quinta-feira, 16 de junho de 2016

Após dois anos da Copa, estádios vivem crises financeiras

O Brasil gastou R$ 8,3 bilhões em construções e reformas de 12 estádios para a Copa-2014. A alegação era de que, posteriormente, serviriam para gerar renda para o futebol nacional e para outros eventos. Exatamente dois anos após a abertura do Mundial, 12 de junho, a maioria das arenas passa por crises financeiras e não justificam o investimento.
Lembre-se que a promessa inicial do governo federal e da CBF era de que todos os estádios teriam investimento privado, o que seria feito por empresas interessadas em geri-los. Ao final, apenas três arenas tiveram dinheiro privado, e todas foram financiadas com recursos públicos. O preço previsto inicialmente triplicou.
A crise enfrentada pelos estádios é diferente em cada Estado. Há em comum nelas a dificuldade de encontrar um modelo de gestão rentável e os altos custos de manutenção e de construção. Vamos detalhar caso a caso:

MARACANÃ
– A concessão do estádio a Odebrecht revelou-se um fracasso tanto que a empresa discute como devolver o equipamento. A construtora acumulou prejuízo de R$ 173 milhões em dois anos de gestão. Isso pode ser explicado pelo alto custo de manutenção, e porque a empresa nunca conseguiu vender todas as propriedades pelos valores esperados inicialmente. Ressalte-se ainda que o governo do Estado mudou o modelo de negócios da arena ao impedir construção de espaços comerciais em volta. Clubes como Flamengo, Vasco e Botafogo também reclamaram das taxas que pagavam para usar o estádio.

ARENA CORINTHIANS
– O estádio é o maior sucesso de público entre os 12, mas um péssimo negócio até agora. A receita anual de 2015 foi de R$ 73 milhões brutos, muito inferior aos R$ 112 milhões líquidos previstos em contrato. A venda de camarotes não engatou e os naming rights estão emperrados há pelo menos quatro anos. Sem isso, o dinheiro arrecadado tem sido insuficiente para pagar os financiamentos do estádio: o Corinthians está atrasado com parcelas com o BNDES. No total, há uma dívida acumulada de R$ 800 milhões.

MANÉ GARRINCHA
– O governo do Distrito Federal prometeu que havia diversas empresas interessadas na concessão do estádio, mas nunca nenhuma delas apareceu. Com o custo total de R$ 1,5 bilhão, a arena chegou a ser usada para estacionamento de ônibus e repetição pública. Tem recebido alguns jogos da Série A do Brasileiro, marcados pela violência e pela arrecadação pequena para o governo. O prejuízo estimado em 2015 foi de R$ 6,2 milhões.

MINEIRÃO
– O modelo de PPP feito pelo governo do Estado com a empresa Minas Arena não se mostrou rentável. O governo do Estado tinha que bancar a falta de arrecadação da empresa por meio de incremento nas parcelas até que decidiu cortar parte da verba neste ano alegando problemas de gestão. O Cruzeiro, principal usuário, brigou com a Minas Arena por causa de taxas para utilização do estádio. Há uma disputa judicial entre as partes para estabelecer quem deve a quem.

ARENA PERNAMBUCO
– Outro estádio em que surgiu disputa entre a Concessionária, controlada pela Odebrecht, e o governo do Estado. Após estudos do tribunal de contas e da FGV, o governo de Pernambuco rescindiu o contrato de PPP alegando que houve gastos indevidos na construção e que houve subutilização do equipamento. Agora, aceitou pagar R$ 250 milhões à empreiteira para encerrar o contrato. Sport e Santa Cruz têm preferido jogar em seus estádios na Série A do que na Arena Pernambuco, o que torna a arena ainda menos utilizada.

ARENA FONTE NOVA
Nos dois primeiros anos de operação, a Arena Fonte Nova acumulou R$ 41 milhões em prejuízo. Isso levou a Odebrecht, que firmou uma PPP com o governo local, a estudar pedir a divisão desse rombo com o governo. Ao mesmo tempo, houve discussão entre a Arena Fonte Nova e o Bahia após o clube reclamar das condições impostas no contrato. As partes chegaram a um acordo.

ARENA AMAZÔNIA
– Sofreu prejuízo de R$ 7,5 milhões no ano de 2015, e retornou para as mãos do Estado do Amazonas. A receita em um ano do estádio, que custou cerca de R$ 600 milhões, foi R$ 600 mil. Em 2016, a renda melhorou e chega perto de R$ 6 milhões, bem longe, no entanto, do que foi investido. O estádio abre, basicamente, quando há jogos de times de fora do Estado.

ARENA PANTANAL
Estádio tem um custo de manutenção de R$ 600 mil por mês, e com as receitas cada vez mais raras. Os jogos da Série A que eram realizados no local sumiram por causa da falta de condições do estádio, que passou a apresentar goteiras em vestiários, e problemas de infraestrutura.

ARENA CASTELÃO
O estádio tem um custo de manutenção em torno de R$ 14 milhões. Seus números de receitas não foram divulgados, o que torna difícil saber se é superavitário ou deficitário.

BEIRA-RIO
A Brio, empresa da Andrade Gutierrez para gerir o estádio, levou um prejuízo de R$ 48 milhões desde a abertura, considerada a receita com camarotes e setores Vips, menos os custos financeiros e operacionais do Beira-Rio. O Internacional, como não tem que pagar despesas, fica com sua bilheteria limpa, fora as despesas de jogo.

ARENA DA BAIXADA
A CAP SA, empresa criada pelo Atlético-PR para construir e gerir o estádio, teve déficit de R$ 2,6 milhões em 2015. Sua receita foi de apenas R$ 5 milhões. Em seu balanço, o clube registrou receitas de R$ 5,5 milhões com sua arena. Ainda não foram quitados os financiamentos com o Estado para a construção do estádio.

ARENA DAS DUNAS
Registra um lucro de R$ 20 milhões em sua operação de 2014, último número conhecido. Mas isso tem relação com a forma de concessão do estádio que prevê remuneração do governo do Rio Grande do Norte, e com outros eventos como o Carnatal. Dona da concessão da arena, a OAS, em recuperação judicial por causa da Lava-Jato, tenta revender o estádio. Fonte: UOL Esporte - 12/06/2016

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