O primeiro caso de Covid-19 identificado em Wuhan, na China, teria sido, na realidade, o de uma vendedora que trabalhava em um mercado de animais da cidade, e não de um homem contador que nunca havia estado no local e morava a quilômetros de distância, como foi relatado em um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Essa é a conclusão de um
estudo do virologista americano Michael Worobey, publicado na revista
científica Science na quinta-feira (18), e reacende o debate sobre as origens
da pandemia.
De acordo com o pesquisador,
os dados, associados à análise dos primeiros casos do coronavírus Sars-CoV-2 em
Wuhan, mostram que a origem do vírus é provavelmente animal.
Worobey, especialista em
rastrear a evolução de diferentes vírus na Universidade de Arizona, observou
discrepâncias entre as informações públicas disponíveis e criou uma linha do
tempo dos primeiros casos, compilando-os a partir de várias fontes, como
notícias de jornais, dados de hospitais e entrevistas realizadas na China.
A partir disso, o virologista
apontou que sua pesquisa "fornece fortes evidências a favor da origem da
pandemia a partir de um animal vivo" nesse mercado. De acordo com ele, as
autoridades sanitárias alertaram sobre casos de uma doença suspeita vinculada
ao local a partir de 30 de dezembro de 2019, o que levou à identificação de
mais infecções no mercado do que em outros locais.
Worobey argumenta que os
laços da vendedora com o Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, bem
como uma nova análise das primeiras conexões dos pacientes hospitalizados,
sugerem fortemente que a pandemia começou ali.
"Nesta cidade de 11
milhões de habitantes, metade dos primeiros casos está ligada a um lugar do
tamanho de um campo de futebol", disse Worobey. "É muito difícil
explicar esse padrão se o surto não tiver começado no mercado."
O pesquisador criticou a
pesquisa da Organização Mundial da Saúde, em especial pelas datas. Além de o
primeiro caso citado pela OMS não ter relação com o mercado, o paciente foi
registrado como doente a partir de 8 de dezembro, no entanto, os primeiros
sintomas só apareceram em 16 de dezembro, de acordo com Worobey. A mulher
indicada pelo pesquisador, por sua vez, adoeceu em 11 de dezembro.
Apesar das diversas pesquisas, até hoje não se sabe se o Sars-CoV-2 fez o chamado "salto de espécies", saindo do mundo selvagem e infectando com eficiência os humanos, e qual o animal que teria sido esse "vetor"; ou se o vírus escapou acidentalmente de um laboratório de alta segurança de Wuhan. A única certeza que as equipes que foram à China tiveram é que o coronavírus que causa a Covid-19 não é fabricado artificialmente. Fonte: Ansa Brasil - 19 Nov 2021
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