentamento e com as consequências da violência. Nesse contexto, apenas para citar um exemplo do que pode significar o  impacto no custo de logística, no auge dos roubos de cargas no Rio de Janeiro, em 2017, 13% das empresas transportadoras faliram, sendo que os preços de algumas mercadorias podem ter aumentado até 30%, devido ao custo do frete e do seguro.



Portanto, além da sociedade pagar mais caro por seus produtos, a mesma ainda dispende recursos para seguros e segurança privada. Em outra mão, o Estado gasta para manter o seu sistema de segurança pública e prisional, além de alocar recursos no sistema público de saúde e de assistência social para o pagamento de pensões, licenças médicas e aposentadorias para atender as vítimas de violência. Contudo, o maior custo da violência diz respeito às perdas prematuras de vida, devido ao homicídio.
Em alguns trabalhos que fizemos no Ipea, procuramos estimar o que seria um limite inferior para o custo social da violência no Brasil. Seria algo equivalente a 5,9% do PIB, desperdiçado a cada ano, em face da violência no país.

JUVENTUDE PERDIDA
A morte prematura de jovens (15 a 29 anos) por homicídio é um fenômeno que tem crescido no Brasil desde a década de 1980. Além da tragédia humana, os homicídios de jovens geram consequências sobre o desenvolvimento econômico e redundam em substanciais custos para o país. Conforme mostraram Cerqueira e Moura (2013), as mortes violentas de jovens custaram ao Brasil cerca de 1,5% do PIB nacional em 2010.
Em 2017, 35.783 jovens foram assassinados no Brasil. Esse número representa uma taxa de 69,9 homicídios para cada 100 mil jovens no país, taxa recorde nos últimos dez anos. Homicídios foram a causa de 51,8% dos óbitos de jovens de 15 a 19 anos; de 49,4% para pessoas de 20 a 24; e de 38,6% das mortes de jovens de 25 a 29 anos; tal quadro faz dos homicídios a principal causa de mortes entre os jovens brasileiros em 2017. Fonte: Atlas da Violência 2019




quinta-feira, 6 de junho de 2019

Dia-D: 06 de junho de 1944

O DESEMBARQUE DA NORMANDIA
Os Aliados organizaram a maior operação aeronaval da história para libertar  a Europa Ocidental dos alemães. Em 6 de junho de 1944, 156.000 soldados aliados desembarcaram na Normandia, um dia que mudou o curso da II Guerra Mundial
Os desembarques anfíbios foram precedidos por um extenso e intensivo bombardeamento aéreos e navais, e um assalto aéreo—o lançamento de 24 000 homens aerotransportados norte-americanos, britânicos e canadianos pouco depois da meia-noite. A infantaria Aliada e as divisões blindados começaram o desembarque na costa da França às 06:30.
O local de destino eram 80 km de praia na costa da Normandia que tinham sido divididos em cinco setores: Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword. O vento forte desviou as embarcações de desembarque mais para leste da sua posição planejada, especialmente em Utah e Omaha.
Os soldados desembarcaram sob fogo pesado de armas posicionadas para as praias, e a costa estava minada e coberta com obstáculos, tais como estacas de madeira, de metal, tripés, e arame farpado, tornando o trabalho de limpeza das praias difícil e perigoso. As baixas foram mais pesadas em Omaha, com suas altas falésias. Em Gold, Juno e Sword, várias cidades fortificadas foram libertadas com combates casa-a-casa.
Os Aliados não conseguiram alcançar qualquer um dos seus objetivos no primeiro dia, somente em 21 de Julho.

QUANTAS TROPAS PARTICIPARAM?
Até 7.000 navios e embarcações de desembarque participaram da operação, com um total de 156.000 homens e 10.000 veículos para as cinco praias ao longo do trecho cuidadosamente selecionado da costa da Normandia.
As aterrissagens não teriam sido possíveis sem o apoio de enormes forças aéreas e navais, que eram muito mais fortes do que os alemães.
Mas só no Dia D, cerca de 4.400 soldados das forças aliadas combinadas morreram. Cerca de 9.000 ficaram feridos ou desaparecidos.
O total de baixas alemães no dia não são conhecidas, mas são estimadas entre 4.000 e 9.000 homens.
Milhares de civis franceses também morreram, principalmente como resultado dos bombardeios realizados por forças aliadas. Wikipédia, BBC News - 5 de junho de 2019