Meta fiscal de 2017 e de 2018 será de rombo de R$ 159
bilhões
O
governo alterou a meta fiscal de 2017 e de 2018 para rombos de R$ 159 bilhões e
R$ 159 bilhões, respectivamente. O objetivo fiscal permitido pela Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) era de um deficit de R$ 139 bilhões, neste ano,
e de R$ 129 bilhões, no próximo. “O que houve foi uma substancial queda da
receita”, resumiu o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Com
alteração, o déficit primário – resultado negativo nas contas do governo,
desconsiderando os juros da dívida pública – foi elevado em 20 bilhões de
reais, em relação ao valor estipulado incialmente para 2017, e em 30 bilhões de
reais, em 2018.
O
Ministério da Fazenda bem que tentou resistir ao inevitável, mas, desde o mês
passado, admitiu essa possibilidade dado o aumento das frustrações de receita.
A arrecadação com a segunda edição da repatriação, por exemplo, foi de apenas
R$ 1,6 bilhão, bem abaixo dos R$ 13 bilhões estimados pelo governo no início do
ano.
Refis
Também
em relação à reforma da Previdência, considerada vital para sanar as contas
públicas, o governo fez concessões. Estas devem diminuir a poupança fiscal
planejada em 25% em dez anos e quase 30% em 30 anos, segundo Meirelles.
A
Medida Provisória do Novo Refis, que garantiria outros R$ 13 bilhões para os
cofres da União, mas a Comissão Especial que aprecia a matéria no Congresso
Nacional concedeu perdões para multas e juros que reduziram essa estimativa
para menos de R$ 500 milhões.
Nem
mesmo o anúncio do imposto sobre os combustíveis, anunciado no mês passado, e
que renderia uma receita extra de R$ 9,9 bilhões neste ano, foi suficiente para
garantir o cumprimento da meta de 2017. O governo conta com R$ 60 bilhões de
receitas extraordinárias, mas boa parte desse montante ainda corre o risco de
não se concretizar. O Tribunal de Contas da União (TCU) alertou que R$ 19,3
bilhões com concessões podem ser frustradas.
Para
o ano que vem, o desafio para o cumprimento da nova meta ainda será grande se a
frustração de receitas continuar crescente. A população não aceitará novo
reajuste de tributo e os parlamentares não devem apoiar uma medida impopular em
um ano de eleições.
Fonte:
Deutsche Welle, Correio Braziliense - 15/08/2017
Comentário:
O
QUE É META FISCAL?
É a
economia que o governo promete fazer todos os anos para quitar o pagamento da
dívida pública. A meta é resultado da subtração de dois valores: a expectativa
de receita arrecadada e a expectativa de gastos. Desta conta, é possível obter
um superávit (saldo positivo) ou déficit (saldo negativo).
POR
QUE O DÉFICIT É RUIM?
O
déficit de um país é o reflexo de que ele gasta mais do que arrecada. Para
quitar o saldo negativo, o Governo precisa tomar uma série de medidas, como
cortar de despesas, elevar a carga tributária e até emitir títulos públicos,
que são comprados por investidores do mercado – uma espécie de “empréstimo”
para o Governo, em troca de elevados juros. Esses títulos compõem a chamada
“dívida pública”.
Quando
as despesas do Governo superam as suas receitas, não sobra dinheiro para fazer
investimentos nem para programas de fomento à economia. Além disso, manter as
contas públicas em ordem é um indicador para o mercado de que o Governo tem
condições de quitar as suas dívidas. Foi justamente o elevado grau de
endividamento público que tirou do Brasil o selo de bom pagador, conhecido como
“grau de investimento”, concedido pelas agências de classificação de risco
internacionais.
Existem
dois tipos de déficit fiscal: o primário e o nominal. O déficit primário ocorre
quando confrontamos apenas as receitas e as despesas do Governo (como gastos
com pessoal, o pagamento de benefícios previdenciários, saúde, educação e
programas assistenciais). Já o déficit nominal inclui na conta o pagamento de
juros da dívida pública. Historicamente, o Brasil sempre apresentou déficit
nominal. Entretanto, em 2015 foi a primeira vez que o país registrou também um
déficit primário.
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