O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reassumiu o
discurso de oposição em ato contra o governo do presidente interino, Michel
Temer (PMDB), e reeditou o ataque ao Congresso feito há 22 anos chamando os
deputados de picaretas.
"É só olhar para a cara deles para saber que os 300
picaretas que eu falei em 1994 aumentaram um pouco", disse, em discurso na
avenida Paulista na noite desta sexta-feira (10).
O protesto, segundo os organizadores, reuniu cerca 100 mil
pessoas, mas havia grandes espaços vazios na avenida. A PM não divulgou
estimativa de público.
Numa fala em que voltou a admitir uma candidatura à
Presidência em 2018, Lula criticou a montagem do ministério de Temer. O petista
afirmou que, com José Serra (PSDB) à frente do Ministério das Relações
Exteriores, o país voltou a sofrer do "complexo de vira-lata".
"Se a solução deste país fosse diminuir ministério, era
melhor tirar o da Fazenda, do Planejamento, e deixar o dos pobres",
completou, ao criticar a extinção da pasta de Direitos Humanos.
Segundo o petista, os "coxinhas" que pediam a
saída de Dilma Rousseff hoje têm vergonha de dizer que querem Temer. Seu
discurso focou mais em criticar o presidente interino do que em defender a
presidente afastada.
Nos últimos dias, Dilma havia dito que viria ao protesto,
por pressão da organização, mas avaliou que não era apropriado porque não
queria se associar a discursos mais radicais.
Lula afirmou que não poderia reivindicar o "Fora,
Temer", mote do protesto, porque "não ficaria bem". E emendou:
"Temer, você é um advogado constitucionalista, você sabe que não agiu
correto. Por favor, permita que o povo retome o poder para Dilma e participe em
2018 das eleições."
A tese de convocar novas eleições ou realizar um plebiscito,
defendida por alguns setores, não foi abraçada nos discursos. Fonte: Folha de São
Paulo - 10/06/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário